Lírios escrita por Yuna Aikawa


Capítulo 4
Capítulo 4




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            Não acreditei. Naquele mesmo local, primeiro o senhor Jaken e agora o senhor Sesshoumaru ia me deixar? Não era justo. Eu não sabia o que fazer.
            O senhor Sesshoumaru começou a andar bosque a dentro, mantendo sua expressão fria e, como por instinto, comecei a segui-lo, ainda chorando, tentando não perde-lo de vista e chamando repetidas vezes o seu nome. Acabei tropeçando numa raiz elevada, deslizei entre as pedras que acompanhavam as margens de um rio e cai no mesmo.
            Só percebi que não estava só quando um grupo de mulheres, que ali se banhavam, vieram perguntar se eu havia me machucado. Como minha voz não saia, elas resolveram me levar para a aldeia delas. Sairam da água e trajaram quimonos simples, cor-de-areia, verde desbotado e azul claro, todas possuíam de cabelos negros e olhos escuros iguais aos meus.
            Foi ai que eu entendi: o senhor Sesshoumaru já havia planejado me deixar com elas. Desfiz o coque, já desarrumado pela água e, depois de tocar os lábios suavemente na flor, deixei-a flutuando no rio, como um jeito de dizer "Adeus, senhor Sesshoumaru. Obrigada por tudo."
            Sai do rio, ensopada, e fui guiada até a pequena aldeia. No caminho, as moças tentaram conversar comigo, mas eu estava muda, respondendo apenas "sim" e "não" com a cabeça. Eram perguntas simples, mas minha cabeça ainda estava refletindo: onde eu havia errado com o senhor Sesshoumaru?
            O vilarejo era a alguns metros dali, então não foi uma conversa muito duradora. Era pequeno, mas organizado: 19 casas de madeira formando uma meia-lua, um pequeno templo ao centro com um poço d'água aos fundos e plantações em volta.
            Fui recebida com a curiosidade dos habitantes, alguns cochichos e muitos sorrisos - o que me envergonhou um pouco. Uma senhora, que me acompanhava desde a cachoeira, estava explicando algo como um youkai que destruíra completamente a vila há alguns anos atrás.

- Ele era um monstro! Começou a nos atacar sem motivo algum e só deixou alguns poucos sobreviventes porque algo lhe chamou a atenção nas montanhas! Horrível! Eu tive muita sorte de ainda estar viva!

            Comecei a ouvir risadas e, depois de um tempo, percebi que eram minhas. As lágrimas voltaram e, depois de vários sussurros dos moradores - orgulhosos por reconstruírem o vilarejo tão rápido - pensei que havia enlouquecido. Me encolhi, tremendo e, entre os soluços, chamando pelo "monstro".

- Você está bem, senhorita? - Um jovem da vila estava me abraçando, aparentemente preocupado.

            Apenas neguei com a cabeça e, desabando em lágrimas, abracei-o também, mesmo sem perceber o que estava acontecendo. Eu estava com medo, num lugar novo, cercada de pessoas novas. O jovem não parecia ter más intenções, na verdade, estava agindo com a intimidade de um amigo - levantou meu rosto para o dele.

- Meu nome é Youta... E o seu? - Sorriu, afinando os olhos.

            Corei por alguns segundos, mas não consegui responder, nem reagir. Youta não pareceu se importar com isso, continuou me mostrando aquele sorriso meigo. O jovem era bonito, possuía cabelos repicados, olhos verdes, traços finos e, apesar daquela roupa padronizada da vila, uma elegância e um ar de bondade.

- Encontramos ela no rio, com um lírio na cabeça - Interrompeu a senhora que me levou à vila.
- Estava perdida, senhorita? - Perguntou-me Youta, mas apenas neguei, timidamente, com a cabeça.
- Disse que esta dama estava com um lírio? Por que não a chamamos de Yuri, senhora Airi?

            Aquilo me pegou desprevenida: o monge, Miroku, entrou na vila, como se morasse ali. Ele me olhou, ainda abraçada no Youta, por alguns instantes e, com um sorriso gentil, pediu a Airi que me providenciasse roupas, comida e abrigo - provavelmente havia me reconhecido, o que era difícil. A senhora não hesitou em seguir as ordens do monge, que foi recebido como um filho pródigo.
            A senhora Airi voltou com uma vasilha de frutas e me pediu acompanha-la até uma das casas. Youta me soltou e disse que estava tudo bem, então, obedeci. Recebi um quimono rosa claro, um lugar para dormir e muitas maçãs.
 Bom, por esta noite, eu estava segura.

 


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Notas finais do capítulo

Reviews? :3