Capítulo 24

POV Demi Gilbert

Tirei o casaco e entreguei-lhe. Avancei para o palco, determinada a fazer uma das minhas maiores maluquices.

Então percebi. Não estar com Damon colocava-me num estado de letargia. Eu precisava de adrenalina, de ação, de atividade, não de uma vida normal, porque nem eu era normal! A minha vida tinha mudado desde que tinha abandonado NY e eu já não conseguia voltar a ter uma vida sem sobressaltos.

-Oi pombinhos – falei, pegando no microfone. – Não são lindos, juntos? A Barbie e o Ken humanos!

A plateia riu e vi Riley pegar no telemóvel e apontar a câmera para onde estava.

-Eu sei que isto não é uma noite de karaoke e a banda que hoje está aqui a tocar é maravilhosa, certo?

O público aplaudiu.

-Mas, há algo que eu preciso de dizer, e nada melhor do que através da música.

Caroline sorriu para mim e apertou o meu antebraço, num gesto de apoio. Virei-me para o vocalista.

-Só mais uma música, por favor – pedi.

-Fora do palco – disse ele, um pouco agressivo.

Caroline colocou-se de frente para ele e vi que o estava a hipnotizar:

-Tu vais deixá-la concretizar o seu sonho de estrela de rock e deixá-la cantar o que quiser.

-Qual vai ser a música?

-Back to December.

Caroline sorriu e disse a música ao vocalista, que passou a palavra ao resto da banda. A minha amiga e Matt saíram do palco, deixando-me ser o centro das atenções.

Fechei os olhos, respirei fundo e a música começou. Foquei-me em Riley, que estava com um ar divertido e amigável, possivelmente a filmar com a câmera do telemóvel a minha atuação impensada.

Comecei a cantar. O público aplaudia e eu estava a divertir-me imenso. Até que vi Bonnie a falar com um homem, e aquilo não parecia ir no caminho certo. Ele olhou na minha direção e eu parei de cantar. No segundo seguinte, as luzes do palco explodiram. Caí no chão, com vários vidros sobre mim.

Aos poucos, todas as luzes se iam fundindo, e o Grill ficou às escuras.

Riley ajudou-me a levantar.

-Temos que sair daqui. Depressa – disse ele, colocando uma mão na minha cintura e outra no meu braço.

Tudo o que estava no balcão moveu-se e de seguida um rasto de chamas surgiu no lugar dos pratos e dos copos. As pessoas começaram a gritar e a tentar sair dali. Olhei para onde estava Bonnie, mas não havia ninguém, apenas um corpo no chão.

-Bonnie! – gritei e Riley parou-me.

-Eu vou ter com ela, tu corres mais do que nunca para casa. Estamos entendidos?

Troquei um olhar com ele. Riley sabia algo que eu não fazia a mínima ideia do que era.

-Riley, o que…

-Vai! – exclamou ele, lançando-me para a maré de pessoas que iam correndo na direção de saída do Grill.

Fui empurrada por elas, e só consegui parar quando já estava lá fora. E pouco depois, Bonnie apareceu com Jeremy.

-Demi, OMG, estás aqui! – exclamou ela, abraçando-me com força.

-Bonnie, o que se passa?

-Aquele bruxo, Dr. Martin… ele estava a ajudar Elijah. E ele quer Elena.

-E onde está Elena agora? – perguntei.

-Vamos para casa. Ela vai lá ter connosco – disse Jeremy.

POV Damon

-Como a convenceram a fazer isto? – perguntou Demi.

-Não convencemos. Ela é que teve a ideia.

-Isso não é bom – observou Elena.

-Não, não é mesmo bom.

-Cuidámos de tudo – disse Stefan, descendo as escadas.

Então, foi tudo muito simples! O bruxo assustador entrou em casa, tentou atacar Elena, mas… ding ding ding!, não era Elena, e sim Katherine, que por sua vez o atacou e ele morreu. O mundo voltou a estar em ordem.

-Presumo que queiras isto de volta – falou Katherine, tirando o colar e entregou-o a Elena. – Mas a tua roupa vai precisar de uma boa lavagem a seco.

-Precisam de a tirar daqui antes que a Jenna volte – avisou Elena.

-É só isso que tu tens a dizer-me?

-Isto não muda o que sinto em relação a ti – respondeu Elena, muito calma. Demasiado calma, até.

-Também não gosto muito de ti, para ser honesta. E francamente, gostaria de te ver morta, mas se vamos matar Klaus, meio que precisamos de ti viva. Não sou uma ameaça para ti, Elena. Se vão acreditar nalguma coisa, acreditem nisso.

-Jenna vai chegar – avisei, ouvindo passos no alpendre.

