O resto do ano passou num instante. Quando se deram conta, as aulas já haviam terminado e as férias chegaram para a alegria de todos.

Tomoyo e Eriol estavam muito felizes. O namoro dos dois ia muito bem, afinal eles se amavam.

Sakura estava muito feliz pelos dois. Sempre desejara ver eles juntos. Ela ainda estava sofrendo pelo seu amor não correspondido. Mas estava sendo forte. Ela tinha certeza que um dia esse sofrimento iria acabar.

Era uma bela noite de sexta-feira. E tinha tudo para ser uma noite inesquecível. Aquela noite haveria um baile. O baile de formatura da classe de Eriol e Syaoran.

Eriol fizera questão de levar, além de sua namorada, é claro, a sua amiga Sakura.

No começo ela ficou apreensiva de ir, pois ela acabaria encontrando Syaoran. Mas Tomoyo e Eriol insistiram tanto que ela acabou aceitando o convite.

Eles entraram no salão de festa juntos. A decoração estava magnífica. As acompanhantes de Eriol também.

Tomoyo trajava um logo vestido azul claro, e sandálias douradas. O pescoço estava adornado com uma gargantilha dourada, o pingente era uma delicada pedra de ametista; fora um presente de Eriol. Ela deixou seus longos cabelos soltos.

Sakura vestia um vestido tomara que caia longo, de cor rosa - claro. As sandálias prata combinavam com o colar de seu pescoço; ele tinha um pingente em forma de flor de cerejeira. Seus cabelos estavam presos num elegante coque, deixando alguns fios soltos.

Eriol também estava elegante em seu terno.

Eles foram se sentar em uma mesa. Percorreram o salão que estava cheio de formandos e seus convidados.Sentaram-se a uma mesa ao canto. Muitos dançavam a música agitada que tocava agora.

Sakura percorreu o olhar pelo salão. Mesmo sua razão dizendo para não procurá-lo, seu coração insistia em ver Syaoran. Ela não o encontrou. Talvez fosse melhor assim. Vê-lo ali, poderia estragar sua noite.

Tomoyo levantou-se.

- Eu já volto. – disse calmamente.

- Aonde você vai Tomy? – indagou Eriol

- Preciso cumprimentar alguém. – respondeu ela, Eriol entendeu, pelo olhar da garota, de quem se tratava.

- Quem é Eriol? – perguntou Sakura curiosa, vendo a amiga se distanciar.

- Eu preciso mesmo responder? – Sakura ficou mais curiosa ainda.

Syaoran estava encostado na parede em um canto. Estava sozinho, não convidara ninguém para acompanhá-lo, nem mesmo um par. Várias garotas se ofereceram para ir com ele, mas ele recusou todas educadamente. Para ele já bastava relacionamentos sem compromisso.

Ele ficou observando os casais na pista de dança. Sentiu um peso no coração.

- Parabéns, formando.  – ele se virou e viu Tomoyo sorrindo.

- Obrigado. – disse sem jeito. – Nossa! Você está linda.

- Obrigada. – ela sorriu mais ainda. – O que está fazendo aqui sozinho? Onde está seu par?

- Eu não convidei ninguém. – respondeu sem se preocupar.

- Não acredito. – surpreendeu-se Tomoyo. – E pensa ficar a festa inteira sozinho?

- Não. – a garota se aliviou um pouco. – Daqui a pouco vou embora.

- Hã? – ela se desequilibrou um pouco.

- Não estou muito a fim de ficar aqui. – esclareceu ele. – Só vim porque Wei insistiu. Preferi vir a agüentar ele me alfinetando.

Tomoyo pegou na mão de Syaoran e arrastou até a pista de dança.

- Vamos dançar. – afirmou ela.

- Isso é um pedido? – perguntou ele com um leve sorriso.

- Uma ordem. – respondeu, sorrindo mais ainda.

A música era bem agitada. A pista estava lotada; Tomoyo levou Syaoran até o meio da pista. Eles começaram a dançar. Longo um círculo se formou deixando os dois sozinhos no meio.

