We Belong Together escrita por Ducta


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Aos leitores de "The Chosen One", eu estou viva. É que o próximo capítulo está me saindo bastante complicado pra passar para palavras e fatos cronológicos, mas vai sair, prometo.



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- Então é verdade mesmo? – Harry Potter perguntou chocado a Rony que o esperava no portão com uma Hermione apreensiva.

- É. – Rony respondeu entre os dentes. Rony andava de um lado para o outro, vez ou outra enfiando os nós dos dedos nos punhos para não gritar.

Hermione estava parada, de braços cruzados e parecia tensa.

- Eu não acredito que ela fez isso! – Harry disse passando a frente dos amigos.

Hermione o puxou pelo braço.

- Harry pega leve.

- Como Hermione?! – Harry respondeu furioso.

Os três caminharam em direção à Toca, tensos. Harry ia a frente sem saber o que sentir, fazer e sequer pensar.

Mesmo que já estivesse sabendo do que estava acontecendo, Harry não conseguiu deixar de sentir surpreso quando viu pelo buraco da porta da sala Draco Malfoy sentado todo empertigado no menor sofá de mãos dadas com Gina, sentada ao seu lado que parecia extremamente estranha em um vestido preto justo, salto alto e maquiagem pesada. Lucio e Narcisa Malfoy estavam sentados no sofá maior, parecendo extremamente desconfortáveis e deslocados com suas roupas quase imperiais perto do terno simples do Sr. Weasley e do vestido de algodão da Sra. Weasley, que estavam sentados nas poltronas com Gui, Carlinhos, Percy e Jorge parados ao lado deles.

- Gina! – Harry disse chocado adentrando o cômodo de supetão.

Harry sentia como se tivesse pegado Gina cometendo uma traição. Como se ela o estivesse traindo.

- Oi Harry. – Ela disse sem emoção.

- Nós precisamos conversar! – Harry disse mais rude do que pretendia.

- Calma aí Potter! – Draco disse se pondo de pé. – Olha como fala com a minha noiva!

- Deixa Draco. – Gina disse se levantando. – Eu preciso resolver isso de qualquer jeito.

Gina caminhou até Harry com calma e parou bem a sua frente, olhando fixamente nos olhos dele.

- Lá fora. – Ela disse.

Harry deu as costas e voltou ao jardim com Gina logo atrás dele.

- Como isso aconteceu? – Ele perguntou parando quando estavam longe o bastante para que Draco e seus pais, Rony, Hermione o Sr. E a Sra. Weasley e os outros irmãos de Gina, que os observavam descaradamente, não ouvissem.

- Não sei. – Gina disse calma. – Quando eu vi, ele estava em todos os meus jogos, me mandava flores e convites pra jantar sempre e um dia eu aceitei.

- Eu não consigo acreditar nisso.

- Eu me apaixonei por ele, Harry.

- Eu estou vendo isso, Gina! Você está noiva dele! – Harry disse e sentiu que sua voz estava embargada.

- Desculpe. – Gina disse com a voz falha.

Harry abaixou a cabeça e segurou o choro.

- Não se desculpe. – Ele disse por fim. – Você não deve me pedir desculpas por estar feliz. Porque você está feliz, não é?

- Estou. – Gina disse com o lábio inferior tremendo.

- Me desculpe, mas eu não posso ficar feliz por você. Não por isso.

- Tudo bem. Eu nunca podia pedir isso pra você.

Harry virou de costas para Gina e secou as lágrimas nas costas das mãos e então virou pra ela novamente.

- Se eu tivesse vindo passar aquele Natal aqui, você teria me esperado?

Gina balançou a cabeça negativamente.

- Eu te esperei minha vida toda. – Ela disse pouco mais alto que um sussurro.

- Eu realmente queria não me apaixonado pela Cho. Talvez eu tivesse visto você antes e talvez você fosse minha noiva hoje.

- Tudo aconteceu como tinha que ser Harry. – Gina disse e uma lágrima rolou por sua bochecha. – Se você foi embora é porque tinha que ser.

- Você disse que me esperaria...

- Você disse que não demoraria. Mas você demorou anos. Eu não sou mais uma garotinha apaixonada, Harry. Eu precisava seguir em frente.

Um longo momento se passou o qual o único som era de Gina estralando os nós dos dedos. Então Harry precipitou-se e a abraçou.

- Felicidades pra vocês. Eu espero que ele possa te fazer feliz como você merece. – Harry disse entre o choro. Então ele a soltou e foi embora, caminhou até o portão e sumiu pela estrada.

