Quem luta com monstros deve velar por que, ao fazê-lo, não se transforme também em monstro. E se tu olhares, durante muito tempo, para um abismo, o abismo também olha para dentro de ti.

Friedrich Nietzsche

 – Capítulo Vinte e Oito –

A Apresentação

Hoje era o dia, o dia em que o mundo bruxo conheceria o novo rosto de Voldemort, o rosto que a partir de agora todos deveriam temer. Draco se arrumava se olhando no espelho, como sempre ele colocara vestes negras e um sobretudo por cima, seus cabelos pratas meticulosamente arrumados em um perfeito rabo de cavalo.

- Querido já está pronto? – perguntou Agatha, esta também de vestes negras, ela usava um vestido preto, longo, tomara que caia e um sobretudo de couro por cima, deixou o hábito de prender os cabelos em um rabo de cavalo no alto e o deixou solto.

- Já sim. – respondeu Draco sem desviar do espelho – Meu cabelo está legal?

- Querido, você é perfeito. – disse Agatha sorridente – Seu cabelo brilha mais que o meu.

- Isso é verdade. – disse Draco mirando a esposa, ele reparou que havia algo diferente em seus cabelos – Eu já te disse que prefiro quando o usa solto? Por que pintou as pontas loiras de vermelho?

- Acho que me enjoei delas. – respondeu Agatha – Vermelho ficou melhor.

- Você é linda de qualquer jeito. – disse Draco indiferente – Vamos?

- Vamos.

Eles saíram do quarto e desceram até a sala, onde já se encontravam, Natasha que usava um vestido longo, preto e bem justo, seus cabelos estavam presos do alto, permitindo que alguns cachos caíssem graciosamente pelo seu rosto e também Isabella com Jacob no colo, ela usava um vestido solto, preto acima dos joelhos. Draco, Agatha e Natasha colocaram as suas máscaras de comensais, menos Isabella por que ela não era uma comensal.

Os quatro, mais Jacob saíram do apartamento e seguiram em direção ao salão de festas da mansão, o lugar estava repleto de bruxos alguns de máscaras que eram os comensais e outros somente por estarem do lado de Voldemort nessa guerra. Dois fotógrafos do Profeta Diário e um repórter estavam presentes. Ao fundo sentado em uma poltrona em cima de um palanque que fora montado ali mais cedo, estava sentado um homem de máscara, seus cabelos negros iam até um pouco abaixo do ombro, estavam presos para trás. Agatha e Draco sabiam que aquele era Voldemort esperando o momento para ser apresentado.

- Peguem uma mesa. – disse Draco para Natasha e Isabella – Agatha e eu temos que ir.

As duas assentiram meio nervosas, enquanto Draco e Agatha subiam no palanque para se sentar ao lado de Voldemort, um de cada lado.

- A casa está cheia milorde. – comentou Draco com a voz arrastada – Será uma grande surpresa para todos.

- Assim espero Draco. – disse Voldemort agora virando para falar com Agatha em voz baixa para que Draco não ouvisse – Está muito elegante minha senhora.

- Obrigada Milorde. – respondeu Agatha com a voz trêmula – O senhor também.

- Viu. Eu mesmo consegui cortar o meu cabelo. – disse ele com um tom cínico – E já disse que pra você é somente Tom.

A festa continuava no salão, com todos os bruxos conversando e comendo animadamente, uma música calma tocava em som ambiente. Nisso todos se perguntavam qual era o motivo da comemoração, alguns arriscavam o palpite de que tinham finalmente pego Harry Potter outros não estavam tão confiantes assim.

- Acho que já está na hora. – disse Voldemort para Agatha – Pedirei ao Draco que comece.

- Milor... Tom, eu preciso perguntar algo antes. – disse Agatha nervosa – Você não pretende falar nada ainda sobre... nós dois não é?

- Ainda não é hora. – disse Voldemort avaliando a mulher a sua frente – Hoje apenas iremos comemorar a minha transformação.

Agatha respirou aliviada enquando Voldemort falava com Draco. Draco se levantou prontamente e foi até a ponta do palanque, colocou a ponta da varinha na garganta e disse:

- Sonorus.

Sua voz imediatamente ficou mais alta e Draco começou a falar.

- Boa noite. – disse ele e todos os presentes começaram a prestar atenção – Todos hoje devem estar se perguntando qual o motivo da comemoração. Pois bem, hoje vocês conhecerão o rosto da pessoa que vocês devem temer e respeitar daqui pra frente.

