Corações Perdidos escrita por Kuchiki


Capítulo 7
VII - Maldita Teimosia


Notas iniciais do capítulo

Voltei pessoal! Esse capítulo ficou uma droga mas pelo menos eu postei alguma coisa... Não sabem como foi difícil arrumar tempo para escrever. Mal aí pela demora.
Gostaria de agradecer à Téeh pela linda recomendação. Espero mais coentários dela porque me fez mesmo muito feliz. E me deu mais motivação!
Enfim, esse capítulo retrata mais um sentimento desabrochando e as dúvidas que todos tem quando amam... Eu espero com sinceridade que gostem!



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"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar."

Carlos Drummond de Andrade


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ESTAVA dispersa. Quando percebi, ele havia amarrado uma venda nos meus olhos. Tudo estava escuro.


– DC!? – Gritei assustada... Com medo.


– Calma, estou aqui. Isso faz parte. Deixa que eu guio você até lá. – Estacionou o carro. Segurou meus braços com firmeza.


– Para que tudo isso? – Perguntei tateando o nada.


– Sempre cheia de perguntas, hein? – Passou as duas mãos pelos meus olhos que até então estavam vendados. Senti um vento gelado me atingir, cambaleei, quase o derrubando.


– “Calma menina.” – Sussurrou no meu ouvido. Logo voltou a segurar uma mão minha, e o braço.


– Está longe? – Fiz mais uma pergunta, esperava ao menos uma resposta sua.


– Chegamos. - Falou tirando minha venda. O lugar era lindo, um tipo de jardim, mas parecia mágico de tão lindo.


– Por que me trouxe? - Cheirei uma flor. Uma bela margarida.


– É nesse lugar que eu tenho paz. Quando quero um tempo para pensar, é aqui que fico. - Se sentou no chão. O apalpou e fez um gesto com a cabeça, queria que eu sentasse ao seu lado. Me sentei.


– Finalmente mostra o seu lado normal. Muitas pessoas fazem isso. - Disse e suspiei. - Ah, é muito bonito aqui, parece um paraíso... - Olhei para todos os cantos, buscando em alguma brecha, um pingo de imperfeição.


– Eu também denomino esse lugar de paraíso. Tem coisas que são impossíveis contrariar mesmo. Esse é o jardim da minha casa. É mais para os finais de semana, feriados. Mas há muito tempo não passamos uma temporada aqui, como disse anteriormente, venho sozinho quando tenho oportunidade. Eles, meua pais, trabalham nos finais de semana, e isso complica ainda mais. - Deu uma pausa para me olhar. Eu fitava fixamente uma borboleta noturna. A mesma se encontrava repousada na árvore. - Você tinha que ver o rio que tem aqui perto, é a coisa mais linda. - Finalmente saindo do transe, o encarei. Sorri para ele enquanto segurava a sua mão.


– Me leve a esse rio. Quero ver se é verdade. - Mordi meu llábio inferior, já ele fez uma cara brava, que logo se transformou em uma bem sacana, divertida.


– Tem certeza moça? - Olhou para baixo como quem não quer nada.


– Mas é claro. Eu não quero nadar, apenas admirar a beleza. Será que isso é crime? - Fiz uma careta e ele me puxou. Corremos de mãos dadas desviando de todos os ostáculos... Pedras, árvores. Tivemos de sair daquele paraíso, o rio não ficava na casa dele, isso é lógico. Era um pouco mais longe. Nada que uma boa caminhada não resolvesse.

Mais e mais árvores.


– E então Mô? O que me diz disso? - As águas cistalinas refletiam a maravilhosa luz da lua.


Tudo se saia tão perfeito que eu tinha até medo de estar sonhando. Por via das dúvidas, nem tentei me beliscar, não valia a pena. Caminhamos calmamente, tiramos nossos sapatos e ficamos apenas com o pés na água gelada. Nem liguei para a temperatura já que por dentro, eu pegava fogo. Todos os sentimentos se misturavam quando estava com Do Contra. As mais variadas reações e emoções eu sentia.


– Será que a senhorita poderia me conceder o prazer desta dança? - Deu uma risada e segurei sua mão mais uma vez.


– Dançar na água? Só você mesmo... - Ri junto.


– Aceita vai... - Deu um suave beijo em minha orelha e eu me arrepiei toda. Apenas assenti.

Pus minha mão em seu pescoço enquanto ele segurava minha cintura.

Eu rodopiava em seus braços, o infinito não era o bastante para nós dois. Quando estou com ele me sinto protegida, segura. Como posso confiar tanto em uma pessoa que acabei de conhecer? Como posso ter tanta afeição por ele?



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(Autora)


– Mamãe, a senhora já vai dormir? Não vai nem esperar a Mônica chegar? Ou o papai... - Disse Magali, enquanto observava sua mãe colocar uma longa camisola.