I didn't mean it when I said

I didn't love you so

I should have held on tight

I never should have let you go

I didn't know nothing,

I was stupid, I was foolish

I was lying to myself

Gina permaneceu de costas para a Toca enquanto se controlava pra não chorar, porque se fizesse isso, sabia o quanto Draco ficaria irritado. Mas antes que ela pudesse ter tudo sobre controle, alguém colocou a mão em seu ombro, mas não era Draco, como ela temeu, era Jorge. Gina o abraçou e escondeu o rosto em seu peito e ele a levou pra dentro.

- Gina... – Draco disse, mas Jorge o cortou.

- Você vai ter ela pro resto da vida, me deixe ter um momento com minha irmãzinha.

Já em seu antigo quarto, longe de todo mundo, Gina chorou. Chorou de cair sobre os joelhos e puxar o próprio cabelo, chorou porque estava com ódio de si mesma, ódio de quem quer que fosse que tivesse trazido Harry, ódio por Harry ter dito o que disse à ela, ódio de si mesma por gostar de Draco.

- Porque você fez isso com você, Gina? – Jorge perguntou triste pelo estado da irmã.

Mas Gina não teve força pra responder.

I could not fathom that

I would ever be without your love

Never imagined I'd be sitting

Here beside myself

'Cause I didn't know you

'Cause you didn't know me

But I thought I knew everything

I never felt

Horas mais tarde, de volta à seu apartamento e de Draco em Londres, Gina estava debruçada sobre o parapeito da janela de seu quarto enquanto Draco se arrumava para dormir.

- O que foi que Potter te disse? – Draco perguntou sentando-se na cama.

- Você não precisa saber, Draco.

- Mas eu quero, Gina, conte.

- Ele disse que queria que eu o tivesse esperado.

- Você queria teria esperado por ele? – Draco perguntou depois de um momento.

- Eu estou com você não estou? – Gina perguntou se virando para Draco.

- A conversa com ele mexeu com você. Eu vi.

- Vamos deixar Potter pra lá. – Gina disse indo se deitar.

Draco dormiu quase imediatamente, mas Gina não conseguia nem fechar os olhos sem pensar em Harry.

Lembrou-se de quando ele foi embora, dos longos meses até ela conseguir parar de chorar e então os meses se transformando em anos sem ele. Mas ela seguira em frente e mesmo nesse momento tão doloroso, ela sentia que não estava arrependida de ter ficado com Draco, sabia que não o trocaria por Harry, sabia que seguiria em frente com o casamento e seria a nova Sra. Malfoy em alguns meses. Mas a mente de Gina começou a se encher de “e se?”. E se ela tivesse esperado Harry? E se eles tivessem ficado juntos antes? E se ela estivesse prestes a se tornar a Sra. Potter? E se os filhos dela e de Harry tivessem os nomes dos pais de Harry? Gina sabia que ele iria querer isso... Então ela se virou na cama, de modo a encara Draco que dormia sossegado de barriga para baixo.

“Eu não esperei Harry, estou com Draco, vou me tornar a Sra. Malfoy e meus filhos com certeza não terão os nomes dos pais de Harry.”

Gina passou as mãos com carinho nos cabelos de Draco, lembrando a si mesma de porque estava com Draco. Ele se mostrava um verdadeiro cavalheiro, gentil e divertido, apesar de ser tão arrogante quanto sempre demonstrou nos tempos de escola. Ele a fazia rir sempre e ela se sentia segura nos braços dele. Ela ainda sentia borboletas no estômago quando ele dizia que a amava. Ela gostava de Draco, com certeza gostava...

Mas isso não a ajudou a dormir.

The feeling that I'm feeling

Now that I don't hear your voice

Or have your touch and kiss your lips

Cause I don't have a choice

Oh what I wouldn't give

To have you lying by my side

Right here cause baby

Os meses passaram rápido, já era verão e o casamento seria na manhã seguinte. Após uma longa discussão entre Lucio e o Sr. Weasley sobre o casamento ser feito n’A Toca ou na Mansão Malfoy, Gina e Draco conseguiram dizer que queriam que o casamento fosse feito na beira de um lago nos arredores da cidade, onde eles passaram um fim de semana logo no começo do namoro.

- Lá tem um casarão grande, vai dar pra todo mundo aqui dormir. – Gina argumentou quando sua mãe e Narcisa conseguiram calar os maridos.

O certo seria que Gina quisesse passar a noite no casarão do lago, discutindo os últimos detalhes com a família, mas ela não se sentia animada para isso. Enquanto todos estavam reunidos na mesa da cozinha, Gina saiu à surdina enfiando as chaves do carro de Draco no bolso de sua jeans.

- Aonde você vai? – Rony perguntou aparecendo na porta da garagem quando ela estava entrando no carro.

- Finge que você não me viu.

- Aonde você vai? – Rony repetiu.

- Na cidade.

A cidade era extremamente pequena, Gina não viu porque de Rony ter ficado tenso.

