Highway To Hell escrita por Syrinx, HévilaChavez


Capítulo 2
Capítulo 2: Highway to Hell (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Então gente, mais um capítulo pra vcs. Esse eu tive que dividir em dois pq ia ficar mt grande, então vou começar postando a primeira parte.
ENJOY *-*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/200058/chapter/2

FREDDIE

Estávamos na estrada havia uma hora, quando Sam gruniu irritada, abrindo a jaqueta camuflada:

-Meu Deus, que calor, que tédio! Quando a diversão vai começar? - ela perguntou, olhando pro alto, como se Deus fosse responder à pergunta dela.

-Talvez seja uma boa indicação de que essa viagem não vai ser do jeito que você quer. - olhei uma vez para ela, esperançoso, e voltei os olhos para a estrada - Ainda dá tempo de desistir, Sam, ainda nem chegamos a Olympia

Ela me fuzilou com o olhar, e retrucou:

-Desistir não é um verbo que está no meu vocabulário, nub. - depois sorriu - E, eu ainda posso ir até a diversão, já que ela não vem até mim. Nunca me subestime, nerd. - ela levantou as sobrancelhas, como se me desafiasse. 

Pôs os pés no painel, revelando botas sem salto de camurça e cruzou os braços atrás da cabeça. Mordi a língua para não protestar. Tudo bem que ela estava me pagando para fazer aquilo, e muito bem, por sinal, mas ela estava exagerando. Ela achava que o velho Mustang Cobra era hotel? 

Ela deve ter sentido a tensão no ar, pois observou:

-Está silencioso demais aqui, não é? 

Ela então deu um tapa no botão do rádio, e passou a sintonizar loucamente as diferentes rádios:

-Reggae, não, na boa...- e mudou de estação - Country, que brega...- ela comentou em resposta a um cantor tocando violão e cantando uma música sofrida - Ah, mas será que nesse país ninguém escuta música que preste?! - ela gemeu, contrariada.

-Ok, Freddiota, momentos desesperados requerem medidas desesperadas. - e me olhou hesitante - Tudo bem, me diz que você escuta música de gente. O que tem aí?

Tive que rir do olhar suplicante que ela me lançava. Apontei para o porta luvas e disse:

-Tem alguns CDs ali, se quiser dar uma olhada.

Sam abriu o porta luvas avidamente e começou a escarafunchar meus CDs, e a cada um que ela remexia, sua expressão de surpresa aumentava:

-Nossa, Fredduccini, para um nerd, você tem um gosto musical e tanto. - ela elogiou - Tudo bem, já sei o que vamos escutar, coincidentemente é perfeito para ocasião. - ela selecionou um, abrindo um de seus sorrisos diabólicos.

Colocou no player, e passou algumas músicas, parando em uma: Highway to Hell-AC/DC.

Trilha:http://www.youtube.com/watch?v=Xv24N8H1KyI&feature=endscreen&NR=1

Sorri e balancei a cabeça em reconhecimento, e tive de concordar, realmente era perfeita para situação, pelo menos para mim. Estava viajando com o demônio em pessoa. Essa estrada só podia acabar no inferno mesmo.

Sam começou a cantar junto:

"Living easy, livin' free/ Season ticket, on a one, way ride/ Asking nothing, leave me be/ Taking everything in my stride"

"Vivendo fácil, vivendo livre/ Em rumo a uma estrada de mão única/ Sem perguntas, me deixe viver/ Pegando tudo em meu caminho"

Deu um tapa no meu braço e me lançou um olhar sugestivo de 'canta junto ou eu te mato'. Dei de ombros e comecei a cantar também, colocando o volume no máximo:  

"Don't need reason, don't need rhyme/ Ain't nothing I would rather do/ Going down, party time/ My friends are gonna be there too"

"Não preciso de razão, não preciso de ritmo/ Não tem nada que possa fazer/ Partindo, é hora da festa/ Meus amigos também vão estar lá"

A essa altura, tinha colocado a cabeça para fora da janela, balançando a cabeça ao ritmo da música , suas mexas douradas balançando ao sabor do vento e da música. De repente, olhei para ela e parei de cantar. Notei seu rosto feliz, um sorriso de satisfação nos lábios vermelhos e cheios. Seus olhos fechados, em êxtase. Os cabelos loiros, acariciando seu rosto na medida que o vento entrava no carro. Analisando seu rosto por aqueles mínimos segundos, notei que era a primeita vez que realmente reparava em Sam Puckett. Ela continuou cantando: 

