Vício escrita por sereia


Capítulo 1
Capítulo 1




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Fico presa num passado que não é como me lembro, fantasio uma realidade que nunca existiu, sinto-me consumir em sentimentos e sensações que nunca corresponderam à verdade real,  àquela que todo mundo via. Não consigo imaginar de uma forma diferente, não posso evitar sonhar, sentir, querer, meu lado racional açoita meu ego apaixonado e quente, desejando que a realidade espelhe as fantasias mas tendo plena consciência que não passa de ilusão criada por uma grande quantidade de feromônios compatíveis, por toques e sabores de uma pele que parecia se estender até a minha, completando um completo vazio ali, uma realidade alternativa, é onde vivo e viverei, criando a realidade como me compraz, o corpo pede como um viciado em plena abstinência, enquanto isso a alma chora o desmantelamento do castelo que antes fosse de areia, mas era pura e simples fantasia.
Meu corpo pede, a alma chora e o cérebro se retorce pra encontrar uma simples lógica e não sucumbir a isso, mas definha sem poder evitar.
Eu nunca, no pleno exercer dos meus sentimentos, vi apenas um lado bom, sempre via  só 1 lado ruim, nas múltiplas facetas do que se poderia chamar de nós, dizer 'a gente'. E isso, meu amado, é a diferença entre vc e eu.

A falta que acaba sucumbindo à humilhação, a necessidade de exteriorizar um sentimento que não é capaz de alegrar, um sentimento corrosivo como o mais cruel dos ácidos, um vício pior que os tóxicos, não há droga que derrube como aquele cheiro completamente embriagante do corpo nu após amar, e o pior açoite de todos é que a memória humana é prodigiosa com os cheiros, nada se compara. Aquele toque único, que parece adentrar a alma, que na mais cruel realidade nada mais era que uma atitude vazia, uma via de apenas uma mão, apenas um cheiro embriagante, quando o outro era simplesmente desprezível, a falta dessa química de mão dupla criando uma sensação de traição, uma impotência, a vontade volta a ser forte, e mais uma vez a humilhação de expor pensamentos, desejos, sentimentos, uma pessoa que se entrega sente-se enforcar no próprio laço de amor.

A terrível constatação do mundo visto sem cores, a vontade de viver desvanece, e uma única linha, essa robusta, que é o amor de mãe, mantém viva a necessidade de seguir em frente, o corpo esquece de se alimentar, isso numa pessoa cujo prazer em comer é incrível, necessário, uma alegria quase tão boa quanto o poder tocar, cheirar, amar, sentir os corpos unidos, sem contudo a palidez do sexo pelo sexo, a necessidade de se unir em uma fusão completa de almas e corpos, muito além da luxúria do corpo.

A injustiça entre as pessoas, um ama outro que ama terceiro que não ama ninguém. Escrever a um palavras doces ou picantes, receber de outro as mesmas palavras é uma ironia sem fim, o sim que dá a um é negado a outro que pensa estar recebendo incentivo. A ironia da espécie humana sem fim, o pouco que existe de amor por si, ou o contrário, um amor tão imenso que não cabe outro, só se movendo por meio da paixão, sentimento que cuida de emoções fortes mais finitas, passível de enlouquecer e esquecer com a mesma velocidade.

Sentimentos cuidam quando querem, o completo desconhecido, o cérebro, peça que faz arder o coração ou engana para parecer flutuar, mecanismo magnífico e cruel. os sentidos confundem fazendo acreditar que tudo melhorou, quando de repente o abismo traga toda a vivacidade, e fica apenas aquela vontade terrível de acabar com tudo, desistir, até que a racionalidade leva a crer que não é assim que se faz, e que o tempo, esse algoz, cura tudo. Não acredito nessa máxima, porque a mim, essa cura nunca alcançou, em praticamente 18 anos.


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