-Que tipo de ideia?... Você ouviu o que falei?

Hermione agitou a mão em um sinal de pouco caso. Ela tinha escutado, mas parou de processar a partir da palavra "Weasley".

Se Pansy o conhecia devia ser mais fácil ainda para ela. Para todos.

"Mas tem o Harry..."

O plano de Hermione a pricncípio era o seguinte: Falar com o Weasley, que ela sabia que estava interessado demais em seu caso e andava até investigando a noite do acontecimento, e mandá-lo parar. Parar com a investigaçãoo, com a preocupação, com tudo. Dizer a ele que sentia muito, mas que estava bem com Draco e não queria que nada mudasse o rumo de sua história.

Entretanto a moça queria dar esclarecimentos ao seu amigo, Harry Potter. Ela sentia que devia isso ao rapaz que pareceu tão preocupado e tão sincero no dia em que se falaram. O "porém" era: Narcissa não podia saber disso. Não podia sequer sonhar que Harry sabia de nada. Ela não marcaria um encontro com mais ninguém.

Esse fora o acordo: Narcissa marcaria um encontro secreto entre ela e o Weasley, para que as coisas fosse esclarecidas. Harry  ficava de fora e a Parkinson sabia da história toda. Ponto final.

-Pansy, você poderia me fazer um favor? Um favor enorme...

A morena apertou os olhos para Hermione que parecia estar um pouco pálida.

-O que está tramando Granger? Abre o jogo, quem sabe eu não posso te ajudar com esses detalhes que estão te perturbando. -A castanha abriu a boca para protestar mas foi parada. - Sim, eu sei que existem detalhes, caso contrário você não faria essa cara...

A garota sacudiu os cachos castanhos do rosto e soltou uma longa respiração antes de falar tudo para sua mais nova amiga, Pansy Parkinson.

"Quem diria?" -Pensaram as duas ao final do discurso de Hermione.

Passaram horas planejando o futuro incerto da castanha e depois de chegarem a um roteiro rígido do que aconteceria, engataram uma conversa detalhada sobre Draco e quase viraram a noite conversando "banalidades". Fora uma noite de tensão, diversão e certo desespero para Hermione. A garota não aguentava mais ouvir sobre todo tipo de coisa que Pansy já havia feito com Draco. Não chegava a ser ciúme, mas a conversa toda era no mínimo desoladora, tendo em vista que ela não entendia nem metade e tinha medo de imaginar o resto.

Ao fim da noite, que era quase manhã, Pansy deitou sua cabeça no travesseiro com pensamentos divertidos e certa surpresa.  Nunca, jamais, nem com toda imaginação do mundo conseguiria conceber as cenas que se decorreram no dia e na noite. "Quem diria..?" Pensava a morena.

Hermione, no entanto, foi dormir cansada e com a certeza de que jamais olharia para o balcão da cozinha do mesmo jeito.

-Gina eu... -O ruivo parou no meio da sentença boquiaberto.

-Rony eu...

-Rony?... Rony?!

As reações de Harry e Gina não poderiam ter sido mais hilárias e gratificantes. Ron desejou ter uma maldita câmera naquele momento. Aquela cena devia entrar pra história.

Estavam os dois deitados numa confusão de lençóis e travesseiros, no chão do quarto de Gina. O ruivo nem lembrou de sentir raiva ou vergonha por ver a irmã e o melhor amigo naquele momento. Ele só queria ter um jeito de imortalizar as expressões dos jovens.

Depois de segundos mortalmente constrangedores e muito sangue drenado para as bochechas de Harry, Ron soltou uma risada rouca e saiu fechando a porta e balbuciando algo que ninguém entendeu direito.

-Ora quem diria... Já não era em tempo... -Riu-se o ruivo descendo as escadas com um sorriso travesso no rosto.

-Do que está rindo Ronald? Deu pra falar sozinho agora meu filho?

-Mãe, acho que podemos nos preparar pra perder mais um Weasley.

Molly escancarou a boca em choque.

-Acho que agora é Gina Potter. -Completou o ruivo com um tom sínico de descaso.

A bruxa deu uma gargalhada e puxou o filho para um abraço apertado. Estava começando a perder as esperanças no futuro de Gina e Harry, mas no final das contas eles estavam juntos de novo. Do jeito que tinha que ser.

-Bom dia moças... -Cumprimentou o loiro com uma expressão indecifrável no rosto.