- É melhor você ficar aqui. – Rony disse ainda tenso.

- Voldemort está morto, Harry e você prenderam os últimos Comensais da Morte, os Dementadores estão de novo sob controle do Ministério, não vejo por que você se preocupar com uma saída minha.

- Que seja. – Rony disse com um suspiro e deu as costas.

Gina abrigou-se do calor da noite em um bar temático ao lado do pequeno cinema. Gina estava indo pro primeiro copo da segunda garrafa de Martini quando começou a pensar que realmente deveria parar de beber. Ela podia jurar que Harry Potter acabara de adentrar o bar.

Gina ficou quieta, apenas encarando o homem que ela jurava ser Harry, que sentara-se na mesa da frente, mas de costas para ela. Até que ele olhou por cima do ombro.

Gina, em um movimento devido ao susto, levou a garrafa em cima da mesa à boca e bebeu grandes goles de Martini rápido demais o que fez sua cabeça doer, sua garganta arder e seu corpo todo tremer.

- Gina! – O homem disse em uma mescla de surpresa, felicidade e choque.

Os dois se levantaram ao mesmo tempo e quando ele ficou a poucos centímetros de distância dela, Gina soube que era realmente Harry.

- Essa é sua despedida de solteira? – Harry perguntou surpreso.

Gina começou a rir.

- Acho que sim.

- Você está bêbada! – Harry alegou surpreso.

- Estou quase bêbada. – Gina disse, mas era óbvio que ela já estava alterada.

- Por Merlin, Gina! Quem deixou você fazer isso?

- Ninguém manda em mim. – Gina disse.

- Anda, eu vou te levar pra casa.

- Eu estou hospedada no...

- Eu sei, por causa do casamento.

Gina encarou Harry, que caminhava para fora do bar ao seu lado, a segurando pelo topo do braço. Isso estava errado, toda essa situação. Gina lembrou-se de anos atrás quando ele a beijou pela primeira vez na frente de toda a torre da Grifinória, lembrou-se do arrepio que ela sentiu, da felicidade que a queimou por dentro. Lembrou-se das horas roubadas nos jardins da escola e de como ela sentia que aquilo nunca ia acabar, que ele era finalmente dela e ela era dele como sempre desejara. Lembrou-se de como ela tinha ficado feliz porque eles haviam saído vivos da guerra, ela achara que o teria de volta, mas então ele foi embora. E ela chorou todos os dias por tê-lo deixado ir sem uma promessa de que voltaria para ela.

When you left I lost a part of me

It's still so hard to believe

Come back baby, pleas,e cause

We belong together

Who else am I gonna lean on when times get rough?

Who's gonna talk to me on the phone

Till the sun comes up?

Who's gonna take your place?

There ain't nobody better

Oh baby, baby

We belong together

Então Gina teve vontade de chorar, mas segurou a enxurrada de lágrimas, mesmo que com dificuldade.

Gina disse que viera no carro de Draco, Harry pediu as chaves e abriu a porta do banco do passageiro para Gina, então entrou sem cerimônia alguma e seguiu pela estrada sem dizer nada.

Ele parou no portão do casarão e encarou Gina.

- Acho melhor eu não entrar. Vá e peça pra alguém guardar o carro depois.

Gina balançou a cabeça em concordância. Ela encarou Harry por um longo momento, mas ela viu que ele diria mais nada e que não daria o beijo de boa noite que ela fantasiara por um momento, então ela desceu do carro.

Suas pernas tremeram sobre o salto alto, mas conseguiu se equilibrar e manter o controle sobre sua cabeça que girava. Harry desceu do carro também e entregou as chaves à Gina, então sumiu na estrada sem olhar para trás.

Gina não conseguiu as lágrimas enquanto caminhava até a porta. Ela chegou a sentar-se no primeiro degrau da entrada para chorar, mas achou melhor parar antes que alguém a ouvisse. Meio sem se dar conta do que fazia, ela levantou-se e atravessou a porta da sala.

- Gina! – Sua mãe gritou chocada.

Então várias cabeças se viraram para ela e Gina lamentou que tivesse entrado.

- O que aconteceu com você? – Draco perguntou chegando antes de todo mundo e a pegando nos braços.

Como será que ela devia estar parecendo com os cabelos fora do lugar, as roupas rotas, a maquiagem pesada borrada por lágrimas e tremendo o salto quando andava?

- Você está bêbada mocinha! – Arthur disse bravo.

- Onde você estava? – Gui perguntou.

- Gina seu casamento é pela manhã, como você pode fazer isso? – Narcissa perguntou.

Todo mundo dizia alguma coisa, mas Gina recusou-se a ouvir. Desviou-se dos braços de Draco e alcançou a escada. Draco a seguiu, mas ela lhe passou a chave do carro para o rapaz e lhe disse para guardá-lo.

