Se Monique parasse para pensar em um minuto no que se referia tanto aquele suspense da sua mãe por webcam, desconfiaria de muitas coisas, uma armadilha surpresa com seus amigos vindos em motocicletas roubadas do encanador da rua onde moravam, uma pegadinha que a Rebeca poderia estar escondendo por debaixo da mala que trouxe, até mesmo em quilômetros de distância, sua mãe era capaz de deixá-la muito apreensiva, e seu irmão parecia estar com aquela cara de saudade, e muita nostalgia dos tempos de brigas e puxões de orelha, a única coisa que ela foi capaz de dizer foi:

"-Fala mãe, eu não tenho todo o tempo do mundo, eu tô trabalhando no shopping na telefonia e o dia lá é corrido."

"-Eu sei, mas você vai ficar muito feliz de ir pra excursão. Eu finalmente consegui as credenciais."

Monique ficou boquiaberta, incrédula daquilo ser real, depois de tanta luta...

"-Mãe.....Você falou que isso era praticamente impossível!"

"-Pela minha sobrinha preferida e seus amigos de ouro, eu faria qualquer coisa, Nic."

Ela afastou os olhares da webcam, meio anestesiada desbrulhando-se em lembranças

"-O que foi minha filha? Está com saudades da sua família, não é mesmo meu amor?"

"-Você nem imagina, mãe." Falou sorrindo, demonstrando alegria

"-Haha, ela está se virando muito bem aqui, mãe, não acredite nessa cara do gato de botas, ela se dá bem com todo mundo!" Rebeca lhe deu uma batidinha no braço, dando-lhe moral e rindo disso

"-Típico, nossa família é feita de competidoras que sempre lideram sem mesmo pensar nisso!"

Afinal de contas, Neusa tinha razão, e Monique sabia que ela não era a liderança naquele momento, muito menos que isso.

Depois da conversa que durou mais do que ela esperava, foi correndo para o shopping terminar seus retornos de correspondências, até que avistou quando já ia tirando seu cartão de presença, DC perambulando com sacolas

"-Do contra?"

"-Ah, Mon? Como vai?"

"-O que são...essas coisas que você vem segurando?"

Logo ela avistou Maria Mello, que vinha tirando as sacolas da mão do DC

"-Olá, amore! Você é a....Quem mesmo?...Ah sim! A famosa prima da mônica!" - disse com um sorriso espalhafatoso

Monique a examinou, tinha cabelos compridos negros, olhos castanhos obviamente de lentes azuis, um corpo de dá inveja...ou nem tanto, seu quadril era minúsculo, quase uma anoréxica se não fosse o regulador

"-Monique, o prazer é todo meu."

"-Pelo que vejo, vocês são bem amiguinhos né?"- ela estava sugerindo algo, mas Monique logo a vetou

"-Ah, conversamos sobre Star Trek e Gangsters, somos amantes de uma boa luta."

"-Hum...Estou abrindo minha própria logomarca de roupas fashion aqui no Limoaúria, se ficar interessada, dê uma passadinha lá, meu namorado é meu secretário se quiser...marcar horário para...dicas de moda profissional, pode ligar por esse número." - Aproximou as mãos com o cartão e entregou à Monique, que já estava bufando de tédio - "-Só não vale dá em cima dele, ein? Eu sei que ele é um gato, mas ele é só MEU!...Álias, também você tem uma opção que está praticamente a um passo de você!" - Novamente ela sugeriu algo entre ela e o...DC que estava do seu lado, logo se distanciou mandando beijos aos dois e que botava fé

"-Que menina tagarela! Eu tava quase pra fazer alguma coisa que seria crime em público." - falou cruzando os braços

"-É, realmente, estava a ajudando por que ela me deu uns passes pro cinema hoje de Star Wars: O Despertar da Força! Todo o shopping está com a promoção, eu fiquei mega animado."

"-Com quem você vai?"

"-Ah, sozinho, com quem mais eu iria? Nimbus está preso por mais ou menos três horas e nem pensar que vou ficar vendo artigos de moda!"

"-Hum...bom..."

