Blue Dream escrita por Chocotan Yuu


Capítulo 1
One-shot


Notas iniciais do capítulo

Há um tempinho o ONE PIECE me encantou. Para ser sincera não tinha a coragem de encarar a quantidade de capítulos. Mas quer saber? HOWEVER! Já estou viciada mesmo!
Encaro o ONE PIECE até o fim!
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O motivo por ter escrito este one-shot é porque o capítulo vinte e seis - O sonho de Sanji e Zeff. O Mar de sonhos, All Blue, me EMOCIONOU demais.
Tive que escrever algo para descrever o quanto eu fiquei comovida com esse capítulo.
Bem, não posso garantir muita emoção ou lágrimas, mas eu tentei de tudo.
Como dito, tem presença de linguagem imprópria por linguajar delinquente do Sanji, mas aproveitem a leitura, please.
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Boa leitura!



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One-shot

“Blue Dream”

“Como você pode ver, eu não posso ser mais um pirata.

Mas você ainda está aqui.

Por tanto, vá encontrá-lo!”



Depositei todas as facas e meus instrumentos profissionais de chef na minha mala, certifiquei se estavam bem presos sem danificá-los. Fechei e tranquei a mala. Não sei se isso é a última vez, mas vou sentir falta desse quarto, principalmente desse fedor de cigarro.

Levantei-me e descansei as minhas mãos dentro das bolsas da calça. Quase que automaticamente o meu olhar deparou com a velha fotografia da cabeceira.

Uma foto antiga para porra de mim e do velhote.

Foi uma foto para comemorar a abertura do restaurante. O velhote estava feliz feito um idiota tão quanto eu. Na hora de tirar a foto o maldito inventou de colocar a sua mão em cima da minha cabeça, e para revidar dei uma cotovelada bem no meio das costelas dele. Desgraçado, mal se quer o sorriso tremeu!

... Mas como eu estava feliz por abrir este restaurante.

Que incrível!! Velhote, então esse é o nosso restaurante flutuante? – meu olhar brilhou diante daquele restaurante recém construído. No meio daquele oceano não havia clientes a vista e nem saberíamos como ele seria reconhecido, mas pouco me importava naquele momento. Eu estava entusiasmo demais para preocupações.

Suspirei brevemente, peguei as minhas bagagens e dei uma última olhada no meu quarto, inspirei a fumaça do cigarro só para acrescentar mais o cheiro.

Andei sem direção pelo todo corredor, pensei em dar uma última olhada em todos os lugares antes de partir. Como posso dizer... “Despedida” ou algo do gênero? É de me fazer rir.

Os meus pés trouxeram-me até o restaurante, as mesas traziam-me lembranças dos sorrisos satisfeitos dos clientes ao saborearem cada comida. Ah, claro... Lembro-me claramente de todas as damas que cortejei, cada uma tão linda quanto a outra... Tão boas lembranças.

O meu olhar subiu até a moldura daquela porcaria escrita pelo Patty.

“O cliente é um Deus”? “Dica para um bom serviço é um caloroso cumprimento”? – lembro-me de ter arqueado a sobrancelha. – Que porcaria é essa? Na realidade, que caligrafia horrorosa é essa?!

Cumprimentos são privilegiais para um atendimento com postura, e sem esquecer-se de sorriso. – Patty encheu os pulmões ao dizer, e com aquela boca e rosto de polvo, ele deu um sorriso de me dar calafrios de tão feio que ficou. – Seja bem vindo, seu cara de lula!

... E isso lá é um caloroso cumprimento? – comentei cabisbaixo, Carne confirmou com balanços positivos de cabeça, e o velhote até ignorava de tão estúpido que era a conversa.

Claro que é! E você falou que a minha caligrafia é horrível!? Hã, seu pivete de merdinha!!

Quem você chamou de pivete e de merdinha!?! Seu cara de polvo! Quer virar um cozido de polvo, é!?

Depois de tantas brigas de bate-boca e de punhos, no final das contas essa porcaria ficou ali. Quem se atreveria a criticá-la voltava na mesma discussão.