-Bom dia, Draco. -Respondeu Hermione timidamente. Não conseguia parar de encarar o balcão hediondo da cozinha.

O loiro seguiu o olhar da castanha e franziu o cenho. Que tanto a garota olhava para o balcão de mármore branco? Estava prestes a verbalizar seu pensamento mas foi interrompido.

-Bom dia Cheff Malfoy. -Disse Pansy, causando um pequeno engasgo e um acesso de tosse em Draco que nunca havia se sentido tão desconcertado na vida desde o abraço de Voldemort. Decerto a maldita havia contado o "episódio da cozinha" para Hermione.

A morena gargalhou deliberadamente enquanto Hermione perdia alguns batimentos e corava profundamente. Era sempre constrangedor quando Pansy estava por perto. Ela teria de se acostumar com o constrangimento... Havia também, um sentimento estranho que lhe fazia apertar as mãos e encarar a morena com os olhos cerrados. Pela primeira vez, naquela vida, Hermione sentiu ciúmes. Não era insegurança, pois sabia que Draco a amava. Tinha certeza disso e mais certeza ainda de que o sentimento era recíproco. O ciúme da castanha era um sentimento que beirava a revolta. Pansy conhecia Draco melhor que ela e aquilo a  incomodava profundamente.

-Algum problema Draquinho?

-Cala a boca, ser inútil... -Replicou o rapaz se recompondo e derramando suco de laranja num copo que empurrou para Hermione.

-Draco...

-Não comece você também, Hermione. Confraternizando com o inimigo, onde já se viu? -disse Draco num tom falso de reprimenda.

Hermione deu de ombros num gesto culpado, o que derrubou a máscara de Draco instantaneamente. O bruxo deu uma risada divertida e abraçou a castanha de lado.

-Foi brincadeira, sabe-tudo-nem-tão-sabichona...

Pansy riu e acrescentou:

-Verdade, eu esperava que a "bruxa mais inteligente de todos os tempos" soubesse mais sobre sexo.

Hermione e Draco cuspiram o suco em sincronia, fazendo a morena se retorcer de tanto rir enquanto o casal sorria de forma constrangida e ruborizava.

-Vocês jovens... -Ironizou Pansy espalhando calmamente geléia de morango sobre uma torrada que levou a boca em seguida com o olhar mais sínico que já varreu a face da terra.

Depois de muito constrangimento, algumas risadas e reprimendas (por parte de Draco, é claro) a hora de Pansy ir embora chegou, e com ela a preocupação para Hermione.

-Vamos seguir o plano ao pé da letra, certo?

Hermione concordou.

-Vai dar tudo certo, Granger. Não se preocupe, colocarei a primeira etapa em ação assim que chegar em casa. Te manterei informada. Adeus.

A castanha se soltou da morena. Estavam abraçadas cochichando, pois Draco estava perto com um olhar desconfiado.

-Adeus Draquinho, cuide bem da sua sangue-ruim. -Disse Pansy sorrindo. Não era um xingamento, uma vez que Hermione não se importava com o termo que mais parecia seu novo apelido na boca de Pansy.

-Cuide bem dessa sua língua, Buldogue. -Respondeu Draco em um tom complacente.

A morena pronunciou um "ai" mudo enquanto espalmava a mão no peito, onde devia estar seu coração, de forma dramática e irônica.

Hermione sorriu e Draco negou com a cabeça, mas imitou a castanha deixando um sorriso genuinamente branco reluzir em sua boca.

Pansy piscou para os dois mas antes de se virar para o ponto de aparatação acrescentou:

-Lembre-se: Langerie preta, Mione.

O rapaz sufocou uma risada alta e Hermione só faltou morrer de vergonha enterrando o rosto nas mãos.

"Porque ela tem de ser tão perversa?" -Pensava a garota.

"Quem diria..." -Pensou Draco com um sorriso no rosto.

Hermione ruborizando por conta de assuntos "impróprios" que agora, mais do que nunca, ele sabia que ela conhecia. Pansy saindo de sua casa e dando conselhos sobre lingeries para a "sangue-ruim" que ela tanto odiava... Ele pensando em como Hermione ficaria numa peça preta de renda...

"Quem diria..." -Pensou o rapaz mais uma vez, antes de conduzir a castanha para os bancos de cimento que ficavam ali perto.