"-Você me faria companhia, abelhinha?" Pela primeira vez ele a chamava assim, ela meio que ficou corada com o ocorrido, disse que iria tirar seu cartão de presença do visor e já iria pra fila

P.O.V Monique

Foi tão animador ter alguém com quem conversar, todo aquele clima tenso era descorrido em só baboseiras e conversas sobre a vida rotineira de uma maneira divertida, DC tinha essa capacidade de só deixar as coisas boas na nossa mente, e eu cada vez mais estava gostando da presença dele, coisa que eu nem imaginava no começo, ele era tão inversamente oposto da sociedade normal que isso me animava, e me cativava, e o filme foi mais do que legal, foi maneiro, e mesmo que tivesse sido aventura e muita ação, soltamos muitas risadas com nossas piadas infames sobre os personagens, ele ainda fez questão de me levar em casa, mesmo que percorrendo o trecho da avenidade no sentido inverso, às vezes até parecia que ele estava alcoolizado, era demais essa mania estranha de querer ser do contra, eu soltei uma pergunta:

"-Qual é o seu nome de verdade, DC?"

"-Meu nome de verdade é esse: Do contra."

"-Eu digo o que você ganhou no parto, bobalhão."

"-Se eu te dissesse, perderia todo o mistério, e o trajeto estaria por concluído."

"-O que não está...Limoeiro, praça 6, a Mônica tá em casa?" -Essas palavras....como eu queria que elas não tivessem sido ditas.

Eu esperava que ele estivesse feliz com a minha companhia, e não sei se com a pergunta ele só estava ali MESMO só para VÊ-LA. Isso me desanimou, mas é claro que eu disse educadamente:

"-Ah, vou ver."

"-Posso entrar?"

"-...Claro, sem problemas."

Subimos as escadas, destranquei as portas, e talvez aquele fosse a última imagem que eu queria ter em mente.

O Cebola e a Mônica estavam se beijando, eles se afastaram automaticamente quando entramos, eu estava com a cara sem expressão para o Cebola, que ficou como se tivesse visto o Monstro do Triângulo das Bermudas, de novo, fiz que estava tranquila e falei:

"-Er..Mônica o DC tá afim de falar com você."

Ele sussurou para Mônica antes dela ir "-Não demora muito, Mô, pra gente continuar." Os dois piscaram, antes de fechar a porta para falar com ele na porta, ouvi as seguintes palavras de Mônica "-O que é agora que você fez?"

Ficamos sozinhos, no silêncio que invadia a sala, encruzilhados na própria culpa, a luz chuviscava, estava danificada, e saber que os dois estavam ali prestes à...sabe lá o quê.

"-Eu, o cascão e o Franja quebramos aquela máquina idiota, prometemos nunca fazer mais aquela burrada."

"-Você merecia um prêmio nobel recheado de estrume, eu não acredito..."

"-A forma como você fala, eu e a Mô temos uma química, ela me ama! Eu sempre a amei, e não é nossas diferenças que muda os nossos sentimentos."

"-E a Carmem? A Denise? Eu estive com elas."

"-Esteve com o DC também, pelo visto."

"-Você é um arrogante, engana a Mônica como se fosse um fantoche onde se pode trocar de roupa!"

"-É isso mesmo que eu faço, troco a roupa dela, a tiro..." Ele me olhou maliciosamente

"-Saiba de uma coisa, eu não vou recriminar o Cascão, ele não tem nada a ver com isso, mas as vezes até acho que você é pior que toda a gangue que você projetou pra Carmem, você não fez aquilo por compaixão por mim!"

"-Eu amo a Mônica, e você sabe o que eu penso de você, Nic."

"-Você é apaixonado por ela ser melhor que você."

"-Você sente repulsa dela porque ela sempre foi seu espelho, ela a luz do sol, a pessoa real, e você apenas um espelho representando suas virtudes."

"-Eu sempre fui eu, e a Mônica....tem que aprender mais sobre o namorado dela."

