Far Away escrita por Shayera


Capítulo 1
Im still here... Why?




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Um violão, algumas pessoas, um lugar morto e desanimado...


(This time, this place. Misused, mistakes. Too long, too late. Dessa vez, nesse lugar. Desperdícios, erros. Muito tempo, muito tarde)


Parecia que eu cantava para o nada... Eu estava bem longe de casa, bem mais longe do que eu imaginaria chegar quando peguei uma moto emprestada e girei as chaves, sedenta de acelerar. Aquela altura do campeonato, eu já acreditava que ter feito aquilo não era uma ideia inteligente.

(Who was I to make you wait? Just one chance, just one breath. Just in case there's just one left. Quem eu era pra ate fazer esperar? Apenas uma chance, apenas uma respiração. Apenas no caso de haver uma restando.)

Uma jaqueta de couro, um violão nas costas, alguns dólares, uma única vontade de fugir, conhecer o desconhecido até então...e esquecer-me de tudo.

Não havia motivos, tampouco explicação. Só uma vontade de sair do pequeno mundo que eu chamava de Seattle e conhecer gente, antes que fosse tarde demais, e eu ficasse presa àquele lugar. Mas era engraçada a forma que eu não tinha percebido que já era meio tarde pra pensar nisso. Eu já tinha me prendido àquela cidade, muito mais do que eu imaginava. E ia bem além de costumes, eram laços afetivos inquebráveis.

(Cause you know, you know, you know… Porque você sabe, você sabe, você sabe...)

Era tudo tão diferente no ‘novo mundo’, e eu nem havia saído dos Estados Unidos. As estradas eram diferentes, as pessoas eram frias. Por mais que eu estivesse ali naquele palquinho improvisado, abrindo meu coração em notas, todas elas estavam ali, alheias a música. Alheias a minha presença. E pra melhorar tudo, a pessoas que eu tanto queria que ouvisse aquelas palavras estava tão longe de mim. Eu a deixei pra trás, junto com todas as outras.


(That I love you. I have loved you all along, And I miss you. Que eu te amo. Tenho amado todo esse tempo, e eu sinto sua falta.)


— Hey, guria. — o senhor e dono do bar me chamou. Ele tinha sido a pessoa mais legal que eu tinha encontrado em todo esse tempo. Tinha idade pra ser meu pai, era sorridente, e gostava de cantarolar as músicas da Shania Twain e do Vicen Gill enquanto servia as pessoas. — Dá uma parada e descansa um pouco, ninguém se importa mesmo.

— Oh, valeu mesmo por jogar isso na minha cara, Herb. — ri, de forma triste, mas ri.

— Esse bando de estúpidos não valorizam um talento de verdade, Sammie. Só dão valor às modinhas que vem da capital. — ele passou um pano na grande bancada de madeira que ficava à sua frente, lustrando-a.

— Não seja tão duro com eles. Olha a cara de preocupação deles. Cada um com seus problemas, com suas pendências, procurando uma saída mentalmente. Alguns parecem estar à beira do desespero... — virei uma dose de vodka de uma vez só.

— Estranho... Você é andarilha e, ainda assim, parece ser tão solidária. — ele resmungou tornando a encher o copo.

— O que quer dizer?

— Andarilhos geralmente não se importam com as pessoas. Eles são muito...egocêntricos. Pegam algum dinheiro e saem pelo mundo. Não se importam com quem está lá na frente, nem com quem deixou lá atrás. Eles simplesmente não se importam com os sentimentos dos outros, só com a súbita vontade de sentir a liberdade e a adrenalina.

— Uh, Herb é garçom e também filosofo? — eu reclamei. Ele tinha tocado numa ferida boa que estava bem aberta em mim.

— Prefiro me chamar de poeta, menina. Sabe, esse velho aqui já viu muita coisa. Por detrás desse balcão você vê cada pessoa que entra por aquela porta. Você escuta sobre histórias que aconteceram. Você vê sentimento. Entre encher um copo e guardar algum dinheiro no caixa você imagina a história de vida de cada um. E algo me diz que você canta essas músicas pra alguém...

— Alguém que não está aqui. De que adianta, Herb?

— Quer saber? Esteja onde estiver, essa pessoa escuta.

— Ah, não estamos falando do superman aqui, velho. Ele não escuta a distância...

— Ele pode até não escutar lá de Seattle com os ouvidos, mas escuta com a alma, guria... Você me parece mais triste e melancólica do que nos outros dias. A emoção de viajar a esmo por esse país acabou, não é mesmo? — mais uma vez ele tinha plena razão no que falava, pensei com raiva. Acenei um sim com a cabeça. — É melhor você voltar então... não acha?

— Estou bem aqui.

— Aham, sei. Com certeza está muito bem. — ele girou os olhos soando mais sarcástico do que eu costumava ser. — Quantos dólares você tem nesse momento? Pretende viver só com isso pro resto da vida? Olha pra você, uma menina bonita e estudada, cantando na noite pra continuar com essa loucura de viajar sem destino... — fingi indiferença. — Pra continuar fugindo de um amor. — “Droga, esse velho sabe de tudo!” Pensei com raiva



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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Reviews fazem uma autora preguiçosa feliz. ;}



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