Pelo Seu Amor escrita por BakaLora


Capítulo 1
Submissão dos pecadores




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–“Linda. Sim! A mais bela de todas... E agora, é apenas minha.”

Era tão linda, que poderia me matar quantas vezes ela deseja-se. E agora está aqui, deitada sob a minha mesa, iluminada por esta lâmpada gelada como o vento de inverno, que só destaca os contornos de seu corpo com tons de neve, descansando como um anjo. Levo as pontas dos dedos até seu corpo, e encosto-o suavemente contra este que se encontrava quente, sentido cada curva de seu corpo, cada traço, cada desejo, que ali me proporcionava. Sim, era perfeito, me fazia delirar, querendo subir pelas paredes para poder afastá-la de meus desejos insanos. Sim! Excitava-me, seu corpo com aquela luz fraca o iluminando, parecia ter sido modelado pelo próprio desejo do Todo Poderoso.
Senti o calor de seu corpo em minhas mãos machucadas e maltratadas pelo trabalho escravo de todos os dias. Subo a mão até seu rosto, sua pele era macia e suave, parecia um anjo dormindo profundamente, passo um dos dedos em seus lábios, que agora se encontravam quase sem cor, mas sem fazê-la perder o charme. Minha mão vaga por sua bochecha e pouso-a por um breve momento em sua testa, admirando-a. Perfeita.
Levo os dedos até seu cabelo vermelho cor de fogo; com perfeitas ondas selvagens que se lançavam até sua cintura. Pego uma mecha de seus cabelos, os levando até meus lábios, sentindo sua maciez e seu suave perfume de rosas. Meus pensamentos me levam ao delírio. Imagino nos dois, nos abraçando, nos beijando, minhas mãos em sua cintura, sentindo o aroma de seus cabelos e sua pele macia contra meu corpo. Sinto meu coração quase sair pela boca. Entretanto abro meus os olhos e a encontro ali, deitada. Meu sorriso some por alguns instantes, voltando em seguida. Vejo que agora sim, ela seria minha para sempre. Só minha!
Trago para perto de onde eu a deixara, uma mesinha com todos os meus materiais arrumados conforme eu os usaria. Em seguida, pego meu avental branco, que havia lavado especialmente para ela, e o coloco, cobrindo as minhas pobres e velhas roupas. Ponho luvas de borracha nas mãos e visto uma mascara, para que ela não se assuste com o que poderia ver. Olho novamente para ela antes de começar meu trabalho, pousando minha mão, agora com a luva, sob seus olhos fechados. Anjo.
Minhas mãos saem de seu rosto e meus pensamentos voltam à sala. Pego alguns pedaços de pano e amarro seu corpo contra a mesa. Tiro um pano branco e mais limpo da gaveta, e a amordaço. Minhas mãos voltam a minha mesinha de materiais. Tiro dela um dos bisturis e o coloco contra a fraca luz, vendo seu fio praticamente perfeito. Testo-o em meu braço, e observo a cor vibrante e quente escorrer.

– “Sim, perfeito!” - exclamo.

Passo ele entre seus seios e paro próximo à clavícula.

–“Por favor, meu amor. Perdoe-me, mas terá de ser assim.” – suspira – “Afinal foi você que me forçou a isso.”
~~~~~~

–“Que sol, brô.” - digo a meu amigo, que está ao meu lado visivelmente sem fôlego, e claramente mais cansado do trabalho.

–“Nem me fale... Eitá trabalho duro esse. Se ao menos tivéssemos algo para beber, mas nem isso eles nos dão.” – pestanejou.

–“É, mas um dia tudo isso vai melhorar prometo, e te levo na bagagem.” – soltamos uma gargalhada gostosa, aquela em que amigos sempre dão quando concordam com algo que sabem que está longe de se tornar real.

–“Ah, vai! Até lá já vou estar velho, e provavelmente com problemas de coluna, de memória, de... de. Ah! Problemas de pessoas idosas, pronto.” – ele diz num tom de ironia, mas por fim acabamos rindo novamente.
~~~~~~

Forço o bisturi formando uma linha de sangue, que começa a escorrer de seu corpo, tingindo sua pele de escarlate. Ela geme. Seus gritos são abafados pela mordaça e seu corpo se contrai contra as amarras.

–“Quieta! Foi você que me fez chegar a isso.” – respondo com ódio.

Bufo contra o nada por conta da fúria, e abaixo seu corpo até a mesa com uma das mãos. Faço força com o bisturi com a outra mão abrindo um corte até seu externo. Percebo que em seu rosto escorria uma lagrima de dor.

–“Não chore amor, vai acabar logo.” – falo calmamente, com uma pontada de dor no olhar.

–“Ah!”- ela gemia, como se em seus sonhos estivesse sofrendo. Como se estivesse sendo devorada.