"I'm on the highway to hell/ On the highway to hell/ Highway to hell/ I'm on the highway to hell"

"Estou na autoestrada para o inferno/ Autoestrada para o inferno/ Autoestrada para o inferno/ Estou na autoestrada para o inferno"

Mas como o demônio não conseguia ficar quieto, e ela ainda não parecia satisfeita, ajoelhou-se no banco do passageiro, colocando metade do corpo para fora do carro, e começou a batucar na porta, enquanto ela acenava, fazia não chifrada e gritava a música para os carros que passavam ao nosso lado:

"No stop signs, speedin' limit/ Nobody's gonna slow me down/ Like a wheel, gonna spin/ Nobody's gonna mess me 'round

Hey Satan! Paid my dues/ Playin' in a rockin' band/ Hey mama! Look at me/ I'm on my way to the promise land"

"Sem sinais de "pare", sem limites de velocidade/ Ninguém vai me fazer reduzir a velocidade/ Como uma roda, vou girar/ Ninguém vai se meter comigo

Ei Satanás! Paguei minhas dívidas/ Tocando em uma banda de rock n' roll/ Ei mamãe, olhe para mim/ Estou no meu caminho para a terra prometida"

-Sam, sai daí, desce! - gritei para ela, agarrando a jaqueta camuflada com uma mão, tentando puxá-la de volta, enquanto a outra mão permanecia no volante.

-Larga, Freddiota! - ela gritou de volta, pondo a cabeça de volta dentro do carro, e dando um beliscão forte no braço que segurava a jaqueta da louca.

Soltei um uivo de dor e, estabilizando o carro novamente, soltei uma mão do volante e agarrei de novo sua jaqueta.

"Don't stop me!(3x)/ I'm on the highway to hell/ I'm on the highway/ I'm on the (highway to hell)(3x)/ I'm on the highway to hell (highway to hell)/ Yeah I'm going down anyway/ I'm on the highway to hell"

"Não me pare!(3x)/ Eu estou na autoestrada para o inferno/ Eu estou na autoestrada/ Eu estou na (autoestrada para o inferno)(3x)/ Eu estou na autoestrada para o inferno (autoestrada para o inferno)/ Yeah, eu estou descendo de qualquer modo/ Estou na auto-estrada para o inferno"

Foi quando passamos uma viatura e, assim que o policial viu Sam, quase totalmente para fora do carro, acenando para os que passavam, correu para dentro da viatura e ligou as sirenes, vindo atrás de nós. Praguejando alto, passei um braço pela cintura da louca e a puxei com força. Ela caiu sentada no banco do passageiro rindo alto e contorcendo-se, as mãos na barriga.

Minha raiva ebuliu, e eu a fuzilei com o olhar, enquanto guiava o carro para o acostamento:

-Você ficou louca?! Se quer se matar, é só avisar que eu faço o serviço por você! Ou talvez eu pegue pena de morte quando eu te matar se formos presos! - vociferei.

Ela parou de rir, e se virou para mim, irritada. Abriu a boca para falar, mas no mesmo instante o policial apareceu na minha janela, abaixando os óculos escuros e olhando para dentro do carro, analisando-nos. Era alto e moreno, de feições hispânicas, um bigode preto, espesso no rosto:

-Ora, ora, ora o que temos aqui. - seu sorriso era sarcástico, como se já tivesse visto aquela cena mil vezes, e adorasse estar no lado poderoso da situação - Arruaça e volume sonoro acima do permitido. - então sugeriu, cruzando os braços, falando com um mínimo sotaque espanhol - E vocês ainda vão dizer que não andaram bebendo, não é?

Desviei o olhar para farda do policial e li o sobrenome ali: White

-Nem todo mundo precisa beber para se divertir um pouco, oficial White. - Sam retrucou calmamente, mas pronunciando secamente as duas últimas palavras.

Ele olhou duramente por um segundo para ela e pôs os óculos escuros novamente:

-Isso é o que vocês adolescentes dizem. Agora saiam do carro, para que eu possa revistá-los. - apontou para fora, pegando um aparelho preto.

