Bright Green Eyes escrita por NanaPanda


Capítulo 1
Capítulo único




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Bright Green Eyes

A garota loira não conseguia parar de mexer a perna observando o relógio, que estava pendurado na parede, do outro da pequena cafeteria em que se encontrava. A hora parecia demorar para passar de propósito, debochando dela, o que a deixava ainda mais impaciente. Tinha chegado mais cedo hoje, exatos trinta e cinco minutos antes das cinco, e agora ainda faltavam dez minutos para aquela tão esperada hora chegar, dez minutos que não queriam passar de jeito nenhum.

A menina suspirou vendo o ponteiro maior atingir o número doze novamente, mas o ponteiro pequeno parecia não querer se mexer. Afundou ainda mais seu corpo pequeno na poltrona em que sentava todas as tardes e levou seu copo de café, agora quase frio, aos lábios e pela primeira vez a cafeína não a acalmou.

Colocando o copo de volta a pequena mesinha que ficava do seu lado esquerdo a menina loira correu o olhar pela cafeteria novamente. O lugar era pequeno e justamente por causa disso era extremamente aconchegante aos olhos da menina, já que esta tinha pavor de lugares abarrotados de gente e costumava os evitar a todo custo; a maioria das mesas e poltronas estavam ocupadas por adultos vidrados em seus notebooks e uns dois grupos de adolescentes mexendo em seus celulares caros e conversando entre si. O cheiro de café era forte, um ponto alto de passar cinco tardes por semana naquele pequeno lugar, o outro era que podia ler sem ser incomodada, o que não era possível em casa, já que suas duas irmãs mais novas eram barulhentas demais e não sabiam resolver o menor dos problemas sem a sua ajuda.

Encontrar aquele lugar foi uma alegria imensa para ela, e à dois meses essa alegria aumentou consideravelmente.

Soltou outro suspiro e fechou os olhos relembrando daquela quente tarde de terça-feira, uma das melhores de sua vida.

Ela estava concentrada devorando o livro que segurava, este estava no final, portanto mais interessante do que nunca, nada poderia a distrair nesse momento tão importante, mas quando o pequeno sino acima da porta da cafeteria fez barulho, indicando que alguém tinha acabado de entrar, ela acabou levantando o olhar do livro para a porta e então seu coração falhou uma batida.

Um menino loiro, de cabelos curtos e bagunçados na medida certa, tinha acabado de entrar. Ela acompanhou seu trajeto até o balcão se sentindo num filme, pois tudo se passou em câmera lenta. Ele trajava uma roupa simples, apenas um jeans e uma camiseta polo, mas ainda assim conseguia parecer recem saído de uma daquelas revistas de moda que uma de suas irmãs tanto idolatrava, fato que não passou despercebido por todas as mulheres que estavam dentro da cafeteria, já que essas observavam pelo canto dos olhos os movimentos do rapaz, assim como ela. Quando seu olhar pousou sobre o rosto do garoto, notou seus olhos. Eles eram verdes, o verde mais brilhante que já vira, pareciam sorrir, e ela tinha certeza que eles eram capazes de expressar fortes emoções. Olhos como aqueles só existiam em descrições de livros, mas no entanto, eles estavam logo ali, e eram magníficos. Assim como à quem pertenciam.

A atendente entregou o café para o rapaz, com uma doçura até desnecessária, e esse sorriu em agradecimento para ela antes de se virar e sair pela porta da cafeteria.

A garota loira só teve tempo de desejar ver esse sorriso mais vezes. De preferencia direcionado a ela. Imaginou então como seria ter esse sorriso direcionado a ela, provavelmente seu coração falharia muitas batidas. Não que ela se importasse. Se repreendeu por esse pensamento, ela não era o tipo de garota que se apaixonava por caras desconhecidos em cafeterias, ou em qualquer outro lugar.

Mas isso não a impediu de esperar ansiosamente pelas cinco horas da tarde, cinco dias por semana.

Abrindo seus olhos novamente ela voltou a encarar o relógio. Cinco horas. Era agora.

Seu coração começou a acelerar. Se sentou corretamente na poltrona e abriu o livro colocando-o na frente do rosto, tentou lê-lo, mas a ansiedade era grande demais. Apurou seus ouvidos e encarou o livro, esperando. Não sabia quantos minutos tinham se passado, só sabia que eles pareciam horas, e quando o sino finalmente tocou e ela direcionou seu olhar à porta mas coração não falhou uma batida.

Mais um grupo de adolescentes passava pela porta, rindo alto demais. Voltou a olhar o relógio e este dizia que eram cinco e dez. O garoto de incríveis olhos verdes não viera hoje.  A decepção tomou conta da garota, que afundou novamente na poltrona. Já não bastavam os dois dias do final de semana, agora ficaria um terceiro sem vê-lo.

Começou a juntar seus pertences preguiçosamente e colocou o pesado casaco marrom, já que nevava lá fora, ajeitou seus óculos de grau, enrolou o cachecol no pescoço e saiu para a rua gelada. 

Andava distraída com a cabeça baixa e abraçava o livro, uma súbita vontade de chorar surgiu e ela se sentiu estupida por isso. Balançou levemente a cabeça para impedir as lágrimas de cair e continuou andando, até se chocar com algo duro e acabar derrubando o livro e sua bolsa.

