Projeto Hoshi escrita por dreamerbee, Clube TMJ


Capítulo 4
Capítulo 4




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E, sem mais delongas, aqui está o capítulo 4! Como sempre, confiram as notas no final! Elas são muito importantes, em especial, a desse capítulo.

Boa leitura a todos!

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20 de fevereiro - 20:50 no HST (Hoshi Standart Time)

  Rafael olhou em torno, contemplando a ante-sala iluminada por holofotes coloridos e ouvindo a música que vinha do espaço de shows, o auditório, adjacente. Estava sentindo-se mal. Não gostava de muita gente nem de confusão. Queria estar dormindo. A festa de despedida das férias era aberta a todos os habitantes da Hoshi, mas ele não acreditava que devesse estar ali, afinal, as aulas dos cursos técnicos com especialização e formação, ou seja, as Faculdades da Academia do Cruzador Hoshi, já haviam começado faz tempo - assim como os serviços dos estagiários. Então aquela comemoração não era dele.
  Seus amigos, todos colegas de classe e de estágio, estavam todos fazendo a coisa mais sensata que se poderia fazer: descansando para o dia seguinte, uma segunda-feira de trabalho duro. Ele próprio tinha fortes desejos de sair e imitá-los, mas realmente precisava dos cálculos de desempenho do motor do seu módulo de exploração, e Luna, a assistente do alferes e responsável pelos controles e equipamentos da nave, havia dito que não iria ajudá-lo a menos que ele fosse ao evento. Era uma droga, mas o fato é que ela era a melhor no que fazia.
  Rafael considerou seriamente a hipótese do RH estar pagando a Luna um extra como promoter, já que ela aparentemente estava chamando todo mundo que conhecia pro evento. Agora estava ali, de cara pra cima, sem ninguém com quem falar. Por mais que não lhe agradasse ter que se socializar com os outros, ficar sozinho olhando era muito pior. Escaneou desesperadamente todos os rostos, rezando para encontrar alguém conhecido. Quase suspirou de alívio ao ver uma estagiária de Luna. Esperava que a própria estivesse por perto então; a moça gostava de todos como de irmãos mais novos e não perdia a oportunidade de estar com eles, mesmo que fora do horário de serviço.
  E, naquele momento, qualquer pessoa com quem pudesse sustentar uma conversa saudável para se sentir menos deslocado serviria.
  Aproximou-se, relutante.
  - Ah... olá - estendeu a mão, esforçando-se furiosamente para não corar - Você é estagiária do setor de Luna, não é? Meu nome é Rafael... Você sabe onde ela está?
  A moça sorriu de volta, correspondendo ao aperto de mão.
  - Muito prazer, Rafael, sou Anita. Já te vi lá no setor. Acho que Luna ainda não chegou, mas deve aparecer em breve... Gostaria de ficar com a gente até ela chegar? Esses são meus amigos, Francielle, Anderson e Diego - Estendeu a outra mão, indicando o grupo sorridente que a acompanhava - e... olha lá, acho que é a Luna chegando... Com o John e os amigos e... Uma pessoa nada amistosa do lado.
  Rafael analizou o homem que acompanhava Luna. Aparentava ter a idade dela e não parecia muito feliz.
  Sabia como ele se sentia.
  Sentiu uma onda de simpatia invadir-lhe.