- Você dirigiu assim? – Ele perguntou assustado.

Gina achou melhor não contar sobre Harry.

- É. – ela disse lhe dando as costas e subindo o resto dos degraus. No topo da escada ela olhou para baixou onde todos a observavam e disse:

- Eu só bebi. Eu vou tomar um banho e vou dormir então de manhã eu estarei nova em folha, pronta pro meu casamento.

Ninguém foi atrás dela. Gina colocou jogou um Abaffiato na porta antes de ir pro banho.

Gina não conseguiu parar de chorar ou de pensar em Harry. Todos os “e se?” de meses atrás, todos os planos que ela fazia quando mais nova, sobre a vida que teria com Harry, todos os momentos que ele tiveram juntos, as conversas ao telefone enquanto ele participava dos treinamentos para Aurores, as cartas trocadas, o dia do primeiro jogo profissional de Gina onde ele estava na arquibancada com a palavra “Weasley” escrito em vermelho na testa, os abraços finais ates da partida dele, tudo voltara com uma força arrebatadora para atacá-la essa noite. Assim como o próprio Harry que aparecera do nada, meses depois para reavivar toda a dor.

Gina vestiu o roupão de banho e deitou-se na cama, sem sentir nenhuma melhora.

Não era justo que aquele buraco tivesse se reaberto em seu peito justo na véspera de seu casamento. Antes que pudesse se dar conta, Gina estava de pé, gritando de frustração e jogando vasos contra a parede, chutando malas e cadeiras, quebrando os abajures, até que finalmente acabou sentada com as costas contra as portas do guarda-roupas, abraçando as pernas. Ela sabia que deveria ir dormir, mas ela não conseguiu. Quando a madrugada estava avançada e todos dormiam, Gina saiu do quarto para pegar uma vassoura. Decidiu limpar a bagunça que fizera no quarto sem magia para tentar desviar seus pensamentos. Gina ligou o rádio para ajudá-la na distração, mas por azar, a programação dessa noite era basicamente músicas de amor perdido, o que não ajudou Gina em nada.

I can't sleep at night

When you are on my mind

Bobby Womack's on the radio

Singing to me: "If You Think You're Lonely Now"

Wait a minute this is too deep

I gotta change the station

So I turn the dial tryin' to catch a break

And then I hear Babyface:

"I Only Think Of You" and it's breakin' my heart.

I'm tryin' to keep it together, but I'm falling apart

Além de recolher os cacos de vidro e porcelana, Gina tentou recolher seus próprios cacos, mas não obteve muito sucesso. Tarde demais ela percebeu que o dia clareara. “Finalmente.” Ela pensou com um suspiro. Dali a algumas horas não teria mais volta. Teria de esquecer por bem ou por mal.

Gina deitou-se novamente e sentiu como se pudesse dormir por meses, mas bateram na porta nem meia-hora depois. Gina destrancou-a com a varinha e disse “entra”. Então uma avalanche de mulheres passou pela porta: Hermione, Luna, Fleur com a pequena Victorie nos braços, Angelina, Audrey, Molly, Narcisa e Tia Muriel. Todas pareciam bastante empolgadas e descansadas, ao contrário da noiva.

- Bom dia minha querida. – Molly disse se aproximando da filha e beijando sua testa e depositando uma grande bandeja de café-da-manhã no colo de Gina.

- Gina, você disse que ia dormir! – Resmungou Hermione, sentando-se ao seu lado na cama e observando o rosto de Gina com atenção.

- Não consegui. – Gina disse dando os ombros.

- Porque? – Perguntou Audrey.

- Ansiedade. – Gina mentiu descaradamente.

- Draco está muito ansioso também, mal se contém de tanta felicidade. – Narcisa disse com um sorriso que fez Gina sentir-se culpada.

- A que devo tantas visitas logo pela manhã? – Gina perguntou.

- Pare de ser boba menina. – Tia Muriel disse.

Só então Gina reparou em uma malinha que Fleur tinha nas mãos, assim como Hermione depositara uma ao lado de Gina na cama. Angelina já tirara um secador de cabelo da bolsa e Luna puxara uma cadeira.

Gina mal terminara de terminar seu café e já anunciaram que seu banho de flores e ervas estava pronto.

Molly lavou os cabelos de Gina enquanto Tia Muriel obrigava a garota a relaxar na banheira. Hermione e Luna estavam sentadas no chão de pernas cruzadas, ouvindo os conselhos que Molly dava sobre o casamento. Narcisa repassou alguns conselhos sobre o que Draco gostava ou não em relação a vários assuntos. E Tia Muriel deu alguns conselhos sobre o que fazer ou não na cama.

- Tia! – Gina disse envergonhada. – Pode deixar que eu me entendo com o Draco nessa questão.

