Eram 16:02 da tarde. A cidade finalmente estava tranqüila, inclusive no parque central de Jump City...

De repente, no meio do gramado, uma cúpula negra surgiu do solo e revelou uma garota encapuzada. Seus olhos violetas começaram a rodear o lugar. Sua expressão era séria e ao mesmo tempo preocupada. Por isso, quando encontrou o que procurava, deixou um leve sorriso escapar por entre os lábios.

Estelar continuava conversando com Wendy, mas não mais sentada em algum banco. As duas estavam agora passeando pelo parque. Tudo corria bem, até que a tamaraniana avistou Ravena. Nesse momento, sentiu um forte arrepio, seguido de uma grande felicidade que se apoderou de seu corpo em centésimos de segundo.

“Ravena? Não pode ser!” Ela gritou, enquanto se aproximava da velha amiga. Wendy já ouviu muitas histórias que Estelar contava sobre a empata, além, é claro, das inúmeras notícias que passavam na televisão. Por isso não conseguiu esconder a alegria de vê-la na sua frente, em carne e osso, e matando as saudades de sua amiga alienígena.

Estelar podia ter crescido, mas não tinha deixado a mania de abraçar seus amigos. Naquele momento, Ravena estava sendo sufocada com o ato.

“Estelar... sua força...”

“Oh, perdão, sempre me esqueço disso...” Estelar se afastou, dando chance para a amiga respirar um pouco. “Mas como me encontrou? Os titãs não passam aqui há tanto tempo...”

“Mas hoje foi uma exceção, Mutano esteve passeando pelo parque hoje e acabou avistando você e sua amiga. Quando contou tudo para nós, senti que tinha que vir aqui... de qualquer maneira.”

“Mutano contou para vocês? Quer dizer... que Robin também sabe?” Os olhos da tamaraniana demonstravam preocupação.

“Não. Ele está em repouso devido à luta de hoje, mas acho que você já sabe do que estou falando, não é mesmo?” Ravena levantou uma sobrancelha. Mas recebeu apenas um olhar cabisbaixo da alienígena como resposta. “Olha, Estelar... por que não nos contou o que estava acontecendo?”

“Como assim?”

“Você sabe, a gravidez... podíamos ter ajudado a enfrentar isso...”

“Ah, sim... mas Wendy já fez isso por mim. Além disso, quando parti, eu não sabia de nada.”

“Mesmo assim, podia ter nos avisado quando soube... ou pelos menos avisado a mim... sabe que pode confiar na minha palavra.”

“Ravena... *suspiro* eu confio em você, verdade... mas tive medo que ele descobrisse, mesmo se não fosse pela sua boca.” Estelar apertou firme a mão de Wendy, avisando que não se sentia bem. Esta entendeu perfeitamente o recado.

“Vamos, Estelar, você deve estar cansada...” Wendy disse. A tamaraniana normalmente fazia aquele gesto quando tinha alguma tontura ou mal estar. Por isso era sempre melhor que voltasse para casa e que fosse tomar uma xícara de chá, além de descansar um pouco de um dia corrido. “Você também quer vir?”

Ravena acenou afirmativamente com a cabeça. Também ajudou as duas a chegarem mais rápido em casa em mais um de seus teleportes.

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A casa de Wendy era bem simples, mas isso não importava para ela, já que passava mais tempo no trabalho. Mesmo não tendo o luxo da Torre T, Estelar se adaptou a viver por lá facilmente.

O teleporte de Ravena logo abriu uma fenda numa das paredes daquele lugar e liberou as duas no aposento. Estelar foi diretamente para o quarto enquanto Emy foi para a cozinha preparar o chá.

O que despertou uma curiosidade em Ravena foi ver a ruiva indo para o quarto, sem nem ao menos olhar para a casa. Parecia decidida e com pressa.

“O que há com ela?” Ela começou.

“Como assim?”

“Estelar, parecia com pressa...”

“Ah, isso. Às vezes vai pro quarto desse jeito pra evitar que o mal estar piore...”

“Às vezes? E quando não é por isso?”

“Se não for por esse motivo, ela foi ver... a foto...”

A foto de que Wendy falava era aquela que Estelar havia deixado para trás quando partiu. Ela tinha uma cópia que costumava deixar no seu diário, assim, antes de deixar a torre, a pegou e guardou junto com suas coisas.

De vez em quando, dava uma olhada nela para poder relembrar de quando os titãs trabalhavam porque gostavam. Para ela, eram lembranças maravilhosas e inesquecíveis.

Ravena não sabia de qual foto estava falando, mas já tinha adivinhado o que ela retratava. Uma leve preocupação foi estampada no rosto, quase imperceptível. Mas ‘quase’ não foi o bastante para esconde-la de Wendy.

“Se quiser, pode ir vê-la... aposto que vocês duas têm muito que conversar.”

Ravena nada respondeu, na verdade achou uma boa idéia. Ela se dirigiu até o local e viu Estelar deitada na direção do teto, possuía um olhar distante. Devia estar muito concentrada em seus pensamentos, pois sequer notou-a entrando no quarto.

Provavelmente tinha visto a tal foto. Aquele dia a fizera lembrar dos titãs e de quando era uma deles...

“Erm... Estelar?”

“Amiga Ravena, não te vi entrando...” Ela voltou seu olhar para a amiga e se sentou.

“Estou interrompendo?”

“Claro que não, estava apenas pensando, além disso, estou sozinha.”

Ravena se sentou ao lado dela. Mas Estelar mudou de humor de repente, agora, possuía um olhar apreensivo.

“Ravena... você não vai contar para o Robin, vai?

“Não, Star, isso é assunto de vocês dois. Quem tem que contar é você. E não se preocupe com os outros titãs, eles também não vão dizer nada.”

Estelar forçou um sorriso. Ela desconfiava que não ia demorar para que ele soubesse. Afinal, se os três titãs conseguiram descobrir tão rápido, imagine o Robin, que é o líder. Só de pensar nisso ela se lembrou da cena da batalha, ele estava muito ferido...

“Aliás, ele está bem? Quando o vi pela última vez ele estava... horrível” Ela ia dizer uma coisa pior, mas se conteve.

“Aquilo foi só a aparência. Na verdade, ele só deslocou o ombro e danificou uma costela, ficará longe de batalhas até que melhore. Isso significa que você não vai precisar se preocupar muito em se encontrar com ele tão cedo.”

Agora seus olhos brilharam. Acabara de tirar um peso enorme das suas costas.

“Acredita que, desde que você saiu da torre, Robin não para de te procurar?” Ravena recomeçou. Parecia querer puxar algum assunto e convence-la do contrário.

“E para quê o esforço se para ele eu não passo de um mero atraso?...” Essa lembrança continuava bem vívida.

“Ele não pensa mais assim, estava obcecado na época e agora se arrepende por ter te insultado daquela maneira...”

“Desculpe, Ravena, mas preciso ver para crer.”

Nesse momento, Wendy entrou com uma xícara de chá nas mãos. Assim que deu para Estelar, as três iniciaram uma longa conversa...