– Hump, idiota. No final só você segue esses princípios, não é? No Restaurante Baratie só tem um único lema, seu cara de polvo.


“Não importa se for um sujeito malvado ou um fugitivo criminoso. Qualquer desgraçado que vier neste restaurante para comer, vamos satisfazê-los.”


... Não é? Maldito velhote...




Os meus pés me arrastaram até a cozinha. Não cheguei a entrar, permaneci parado bem na entrada, quase encostando as minhas costas na entrada, admirando todo detalhe daquela cozinha. O chão desgastado, as panelas brilhando de tão limpos que estavam, os fogões, aquela maldita mancha da mesa que nunca saiu... Traziam-me muitas lembranças desses últimos anos que trabalhei e convivi neste lugar.

As aulas de culinárias absurdas do velho, o meu primeiro prato, a minha primeira obra prima. Pouco a pouco o número de cozinheiros foi aumentando. E cada vez mais isso virava coisa de hospício.

Cada dia era briga por uma coisa simples. Como posso dizer, o antigo sangue dos piratas fervem? Ou simplificando, todos eram e ainda são cabeças quentes.

As famosas frases entre eles eram:

Está querendo briga, é?

Vem cá, sua mulherzinha!

Entre outros. Coisa de pirata...




Pensei em partir, mas alguma coisa ainda me deixava preso aqui.

– Aquele garçom não parecia estar com pressa. – falei consigo mesmo. – Então... – arrastei uma das cadeiras do restaurante, e sentei-me o mais folgado e aconchegante possível. Fiquei quase deitado na cadeira, mas essa é a melhor posição para mim. Acendi um cigarro e fiquei olhando vagamente para o teto. Dava para sentir o sangue subir até a minha cabeça de tanto que estava erguendo-a.

... Não sei se é por eu estar prestes a sair deste lugar, todas as lembranças estão invadindo a minha mente.

Por exemplo, Sanji.

– Hm? O que foi? – havia exclamado, voltando a olhar o velhote. Ele não olhava diretamente para mim, erguia o olhar para o restaurante, ou mais alto talvez. Empinava os peitos e estava com um sorriso estampado no rosto. – Não importa se for um sujeito malvado ou um criminoso fugitivo. Se qualquer desgraçado que vier neste restaurante para comer... Não acha que temos um bom motivo para continuar lutando neste lugar? – o sorriso dele cresceu feito suflê, era tão arrogante que chegava a raiar. Por alguns segundos fiquei calado, mas logo abri um sorriso. É de dar nos nervos.

Mas claro que ele tinha a razão. É justamente para matarmos a fome dos clientes que estávamos em pé naquela cozinha, não é?

Aham! – havia respondido com uma exclamação.

Agora em diante vamos ter muito trabalho.

Não tem problema. Afinal de contas, eu estou aqui.

Olhava as fumaças tocarem o lustre. Dei um longo suspiro, expelindo toda aquela fumaça dos meus pulmões. Retirei o cigarro a fim de tirar as cinzas, mas acabei por notar nas velhas cicatrizes de facas no meu polegar. Pequenos e vários cortes, a maioria foi logo quando comecei a manusear o instrumento. Como naquele dia que estava cortando a maçã.

Para ser exato. Casca da maçã. Pensei em usar a fruta para uma sobremesa, e a casca para o molho.

Ai! – o corte da faca era um fiapo de dor muito rápido. Antes de perceber, já deu merda. Por reflexo deixei cair a faca e a fruta, antes de ver a profundidade do corte levei o meu dedo machucado até a minha boca. Senti o gosto de ferro expandindo dentro da minha língua. Particularmente, não é o melhor gosto para saborear.

Os meus olhos correram para a mão do velhote, que depois de erguê-la, levou para mais perto dele. Ele franziu a testa.

Seu... A casca está muito grossa, sua berinjelinha!! – criticando assim ele deu um coque pesado com a sua perna de pau. Aparentemente parecia de leve, mas doeu para caralho! Tanto que lagrimei um pouco.