Depois do banho Gina voltou a se envolver no roupão, então Audrey e Angelina começaram a pentear os cabelos de Gina, Fleur fez suas unhas das mãos e dos pés enquanto Victorie insistia em ajudá-la passando todos os instrumentos que a mãe precisava. Hermione cuidou da maquiagem enquanto Luna desembrulhava e dava a última polida nas jóias que Gina usaria. Molly e Narcisa pediram licença para irem conferir se os rapazes estavam cuidando direito dos últimos detalhes.

Elas entraram em assuntos aleatórios passando pelos casamentos de Fleur, Audrey e Angelina e no relacionamento de Rony e Hermione. Gina sempre desviando da conversa.

Até que finalmente Gina estava pronta. Não a deixaram olhar-se no espelho.

- Deu pra disfarçar minha cara de zumbi? – Gina perguntou a Hermione.

- Sim. Foi meio difícil, mas você parece que dormiu um mês inteiro agora.

- Esse é o tempo que levarei para remover toda essa maquiagem pelo jeito. – Gina disse com sarcasmo.

Então elas deixaram Gina sozinha para irem se arrumar também. Levaram todos os espelhos com elas e fizeram Gina prometer que não sairia do quarto.

- Draco está pra lá e pra cá pela casa. – Hermione disse. – Nós vamos trazer almoço pra você.

- Eu tinha que ter almoçado quase duas horas atrás! – Gina disse consultando o relógio do criado mudo. – Hermione meu casamento é em duas horas!

- Hoje é seu dia, boba, você pode se atrasar o quanto quiser. – Angelina disse sorrindo.

- Vai dar tempo de todas vocês se arrumarem em duas horas? – Gina perguntou.

- Nós fizemos as unhas ontem, só vamos nos preocupar com os penteados. – Hermione respondeu com uma piscadela e se foi batendo a porta atrás de si.

Gina observou pela janela a movimentação do lado de fora da casa.

Os bancos de madeira dispostos aos lados do longo tapete dourado reservados aos convidados já estavam com metade da capacidade cheia e pessoas não paravam de aparecer no portão. Uma legião de garçons vestidos de paletós brancos já circulava pelo local, a banda que fora contratada para o casamento de Gui e Fleur fora chamada novamente, mas Narcisa e Lucio exigiram a troca do paletó dourado por um tom creme. O altar era o final do tapete dourado e estava cheio de pétalas de rosas brancas espalhadas pelo chão. E flores brancas presas a trepadeiras entrelaçavam-se no arco branco onde Gina ficaria com Draco. Seu coração começou a bater tão forte e rápido que Gina achou que ele pularia de seu peito a qualquer segundo. “Oras controle-se!” – Ela disse a si mesma “Não haja como se você mesma não tivesse planejado o lugar de cada uma daquelas pétalas! Você sabia que dia era hoje, não fiquei apavorada!

Gina respirou fundo algumas vezes e esperou alguém trazer seu almoço. O que foi inútil porque ela sequer tocou na comida.

Menos de uma hora. Agora dava pra ouvir os gritos apavorados de Molly e Narcisa no andar de baixo.

- Calma mulher! – disse Lucio – Já está tudo certo.

Isso fez o coração de Gina voltar a acelerar. Já estava tudo pronto. Não dava para se acovardar agora.

Mas Gina não conseguiu conter o ataque de pânico e tornou a destruir o quarto. Então Hermione adentrou o quarto, apavorada gritando por Gina.

- O que aconteceu? – Ela perguntou pegando Gina no exato momento que ela jogaria o abajur contra a porta do banheiro.

Hermione já estava trajada de seu vestido de madrinha rosa-bebê de cetim e seda e alças finas e a sandália prateada. Os cabelos, hoje lisos, presos em um coque frouxo com algumas mechas soltas e lindos brincos de prata.

- Hermione pega a caixa de maquiagem de novo porque eu vou chorar! – Gina disse com a voz já embargada e os olhos marejados.

I'm feeling all out of my element

Throwing things, crying, tryin'

To figure out where the hell I went wrong

The pain reflected in this song

Ain't even half of what I'm feeling inside

I need you, need you back in my life baby

Hermione caminhou até Gina e segurou suas mãos.

- Vai ficar tudo bem. – Ela disse quando a primeira lágrima correu pelo rosto de Gina. – Lave o rosto, já, já vão vir colocar o vestido em você.

Então Hermione saiu do quarto e Gina fez o que ela disse.

Quando Hermione voltou, rapidamente reconstruiu a parte danificada da maquiagem de Gina e menos de um segundo depois da finalização a avalanche de mulheres tornou a encher o quarto. Gina teve que dar o seu melhor para esconder que estivera chorando até um momento atrás.