Ela tenta gritar, porém, desta vez com mais desespero. A força que ela faz com o corpo quase vence a da minha mão sob ela, mas utilizo mais força contra ela e a abaixo novamente. Ela fica se debatendo, e se contorcendo muito, fazendo com que o meu bisturi não fique no lugar certo.
Uma raiva repentina apoderasse de meu corpo e a empurro com muita força contra a mesa, sem ter como trabalhar deposito meu bisturi sob a mesa. Uso minha outra mão, para parar ela e espero um momento. Em sua face encontrava a dor que sentia diante da minha força sobre seus novos cortes.

–“Pare!” – grito novamente.

Seus gemidos são cada vez mais fracos e seu corpo aos poucos vai perdendo a força. Seu rosto relaxa. Pego novamente meu bisturi e o cravo na outra clavícula. Passo ele com força, fazendo outro corte até seu externo. Ela novamente se contorce e geme.

–“Já falei para parar!” –grito já com lagrimas nos olhos- “Sei que dói um pouco, mas não tenho escolha, você é minha! Só minha!”
~~~~~~

–“Meu Deus...”

Deixo de lado o que estava carregando e fico paralisado, admirando aquela garota. Como ela era linda, vestida naquele vestido curto e esvoaçante, sua cor era neutra que ao sol se tornava quase transparente por onde se pôde ver, com um certo cuidado, as curvas do seu corpo. Ela passeava ao lado do coronel. Ele estava todo orgulhoso mostrando-lhe suas terras. Meus olhos acompanham seu caminhar escondidos por trás de uma das árvores.

–“O que você está fazendo aí, homem?” – perguntou meu amigo, que apoiou sua cabeça em meu ombro para descobri o motivo de minha paralisia.

– “Nada.” – respondo apôs o susto ter passado.

– “Nada é?” - diz ele fazendo uma pausa e observando minha reação – “Brô, é melhor parar de olhar pra ela, é a sobrinha do homem, se ele te vir fazendo isso, mesmo que seja apenas olhar, ele mandaria te matar.”

– “Mesmo que você diga isso, não é como se eu conseguisse parar” – respondo com um ar de desabafo.
~~~~~~

Coloco novamente meu bisturi na mesa e com as duas mãos forço seu corpo para baixo. Ela se contorce bastante e grita desesperada, até que uma hora seu corpo para. O sangue que formava um traço perfeito sob seu corpo se borrara todo por conta de sua histeria. Tiro as mãos dela. Seu peito está todo vermelho e minha mesa já está quase completamente suja com seu sangue.

–“Dormiu.” – suspiro aliviado.

Pego novamente meu bisturi e corro desde sua cintura até seu pescoço em um traço reto, de leve, parando no meio da junção das duas clavículas. Enterro ele e puxo com força até seu umbigo. Tiro o bisturi de seu corpo, passo ele no avental limpando o sangue e o coloco novamente em seu corpo, ligando os cortes. Pego então um pano, umedeço-o com água limpa e morna, e limpo seu corpo de todo aquele sangue que destruíra sua bela imagem. Contenho o sangue por algum tempo em alguns lugares que ainda sangrava muito. Coloco minha mão em seu pescoço, não sinto mais seus batimentos.
Meus olhos se enchem de lágrimas e me vem um aperto no coração; mas sei que era preciso, só assim ela seria minha, só assim a teria. Seco meu rosto e continuo o trabalho. Jogo o pano no chão e pego uma faca mais longa. Vejo seu fio contra a luz. Perfeito!
~~~~~~

–“Eu te amo mais que tudo.” – minha voz sai carregada de desejo e carinho.

– “Me larga!” – ela grita desesperada, enquanto pestanejava.

– “Fique comigo!” – lhe suplico, segurando-a pelo braço.

– “Socorro!” – grita enquanto chora de pavor.

Um desespero percorre meu corpo e acerto-lhe com um pedaço de pau em sua nuca. Ela perde a consciência com a força da pancada e desmaia.

– “Preciso ter você.”

Pego ela e carrego no ombro. Levo-a com pressa até minha pobre e pequena casa.
~~~~~~

Fecho as costuras em seu corpo com todo cuidado, fazendo pontos perfeitos, tentando preservar ao máximo sua pele normal; está parecendo um anjo, penso. Tiro as luvas sujas das mãos, e sinto aquele forte desejo novamente. Um largo sorriso forma-se em meu rosto.

– “Pronto.”

Admiro então seu corpo ali deitado, já preenchido com palha e formol. Seu rosto ainda esboça o desespero, mas nada que um pouco de maquiagem não resolva, o mesmo posso dizer sobre aqueles fios pretos que agora fazem parte de sua linda, e branca pele.

– “Só mais um retoque e você ficará perfeita.” – acaricio seu rosto com as pontas dos dedos, agora já não cobertos pelas luvas com sangue – “Pronto meu amor, agora você é minha. Será minha agora, e para todo o sempre.”



[CONTINUA...]


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Notas finais do capítulo

Então essa é a primeira parte de uma história que havia escrito há um bom tempo e que gostava muito [ela ama reler algo que ela faz e considera bom].
Entretanto ao reler esta, notei que não estava finalizada completamente, por esse motivo decidi dividi-la em duas partes, a primeira que foi escrita mais ou menos três anos atrás, e a segunda que foi integrada mais tarde. ;]



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