  Anita estava feliz. A festa estava divertida, a comida estava boa e a música agradável. Ela havia se encontrado com Francielli, Anderson... e Diego. E a eles havia se juntado Rafael, um estagiário de outro setor que às vezes pedia a colaboração de Luna em alguns serviços; ela própria havia estranhado até mesmo o fato dele estar na festa, já que ele não parecia ser o tipo mais sociável do mundo, tendo falado com ela apenas umas duas vezes nas idas e vindas em seu setor. Mas ele alegava ter sido subornado e arrastado por Luna, que parecia também ter forçado o noivo a vir, e o qual apresentou entusiasticamente, embora a cara feia dele não combinasse com os muito elogios que ela o fazia.
  Anita sorriu para si mesma. Era incrível como algumas pessoas simplesmente pareciam não saber se divertir. E lá estava John, com Sandy grudada em seu braço, fazendo uma careta e armando uma expressão desafiadora. Ela revirou os olhos. Não queria briga com aquela garota. Acima de tudo, não queria briga por algo que não era sua culpa.
  A única pessoa que a interessava estava, naquele momento, cumprimentando os amigos de John, seus colegas de turma na Faculdade da Academia.
  - Hey, Anny - ouviu Francielle sussurrar no seu ouvido - Quando é que você vai dizer a ele?
  - D-d-dizer a ele o quê? - ela corou, sem graça. Mesmo que Francielle fosse sua melhor amiga, não se sentia à vontade para admitir seus sentimentos.
  - Ora, você sabe bem o quê - ela brincou, em tom malicioso - E sabe também o que dizem: Quem não arrisca, não petisca!
  - Eu...
  Mas Anita não pode completar a frase; naquele momento, ouviu-se um tumulto e pessoas falando alteradas em um ponto próximo da ante-sala.
 

20 de fevereiro - 20:55 no HST (Hoshi Standart Time)

  Matheus agitava lentamente o copo que tinha na mão esquerda, analisando cuidadosamente os pequenos rodamoinhos que a bebiba vividamente verde-cana formava. Não sabia direito o que era, mas tomava mesmo assim.
  Sequer acreditava que estava ali, em meio àquela festa cheia de crianças, perdendo tempo precioso de trabalho. Não queria vir, assim como não pretendia ficar muito mais tempo; só estava ali porque Luna, excepcionalmente, ameaçou brigar sério com ele caso se recusasse. Como ela queria tanto vir, ele acreditou que não havia mal em ceder, uma vez na vida.
  Não podia dizer o quanto estava arrependido.
  A música era alta e o incomodava. Ele supunha que a voz bonita da garota que estava cantando era menos pior do que o estardalhaço d'Os Constelações, mas mesmo assim o barulho de shows o irritava.
  Olhou para o despreocupado grupo de estagiários que estava ao seu lado. Sentiu uma pontada de inveja deles; tão jovens, tão livres de responsabilidades.
  Matheus não lembrava muito bem de sua adolescência. Ela tinha sido uma época de muito estudo e de pouca diversão. Não se lembrava te ter muitos amigos ou de sequer preocupar-se em conhecer outras pessoas até Luna aparecer na sua vida.
  De vez em quando questionava-se se o seu modo de viver, priorizando tanto o trabalho, era correto... Mas não valia a pena ficar se aborrecendo tanto com essas coisas. Pelo menos por uma noite, iria procurar viver a ilusão do divertimento.
  Bebeu um gole do líquido do copo, sentindo o sabor residual, meio amargo e muito ruim, do álcool. Fez uma leve careta. Pensou em dirigir-se ao balcão de lanches para pegar alguma coisa que tirasse aquele gosto da boca, mas parou ao ver Zé Luís e Xabéu aproximando-se.
  - Boa noite! - Zé Luís cumprimentou, animado. Seu amigo era, no mínimo, tão sem jeito para interagir com as pessoas quanto ele, mas pelo menos tentava. E sinceramente se divertia nesse tipo de coisa. Matheus não podia deixar de perguntar-se como. - Como estão, galera?
  - Bem - riu Luna, acenando feliz pra ele - Você parece estar bem tambéd, não é não?
  Ela piscou e ele corou. Matheus não entendeu bem do que os dois estavam falando, mas não pode deixar de sentir reprovação. Eles não eram mais adolescentes para se pirraçar desse jeito, caramba.
  - Bom, eu... - ele fez uma pausa e, aparentemente, tentou mudar de assunto - A festa está realmente muito boa, vocês não acham?
  - É verdade - Matheus surpreendeu-se ao ouvir uma voz conhecida dizer - Nós do RH realmente sabemos fazer uma boa festa, não é?