- Menos de meia hora! – Narcisa disse enquanto Molly corria para pegar o vestido no guarda-roupa.

Gina foi empurrada para o banheiro com a lingerie nova nos braços e a vestiu sob gritos de “rápido Gina!” “Acelera!”

Quando trouxeram os espelhos de volta para o quarto Gina já estava totalmente vestida, a única preparação que ela viu foi sua mãe prendendo o véu à tiara de Tia Muriel.

- Sabe Ginevra, - começou Tia Muriel a olhando pelo espelho - eu achei que você iria se arranjar com um esfarrapado qualquer, como seu ex-namorado... como é o nome dele?

- Dino Thomas? – Gina perguntou para desviar aquele assunto.

Gina olhou para o lado e viu que Hermione e Luna, assim como ela, ficaram tensas com o assunto da Tia Muriel.

- Sinceramente Tia, como à senhora esquece o nome do cara que destruiu o Lorde das Trevas? – Jorge perguntou parado no parapeito da porta com uma maçã nas mãos.

- Como é o nome do infeliz? – Muriel perguntou já zangada.

- Harry Potter. – Jorge disse e então se aproximou de Gina.

- Você está linda.

- Obrigada. – Gina respondeu quando ele beijou sua testa.

- Boa sorte.

“Boa sorte?” Gina perguntou-se. Quem deseja boa sorte em um casamento?

- Ér... Obrigada.

Então Jorge saiu do quarto.

- Enfim. – continuou Tia Muriel.

- Harry não é um esfarrapado. – disse Molly. – Aliás, porque ele não veio, Hermione? Lembro-me claramente de ter enviado um convite para ele.

- Mamãe, é sério que a senhora fez isso? – Gina perguntou surpresa.

- Oras Gina, você sabe que ele é um filho pra mim. Ele salvou sua vida, nada mais justo do que convidá-lo para o seu casamento.

- Mamãe ele é meu ex-namorado. – Gina frisou.

- Pelo qual eu espero que a senhorita não tenha mais nenhum envolvimento sentimental. – Narcisa disse, demonstrando o quando ela pode ser arrogante.

- Com certeza – Gina mentiu. – Nenhum envolvimento sentimental.

- Então não há motivos para ele não estar aqui. – Molly continuou. – Tenho certeza que ele e Draco também resolveram as desavenças entre eles, era apenas intriga de escola.

Gina viu Hermione erguer uma sobrancelha como se discordasse, mas não disse nada.

- Draco. – retomou Tia Muriel – até o nome dele é imponente. Vê-se pela postura que ele é um rapaz bem criado. Ele tem raízes nobres, são estruturados, finos!

Tia Muriel falava com tanta devoção na voz que Gina teve vontade de dizer que Draco falava palavrões como um marinheiro bêbado e gostava de usar bermudas e chinelos. Mas não disse nada porque viu o quanto Narcisa ficara de ego cheio por causa dos elogios.

- Bem, melhor descermos agora. – Narcisa disse. – Ginevra, seu pai sobre pra lhe pegar em instantes, tudo bem?

- Sim senhora. – Gina disse com um sorriso mínimo.

Então Gina estava sozinha no quarto outra vez, vestida de noiva, com o buquê nas mãos e o sapato de salto já calçado a apenas 15 minutos de seu casamento.

Gina evitou o impulso de jogar-se na cama para não amassar o vestido e o cabelo, então ela parou ao parapeito da janela e observou a movimentação lá fora. Draco já estava no altar, com seu elegantíssimo Smoking preto e seus cabelos claros penteados para trás. Ele sorria e conversava animadamente com um garoto que Gina reconheceu como Blaise Zabini.

A diferença entre a família de Draco e a de Gina era visivelmente contrastante. Gina reconheceu a sua parte dos convidados por causa das roupas coloridas e bastante estampadas, os maiores sorrisos e os mais altos dos falantes. A parte de Draco era totalmente oposta, todos em tons sóbrios e trajes discretos, falavam apenas entre si e pareciam pouco confortáveis. Gina teve que rir.

Então alguém escancarou a porta do quarto com violência e Gina precisou enfiar os nós dos dedos na boca para não gritar.

- Harry! – Ela exclamou por fim, chocada e assustada.

- Nossa, você está mais linda do que eu pensei. – Ele disse sorrindo e trancando a porta atrás de si. – Oi.

- O que você está fazendo aqui? Como você entrou?

- Bem, eu tive que me contrabandear para dentro da festa, mas aqui estou. – Ele disse sorridente, abrindo os braços e indicando as vestes formais.

- Você não me precisava se contrabandear, você tem convite. – Gina disse.

- Sim, mas mesmo assim precisei passar sem que o Malfoy me visse, ele não me deixaria vir falar com você.

