Projeto Hoshi escrita por dreamerbee, Clube TMJ


Capítulo 2
Capítulo 2




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E aqui está o segundo capítulo! Espero de coração que gostem! Ah, e não esqueçam das notas no fim do capítulo :)


Beijos a todos e boa leitura!

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13 de fevereiro - 13:20 no HST (Hoshi Standart Time)

  Bee enxugou o suor da testa enquanto secava os pratos. Ela esfregou com força a louça que tinha em mãos, depositou na pilha de pratos limpos e imediatamente passou para o próximo, trabalhando com afinco. Tinha que correr. Aquele era sem dúvidas o pior horário do dia: o intervalo entre a primeira e a segunda grade de almoço, quando ela tinha que se esforçar de maneira sobre-humana pra que tudo estivesse pronto em menos de uma hora, a tempo da nova leva de trabalhadores dos escritórios.
   Como fosse fisicamente impossível para todos os empregados do Setor 3 caber nos três refeitórios (embora eles fossem grandes), haviam dois turnos para os funcionários. Ela e Koz trabalhavam no refeitório Alfa, e no momento estavam se preparando para o segundo momento de pico.
   Seu trabalho era duro, mas Bee gostava dele. Também era grata ao Comandante por ter arrumado um lugar para ela na nave; tinha-o na mais alta consideração, embora tivesse perdido totalmente o contato com ele depois de ser alocada no Cruzador. Ela procurava compreender. Astronauta era um homem ocupado. Não poderia ficar de tagarelices com qualquer um e ela tinha Koz como companhia, afinal.
   Voltou os olhos para o companheiro, que estava com os braços mergulhados até os cotovelos em espuma, lavando e enxaguando louça freneticamente. Koz era esforçado, simpático, um cara legal. Ela sorriu afetuosamente. Já fazia quase um ano e meio desde que o conhecera, no primeiro dia de serviço, e haviam se tornado amigos desde então. Mesmo com todas as dificuldades, sentiam que enquanto o outro estivesse lá, tudo estaria bem. Eles se apoiavam e se ajudavam.
   Enxugava os pratos automaticamente enquanto continuava a observá-lo. Viu que Koz olhava discretamente para o relógio, parecendo mais e mais impaciente a medida que os minutos passavam.
  Bee sabia no que ele estava pensando. Sabia e não gostava nada. Vasculhou rapidamente nos fatos que haviam acontecido no primeiro turno do almoço, tentando achar alguma coisa que o desviasse daquela linha de pensamentos.
   - Eh, Koz! - chamou o companheiro, que virou a cabeça para encará-la, sem parar de lavar os pratos - Viu a confusão que houve no refeitório hoje? Aquela garota que dispensou o velho que estava dando em cima dela?
  - Vi! - ele riu - Guria estranha, não? Devolveu o prato quase cheio. Sinceramente, não sei o que se passa na cabeça dessa galera dos escritórios. Sabe onde aquela fulana trabalha?
   - A Khara da limpeza disse alguma coisa sobre ela ser do RH.
  - Aaah, está explicado então! A Xabéu sempre diz que esse povo do RH não presta... - a expressão do rapaz alterou-se e ele virou-se para encarar o relógio mais uma vez. Bee xingou mentalmente. Não estava dando certo. Ela teria que pensar em outra coisa...
   - Oi, Koz! Como vai!
  Tarde demais. Um sinal estridente e uma voz que ela realmente não queria ouvir sinalizaram o início do segundo turno de almoço. Tentou disfarçar a careta que tinha ganas de fazer enquanto seu amigo, seu melhor amigo, pulava como um cachorrinho para o janelão do balcão de atendimentos e devoluções de bandeja. "Ele faz questão de atender essa loirosa aguada", concluiu para si mesma, com raiva.
   - Oi, Xabéu! O que vai querer hoje? Eu recomendo o cardápido número 4. Tem um espaguete àla carbonara que acredito que você vá gostar muito...
  "Nhé, nhé, nhyé, nhé, nhyé", ela arremedou em pensamento.
   - Ah, então vou querer esse mesmo! Confio no seu bom gosto, Koz. - Xabéu sorriu.
E se Bee antes estava só irritada, agora ela positivamente queria cometer assassinato.
Koz era seu melhor amigo, seu amigo, seu... SEU.
Ela não iria perdê-lo para ninguém, muito menos para aquela garota mimada.

