Tua alma, tua palma. Ouvi isso durante minha vida toda. As minhas escolhas erradas me levariam para a perdição. E durante muito tempo, eu mantive a certeza de que eu iria para o céu. Não tenho mais tanta certeza.

Durante 16 anos, eu fui alertada sobre o fruto proibido. Poderíamos olhá-lo, poderíamos admirá-lo, mas não poderíamos experimentar dele. Eva experimentou e induziu Adão a fazer o mesmo. Ambos foram expulsos do paraíso por tal motivo.

E agora, estamos nos aproximando do fruto proibido, a nossa perdição. Eva e Adão.

Sempre me protegi do que chamavam de pecado. Apesar de todo o cuidado, não consegui evitar. Olhava e percebia, mas procurava fugir e negar.

Eu desisti e dei o primeiro passo para chegar ao fruto.

O primeiro foi calmaria. O começo do pecado, a excitação de fazer algo escondido – e, de acordo com o que aprendi, errado. Apesar disso, os sentimentos foram efêmeros.

O segundo foi intenso. A contaminação quase completa de um ser puro. Bem, relativamente puro. Sua natureza já havia sido profanada, então parte de si já havia perdido a pureza.

E o último foi o que me fez chegar ao fruto. Foi quando percebi o que estava fazendo — e como havia me envolvido nisso. Calmaria e intensidade ao mesmo tempo. Minha natureza se tornou totalmente corrompida.

O demônio encontrou o anjo. Eva encontrou Adão. Ela lhe mostrou o fruto proibido, e ele também começou a almejar aquele fruto.

Com o tempo, percebi o que estava acontecendo. Se todas as fontes fossem verdadeiras e estivessem certas, nossas almas não teriam salvação.

A sua alma não teria salvação.

O salário do pecado é a morte. Isso foi o que sempre ouvi daqueles que me ensinaram as coisas que sei. Então eu morreria pelo meu pecado. Perderia minha alma. Ela já havia se sujado com os sete irmãos, meu destino é certo.

Mas eu não poderia arriscar sua alma. Por mais que eu estivesse afundada em sentimentos ruins, erros e pecados, você me fez sentir. Eu senti como nunca havia sentido antes. Eu não poderia por sua eternidade em risco.

Quando parei para pensar, vi a situação. O demônio se cativou pelo anjo. O sujo caiu nas graças do ser imaculado. O contaminado corrompeu o puro. O anjo também estava encurralado.

O demônio, inconsequente, ignorou sua condição e tocou o anjo. Tudo estava consumado. As vestes brancas estavam maculadas da cor do pecado. Suas asas soltavam penas.

No fim, o anjo entregou sua alma para o demônio. Eva induziu Adão a desejar o fruto proibido. Eu contaminei você com o veneno pecador.

Num ato egoísta, as consequências não são mais importantes. Provamos do fruto proibido. E num beijo, tudo está consumado.