- O que você quer falar comigo? – Gina perguntou.

Mas nesse momento Hermione adentrou o quarto surpreendendo Harry e Gina.

- Ah Harry! – Hermione disse – Achei que você não chegaria nunca.

- Oi? – Gina perguntou confusa. – Você sabia?

- E o Rony, o Jorge e todos os seus irmãos.

- Oi? – Gina repetiu.

- Gina é sério que você acha que alguém aqui quer você se case com o Malfoy?

- O que o Harry tem haver com isso?

- Eu vim te livrar dele.

- O quê? Não!

- Você não quer?

- Harry!

- O quê?

- Faltam menos de cinco minutos pro meu pai aparecer! Como você espera que eu fuja agora?

- Então você admite que está querendo fugir?

- Não!

- Cinco minutos é tempo suficiente. Segura minha mão e eu tiro a gente daqui num piscar de olhos. – Harry disse estendendo a mão.

- Harry vai embora daqui. – Gina disse com esforço. – Eu não vou fugir com você.

- Você não quer fazer isso!

- Como você sabe?

- Porque eu sei que você me ama tanto quanto eu te amo! – Harry rebateu e Gina ficou sem fala.

- Gente, acelera! – Hermione disse.

- Me dá sua mão. – Harry pediu.

- Não! Você não pode aparecer aqui faltando cinco minutos para o meu casamento e esperar que eu fuja com você! Eu não posso fazer isso com o Draco! É tarde demais agora! Hermione como você planeja uma fuga pra mim e nem me avisa?

- A idéia não foi minha! – Hermione defendeu-se.

- Como você vai se casar se você nem ama o cara? – Harry perguntou.

- E quem disse que eu não amo?

- Ama? – Harry perguntou sustentando o olhar.

Gina teve de admitir pra si mesma que mentira descaradamente pra si própria todas as vezes que pensou amar Draco.

- Amor verdadeiro só se sente por uma pessoa. – Harry disse buscando os olhos de Gina. – E você sabe.

Ele estava certo.

- Qual dos dois você ama de verdade, Gina?

- Não é justo você aparecer aqui hoje e me fazer uma pergunta dessas! – Gina rebateu já chorosa. – Você foi embora por quatro anos e esperava que eu fizesse o que, me trancasse no quarto e esperasse você voltar? Eu estou noiva, Harry! Eu segui em frente! Você mesmo disse a Rony que eu sabia que não podia ser! Pois bem, não pode! Agora por favor, desça e escolha um lugar ou vá embora de uma vez porque meu noivo está me esperando no altar! – Gina gritou.

Harry pareceu ter sido esmurrado, mas então balançou a cabeça.

- Você decidiu seguir em frente então?

- É.

Então Harry deu as costas e sumiu pela porta. Gina teve que conter a enxurrada de lágrimas.

- Eu vou chamar seu pai. – Hermione disse em voz baixa e também sumiu pela porta.

Gina mal recuperara o fôlego e a porta foi aberta novamente, era Harry outra vez.

- Só me diz que ele te ama com todo o coração e sumo pra sempre.

- Ele diz que ama.

- Você sente que ele te ama?

Gina precisou parar e pensar na resposta. Draco sempre a tratara com carinho, nunca a desrespeitara e só gritou com ela uma vez quando estava bêbado, mas Gina agora percebeu que ele nunca tomara a iniciativa de dizer que a amava, apenas respondia “eu também”. Ele sempre a fazia rir e a protegia, mas Draco nunca a fez sentir-se amada.

- Quando você vai pra cama com ele, você se sente amada? – Harry continuou.

A resposta era definitivamente não. Era puramente contato físico, sem sentimentos. Sempre fora.

- Porque você quer saber disso? – Gina disse por fim.

- Eu não posso deixar você se casar com alguém que você não ama, e que pior ainda, não te ama de volta. – Harry disse. – Eu poderia viver com a sua decisão se você me dissesse que o ama de verdade e que ele te ama também. Não sei como você aceitou o pedido de casamento de um cara que você sabe que não te ama. Isso não é vida pra você. Você merece ficar com alguém que te ame de verdade.

- Você? – Gina perguntou.

- Se você me quiser, você sabe que eu sou seu.

- Não dificulta.

- Gina! – Arthur chamou da porta. – Chegou a hora minha querida!

Gina respirou fundo.

- É só me dar a mão e eu te tiro daqui. – Harry disse com um sussurro.

Gina o empurrou para o banheiro e fechou a porta. Então abriu a porta do quarto para seu pai.

Arthur beijou Gina na testa e a cobriu de elogios enquanto caminhavam para fora da casa.

