Secundarismo escrita por Reira chan


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu marquei como "Linguagem imprópria" porque tem tipo, dois palavrões, mas como o Nyah é chato, vai que deleta né -Q já vou avisando queridos, a fic NÃO TEM LEMON. É dedicada ao meu casal preferido de Death Note: MattxMello ♥ espero que gostem



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Os gritos enchiam a sala. Ela já era pequena e fechada. Agora, estava tão completamente preenchida por vozes que Mello chegava a se sentir estranhamente apertado.

Ele queria poder culpar as paredes por estar ouvindo um eco de tudo o que Matt gritava, em um looping infinito na sua cabeça que o deixava quase tonto e enjoado, uma sensação sufocante prendendo sua garganta.

Mas sabia que a culpa era dele mesmo.

Se ao menos não doesse tanto... Mas não, ele continuava a sentir cada pontada, cada frase gritada jogada contra ele com tanta força que realmente doía; e ainda o paralisava, em choque, com aquela expressão magoada, abobada, ridícula...

Não. Patética era a palavra.

– EU ESTOU FALANDO SÉRIO, EU JURO QUE VOU EMBORA!

Mello queria duvidar. Mas conhecia o ruivo bem demais para fazê-lo... Ele nunca falava sem fazer. Mesmo quando era algo que não queria, ainda assim ele fazia, por pura teimosia e orgulho.

Típico.

Mas é claro. Matt odiava perder.

– ENTÃO VAI ME DEIXAR AQUI SOZINHO, VAI DESISTIR DE DERROTAR NEAR? DESISTIR NUNCA FOI BEM A SUA CARA, MATT!

A voz de Mello soava tão mais forte do que ele próprio...

– PRO INFERNO COM NEAR! EU NÃO ENTENDO VOCÊ, NÃO ENTENDO SUA MALDITA RIVALIDADE! MAS O QUE EU SEI É QUE EU NÃO TENHO NADA A VER COM ISSO! NEAR É MEU MELHOR AMIGO, SABIA?

O looping em sua cabeça parou. E com ele, todo o resto. Sua mente, seu corpo, seu mundo. Ele paralisou. E de repente só havia duas palavras em seu mundo. Tão grandes e absolutas que seu impacto fez o grande e orgulhoso Mello cair ajoelhado no chão.

Melhor amigo.

Mello estava cansado daquilo há anos: em tudo, o albino insistia em ser o melhor: nos casos, na “personalidade”, nos recursos, na ajuda que recebia. E agia como se não fosse nada. Roubava tudo de Mello sem o menor esforço. Este havia se tornado o segundo, o “próximo”. Near era sempre o melhor.

E agora, era o melhor pra Matt também...?

Ele sabia que nem todo o chocolate do mundo anularia o gosto amargo em sua boca. Ou em seus olhos, que lutavam ferozmente para prender as lágrimas ardentes.

Então era isso. Matt havia desistido dele, e novamente Near o superou.

Mas Mello nunca o odiara tanto.

Até Matt? Sua única ajuda, o único que o entendia, a única pessoa com quem realmente se importou? O Matt?

A resposta era amarga.

Sim.

– Mello...? – Matt perguntou, inseguro. A raiva saíra de sua voz. Ele se ajoelhou ao seu lado e olhou-o nos olhos. Verde versus azul.

E naquele instante, tudo caiu. As lágrimas; suas mãos que agora tocavam o chão em busca de apoio; os cabelos loiros sobre seu rosto. E suas máscaras, uma a uma: raiva, indiferença, apatia. Jaziam enterradas sob suas lágrimas. Estas as negavam e anulavam. Malditas lágrimas.

– Mello? – Matt perguntou, mais confiante dessa vez, mas ainda sem entender.

Mello o encarou. Tristeza e raiva versus preocupação e medo. Um tentando chegar ao outro. Por que Matt não entendia? Que simplesmente doía ouvir isso da única pessoa cuja opinião importava pra ele? A única pessoa de quem ele gostava?

– Melhor amigo? – foi o que conseguiu resmungar – agora Near é seu melhor amigo? Até pra você ele é o melhor? – tentou resumir. Sua voz não saiu tremida ou triste; pura prática, afinal de contas seu orgulho já estava suficientemente acabado.

– Eu não disse isso. Você sabe que estou do seu lado.

– Não por muito tempo.

Um suspiro.

– Eu falei sem pensar... Mas é verdade, Mello, eu não agüento mais.

O que Matt não agüentava mais? A raiva e indiferença de Mello. Tão preocupado em pegar Kira, tão preocupado em superar Near... Ele estava ficando louco. Estava se pressionando demais. Estava indo precisamente na direção da morte, o pior de tudo.

E a morte dele, seria algo que Matt não podia suportar.

– Você não me agüenta mais – foi a errônea constatação de Mello – e nem um amigo eu sou pra você?

– Quando eu disse isso?

– Merda, se o branquelo é seu “melhor amigo”, o que eu sou?

– Mais – ele respondeu sem pensar. E Mello pareceu surpreso. Mais...?

Ilusões. Ilusões, ele se repetia. Ele já devia tê-las abandonado.

– Mais? – riu, com sarcasmo e sem humor. Mas Matt ainda não tinha terminado.

– Near é meu melhor amigo, mas isso não significa tanto. Quantos outros eu tenho pra se comparar? – “nem mesmo amigo sou”, Mello pensou com uma pontada – não entendo Near e ele não me entende. Não somos cúmplices, não conseguimos ver um ao outro sem uma única palavra, como eu e você. Ele é meu melhor amigo. Você é mais.

Uma pontada e uma aceleração. Não me iluda mais, Mello queria gritar. Que se fudesse o Near; não era isso o que o deixava magoado.

Era por ser Matt.

– Não diga isso, idiota – murmurou sob sua típica falsa irritação – isso não faz nenhum sentido, você é péssimo com as palavras – riu com escárnio.

– É verdade – deu de ombros simplesmente – mas não vou fazer da outra maneira.

– Que outra?

Matt ficou da cor do cabelo e olhou pra baixo.

– Essa – murmurou quase sem som, e em um puxão rápido e impensado, roçou os lábios nos dele.

Não foi mais além.

E Mello congelou. Ele via os olhos fechados de Matt, os cabelos ruivos, a face corada. Não precisava que ele falasse para saber que estava com medo. Não que ele normalmente precisasse conversar pra saber o que Matt sentia. Mas no caso, havia algo mais, porque o medo era o mesmo pra ambos:

Rejeição.

Bem, eles nunca realmente precisaram de palavras pra se comunicar.

Então pra que palavras?

Ele o puxou mais pra perto, e a partir daí só captou partes desconexas de um todo que sua mente estava incapaz de registrar.

Lábios macios, calor. Alegria. A língua em sua boca. Olhos fechados. Lentidão. Carinho. Amor.

Sorriu internamente, sem abrir os olhos, voltando a beijá-lo, voltando a ser correspondido.

Se Matt não o considerava um secundário, estava tudo bem.

Seus outros problemas eram secundários.



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Notas finais do capítulo

Mereço reviews?