– Minha filha, eu dei um prazo para a menina chegar, mas está bem na cara que ela vai se "atrasar" um pouco. E o seu pai? Para mim ele morreu! Se ele quiser ir embora tudo bem, não faz falta! - Mais uma lágrima escorreu pelo seu rosto enquanto ela tentava se conformar com a ideia de ser traída, porém, era impossível. A cara da comilona se fechou com a maneira da mãe falar de seu pai. Sim, ele fora idiota, covarde, mas era seu pai do mesmo modo. - Desculpe meu jeito de falar, minha filha, é que a raiva é muito grande ainda sabe? Nem sei que desculpa eu vou usar no trabaho amanhã. Não posso perder esse emprego...


– Tudo bem mãe... A senhora precisa descansar mesmo. Se quiser, passo a noite com você. - Se sentou na cama ao lado da jovem senhora.


– Eu aceito isso sim. Amor de filha é sempre bem-vindo! - A abraçou ternamente.


– Mas eu só venho dormir quando a Mônica chegar. Espere só um pouco. - Deu um beijo gostoso na bochecha dela e saiu do quarto.


Antes de dormir, quase caindo na armadilha da tristeza, do choro, ela se manteu forte. Apenas pensou em uma verdade de Caio Fernando de Abreu:


"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada "impulso vital". Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como "estou contente outra vez"."



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(Mônica-PDV)


"Paixão, estopim aceso. Ai meu Deus que medo, dele se apagar. Paixão, minha adrenalina, arde na retina quase a me cegar..."Ele começou a cantar. Estranhei o tipo de música que ele cantava para mim, acho que, na verdade, tudo é estranho quando estou com ele.


– Por que está cantando? - Perguntei soltando sua mão.


– Quando estou com você, ela sempre me vem à cabeça, desculpe. - Ele ficou vermelho, esse tom o deixou ainda mais lindo e atraente. Eu corei junto.


– E o que quer dizer com isso? - Olhei para baixo, para meu azar, as águas refletiam o rubro de meu rosto. Ele não me espondeu nada, continuou cantando:


"Paixão, faca de dois gumes. Preso por ciúmes. Livre pra voar... Paixão, vale até mentira! Mas ninguém me tira, meu enfeitiçar... Paixão, indomável coração! razão porque canto esta canção! Paixão, ela é nossa saga, leva e nos afoga, salva e nos afaga... Nunca vai mudar... – Nossas mãos se encontraram novamente e ele, sussurrou no meu ouvido:

"Passione, nuostro vuolo checo. È iluminnato, siemi solo... A te."


– Eu não faço ideia do que você está falando... Dá para falar em português? - Me fiz de desentendida enquanto meu coração quase pulava para fora da boca. Minhas pernas estavam trêmulas e a cada toque de nossos corpos era um arrepio. Meu estômego se revirava, estava sentindo uma forte tontura, como se estivesse perdendo meu próprio controle. Ele me deixa louca. Literalmente maluca.


– Posso explicar o que sinto sem dizer uma palavra... - Encostou sua testa na minha. Ele percebeu meu estado e me abraçou ainda mais forteente e ao mesmo tempo ternamente. Nossas bocas estavam à milímetros de distância, dessa vez não havia nada que podia nos impedir. Nenhma Denise se encontrava por perto e de alguma forma eu estava feliz por não ter nada que impeça isso. Enfim chegou o meu momento...

Ele me beijou, embora não fosse nenhuma surpresa, eu me assustei. Eu gostei mesmo. E sentia vontade de tornar segundos no meu "para sempre". Pensei qe fosse apenas ilusão de uma garota que mal teve adolescência mas é tudo bem diferente. Mexe lá dentro...

E o mais estranho, era como se nossos lábios já tivessem se encontrado outra vez. Há muito tempo atrás.

Nossas línguas dançavam em uma sincronia perfeita. A cada toque eu me arrepiava ainda mais e o desejo por seu corpo crescia.Dei um impulso para ele me levantar, minhas pernas se cruzaram em torno de sua cintura enquanto meus braços se apoiavam em seus ombros. Minhas mãos acariciavam da testa a sua nuca.


Paixão
À primeira vista
Sentimento arrisca
Morre pra viver


Estava tudo tão bom... De repente, ele me solta, me coloca no chão. Pega seus sapatos e corre para sua casa. Eu, fui atrás pensando que tivesse errado em alguma coisa.


– Do Contra! - Gritei na esperança do rapaz me ouvir. Ele entrou com os pés molhados em casa, deixando as marcas de seus pés no chão. As segui, elas me levaram à porta de seu quarto. - DC! - Repeti carinhsamente enquanto tentava uma aproximação.


– Eu quase fiz uma besteira com você, Mônica. Me desculpe, isso não vai mais acontecer. - Colocou a cabeça entre as pernas.


– Onde eu errei? - Perguntei acariciando seus cabelos espetados. Era incrível como as vezes ele lembrava o Cebola. Seu jeito sem graça de ser, humilde, que aje por impulsos. Só de lembrar do Cebola, eu me lmbro de mim, como se tivéssemos nós três alguma ligação.