A mente de Gina trabalhava como uma turbina pensando em tudo que Harry dissera, constatando pequenos fatos que deveriam fazer alguma diferença em sua relação com Draco. E foi quando ela pisou no tapete dourado, quando a música começou e todo mundo ficou de pé, Gina perguntou-se como, em nome dos calções folgados de Merlin, ela deixou toda aquela mentira ir tão longe. Sua relação com Draco nunca fora sentimental. Era atração física, uma atração muito forte, que ela deixou-se enganar pensando que era amor. No fundo, Gina sempre soube que Draco era a solução para ela esquecer Harry, uma vez que eles eram totalmente opostos um do outro. “Pare com isso”, ela disse a si mesma, quando focalizou Draco, “não seja covarde, você pode fazer isso, não dá pra desistir agora.”

Então ela estava debaixo do arco branco junto com Draco, o juíz de paz começou a falar, mas a mente de Gina prestava parcial atenção. Harry juntara-se a multidão, sentado no último banco.

- (...) Alguém aqui é contra esse casamento? Que fale agora ou cale-se para sempre. – Anunciou o juiz de paz.

Gina e Draco encararam a multidão. Draco estava pronto para socar qualquer um que levantasse. Gina desejou de todo coração que alguém se levantasse. Desejou até que uma amante de Draco aparecesse, mas nada aconteceu.

- Bem, então Draco Lucius Malfoy você aceita Ginevra Molly Weasley como sua amada esposa? – Perguntou o juiz.

Na primeira fileira Molly e Narcisa choravam assim como algumas mulheres ao longo das fileiras. Gina desejou que ele dissesse não, mas ele não o fez.

- Aceito.

Gina engoliu seco.

- Ginevra Molly Weasley você aceita Draco Lucius Malfoy como seu esposo?

Gina hiperventilava. Draco a encarava assustado conforme os segundos passavam. Todos a olhavam agora.

- Não. – Ela disse por fim.

Um burburinho começou a correr e Gina começou a tremer.

- Como não? – Draco perguntou.

- Você sabe que nós não fomos feitos um pro outro, não sabe?

Draco apenas a encarou.

- Isso nunca ia dar certo, não é? – Draco disse por fim.

- É, nós não conseguiríamos aturar um ao outro todos os dias.

- Tudo bem então. Mas você podia ter chegado a conclusão de fugir com o Potter antes de termos gastado tanto, não é?

- É, eu deveria.

Então os dois encararam a multidão, meio inseguros.

- Bem, acho que não vai ter mais casamento. – Draco anunciou.

Alguns ficaram chocados, outros, como Lucius e Arthur pareciam segurar o riso, então o Sr. Malfoy disse:

- Ufa.

Gina e Draco riram.

- Só vocês que não perceberam que ninguém estava feliz com isso, fora vocês dois. – Continuou o Sr. Malfoy.

- É. Eu estava apavorado por pensar que minha única filha e meus futuros netos teriam o que conviver com o Malfoy. – Disse o Sr. Weasley à Jorge, que riu abertamente.

- Ora, cale-se, Weasley. – Disse Lucius.

- Cale-se você!

- Chega os dois! – Disse Molly.

- Ginevra pare de estupidez, case-se com o rapaz! Ele é rico! Não seja idiota! – Resmungou tia Muriel da primeira fileira.

- Tia! – Gina disse sentindo o rosto corar.

Harry levantou-se e caminhou até o altar onde foi seguido com todos os olhares.

- E agora? – Perguntou Hermione da segunda fileira.

- Agora Granger, vocês aproveitam a festa. – Draco respondeu. – Potter, a Weasley e eu já não temos mais o que fazer aqui.

Draco deu um beijo na testa de Gina. Gina devolveu seu anel de compromisso a Draco.

- Vou embalar suas coisas, depois você passa pra pegar. – Ele disse antes de dar um último sorriso e caminhar com as mãos no bolso até sumir no portão. Todos os convidados de Draco começaram a ir embora depois disso.

Gina encarou Harry, que sorria de orelha a orelha e lhe estendeu a mão. Harry a segurou a mão de Gina e eles caminharam pelo grande tapete dourado lado a lado.

- Não nos olhem assim! – Gina resmungou. – Com a saída dos convidados do Draco, há muita comida e bebida de sobra, aproveitem porque eu já paguei!

Então a banda começou a tocar uma música animada e as pessoas foram deixando o choque, os garçons começaram a circular outra vez e a festa começou.

When you left I lost a part of me

It's still so hard to believe

Come back baby please cause

We belong together

Who am I gonna lean on when times get rough

Who's gonna talk to me till the sun comes up

Who's gonna take your place

There ain't nobody better

Oh baby baby

- É bom que valha a pena, está me entendo Potter? – Gina disse quando alcançaram o portão. – Não quero estar cometendo outro erro.

- Nós estamos juntos agora – Harry disse. – Nada mais é um erro.

Cause we belong together


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