  Zé Luís sabia o que Luna queria dizer. E ele realmente estava feliz por Xabéu ter aceitado vir com ele. Gostava dela desde que haviam começado a trabalhar juntos; ela era inteligente, simpática, bonita. Ele jamais havia acreditado que existisse alguém que fosse tudo que ele sempre sonhou... Até conhecê-la.
  Sentiu-se corar. Droga. Estava parecendo uma criança envergonhada. Não queria que ela o visse assim.
  Era hora de mudar de assunto. Pensou rapidamente em algo casual para dizer.
  - Bom, eu... - fez uma pausa para controlar a ansiedade crescente que sentia - A festa está realmente muito boa, vocês não acham?
  - É verdade. Nós do RH realmente sabemos fazer uma boa festa, não é?
  Ele virou-se abruptamente. Não era possível. Aquela mulher o estava perseguindo; não havia outra explicação.
  - Você de novo?
  Ela riu. A sádica. Zé Luís sentiu a timidez esvair-se e dar lugar a uma raiva quente e borbulhante.
  - Perdão, Sra. Coordenadora, mas você tem algum problema comigo ou o quê?
  - Eu? Problema com você? - ela riu - Não tenho nenhum problema com você, Sr. Alferes. Só estou expressando a minha gratidão por você chegar a considerar que o RH possui algum talento aproveitável.
  Ele tensionou os pulsos. Ela o estava provocando. Aparentemente, ela percebeu que uma batalha épica estava prestes a acontecer e sorriu sarcarticamente. Ele abriu a boca para retrucar; queria deixá-la por baixo. Não podia perder para ela...
  - Oi, Zé! - congelou no ato e virou-se automaticamente. Mais uma vez sentiu as bochechas se avermelharem. Droga! - Olha, estou indo ali com o Koz ver um negócio, tá bom? Mais tarde eu te encontro!
  Ela acenou para ele, se afastando ao lado do desconhecido. Ele acenou apaticamente de volta. Além de tudo, havia sido humilhado por sua acompanhante. Ouviu mais uma vez uma leve risada ao seu lado.
  - Tomou um fora? Garota esperta, aquela dali.
  - Olha aqui...
  A briga iminente, porém, foi interrompida por um garoto, que veio correndo e gritando até a funcionária do RH.
  - Chefa! Chefa! B... Bianca... - ele parou ao alcançá-la, tomando fôlego - Vem aqui, rápido!
  Zé Luís só pôde observar enquanto Bianca - esse era o nome da déspota, afinal - seguia apressada atrás do garoto.
  No entanto, algo dizia que não seria a última vez que eles iriam se encontrar.

20 de fevereiro - 20:53 no HST (Hoshi Standart Time)

  TTK apoiou-se em uma das muitas pilastras da ante-sala colorida, sentindo sua visão anuviar-se e transformar o mundo em uma grande bagunça technicolor. Já havia bebido todo o energético, mas por algum motivo, após o alívio inicial, ele já não parecia atingir o efeito desejado. Sua cabeça rodava como se ele estivesse em um navio, viajando em pleno alto-mar. Sabia que tinha alguma coisa a ver com o senso de equilíbrio se esvaindo. Seria o momento chegando...?
  Agora suas pernas ameaçavam perder as forças. Abraçou com força a pilastra.
  "Isso vai passar! Vai passar! Vai passar...!"
  Mas não passava. Foi escorrengando lentamente até sentar-se no chão, ainda escorado na construção; encostou a testa na pedra fia e sentiu o suor escorrer pela sua testa.
  Agora sentia a respiração falhada, como um nadador que se afoga. Fazia força para respirar, tentando inutilmente captar o ar. Seu corpo inteiro lutava contra ele, como um regimento de soldados que se rebela contra seu general. Mas TTK não estava disposto a se render sem lutar.
  Continuava fazendo força para respirar, parcialmente alheio ao tumulto que começava a se formar ao seu redor. Todos sabiam que não podia ser problemas com bebida; na Hoshi, a idade mínima para beber era 21 anos e quem descumprisse a lei pagava uma severa multa. Portanto, perceberam que o garoto estava passando mal e que era sério.
  TTK tinha a vaga consciência de que estava juntando gente ao seu redor. Estava tudo embaçado, ele não conseguia respirar, os sons e as luzes embaralhavam-se na sua cabeça.
  Ouviu alguém chegar falando alto, abrindo passagem, uma moça ajoelhou-se ao seu lado e ele lutava, lutava com todas as forças para manter-se consciente.
  Ele não queria cair na incerteza da escuridão.