Isso doeu!! – protestei sem demandas. – Quando uma pessoa está cozinhando, os observadores tem é que estarem quietos, só olhando!! – continuei com os protestos, esfregando o galo que começava a latejar.

Quem você pensa que é, seu beringelina. – mais uma vez aquele apelido ridículo que até agora continuo detestando.

EU NÃO SOU BERINGELINHA, SEU MALDITO VELHOTE!!

–... Beringelinha, é? – murmurei. – Beringelinha uma ova, seu velhote. – murmurei, mordendo o cigarro outra vez.

Já me “despedi” de todos os lugares, não tenho remorso ou preciso rever nenhum outro lugar em especial. Não preciso checar as minhas coisas, não há mais nada que me prende aqui. E o meu cigarro está chegando no fim.

É. Chegou a hora.

Apaguei-o no cinzeiro e levantei-me.




Só foram alguns passos suficientes para chegar até a entrada. A brisa do mar chegou até mim feito uma tapa de mão pesada, o sol raiava e aquelas águas brilhavam como se nada estivesse acontecido. Mas a plataforma estava detonada, a cena da batalha ainda fervia feito uma vieira na frigideira só de olhar para os estragos. Os olhares de todos os cozinheiros se posicionaram na minha direção, inclusive do garçom que estava lá no meu barco, aguardando-me.

Não suspirei, mal mexi um músculo se que do meu rosto. Nada me abalava, estava com a minha expressão de sempre – comecei a andar.

Mas antes mesmo de completar uma dúzia de passos, ouvi gritos de trás de mim.

– ESSA É A FÚRIA QUE ACUMULAMOS POR ANOS!!!

– PREPARE-SE, SANJI!!!

Patty e Carne me atacaram pelas minhas costas.

Eles pensaram que eram páreos para poder me socar? A essa altura? Não me façam rir.

Esquivei com a maior facilidade dos golpes que vinham pela direita e esquerda. As minhas malas escorregaram, as palmas das minhas mãos tocaram na plataforma, e com um giro do meu corpo, senti que atingi em cheio o rosto de Patty e a nuca do Carne com as minhas pernas. Eles caíram duros no chão, derrotados, e eu voltei a andar, pegando de volta os meus pertences. Ouvi algumas pessoas murmurarem em aglomerações, pensei em ter escutado algo como “vocês não conseguirão acertá-lo” ou algo parecido, mas mal liguei, continuei a andar.

A cada passo mais perto de All Blue, mais longe do Restaurante Baratie.

– Vamos – disse seco, mas o garçom estranhou.

– Tem certeza? – logo perguntou. – Sem despedidas? – ainda sentia os olhares pinicando as minhas costas, e imediatamente lembrei que mal havia visto o velho... Mas... Acho que está melhor assim. Com certeza daria em mais uma briga, despedida não é comigo.

– Não, está bom assim.

Sanji.

Foi quando estava quase entrando no barco, escutei a voz familiar lá de longe, mal gritava, nem havia um tom diferente, mas parou todos os meus movimentos. Um breve silencia se prolongou por alguns segundos antes do velhote voltar a falar.

Vê se não pega um resfriado.

“Sanji, vê se não pega um resfriado”.

Não havia um pingo de ironia nessas palavras. Palavras simples com tom raro de carinho que chegou a me deixar com medo.

Mas essas palavras que me deixaram com medo estão encharcando os meus olhos.

Palavras tão desajeitadas. Então é esse o jeito pirata? Ser desajeitado?

Feito um soco na barriga, muitas imagens passaram pela minha cabeça. Cada memória desde aquele dia da tempestade, dos dias incontáveis naquele inferno de vida e morte... Como o velhote me salvou.

Desde aquele dia que prometi que o ajudaria a construir esse restaurante, passaram-se anos e até agora você esteve cuidando de mim, seu velhote rabugento... Cuidando de um moleque revoltado com nervos soltos... Feito um pai.

Estou partindo, desta minha casa e de você, maldito. Pensei em ir embora sem dizer nada, bancando um desalmado, e você me vem com essas palavras estranhas? Ah, vai se...

