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O céu estava nublado, havia nuvens carregadas com aquilo que seria chuva depois de algumas horas. Liesel Meminger estava deitada debaixo de uma árvore com seu melhor amigo, Rudy Steiner. Os dois olhavam para o céu. 

Uma nota sobre este dia:
À poucos quilômetros dali, havia judeus sendo julgados e se olhasse um pouco mais à frente
veria corpos sendo queimados.
Mas nada com que você deva se preocupar agora.

- E se um dia vierem atrás de nós, Liesel? – Perguntou Rudy sem muita animação.

- Eu não sei Rudy. Talvez eu tente fugir.

- Então eu iria com você! – Disse Rudy com certa animação na voz.

- Eu acho que se você viesse comigo eu te mataria seu Saukerl. – Disse Liesel sorrindo para Rudy.

Eu observei aquilo com um pouco de interesse, confesso. Pense bem, você está observando uma garotinha órfã que tem um amigo apaixonado por ela, e você sabe que ela é apaixonada por ele, é a minha novela preferida e a sua?

- Por que nós não fazemos um acordo? – Falou Rudy, se levantando e sentado. Ele olhava para Liesel agora.

- Que tipo de acordo? – Liesel também estava sentada agora. 

- Se um dia a Guerra acabar, e eu e você estivermos livres... – Rudy começou a ficar vermelho – Nós poderíamos... – ele hesitou por um momento.

- Poderíamos o que? – Perguntou Liesel impaciente. 

- Nos casar... Sabe para nos mantermos seguro de qualquer tipo de pessoa, já que nós já nos conhecemos bem... – Rudy corava à cada palavra dita. 

- Casar? – Liesel repetiu a palavra com certa ênfase nela. – Você e eu? – Ela soltou uma risadinha.

- Algum problema Saumensch? – Rudy falava com um pouco de raiva na voz. 

- Rudy. – Ela o olhou nos olhos e segurou o rosto dele, e por um momento o meu coração, e acredito-me que o de Rudy também, parou. Ela sorria agora divertidamente. – Eu nem quero beijar você, quanto mais casar!

Ela saiu correndo, pois ao invés de um beijo (que era esperado) ela deu um soco de leve na testa dele, e Rudy com raiva saiu atrás dela como um foguete.

Eu observei aquilo e me senti idiota. 

Rudy alcançou Liesel e jogou-a no chão duro e se pôs em cima dela, segurando os braços dela abertos e imóveis, com as pernas ele imobilizou a parte debaixo do corpo dela. Ele não sabia ao certo o porquê de estar fazendo aquilo, na verdade ele não estava pensando em nada. Ele olhou Liesel nos olhos, ela estava assustada e esperando que Rudy saísse de cima dela, mas isso não aconteceu, Rudy continuava à olhar para ela.

- Rudy?! – Gritou Liesel – Me solta!

- Agora você vai ter o que merece sua Saumenschzinha... – Rudy foi aproximando o rosto do de Liesel e novamente meu coração foi parando e agora o de Liesel também começava a falhar.

Ele sorria maliciosamente para ela e o sorriso aumentava a cada centímetro que ele se aproximava do rosto dela.

Ele chegou bem perto dela, poucos centímetros separavam os lábios dos dois.

- Como eu disse antes, Liesel... Você vai me beijar – Ele riu e completou.    

– E vai estar limpa também quando isso acontecer! – Ele começou a se levantar.

Liesel ficou deitada no chão enquanto Rudy já estava de pé, o coração dela estava acelerado e descontrolado, ela olhava assustada para o céu, que antes era o rosto de Rudy. Rudy olhou para ela ainda sorrindo.

- O que foi Liesel? Tá sem fôlego? – Ele riu.

Liesel se levantou com raiva e deu um chute na parte desprotegida e mais sensível de Rudy, e saiu correndo o mais rápido que pôde. Enquanto corria gritou:

- Nunca seu Saukerl! – Ela ria e sumiu em meio à longa estrada.
Eu observei e novamente me senti idiota. 

Liesel ficou balançada naquele momento, mais era muito orgulhosa para dar a Rudy o que ele queria, e assim ela foi para a cama.
Mas não dormiu.

Foi o dia em que por duas vezes me senti uma idiota. Isso era uma proeza das crianças alemãs. 

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