20 de fevereiro - 21:02 no HST (Hoshi Standart Time)

  Will assistiu à jovem cantora começar mais uma música. Havia muito não assistia um show ao vivo. E agora estava ali, ao lado de Tina, seu marido, Rolo, e do garoto do qual eles tomariam conta a partir daquele dia... Assim como tomavam conta da sua menina. Suspirou ao sentir o calor da diminuta mão de Fifi dentro da sua.
  Estava feliz. Mais do que isso, estava feliz porque ela estava feliz. Já havia oito anos sua vida gravitava em torno da vida daquele pequeno ser - desde que a havia encontrado na praia, abandonada em meio a lençóis rasgados, ela era tudo pra ele.
  Amava Fifi como uma filha. Não podia descrever a dor que era para ele ter que viver separado dela, mas era a dura realidade: não tinha estabilidade nem uma família adequada para confortá-la, além de estar muito focado na sua carreira no momento. Tinha, afinal, que contentar-se com aqueles simples momentos de felicidade que tinha o privilégio de dividir com ela.
  E a garota parecia encantada. Will acreditava que ela nunca havia visto nada como aquilo; tão brilhante, tão colorido, imaginou que aos olhos dela toda a festa deveria parecer um enorme carnaval venesiano de contos de fadas.
  - Né, ursão? - ela estava em êxtase, com um brilho no olhar - Isso não é rindo...?
  - Sim, Fifi. É muito lindo.
  Ele sentia-se aquecer por dentro quando estava com ela. Era tudo...
  - E aí, Will! Como vai essa força?
  Era um dos seus colegas do serviço. Sérgio, um cara animado e cansativo, que insitia em tentar ser seu amigo.
  - Está tudo certo comigo, Sérgio. Espero que com você também.
  - Sempre tão formal, esse Will! Mas fala aí, cara! Dá um rolé comigo, rapidinho!
  - Bom, eu...
  - Não aceito não como resposta!
  Will amaldiçoou mentalmente aquele cretino que estava prestes a roubar dele momentos preciosos em companhia da sua fofinha.
  - Fifi - ele virou-se, sério, para a garota - o Will vai ter que sair um pouquinho. Fique aqui direitinha com a Tina, tá?
  - Tá, ursão! - ela abriu um largo sorriso - Vorta rogo, tá?
  - Certo, querida. É uma promessa.

  Will dirigia-se, exausto porém aliviado, para o canto de onde havia saído mais cedo. Tivera que aturar seu companheiro por pelo menos meia hora, mas sabia que agora estaria livre para aproveitar a festa de verdade, da maneira que quisesse.
  Suspirou, feliz, ao ver Tina vindo na sua direção. Sua postura, porém, mudou ao perceber a expressão estranha do rosto da moça.
  - Will - ela parecia muito transtornada - A Fifi foi ratpada.