... E eu conseguiria ir embora?

CHEF ZEFF!! - desfiz os meus dentes cerrados, o ar salgado invadia os meus pulmões. Imediatamente virei0me até a direção dele, ajoelhando em seguida. Curvei-me e abaixei a minha cabeça o quanto eu podia, e continuava a pressionar a minha testa na plataforma desgastada, pois não era o suficiente. – MUITO OBRIGADO POR CUIDAR DE MIM POR TODOS ESSES ANOS!!! O QUE O SENHOR FEZ POR MIM... ESSA GRATIDÃO... – pressionei ainda mais, a voz estava tentando falhar. –... JAMAIS ESQUECEREI!!

Gritei a plenos pulmões com todas as minhas forças, e uma onda de soluços começaram a invadir a minha garganta. Lágrimas inundaram e se juntavam com outras águas salgadas.

Todas aquelas palavras acumuladas nesses últimos anos, as quais nunca tive a oportunidade de dizer agora bombardearam nos meus peitos, e estou rezando pata que você, velhote, aceite-as com braços abertos.

– SEU DESGRAÇADOOO!! – ouvi um rugido e em seguida uma forte pancada no chão que me fez até erguer. Tomei um susto com a deformação do rosto de Patty por estar chorando quase com desespero. – EU VOU SENTIR A SUA FALTA, SEU MERDA!!

– CLARO QUE SENTIREMOS MUITAS SAUDADES!! – era Carne que havia esmurrado a plataforma. Falei de Patty, mas a cara do Carne não está melhor do que a dele.

Quase que impressionado olhei ao meu redor. Uma onda de choros invadiu o local – todos aqueles cozinheiros que se orgulhavam pelo seu machismo, chorando agora feito bebês.

Vou sentir saudades!!

Estou tão triste, porcaria!!

Alguns tentavam enxugar as lágrimas com as mangas da blusa, outros com avental e uns até com o chapeu. Foi uma cena de me fazer rir, mas encheu-me com emoções quentes, as quais me fizeram rir de leve.

Os meus olhos se dirigiram para o velhote, que estava na varanda do seu quarto.

– Seus bandos de idiotas. Homens devem se despedir sem dizer nada. – mesmo com palavras duras, seu velho idiota, com essas lágrimas nos seus olhos, as suas palavras perde toda a moral.

... Eh. Estou me despedindo dessa bagunçada e completamente louca “família”.



– VAMOS LÁ!! LEVANTAR ÂNCORA!! – Ruffy gritou, e o barco começou a se sacudir ao se debater com as ondas.

VAMOS NOS ENCONTRAR NOVAMENTE, SEUS DESGRAÇADOS!! ­– balancei as minhas mãos sem parar pata todos aqueles malditos que se distanciavam cada vez mais, mas mesmo assim ainda conseguia escutar os seus gritos.

Não tirei os olhos em nenhum segundo se quer.

Os do velhote também não.

Ele sorria para mim, com os peitos erguidos e estufados. Com sorriso de aprovação.






Como você pode ver, eu não posso ser mais um pirata, mas você ainda está aqui. Portanto... Vá encontrá-lo!”

Velhote, estou partindo. Apesar de ser um pequeno passo, mesmo que seja um milicentímetro, sinto que estou mais perto.

De All Blue.

... Do nosso sonho azul.



The end.


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Notas finais do capítulo

Fin.
Será que foi curto? I don't know.
Para ser franca, este é um dos one-shots que deveria ter sido postado no dia SETE deste mês, mas como houve problemas, teve que ser adiado. Mas aqui está.
O que acharam? Espero que tenham gostado e aproveitado a leitura.
Sei que pode ser que há algumas partes meio vagas, necessitando mais de narração, mas queria ser breve mesmo.
Particularmente gostei. E espero que tenham gostado também.
- - -
Cientificamente foi comprovado que REVIEWS melhoram o autoestima e a circulação sanguínea dos fanfic-writers.
Que tal colaborar com o bem-estar e da saúde de nós, please? D:



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