 Sam, revirou os olhos, e apertou os lábios, como se estivesse se esforçando para ser educada. Saiu do carro e encostou-se no capô, despreocupada. Fui atrás dela, pondo as mãos nos bolsos, tentando não demonstrar meu nervosismo. O policial entrou no carro e começou a procurar por algo que fosse suspeito. Não encontrando nada e parecendo contrariado, saiu do carro. Nos passou o aparelho preto, um bafômetro, que deu negativo. Por último, pediu que ficássemos de costas, encostados na lateral do Mustang para nos revistar. Parecia chateado, por não conseguir nada que nos incriminasse. Era como se tivesse prazer em multar adolescentes como nós. 

-Não encontrou nada, não é, oficial White? Sabe, nem todo mundo é igual, e você não vai prender ninguém hoje. - ela sorriu triunfante para ele, levantando as sobrancelhas, desafiando-o.

Ele rebateu com um sorriso maldoso e retirou novamente os óculos:

-Pode ser que, por enquanto, não, garota, mas eu posso te multar. Pode não parecer, mas conheço tipos como você. Arisca e inteligente. - então seus olhos lampejaram em direção a jaqueta camuflada de Sam - De quem é essa jaqueta? Você não deveria ter uma como essa, é do Exército. - ele estreitou os olhos, analisando-a, e indicou a jaqueta com o queixo.

Ela deu de ombros, aparentando estar totalmente calma, mas rebateu friamente:

-É do meu pai, ele era do Exército e a deixou para mim. Morreu na Guerra do Golfo. 

Meus olhos voaram em direção aos da Sam, surpresos. Ela nunca falara do pai. Será que estava falando a verdade?

O policial acentiu uma vez, parecendo confuso, mas depois abriu um sorriso mínimo:

-Sei, Guerra do Golfo. - e desviou os olhos para a pracheta, escrevendo algo.

Meus olhos ainda fitavam Sam, exigindo uma explicação. Ela não olhou para mim, mas parecia desconfortável. Trocou o peso do corpo de pé, pigarreando.

Por fim, o oficial parou de anotar e estendeu um papel de multa para Sam:

-80 dólares?! - ela sibilou, indignada - Mas nem a pau eu pago...

Apreensivo, a puxei para mim, cobrindo a boca dela com minha mão. Depois acenti para o policial:

-Tudo bem, oficial, vamos pagar. Tenha um bom dia. - disse, cortando-a, antes que Sam dissesse alguma coisa que nos complicasse.

Vimos ele se afastar, entrar na viatura e ir embora. Então percebi que ainda segurava o demônio, cobrindo sua boca. Ela mordeu a palma da minha mão e eu a soltei, segurando a mão, tentando diminuir a dor:

-Por que você o mandou embora? Eu tinha o total controle da situação! E nem fudendo eu vou pagar essa multa! - ela sacudiu a multa na minha cara, indignada.

Tirei a mão dela da minha cara, e retruquei:

-Caso você não tenha percebido, loira demoníaca, só faltava um movimento em falso seu para ele nos prender. Você não viu que ele estava procurando motivos para nos prender? Quando ele não achou bebida dentro do carro, tentou te provocar para ver se conseguia nos prender por desacato. - ela me olhou, estática - Talvez eu tenha nos salvado, calando a sua boca. Como você consegue ser tão inconsequente?! Mas nem um obrigado eu recebo, não é? - vociferei, sacando as chaves do bolso, entrando e batendo a porta com força - E aí, vai entrar, ou vai esperar aparecer mais um policial? - provoquei-a, vendo que ela continuava parada, sem ação, olhando para o nada.

Ela virou o rosto, me lançando um olhar assassino, mas enfiou a multa no bolso da jaqueta e entrou no carro.

A viagem continuou em silêncio, a tensão era tanta que quase podia ser cortada com uma faca. Sua expressão ainda estava irritada, e ela olhava fixamente pela janela do carro.

Minutos depois, a placa da cidade de Olympia surgiu a nossa frente, e Sam finalmente disse algo, resmungando que estava com fome. Paramos em uma lanchonete próxima a um posto. Enquanto eu abastecia, ela seguiu em direção a lanchonete, sempre calada, sem se importar em me esperar.

Quando a encontrei, ela estava sentada em uma mesa distante, meio reservada. Tinha três três pratos do que deduzi ser bolo de chocolate vazios a sua frente. Apertava uma caneca de chocolate quente nas mãos e encarava o líquido com os olhos vazios, distantes. Sentei ao seu lado e pedi uma xícara de café quente para a garçonete. 