  Fifi seguia correndo, arrastada por aquela figura estranha. Não sabia quem era, sequer conseguia ver se era homem ou mulher, pois a sombra usava uma pesada capa com capuz. Ela havia se infiltrado na multidão e puxado a menina pela mão; Tina havia tentado impedir, mas a pessoa a empurrou e saiu correndo com ela. As pessoas estavam todas concentradas em um menino que havia passado mal. Ninguém estava prestando muita atenção.
  Ela estava apreensiva. Queria seu ursão, a tia Tina e o tio Rolo, e também seu novo amigo, o Peter. Os corredores estavam desertos e ela sentia seus pés doerem.
  - Me rarga - a menina choramingou - Eu quero vortar!
  - Quer voltar, Fifi? Mas por quê? - era uma voz de moça, uma voz muito bonita. - Agora que nos encontramos novamente...
  - Novamente? Não rembro de você! Nunca te vi! Me reva de vorta!
  - Não, meu amorzinho... Agora nós vamos ficar juntas para sempre.

21 de fevereiro - 06:47 no HST (Hoshi Standart Time)

  Júlio olhou assombrado para a grande Academia Escolar. Era enorme, um prédio absolutamente gigantesco, com quatro andares e o comprimento e a largura de um campo de futebol, sem contar os prédio anexos. As várias janelas esvidraçadas piscaram para ele, que contemplava fascinado o tamanho do campus e a quantidade de alunos, de todas as idades.
  Leu a  enorme placa que indicava as direções e rumou para o saguão principal, onde havia lido no portal do Cruzador que seria o lugar onde as turmas estariam divididas.
  Para ele, tudo parecia um sonho, do qual ele tinha medo de acordar a qualquer minuto. A chegada ao Cruzador, a festa incrível do dia anterior... Tudo parecia bom demais para ser verdade.
  Entrou no enorme saguão, onde tudo era decorado de modo simples e minimalista, com linhas retas e curvas delicadas, numa atmosfera futurista que enchia os olhos. Percebeu que havia um quadro de aviso para cada gradação, ou seja, para cada "série". Virou-se para o grande quadro onde se lia, em letras garrafais, "2ª gradação do Ensino Médio" e ao redor do qual um enorme grupo de alunos que se amontoava no momento. Ele aproximou-se, tentando desesperadamente descobrir em que turma estava - uma missão quase impossível levando em conta o número de gente que havia ali...
  - Eu cheguei mais cedo e verifiquei. Você está na minha turma.
  Ele virou-se para encarar quem falava. Era a menina com quem havia embaraçosamente se chocado no dia da sua chegada à nave, Mônica.
  Sorriu para ela.
  - Muito obrigado mesmo! Será que você saberia me dizer também o número da sala?
  - Eu estou indo pra lá mesmo, acho que seria mais fácil se fôssemos juntos - ela riu.
  - Tem razão.
  Ele sorriu e seguiram ambos caminhando pelos largos corredores e escadarias brancos e prateados do enorme edifício, dividindo experiências e impressões de sua primeira semana na cidade nos céus.

21 de fevereiro - 08:12 no HST (Hoshi Standart Time)

