Melanie Monrroe

- Corre! Corre!- gritava Rony, seu melhor amigo desde que se conhecera por gente- Corre, Melanie! 

Acordou, num sobresalto violento. Já fazia três anos que esse episódio ocorrera, e ainda tinha pesadelos. Eles eram constantes, principalmente nas vésperas de um dia importante, e essa segunda era realmente um dia importante. Era seu primeiro dia de aula na nova escola. Melanie não estava nem um pouco animada com o fato de ser a novata. Já vivera isso antes, umas sete vezes. Seis vezes nos últimos três anos. Coincidência? Provalvelmente não. Melanie sempre se metera em encrencas desde o acidente. Já se envolveu com drogas, já foi emo, galerosa, e até teve problemas com a máfia. Foi por isso que sua mãe decidiu mudar de cidade.

A garota elvantou, se sentindo tão mal, como se cada vez que sonhasse com isso, uma parte do coração dela fosse arrancada. E Malanie desconfiava que em breve não haveria mais pedaços, não haveria mais nada.

Levantou da cama. O edredom ainda estava enrrolado em seu pé, ela tombou e caiu no chão. Já estava acostumada, de vez em quando ela se esquecia que tinha o hábito de enrrolar o pé direito ao dormir, hábito que mantém há três anos. Desenrrolou-o , por mais que o dia tivesse começado ruim, ela não estava muito estressada ou chateada, a maioria dos seus dias eram ruins e por enquanto nada de muito ruim aconteceu, isso a deixava um tanto contente.

Ela se apoiou na cama e se sentou, olhou para as paredes do seu quarto, como estavam diferentes do último semestre! Tinha substituído os posters do Metallica, por uns do Justin Bieber, um novo cantor meio bonitinho de cujas músicas Melanie só tinha ouvido uma. Não sabia bem por que tinha feito isso, mas achou que tinha ficado bom, estava diferente, e ela gostava de mudanças. Bem gostar talvez não fosse o termo certo, ela necessitava de mudanças constantemente. Por que? Melanie não sabia, assim como tantas coisas cujas respostas não encontrava. Simplesmente ela agia por instinto, não como um animal, somente não pensava no que fazia ou no que dizia, tudo parecia estar fora de seu controle.

Melanie continuo olhando para os posters e pensou que devia saber mais sobre esse tal Justin e ouvir algum Cd dele se quisesse realmente ser fã. Melanie era assim, tudo o que fazia era em excesso e ela estava destinada a ser a fã numero um de Justin Bieber. Mas isso seria quando voltasse da escola, agora tinha de se arrumar.

Ela foi até o banheiro, lavou o rosto e escovou os dentes. Olhou para seu reflexo e não se reconheceu. "Ótimo!" pensou Melanie. Ela agora estava loira e iria usar lentes zuis. naõ gostava da cor de seus olhos, eram quase totalmente negros. Esse fato tinha sido bom quando fora emo, mas agora não era mais. Teria de mudar, apesar de não gostar nem um pouquinho de usar lentes. Ela tinha um estoque de umas cinco. Porque sempre deixava cair no chão ou outra coisa. Ela e a mãe não eram ricas, mas tinham uma boa situação. Melanie recebia todo mês 500 dólares de um fundo bancário que seu pai deixara para ela. Era muito comparado aos outros adolescentes que tinham amesma idade dela, mas para Melanie, era muito pouco. Na verdade esse dinheiro que ela recebia era apenas o juros do que tinha no banco. A mãe só tocara no dinheiro umas 5 vezes. Só para emergências. Ta tinha muito dinheiro no banco, sim talvez ela até fosse bem rica. Mas a mãe as fazia viver somente do salário que ganhava como secretária de uma firma importante, dava por volta de uns 1560 dólares por mês fora a mesada de Melanie. A garota não sabia o porque dessa economia, mas a mãe dizia que era prar quando ela fosse pra faculdade, mas Melanie duvidava que algum dia iria pra faculdade, ela não tinha competência pra isso." Rony tinha, ele daria um ótimo médico, o melhor de todos", pensava Melanie de vez em quando. Mas esse pensamento a entristecia e ela cuidava de afastá-lo depressa.

Tomou banho, demorado pois ainda estava com sono. Abriu a janela depois que acabou, ficou feliz por constatar que o dia estava quente e lindo. Ainda bem que não estava chovendo como nos últimos dias,  pois não tinha uma roupa decente para o inverno. Caminhou até o guarda-roupa, ia se trocar, mas lembrou-se de fechar a janela. Tinha um garoto no apartamento do prédio ao lado que ficava observando as mulheres do prédio onde ela morava se trocarem. Talvez o quarto de Melanie não estivesse ao alcançe do binócolos do garoto, mas não queria correr o risco. Colocou uma roupa simple, cores neutras, nada que chamasse atenção(http://www.polyvore.com/cgi/set?id=43970852&.locale=pt-br). Pelo menos nessa primeira semana de aula não queria ser notado. Prendeu o cabelo num rabo de cavalo , tomou medidas para que nenhum fio ficasse bagunçado. Não peneara o cabelo asiim há muito tempo. Era como sempre o usava quando tinha doze anos, desde então nunca mais.

Melanie caminhou até a cozinha. A mãe ja estav preparando ovos mechidos com salsicha e um suco de laranja. O café de Melanie favorito.

- Oi Bom dia, querida!- disse Catelyn Monrroe à filha- Como foi a noite? Dormiu bem?

-É... O mesmo de sempre- disse Melanie, comendo desanimada.

- O seu cabelo, filha. Nunca o tinha visto assim de novo! - disse Catelyn, na esperança de que a filha estivesse superando o trauma. Na verdade, esperança era a única coisa que restava a Senhora Monrroe. Esperança e o amor infinito que sentia pela filha. Ela deu por si sorrindo.

 As duas ficaram em silêncio por muito tempo até que Melanie disse:

- Sabe que dia é hoje, mãe?- perguntou.

- Sei- disse a mãe lançando a ela um olhar triste- fazem três anos.

O silêncio perdurou por mais um tempo. Até que Catelyn pegou na mão da filha.

- Vamos superar...- disse ela.

- Superar?- disse Melanie surpresa, e afastando mão da da mãe- Você nem sequer se lembra mais de Rony, ou de meu Pai! Aliás você nunca amou ele, nem sente falta! Pra você é fácil superar! Mas eu... Eu nunca vou superar... Nunca!

Disse a garota, pegou a mochila e saiu batendo a porta bem forte. Melanie começou a andar sem saber pra onde ia.