13 de fevereiro - 13:05 no HST (Hoshi Standart Time)

  Zé Luís encarou seu relógio de pulso, impaciente. Já estava há dez minutos naquela sala idiota, ocupada por diversos funcionários de vários setores. O cômodo repulsivo era cheio de quadros de borboletas nas paredes e enormes pufes coloridos e ele, nesse exato momento, estava sentado numa das cadeiras dispostas em semi-círculo e voltado para a mesa estilo "professor" que seria usada pelo coordenador daquela porcaria de Atividade Grupal, atividade da qual ele estava sendo sumariamente obrigado a participar.
Será que eles achavam que ele não tinha mais o que fazer? Era alferes daquela droga que chamavam de nave. Tinha responsabilidades. Tinha um horário. Não podia perder seu tempo sentado naquele ambiente irritantemente colorido, tinha que...
   "Ah, graças AOS CÉUS." A porta estava se abrindo e, aparentemente, o instrutor, ou melhor, o carrasco deles naquela tarde estava entrando no recinto...
  Ah, não.
  Ah, não.
  O que ele tinha feito pra ser amaldiçoado daquele jeito?
   A sensação de que nada de bom estaria por vir para ele nas próximas horas invadiu-o quando ele viu a "durona do refeitório" entrar e sentar-se à mesa.

  Bianca teve vontade de rir. Não, ela teve vontade de gargalhar o ver o engenheiro de óculos do refeitório, o que estava se queixando da Atividade Grupal, sentado em meio aos participantes da Atividade. Mas estampou seu "sorriso sereno" ao encará-lo; ela sabia se controlar.
  Não queria que a levassem a mal. Na maior parte do tempo, ela fazia seu trabalho direitinho e, honestamente, buscava atividades proveitosas. Queria ver aqueles otários felizes. Afinal, quanto mais felizes eles estavam, maiores as chances dela ser promovida.
Mas hoje decidiu abrir uma excessão. Aquela seria a Atividade Grupal mais chata, mais sem sentido, de todos os tempos.
  - Muito boa tarde, caros colegas, sou Bianca do RH e estou aqui para coordenar a sua Atividade Grupal da semana. A atividade de hoje tem como propósito fazer um levantamento dos níveis de auto-estima de vocês, portanto, gostaria que cada um pegasse um dos espelhos que estão nessa caixa e, ao se olharem, tentassem responder às seguintes perguntas... "O que eu vejo?" e "Qual o meu papel nesse mundo?". Podem levar o tempo que acharem necessário. A atividade tem início agora.
  Mais uma ver ela quis gargalhar ao ver as expressões dos seus "pupilos".
  Talvez sua tarde fosse ser divertida, afinal.

13 de fevereiro - 17:36 no HST (Hoshi Standart Time)

  - Caramba, Zé Luís! Quem morreu?
  Luna e os dois estagiários que estavam trabalhando em reparos no painel, Anita e John, viraram-se para encarar o alferes que entrava na sala, com uma expressão nada bonita no rosto.
  - Ninguém ainda, mas aquela engraçadinha do refeitório tem grandes chances de ser o sujeito dessa frase caso eu pegue ela num corredor isolado.
  - Engraçadinha do refeitório? - perguntou Anita, limpando a mão de suja de gracha no macacão - De quem vocês estão falando mesmo?
  - Seria aquela moça "adorável" do horário de almoço? Se for ela, já falei o que aconteceu pra vocês, Anita...
  - Sim, ela mesma. Adivinha onde ela trabalha - Zé Luís retrucou, irônico.
  - Não sei, onde?
  - No RH, Luna. NO RH. E ela foi responsável pela atividade grupal mais chata, masi INÚTIL à qual já fui forçado a participar.
  Luna, Anita e John se entreolharam...
  E começaram a rir.
  Zé Luís queria matar alguém. De preferência, aquela sádica daquela coordenadora, mas de repente os seus colegas pareciam uma opção bem válida também.