Suas bochechas começaram a esquentar, era só o que faltava ficar andando distraída por ai e acabar dando de cara com um poste, isso realmente faria seu dia terminar muito bem.

A batida fez com que ela se desequilibrasse, seu corpo começou a ir de encontro ao chão, mas dois braços a rodearam, impedindo que isso acontecesse.

Não era um poste, ela tinha batido em alguém.

Melhor ainda. Agora tinha certeza que suas bochechas eram de um vermelho vivo. 

- Me desculpe. - murmurou com o rosto virado para o chão, se sentindo a pessoa mais patética do mundo.

- Sem problemas. - uma voz rouca respondeu, a menina ficou paralisada ao perceber que reconhecia aquela voz.

Era ele. O garoto dos olhos verdes.

Inconscientemente levantou o olhar para encontrar aqueles incríveis olhos verdes. Como era bom finalmente olhar livremente para eles, sem ter que se esconder atrás de um livro. Ela parecia ter sido sugada para dentro daquela imensidão verde, não conseguiria desviar o olhar nem se quisesse, e isso era a ultima coisa que queria fazer.

Então ela se lembrou que ele ainda a segurava nos braços, e já fazia tempo demais para dois desconhecidos estarem nessa posição. Ela acabou tendo de, alguma maneira desconhecida por ela, interromper o contato visual quando recobrou o equilíbrio, ajeitou seus óculos no rosto e ia se abaixar para recolher seus pertences mas ele teve a mesma ideia, já que os estendia em sua direção.

- Obrigada - agradeceu envergonhada. - e me desculpe novamente.

- Sem problemas, isso acontece. - respondeu olhando-a novamente nos olhos, ele franziu o cenho e uma expressão confusa apareceu em seu rosto. - Desculpe, mas já nos conhecemos?

- Hm, não. - mentiu ignorando seu coração que começara a bater freneticamente em seu peito. Ele não podia ter notado ela na pequena cafeteria. Podia? E analisando bem a situação, não era bem uma mentira, já que eles nunca foram devidamente apresentados. Ela apenas ia a uma cafeteria cinco dias por semana para vê-lo durante segundos enquanto ele comprava um café. E é claro que isso não soa nem um pouco errado, pensou ela.

- Ainda assim tenho a impressão de te conhecer de algum lugar. - respondeu ele analisando cuidadosamente seu rosto. Ela queria que ele não fizesse isso, pois aquele não era nem de longe o rosto de uma garota bonita, mas sim o de uma garota apenas normal. Ele fez um barulho com os lábios e sua expressão de confusão finalmente deixou seu rosto - Eu já te vi sim, naquela cafeteria que fica aqui na esquina. - seu coração estava prestes a explodir.

Ele a vira.

- Oh, sim, verdade, também te vi la. - disse ela rápido demais, mal sabendo de onde sua voz tinha vindo. Aquela situação estava constrangedora demais para ela, quando antes saísse de lá, melhor. Mesmo que isso fosse contra sua vontade. - Obrigada por pegar minhas coisas, realmente não era preciso, e desculpe mesmo por ter esbarrado em você. - completou ela e antes que ele pudesse responder voltou a andar rapidamente. 

- Ei, garota da cafeteria! - ouviu aquela voz rouca chamar atrás dela, e apesar de seu cérebro gritar o contrario, ela parou de andar e girou a cabeça até encontrar novamente o garoto dos olhos verdes. - qual o seu nome?

- Samantha. - respondeu corando novamente. Deus, como era patética.

- Samantha. - ele repetiu, seu nome nunca soara tão bonito quanto agora. 

- E o seu? - perguntou a garota timidamente.

- Max. - incrível como esse nome parecia combinar perfeitamente com ele.

- Prazer em te conhecer, Max. Desculpe novamente por ter esbarrado em você - Samantha disse e se virou para continuar andando, mas foi impedida por uma mão que segurou seu braço, logo abaixo do cotovelo. Apesar de estar usando um casaco grosso de frio, ela conseguia sentir perfeitamente o calor de seu toque.

- Então, Sam - corou mais forte pelo uso do apelido, ninguém nunca a tinha chamado assim, nem seus pais. - querme acompanhar num café? Quem sabe até um pedaço de bolo também. - finalizou ele com um sorriso.

Ela constatou que estava enganada.

Ter aquele garoto sorrindo para ela não era nada como tinha imaginado. Era infinitas vezes melhor. Seu coração parecia dar voltas de felicidade em seu peito, ela não tinha escapatória a não ser aceitar o pedido. Ninguém conseguiria dizer não para um sorriso daqueles.

- Adoraria. - respondeu, fazendo com que o sorriso dele aumentasse mais.

É, ela definitivamente podia se acostumar a ver esse sorriso. 

E, se tivesse muita sorte, consiguiria vê-lo sete dias por semana.


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Notas finais do capítulo

História bem cliché, eu sei. Mas assim que ela surgiu na minha cabeça eu tinha que escreve-la, e eu, sinceramente, gostei do resultado.
Espero que vocês tenham gostado também. Deixem um review dizendo se gostaram ou não, criticas são sempre bem-vindas!
Até a próxima e obrigado por lerem :)



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