– Você é perfeita Mônica. Não fez nada de errado. Eu é que comecei com isso. Eu não posso continuar uma coisa que você não quer. Eu reparei o jeito que ficou, é claro que uma menina linda assim não ia querer nada com um contrariado como eu. Estava somente fingindo para não me machucar. Eu percebi tudo agora, não precisa mais fazer isso. - Era como se tivessem acertando uma faca bem no meu coração. Neguei com a cabeça enquanto lágrimas escorriam.


Paixão
É minha tortura
É loucura e cura
Minha guerra e paz
Paixão
Meu certo e errado
Seguem bem casados
Parecem iguais

– Você me faz tão feliz DC... Não diga isso! Nunca! - Apoiei minha cabeça em seu peito. - Tem feito eu senti coisas que eu nuca havia sentido. Coisas que eu duvidava da existência até te encontrar. - Minha lágrima caiu em ua blusa. - Eu nunca fui tão feliz desde a morte de meus pais. Você fez eu me sentir viva novamente, como um anjo. Meu coração palpita tão forte quando estou com você... Todos os momentos mesmo que sejam poucos, foram perfeitos. Eu sinto algo por você sim. Será amor? - Foi minha última pergunta. Ele continuou tão estático quanto uma pedra. Com os olhos vermelhos. Ele seurava as lágrimas, seria para me contrariar? Passei a mão pela sua face agora gelada pelo nervoso. No mesmo momento que o toquei, o que estava prendendo saiu, a lágrima escorreu.


– Vou te levar para casa. Está ficando tarde, sua tia ficará preocupada. - Antes que pudesse discordar ou dizer qualquer outra coisa, ele me calou com o dedo em minha boca. - Vai ser melhor assim, te levo para casa e ponho as ideias no lugar.


– É... É melhor esquecer que isso aconteceu, somos amigos! - Murmurei contra minha vontade, Sua cara ficou ainda mais fechada. "Eu sou uma idiota mesmo." Não tenho coragem de falar diretamente o que sinto por ele, até porque não consigo construir isso em palavras. A minha teimosia sempre vence. E o pior era que eu não tiraria o que disse porque ele já havia ido para o carro.

Não nos falamos pelo resto do caminho.

Paixão
Indomável coração
Razão porque canto
Esta canção


__X_x_X__


Minha cabeça se encontrava repousada no travesseiro. Antes no peito dele.


Quando cheguei, encontrei Magali dormindo no sofá com uma travessa cheia de pipocas na mão e a tevê ligada. É claro que a acordei e mandei para o seu quarto. A coitada estava com tanto sono que não me disse nada, nenhuma palavra. E outra coisa que me leva a essa suposição, de que estava com sono? Quando acordou, jogou todas as pipocas no lixo. Magali em seu juízo perfeito nunca faria isso.


Tomei um banho bem gelado para ver se aliviava o peso da alma mas de nada adiantou. Só me serviu para ficar como corpo limpo por for. Por dentro estou tão suja...

Como faz calor, durmo com apenas com um lençol fino. Queria experimentar. Será que o sono faz com que isso passe?


Tive o mesmo sonho daquele dia:


"Do Contra me olhava nos olhos, me dizia o quanto eu era importante para ele, o quanto me amava e nunca deixaria de amar. Seus olhos negros cheios de dor choravam por mim, que não acordava, meu corpo estava tomado de água. Minha pele chegava a ter um tom marmóreo, de tão branco e tão gelado que estava.

Nossos corpos, ambos molhados tremiam. Lábios arroxeados pelo frio que fazia. Eu não repspirava direito, mas tremia e muito.

Estava em um tipo de estado de choque, mesmo estando molhada, sentia todo o meu ser pegando fogo. Acho que explicava o choque..."


Haviam mais detalhes agora. Quando finalmente tive força para abrir os olhos, via helicópteros, estávamos em mar aberto e eu tinha marcas no rosto. De toda sorte de coisa, de tapas, arranhões, eu deveria ter levado uma surra. Os espíritos dos meus pais dessa vez não falavam nada. Continuavam naquele silêncio. Do Contra chorava muito, isso eu via e a única coisa que pude sussurrar para ele antes de partir foi:


"Eu te amo."


Paixão...

Passione...

Passione...


Quase gritei quando acordei. Ver si mesmo morrer em um sonho é uma coisa muito louca. Estava com falta de ar e com fome pois não tinha comido nada na minha saída. Segunda vez nessa semana que tenho esse pesadelo. Me olhei no espelho e disse que estava tudo bem.

Rapidamente desci as escadas e fui até a cozinha. No momento em que abri a porta da geladeira, sinto alguém passar a mão pelo meu rosto. Meus olhos pararam, ficaram sem reação, perdidos, estáticos, pareciam de vidro. Apenas se arregalaram e o copo que eu havia pego para beber água se espatifou no chão.


Continua...


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Notas finais do capítulo

Final ridículo eu sei... Mas depois de um simulado, eu não tenho mais cabeça para nada. Tentarei fazer o próximo o mais rápido possível e bem melhor que esse ok?
Beijos no core de todos! S2
Cáh.