13 de fevereiro - 17:36 no HST (Hoshi Standart Time)

  A porta da sala de reuniões 4 do setor de RH abriu-se para revelar uma Bianca cansada, porém satisfeita para seus companheiros.
  - AE, GALERA! A CHEFA CHEGOU! - Felipe gritava entusiasmado, sorrindo de orelha a orelha, ao que ela retribuiu sorrindo afetuosamente. - E aí, Chefa? Como foram suas horas edificantes com a turminha dos números e das contas?
  - No mínimo interessantes, Felipe. E então, a que pé estamos?
  - Tá tuuuudo indo às mil maravilhas, Chefia! - respondeu Helvinho, igualmente entusiasmado. - Essa festa de abertura das atividades da Academia... VAI BOMBAR!
  - É ótimo ver vocês tão animados com isso. Felipe, a banda já confirmou?
  - Ah, sabe o que é, Chefa... O baterista me ligou hoje, e falou que o vocalista teve um problema com a garganta envolvendo umas margueritas e o chuveiro. Coisa complicada, sabe como é! Então vamos ter que substituir.
  - Mas nem esquenta, Chefia! A gente já tem uma pessoa em mente! - Helvinho completou, consultando suas anotações.
  - O que seria de mim sem vocês. Em quem estão pensando?
  - Ó, sabe o que é? Conheço uma guria que canta maravilhosamente! - Felipe sorriu de novo - E ela, por sinal, está doida pra ajudar, acho que sai até mais barato do que se a gente chamar Os Constelações.
  - Mas - Bianca ponderou - você não disse que são eles o maior sucesso entre os adolescentes da Hoshi?
  - São, Chefa, mas acidentes acontecem. E, com esses caras de banda, acontecem mais do que deveriam. Mas nem esquenta, garanto que vamos fazer de tudo pra festa ser um sucesso!
  - Então deixo tudo nas suas mãos, rapazes. Realmente tenho que ir agora, ainda tenho um quilo de relatórios pra revisar e digitar... Literalmente. Entrem em contato com essa moça, está bem? Quero me reunir com ela antes do dia da festa.
  - Tchau, Chefa!
  - 'Té mais, Chefia!
  Os dois acenaram para a moça, que acenou de volta. Felipe sorriu para Helvinho, pegou o celular e imediatamente começou a discar.
  - Alô, Kelsi? Mana, se está em pé senta, porque eu descolei um trabalho mara pra você, garota!

13 de fevereiro - 13:18 no HST (Hoshi Standart Time)

  Pivete segurou firme a sacola surrada onde estavam todos os seus pertences. Não sabia seu nome. Mas havia sido apelidado como Pivete desde sempre e, honestamente, não se importava. Havia descido discretamente da nave e viu um cara com pinta de importante passando instruções para os outros passageiros; como ele não tinha idade para frequentar a Academia Escolar, que só tinha o Ensino Médio, aquilo não o interessava realmente. O que importava agora era dar o fora dali o mais rápido possível, antes que alguém percebesse que ele havia tomado o ônibus espacial com a passagem comprada por outra pessoa.
  Não sabia se aquilo era permitido ou não, e realmente não queria arriscar.
  Foi andando pelos largos corredores cromados; lá era tudo tão limpo! Ele não sabia o que fazer agora, mas esperava arrumar um emprego como ajudante, ou alguma coisa assim. Talvez na limpeza, quem sabe...
  Ou não.
  Uma mão pesada pousava sobre seu ombro e uma voz grave alcançou seus ouvidos.
  - Rapaz, o que está fazendo aqui?
  "AAAAH, CARACA, AGORA FERROU TUDO!'"
  - N-n-nnaa-daa de m-mais, senhor...?
   - Will. Capitão Will, ao seu dispor. Sinto informar-lhe que não é permitido a menores de 15 anos perambular desacompanhados pela nave, rapaz. Onde estão seus pais?
  - Não estão aqui.. s-s-s-senhor.
  E agora, será que seria deportado de volta à Terra??
  - Me acompanhe então, rapaz. Acho que o RH vai ter que dar um jeito em você?
  "Jeito"? Que "jeito" seria esse...?
  Pivete engoliu em seco e, sem escolha, seguiu o estranho.

Fim do Capítulo 2


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Notas finais do capítulo

Prontinho, gente! Mais um capítulo!
Fiquei muito feliz com todo o apoio que recebi dos leitores do Capítulo 1 no Orkut! (ela foi publicada lá enquanto o Nyah! estava down)
Muito obrigada mesmo!
Novamente, nem todos os personagens apareceram ainda, mas aguardem! Eles vão aparecer, mais cedo ou mais tarde. Como será que vão participar da história? O que vai acontecer com Pivete? E agora, como será essa festa que está sendo organizada para os estudantes da Academia?

Deixem suas sugestões, eu quero escutar!
Kissus da chefa, COMEEEENTEEEM! XDD



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