A olhei enquanto a garçonete servia o café. Murmurei um 'obrigado' para ela sem desviar os olhos de Sam. Ela parecia chateada com algo e incomodada com meu olhar sobre ela. Ela apertou os lábios e, por fim, disse:

-Olha, Freddie, você tem razão, eu sou inconsequente demais. Mas essa sou eu, não vou mudar e passar a ser certinha como a Carly. - ela disse lentamente, ainda fitando sua caneca.

-Seria bem estranho. - comentei.

-Lembra na noite do nosso primeiro beijo quando eu disse que ia me desculpar com você mais vezes para continuar aprontando mais depois? 

Eu ri da lembrança. Ela finalmente me olhou nos olhos:

-Olha, me desculpa por ter metido a gente nessa. Pelo policial, pelo sequestro, por tudo. Eu sei que eu sou a última pessoa na face da Terra com quem você queria viajar, mas você era minha única chance de ter férias de verdade. Eu não queria ser largada de novo e ter que me sentir sozinha por semanas até que vocês voltassem. - ela desviou o olhar para o vidro da lanchonete, olhando o movimento do posto.

Foi a minha vez de me sentir desconfortável. Sem ter o que falar, achei melhor beber um gole de café. Os segundos constrangedores se passaram, até que me lembrei de algo:

-É verdade o que você disse para o policial? Seu pai morreu mesmo na guerra do Golfo? - perguntei cauteloso, mas sem esconder minha curiosidade.

Ela riu sem humor algum. Na verdade, parecia meio triste:

-Não, na verdade, eu preferia que ele tivesse morrido assim, seria um motivo bem mais nobre. Mas não, essa jaqueta eu roubei de um ex da minha mãe, ele era soldado. O imbecil nem percebeu. 

E ficou em silêncio novamente, dando a entender que não falaria mais nada.

De volta a estrada, Sam parecia bem mais animada do que nossa conversa na lanchonete. Tinha posto o CD do AC/DC novamente e cantava junto, mas não tentou fazer nada arriscado. Mexia em seu PearPod concentrada.

Não tinha dito a ela, mas eu ainda tinha esperanças de que minha mãe nos encontrasse. Demorou para que eu cogitasse a ideia, mas lembrei do chip instalado na minha cabeça. O estranho era que ela já deveria te checado a minha localização e saber que eu não tinha ido com a Carly. Só que ainda não tinha dado sinal de vida, para me repreender por ter mentido.

Então, Sam pareceu lembrar-se de algo importante e deu um tapa na testa repreendendo a si mesma: 

-Como eu pude esquecer! - e se virou para mim - Freddie me passa o celular.

-Por que? Você tem o seu. - observei confuso.

Ao mesmo tempo, meu celular, começou a tocar no meu bolso. Peguei-o rapidamente e olhei o número: era minha mãe.

-Sam, é minha mãe. - avisei-a, nervoso. 

Ela ficou pálida e seu olhos se arregalaram:

-Droga, a megera sabe! - ela praguejou em pânico - Não atende!

Franzi o cenho:

-Mas, Sam eu tenho que atender, ela vai ficar louca. - finalmente, finalmente, minha mãe tinha visto que eu não tinha viajado com a Carly.

-Não! - Sam gritou.

Ela precipitou-se em minha direção e nós lutamos pelo controle do celular, que tocava loucamente. Por fim, Sam levou a melhor. Rejeitou a ligação e jogou o celular pela janela, que se espatifou na estrada. 

Meus olhos viraram duas bolas de golfe, de tão arregalados que estavam. Eu estava chocado demais para fazer qualquer coisa. Mas Sam trabalhava freneticamente, ainda xingando alto. Revirava sua mochila no banco de trás procurando por algo. Quando vi o que ela procurava, meu coração acelerou e freei o carro, protestando:

-Sam, não, por favor!

Mas não tive chance, Sam afundou a caneta de choque na minha nuca, sem piedade *. Antes de desmaiar ainda a ouvir dizer confiante:

-Não se preocupa, nub, é pro seu bem. Agora a magera não vai nos encontrar...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*Referência ao episódio da 5 temporada iStill Pshyco em que a Sam dá um choque no Freddie com a caneta para desligar o chip na cabeça dele.
Bom, vcs não acham que a Sam foi particularmente cruel com o Freddie nesse capítulo? Mas eu achei ela super fofa na parte da lanchonete, toda borocochô...
Enfim, quero mts reviews, hein? Só assim eu revelo o que vai acontecer na próxima parte. Sim, isso é chantagem...U.U
Xêro nos ôi. ^^