  Bianca estava frustrada.
  Correção, Bianca estava muito frustrada.
  Só Deus sabia o quanto havia ralado para fazer daquela festa o sucesso que devia ter sido - correção, o sucesso que foi. Havia virado noites. Preenchido incontáveis papéis. Contatado todos os serviços tercerizados, arrumado a banda e também aprovado Kelsi, de última hora, quando houve o problema com o chuveiro e as margaritas, cuidado pessoalmente de cada detalhe. Telefonado, mandado mensagens, feito videoconferências, ajeitado, arrumado, chorado, implorado, subornado e barganhado (afinal, Bianca não era do tipo que se importava de se rebaixar se aquilo significasse que seu trabalho fosse um sucesso).
  Tudo pra quê? Pra um menino, que ninguém sabia que era sonofóbico, passar mal no meio do evento.
  E agora estava prestes a receber uma chamada da chefona.
  Suspirou e xingou mentalmente; arrumou a sua cara mais séria e compenetrada e bateu na porta do escritório de Madame Dumont.
  - Entre.
  O comando era seco e imperioso, o tom de voz era o de alguém que estava acostumado a mandar, mas não estava acostumado a ser desobedecido. Bianca suou frio. Aquela era a grande responsável por todos os setores do RH, a chefa, uma das maiores entre todos os funcionários do Setor 3.
  Céus, como admirava aquela mulher. Devia ser uma das pessoas que ela mais admirava; era irônico que também fosse uma das pessoas que ela mais temesse.
  Mas assim era a vida, não? Ou medo ou respeito.
  Abriu a porta e encarou a senhora, já na faixa dos 60 anos, baixinha, rechonchuda e de cabelos muito brancos firmemente presos em um coque. Qualquer um poderia dizer que era uma inocente vovó, prestes a assar biscoitos para os netinhos. As aparências realmente enganavam.
  - Bianca. - ela cruzou as mãos em cima da pesada escrivaninha de madeira - Chamei-a aqui por dois motivos. Antes de mais nada, sente-se, por favor.
  O comando foi feito no mesmo tom de ordem, enquanto ela indicava uma das duas cadeiras de escritório forradas em couro que estavam em frente à escrivaninha. Bianca sentou-se e aguardou em silêncio.
  Sabia o seu lugar.
  - O primeiro motivo - continou Madame Dumont, anotando coisas em um caderno eficientemente - foi para, de modo geral, parabenizá-la pela organização da festa. Embora tenha sido uma falha tremenda o que ocorreu com o garoto que sentiu mal-estar, baseando-me na sua conduta impecável estou disposta a esquecer o incidente. Porém espero que compreenda que não serei tão condescendente da próxima vez.
  - Sim, senhora. - Bianca respondeu, humildemente, com seu tom de voz mais manso.
  - O segundo motivo. Bianca, sei que você é uma de nossas funcionárias mais competentes e apaixonadas. Você é o tipo de pessoa que esforça-se para que tudo corra bem. Reconhecendo essas características em você, estou lhe designando para uma uma tarefa muito especial... e delicada.
  Ouviu-se uma batida na porta.
  - Entre - novamente Madame  Dumont comandou.
  Um homem entrou na sala e, ao comando da superiora, sentou-se na outra cadeira em frente à escrivaninha.
  - Bianca, esse é Alfredo Amorim. Ele é um recém-contratado do nosso setor e será seu parceiro nessa missão.
  Alfredo acenou com a cabeça, ao que Bianca respondeu acenando de volta, polidamente.
  - Agora quero que escutem com atenção. Este será, provavelmente, o projeto definitivo, o mais importante de suas vidas.

Fim do Capítulo 4


É isso, gente, aqui está mais um capítulo do Projeto Hoshi. O capítulo 4 atrasou por problemas pessoais meus... Demorou, mas chegou!
E os capítulos dessa fic são tão grandes que me assustam! São homéricos! Daí vocês tiram o contorcionismo que eu tenho que fazer pra encaixar todo mundo...

Bom, agora eu queria explicar uma coisa pra vocês, já que eu tenho medo de que algumas pessoas venham a se confundir com a continuidade da história no próximo capítulo.
As datas e horários que aparecem antes de cada corte NÃO SÃO ENFEITE. Gostaria que os meus amados leitores as levassem também em consideração.
Por que estou dizendo isso? Vocês devem ter reparado que deixei a parte da Fifi no ar e cortei pro dia seguinte. A parte dela será retomada de onde parou NO CAPÍTULO 5, assim como outra parte que se passa na festa também será narrada no próximo capítulo. Pode parecer confuso, mas sinceramente acho que é uma forma de me cansar menos ao escrever ao invés de enfiar tudo de vez nos capítulos homéricos. Além do mais, sabendo disso, você poderão perceber que existem ações que se passam ao mesmo tempo, com uma começando antes da outra, nesse mesmo capítulo. Isso pode acontecer, então fiquem de olho. A fic NÃO É LINEAR.

Novamente, pessoas cujos personagens não apareceram ainda, tenham paciência. Alguns são mais fáceis de encaixar do que outros, mas vou fazer o que puder pra enfiar todo mundo aqui!

Beijos a todos, espero que tenham gostado! DEIXEM REVIEWS e nos vemos no próximo capítulo! =***



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