Eu subi as escadas me trancando no banheiro, chorei um pouco, sim, DC me divertiu e o Cebola me destruiu, eu vi pela janela do banheiro que Mônica e DC riam, era evidente que só foi uma simples noite engraçado no cinema, que já foi esquecido há uns dez minutos que eles estavam ali embaixo no gramado.

~Narrador

Mais um dia de aula, Monique ia de táxi, enquanto Mônica ia de ônibus escolar, as duas não se falavam, nem se davam "oi", no colégio, Monique era amiga de todos da sala do Bloco B e C, a Turma da Mônica, inclusive, passou o dia conversando com Cascuda e Aninha, tentando tirar algumas informações a mais sobre o que aconteceu naquela balada.

"-O Jeremias passou mal, os seguranças ficaram estranhos, a Penha tava lá! E aquela mulher é osso duro de roer, quando ela aparece é treta maligna."

"-A penha...Aninha, quem sabe, ela também não tá tendo um caso com o Cebola?"

"-O Cebola não vai querer bancar um daquelas Monstro do ID, ele sabe no que deu, o menino é meio sem juízo e só um pouco racional, posso te dizer, Nic, que acho melhor você fazer as pazes logo com a sua prima, antes que essa excursão seja um problema."

"-Minha mãe está tão feliz...não vou negar isso, e eu e a minha prima temos mais do que ser amigas! Eu só quero te dizer...Não vou denunciar ninguém, e eu espero que a Carmem não esteja com tanto ódio da Mônica."

Quando saía das aulas, cada vez mais cabulosas pra mim, esperei a Aninha sair e me deu seu telefone nos horários para quando eu ligasse ela estivesse livre, ela também não estava numa boa, já que mesmo namorando o Toni, Titi continuava a estrangula-lá pelas redes sociais, ela tinha grandes problemas para resolver com isso, bloqueava até suas redes por culpa do ex.

Quando cheguei em casa, encontrei a Magali abraçando a Mônica, que soluçava muito, eu fiquei perplexa.

"-Quem fez isso?!"

"-P-por que você não pergunta pro merda do Cascão hein?!" - ela gritava ferozmente, me deixando assustada.

"-Não é por nada não, Monique, mas eu tenho que controlar a Mônica, ela está pronta pra fazer coisas que ela nunca se perdoaria depois."

"-Magali, isso é culpa do Cebola?"

"-VOCÊ SABIA DE TUDO, NÃO É MONIQUE?!" - Quando a Mônica me chamava pelo nome...eu sabia que...

"-Saber do que? Mônica, se tem alguma coisa a ver com seu relacionamento com o Cebola, eu tô fora."

"-Eu pensei que a Carmem era mais calculista, mas ela me contou...Me contou da história na viagem pra Belo Horizonte, eu, mamãe, você, titia..." seus olhos lacrimejavam

*Não..Mônica, eu nunca quis te machucar..."

"-Foi por isso que ele começou a me tratar diferente depois, logo você, só tínhamos 13 anos.....POR QUÊ?!"

"-Mon..."

"-EU QUERO QUE VOCÊ VOLTE PRA SUA CIDADE, AGORA!"

"-Eu posso até voltar, mas vai ser com você e seus amigos."

"-MEU NAMORADO!"

"-Você nunca namorou o Cebola,Mônica! Ele sempre te enrolou com os labirintos que ele colocava!"

"-Você me traiu...O Cebola me traiu..."

"-Sim, eu e o Cebola namoramos naquela viagem, na verdade, durou um ano e meio."

"-Esse foi o tempo em que ele começou a dar em cima de mim, começamos a deixar de ser só amigos..."

"-Ele me via em você, Mônica, essa é a verdade. Eu só não sabia como dizer."

"-NÃO! A CARMEM ME CONTOU QUE VOCÊ TINHA FORÇADO A BARRA COM ELE!"

"-E você acreditou? O que foi? Mônica, você nunca, JAMAIS foi assim, que lavagem cerebral te fizeram?!"

Eu vi um vulto atrás de mim, uma silhueta escuras, quadris redondos, cabelos repicados, era Denise, com a chave de uma ferrari.

"-Talvez eu tenha chegado na hora certa pra salvar vocês."