- Ah, que ótimo! Agora somos o espetáculo da noite. – resmungou Syaoran envergonhado.

 Tomoyo não pareceu ligar para os olhares. Estava acostumada em ser observada, afinal era a solista do coral da escola.

“Além de ser uma ótima cantora, ela dança muito bem.” – pensou Syaoran, seguindo os passos da jovem.

- Você dança bem Syao. – disse Tomoyo, limpado um pouco de suor que se formava em seu rosto.

- Faço o que posso. – disse sorrindo. – Mas você, quase uma dançarina profissional.

Tomoyo riu.

Pouco depois todos voltaram aos seus lugares, deixando o casal de amigos invisíveis na pista.

- Graças a Deus. – exclamou Syaoran. – Já não agüentava mais ser alvo de todos aqueles olhares femininos.

- Ah, convencido você. – comentou Tomoyo divertida. – Pobre de mim que virei alvo de olhares raivosos das garotas.

Agora foi a vez de Syaoran rir.

Eles dançaram mais algumas músicas, até que uma música lenta começou a tocar.

- É melhor sairmos da pista Tomy. – avisou Syaoran.

Ele pegou a mão de Tomoyo e puxou-a para fora da pista.

Ao sair encontraram Eriol.

- Ai estão vocês. - disse ele. Ocupou rapidamente o lugar que a mão de Syaoran estava antes. – Vamos dançar querida?

- Claro que sim, amor. – respondeu Tomy. Eles seguiram para a pista.

Syaoran observou eles se distanciarem e decidiu ir embora.

Ao passar pelas mesas, viu Sakura sentada em uma delas. Estava sozinha, a cabeça baixa. Parecia triste.

Ele não resistiu e foi até lá.

- Me daria à honra dessa dança?

Sakura levantou a cabeça e sorriu ao ver a mão de Syaoran estendida. Sem mesmo pensar duas vezes, ela pegou na mão do jovem. Ele ajudou-a levantar da cadeira, e seguiram em silêncio para a pista.

Syaoran posou suas mãos na cintura de Sakura. Ela por sua vez, colocou as mãos nos ombros dele. Ela encostou a cabeça no peito dele. Syaoran aspirou um pouco do perfume floral dela. Uma sensação maravilhosa percorreu seu corpo.

Sakura deixou-se levar pelo momento. A música lenta, os braços de Syaoran. Não podia estar mais feliz.

Depois de um tempo, aproveitando o contato, Sakura afastou a cabeça do peito do jovem encarando-o. Ela quebrou o silêncio.

- Por que nos separamos Syao? – indagou ela, sem se controlar.

Ele sentiu a garganta amargar.

- Um simples estímulo não completa ninguém. – foi à única coisa que pode, e encontrou para dizer.

Mas essa simples frase despertou uma profunda tristeza em ambos. Sakura afastou-se dele e saiu correndo em direção aos jardins do clube. Syaoran a seguiu.

Ele a encontrou um pouco distante, mal dava para escutar a música agitada, que agora, tocava no salão. Ela estava sentada na grama. Nem se preocupou em sujar o lindo vestido. Syaoran sorriu ao pensar nisso.

Aproximou-se dela então. Ela chorava silenciosamente, lágrimas corriam pelo delicado rosto.

- Por favor, Saki. Não fique assim. – pediu Syaoran triste.

- É que não consigo entender. – falou ela entre soluços. – Eu...

- Um relacionamento baseado apenas em atração física, não pode dar certo. – começou ele, sua voz começava a querer falhar. – Entenda que...

- Pare Syaoran! – pediu ela, se levantando para encará-lo. – Eu não quero entender nada!

- Mas Saki, o que estou tentando explicar é...

Mas Sakura não queria mais escutar, as palavras dele machucavam.

- Será que você não entende que eu te amo! – exclamou ela a plenos pulmões.

 Syaoran ficou paralisado com o choque. