Capítulo 21

POV Demi Gilbert

Entrámos na festa e a primeira pessoa que vi foi Elijah. Ele já não estava assim tão morto.

-Andie! – exclamou a minha tia e deu um beijinho na face de uma mulher alta, loira e cheia de curvas. 

-Melinda! Esta é a tua sobrinha, não é? – ela sorriu para mim. Tinha um sorriso simpático e caloroso.

-Demi – apresentei-me e ela deu-me dois beijos na minha face.

-Andie. Sou colega de trabalho da tua tia. Mel, já viste aquele gostoso do Elijah Smith?

Ele sorriu para cá, enquanto falava com Carol Lockwood.

-Já volto.

-Demi – a minha tia parou-me. – Comporta-te. És um ser humano sociável.

Fiz o meu maior sorriso para ela ao que inclinou a cabeça.

-Eu percebi a ideia – falei e comecei a circular pela sala. 

Riley apareceu, e largou o seu melhor sorriso para mim, fazendo-me sentir automaticamente em casa.

-Riley! – exclamei e abracei-o com força, aspirando o seu perfume. Já me tinha esquecido do quanto gostava de Riley, e do quanto ele me fazia sentir feliz e completa. Não tão completa como ele fazia, mas quando estava com Riley sentia-me mais próxima de quem eu realmente era.

-Demi! – disse ele, retribuindo o abraço. – Quando a tua tia disse que irias finalmente sair do quarto, nem acreditei.

Sorri amarelo.

-É… - falei.

 -Ela já te contou das últimas novidades do mundo sobrenatural?

-Eu estou… a tirar umas férias desse assunto – afirmei, olhando para Elijah, que desviou o seu olhar de Jenna para mim e sorriu. Mas que raios?!

Desviei o olhar dele, mas no segundo a seguir, desejei não o ter feito: Damon tinha acabado de beijar a tal Andie.

Os meus olhos ficaram imediatamente cheios de lágrimas, e corri para a primeira porta que vi, deixando Riley para trás.

-Demi! – ouvi-o chamar, mas eu não liguei.

A divisória em que tinha entrado era o escritório da Mayor Lockwood. Respirei fundo, mas isso custou-me. Sentei-me no sofá, e fiquei a olhar para a lareira que havia na sala. Era linda, mesmo estando apagada. 

Permiti as lágrimas saírem, sabendo que ninguém me iria incomodar. Porque tinha cedido a Melinda? Eu nunca devia de ter saído da minha cama, aquela cena desfez-me em mil pedaços. 

A porta abriu-se. Raios, eu tinha a certeza que ninguém me iria incomodar.

-Desculpa, incomodo? – aquela voz tinha um sotaque que eu só tinha ouvido uma única fez, e me fez arrepiar: Elijah.

Limpei as lágrimas e virei-me para ele.

-Claro que não. Já estava de saída – levantei-me e dirigi-me à porta, mas ele meteu-se à minha frente. O medo atingiu-me, e eu senti o sangue a fugir-me do corpo. 

Ele era um pouco mais alto do que Damon, mas não muito. Os seus olhos eram profundamente castanhos, parecia que tinha comprado uma tablete de chocolate e colocado no lugar dos olhos. 

-Por favor, deixe-me sair – pedi, tentando manter a calma.

-Está tudo bem por aqui? – inquiriu a única voz que eu não queria ouvir.

-Sim, está – respondi e Damon sorriu para mim.

-Oh, vá lá! Tens mesmo que certeza que este senhor não te estava a incomodar?

-Normalmente, tenho muita certeza do que digo, Damon – dizer o seu nome doeu-me, mas procurei manter-me em pé.

-Peço desculpa, mas algum de vocês sabe onde está Elena? – interrompeu Elijah, e eu fiquei agradecida por ele me dar um motivo para desviar o meu olhar do de Damon.

-A salvo, com Stefan – respondeu Damon. – Estão a esconder-se de um probleminha com lobisomens. 

Arregalei os olhos.

-Lobisomens? No plural?

-Longa história, compra uma síntese – disse Damon e eu cerrei os maxilares.

-Ouvi sobre isso.

-De certeza que sim, já que foi o teu bruxo que salvou o dia!

-De nada – falou Elijah.

Eu estava ali a mais, sabia disso. Dois vampiros, um com uma idade inestimável e outro com as emoções desligadas e possivelmente muito irritado. 

-O que me deixa extremamente confuso é o porquê de estares aqui.

-Porque não te manténs focado em manter Elena a salvo, e deixas o resto comigo? – Elijah sorriu no final, o que me arrepiou toda.