Os presentes exclamaram surpresos com a notícia. “Como assim o rosto da pessoa que devemos temer?” “Mas e o Lord?” “Onde ele está?”.

- Retirem as suas máscaras em respeito ao Lord. – disse Draco tirando a sua própria, os comensais fizeram o mesmo.

Agatha ficou de pé após tirar a sua máscara e Voldemort também se levantou, ele se aproximou de Draco.

- Este. – disse Draco apontando para Voldemort – É o rosto que vocês devem respeitar – Então Voldemort tirou a máscara, a exclamação de admiração foi geral.

O rosto perfeito de um ser humano normal, não mais aquelas feições ofídias de antes, seus olhos agora azuis tinham vida e seu corpo não parecia mais fraco e sim forte e corpulento. Voldemort deu um sorriso torto para seus comensais e os bruxos presentes, ele pegou a sua própria varinha e fez o mesmo fetiço que Draco.

- Devo agradecer a minha conselheira, a Doutora Agatha Malfoy. – disse Voldemort indicando Agatha com a mão – Ela se dedicou durante dias para que tornasse isso possível. Mas devo alertá-los, que o fato de eu ter conseguido o meu rosto antigo de volta, não significa que os planos mudaram ou que tratarei vocês diferentemente, não significa que me tornei menos cruel que antes. – Então ele olhou friamente para cada comensal, os bruxos se mexeram desconfortávelmente em seus lugares, o rosto era outro, até a voz estava diferente, mas, ainda era ele – Continuem com a festa.

Houve aplausos, Agatha e Draco se entreolharam, Draco sabia exatamente o que Agatha estava pensando, ela com certeza estava aliviada por Voldemort não ter dito nada a respeito dele e Agatha ficarem juntos, na realidade Draco também estava aliviado, ele não podia ao menos pensar na possibilidade de Voldemort tocando em sua Agatha de maneira mais íntima. Só falta uma horcrux, somente uma horcrux pra isso tudo acabar.

Draco e Agatha desceram o palanque e seguiram até a mesa que se encontravam Natasha e Isabella, eles se sentaram quietos, evitavam falar, quando o silêncio na mesa fora cortado por uma Natasha sem noção.

- Você está lindíssima Agatha. – disse ela animada – Toma cuidado Draco ou você pode perdê-la para alguém.

- Cale-se Natasha. – disse Agatha entre os dentes – Não é hora pra você destilar o seu veneno.

- Veneno? – perguntou ela confusa Agatha sabia que Natasha estava sendo falsa.

- Não discutam. – disse Draco pegando um copo de firewhisk e bebendo de um gole – Agora não.

- Não estávamos...

- Agatha. – eles reconheceram a voz do homem, era Snape que se sentou a mesa com eles – Estou muito orgulhoso de você. Essa poção é muito complicada e você a finalizou com grande êxito.

- Obrigada Severo. – disse Agatha um pouco mais animada, não era todo dia que recebia um elogio de Snape. – Eu tive o melhor mestre.

- Draco. – a voz grave de Voldemort chamou, ele estava de pé perto da mesa deles – Será que me empresta a sua esposa por um momento.

- À vontade milorde. – disse Draco pegando outro copo.

Agatha se levantou e seguiu Voldemort até metade do salão, foi quando ele parou e olhou nos olhos dela.

- Aonde vamos milorde? – perguntou Agatha confusa.

- Aqui mesmo. – respondeu ele pegando uma de suas mãos, ele em seguida colocou sua própria mão da cintura de Agatha – Apenas quero dançar.

- Perfeitamente. – disse Agatha trêmula, ela nunca vira Voldemort dançar antes, mas, independente de tudo, mesmo com essa nova aparência, ela ainda tinha medo dele.

E eles dançaram em silêncio seguidos por outros bruxos que também dançavam em volta. Por mais que aquele homem fosse atraente, Agatha queria que aquele momento acabasse logo, pra ela sair correndo para os braços de Draco outra vez.

- Sairemos amanhã. – disse Voldemort de repente.

- Pra onde milor... pra onde Tom? – perguntou ela.

- Tenho uma surpresa pra você. – disse Voldemort com um sorriso sinistro.

- Uma surpresa? – disse Agatha pensando se o que era uma surpresa boa pra ele também seria pra ela.

- Exatamente minha senhora. – disse Voldemort sorrindo de lado – Amanhã você conhecera o bruxo que deverá matar para fazer a sua horcrux.