22 de Dezembro de 2035

A chuva caía intensamente num fim de tarde tenebroso. A família e os amigos acompanhavam o cortejo fúnebre até o túmulo onde seria enterrada a mais nova vítima do famoso e temido Assassino 23, que vinha assombrando a cidade de Nova Iorque nos últimos tempos. Os raios que rasgavam os céus naquela hora empalideciam ainda mais a pele das pessoas vestidas de preto que avançavam pelo cemitério. O caixão começou a ser baixado. Ele esteve trancado durante todo o velório, ninguém pôde ver o corpo, que estava mutilado devido à tortura à qual o indivíduo foi submetido antes da morte. Vinte e três tiros espalhados por todo o corpo. A visão de tal atrocidade não teria sido agradável para seus entes queridos.

Distantes dos conhecidos do doce jovem que cairá nas mãos daquele assassino brutal, mas perto o suficiente para acompanharem toda essa cerimônia, estavam os detetives e jornalistas que vinham nas últimas semanas se encarregando de apurar os fatos sobre o caso do Assassino 23. Eles conversavam entre si, comentando os detalhes sórdidos sobre a execução daquele pobre e inocente rapaz, sobre as torturas sofridas por cada jovem, mas principalmente, perguntavam-se quando e onde seria executada a próxima vítima. Esta seria diferente, com toda a certeza.

Todos eles acreditavam que seria uma execução especial, diferente de todas as outras anteriores. Tal convicção era devida a um fato: o Assassino 23 recebera esse nome por um determinado motivo. Seu modo de agir incluía torturas dos mais variados tipos, mas todas envolvendo de alguma forma o número 23. Ninguém entendia o porquê específico deste numeral, mas assim era feito. E a próxima vítima seria a vigésima terceira. Se para este assassino, que todos desconheciam a verdadeira identidade, este número era tão importante, com certeza a próxima vítima seria assustadoramente abordada com mais requintes de crueldade do que as outras. Muitas hipóteses estavam sendo levantadas. Alguns esperavam que esta próxima fosse também a última vítima, para encerrar o ciclo do 23. Outros apontavam ironicamente que podia até mesmo ser que a próxima vítima fosse o próprio assassino que se suicidaria. Tudo meras especulações. Nunca se pode prever o que se passa na cabeça de um homem (ou mulher) deste tipo. Mas o que era esperado com certeza eram: os sinais de tortura, seus símbolos, e o número 23 envolto de alguma maneira em toda a situação. Esse conjunto era imprescindível para identificar suas vítimas. Sem estes sinais, não se poderia afirmar que um determinado homicídio fora obra dele.

O caixão terminou de baixar, o corpo já se encontrava a sete palmos do chão. As pessoas começaram a deixar o local, os detetives e jornalistas fizeram o mesmo, e retornaram a seus locais de trabalho com suas mentes fervilhando sobre a discussão a pouco encerrada. Quem era o Assassino 23? Quem seria a próxima vítima? Para responder a tudo isso é preciso voltar no tempo e ver o que ocorreu com aquela ultima vitima e as outras 21 vitimas anteriores, os detetives, legistas e jornalistas teriam um grande trabalho e o final poderia fazer qualquer um Perder a cabeça.