Damon apareceu à frente de Elijah com aquela estúpida super velocidade que tinham.

-Não é o suficiente.

Então Elijah pegou-o pelo pescoço e prensou-o contra a parede que estava por detrás da secretária. Damon pegou no pescoço dele, mas Elijah tirou a mão facilmente.

-Vocês vampiros novos, são tão arrogantes. Como te atreves vir aqui e desfiar-me?

-Não me podes matar, meu. Não faz parte do acordo – disse Damon.

-Silêncio – pediu Elijah e pegou num lápis.

-Elijah, não…

Cravou-lhe o lápis na carótida.

-Damon! – exclamei e corri até eles. Elijah largou-o e eu amparei Damon pelos ombros para ele não cair no chão.

-Sou um Original. Mostra um pouco de respeito – tirou um lenço do bolso do casaco e limpou as mãos. Depois, entregou-o a Damon, que pegou e colocou na ferida. – Quando não me fores mais útil, morres. Por isso, devias fazer o que eu digo. Mantém a Elena a salvo.

E saiu elegantemente da sala. Damon recompôs-se e encostou-se á parede.

-Estás bem? – perguntei.

-Não – respondeu ele, olhando furiosamente para a porta. – Este tipo acabou de me ameaçar de morte! Morte! Ninguém me ameaça dessa maneira!

Comecei a rir.

-O que foi? Achas piada a isto?

-Não – continuei a gargalhar. – Acho piada o facto de estares furioso com um vampiro que não pode morrer.

Ele deitou um meio riso cá para fora. Olhei para a porta e comecei a pensar nalgumas coisas.

-Preciso de fazer uma coisa – disse-lhe e dirigi-me para a porta.

-Nem penses que vais ter com ele! Ele mata-te!

Olhei para ele e enruguei a testa.

-Sou meia-irmã da Elena. Isso não me faz parte da lista dela?

Ele cerrou os lábios numa linha fina.

-Fica descansado. Ao contrário de ti, eu não arranjo inimigos todos os dias.

Saí do escritório e comecei a infiltrar-me na festa. Então vi-o. Ele estava a conversar animadamente com Melinda. Aproximei-me deles e coloquei-me ao lado da minha tia.

POV Melinda Courtney

-Demi! Ainda bem que chegaste! Elijah estava a contar-me que antes de passar por aqui, tinha passado por Nova Iorque.

-Oh, a sério? – Demi estava com uma ponta de ironia na voz. 

-Verdade. É uma cidade muito agitada. Não é ao acaso que dizem que é a cidade que nunca dorme.

A tensão cresceu entre eles os dois e nenhum deles parecia estar disposto a quebrá-la.

-Elijah, onde mais esteve? – interrompi, mas eles não desviaram o olhar um do outro.

-Resumidamente, o mundo todo. 

-Eu. Tu. Conversa. Agora. Segue-me – disse Demi e saiu disparada para o jardim. Elijah seguiu-a, sem pensar duas vezes, deixando-me sozinha.

POV Elijah Smith

-O querias mais cedo? – perguntou ela, cruzando os braços e fixando-me sem medo. Sorri.

-És engraçada. Agora percebo o fascínio de Damon por ti.

-Essa não é a resposta à minha pergunta – afirmou ela, semicerrando os olhos.

Suspirei e olhei em volta. Não estava ninguém. Ela deve de ter percebido isso porque ficou imediatamente tensa.

-Escusas de tentar fazer alguma coisa mim. Sou uma ninfa e conheço bastante bem os meus poderes. 

Sorri para ela.

-Longe de mim de irritar uma ninfa – brinquei. – E respondendo há tua pergunta, queria conhecer-te oficialmente. Quando nos encontrámos, não te reconheci, mas depois da Mayor me dar o teu parentesco, ficou tudo esclarecido: tu és uma ninfa. 

-Exatamente.

-E também fazes parte da lista de pessoas que Elena quer protegida.

-Somos meias-irmãs – respondeu e começou a descontrair. – Peço desculpa pelo Damon. Ele sempre foi um pouco impulsivo quando está… zangado.

-Não há nada que pedir desculpa – apressei-me a dizer. – Também conheci vampiros como ele. Primeiro que peçam desculpas…

Ela riu com a minha frase e eu abri ainda mais o meu sorriso.

-Quão velho és?

-Mil anos – respondi, descontraído. Ah, ninfas e as suas habilidades! – Peço perdão, mas tenho que regressar à festa. Afinal, isto tudo é por minha causa.

-Posso saber o motivo?

-Claro. Conto-te enquanto vamos – disse e começámos a dirigir-nos outra vez á mansão Lockwood.

©AnaTheresaC