-Vamos andando, então – disse Stefan.

-Vamos pela saída dos fundos – sugeriu Demi e eu revirei os olhos. Sério, podia ser um pouco mais óbvia?!

Ela abraçou Elena e depois dirigiu-se para a cozinha.

Saímos de casa, Stefan e Katherine foram logo em velocidades sobrenaturais, mas eu fiquei para trás, acompanhando-a.

-Não sou uma rapariga indefesa – murmurou ela. – Podes ir acompanhar o teu irmão e a tua ex.

-Tu és a minha ex.

-A tua ex ex – corrigiu ela e só depois é que a realidade a assolou. – Espera, tu tens uma namorada?

-Chama-lhe como quiseres: namorada, bolsa de sangue ambulante – ela revirou os olhos, como eu sabia que ela faria. – Chama-se Andie. É amiga da tua tia.

-Eu sei. É simpática – vi a ponta de ciúme no seu tom de voz e sorri. -Escusas de tentar fazer-me ciúmes – ela cruzou os braços por causa do frio, de certeza. – Sou mil vezes superior a isso.

-Eu sei. Não estou a tentar causar-te ciúmes – menti e virámos para a rua dela.

-Lilianne está cada vez mais próxima. Ela tem alguma na manga – ela desviou o assunto e o ambiente entre nós ficou um pouco mais ameno. – Tenho medo dela, Damon.

Parei e ela parou logo a seguir a mim.

-O que foi? – indagou ela.

-Posso não ter mais um relacionamento contigo, mas ainda te amo, Demi – falei, sendo sincero. – Eu amo-te. Sempre te amarei. E não deixarei a tua doppelganger vermelha aproximar-se de ti ou causar qualquer coisa que te possa colocar em causa.

Ela sorriu fraco e tocou com a sua mão no meu rosto. Fechei os olhos, apreciando aquele toque dela.

-Obrigada – disse ela.

POV Caroline Forbes

Eu não devia de ter feito aquilo, mas não tinha tido outra opção. Matt iria morrer e se isso acontecesse, jamais conseguiria perdoar-me a mim mesma.

Matt acordou.

-Oi – falei e ele finalmente olhou-me.

-Que raios? O teu rosto. E todo aquele sangue… eu bebi o teu sangue.

-Tu estavas a morrer. O meu sangue curou-te.

Ele levantou-se e eu segui-o.

-Como assim, curou-me? Como é que o teu sangue curou-me?

-Porque é isso o que o sangue de vampiro faz aos humanos e é isso que eu sou, Matt. Eu sou uma vampira – eu estava a ser muito cuidadosa com as palavras, mas não havia forma de explicar isto suavemente.

-Não – disse ele, começando a andar para trás. Isso não era bom sinal.

-Mas vai ficar tudo bem, porque eu vou contar-te tudo e tu vais entender porque eu tive que manter isto escondido de ti, e vamos ficar bem – falei tudo de uma só vez.

-Vamos ficar bem?!

-Sim, porque estamos juntos e amamo-nos.

-Vampiros… OMG – ele parecia muito confuso, andava de um lado para o outro. – Vicky. OMG, no hospital, eu pensei que ela estava a alucinar.

-O quê?

-Vicky, ela sabia sobre vampiros e eu… - ele parou de andar de um lado para o outro e olhou-me nos olhos. – O que lhe fizeste?

-O quê? Nada. Nada, Matt!

-Preciso de ir embora – disse ele e saiu do quarto.

-Não, não, não.

Usei a minha velocidade sobrenatural e coloquei-me entre ele e a porta de casa.

-Não posso deixar-te ir. Não desta maneira.

-O que fizeste à minha irmã? – gritou ele, apertando os meus braços com força. – O que olhe fizeste?

-Nada, Matt, juro, não fiz nada.

-O que lhe fizeste?

-Matt, acalma-te – ele conseguiu passar para a porta e abriu-a. – Matt!

POV Jenna Sommers

-O John e o Jeremy estão a dormir? – perguntei quando Elena entrou na cozinha.

-Sim, acho que sim.

Lambi a colher de gelado.

-Tenho que ir para a cama. Assim ainda tenho hipóteses de acordar amanhã sem ressaca.

Tocaram à campainha.

-Quem é? – indaguei e fui até á porta. Abri-a e uma mulher de cabelos pretos lisos apareceu.

-Olá. Deve ser a Jenna. Eu sou a mãe da Elena.

Olhei para trás, onde Elena estava, estática, no meio do corredor.

-Isobel – disse Elena e eu voltei a olhar para o rosto da mulher que estava na minha porta, sem saber como reagir.

©AnaTheresaC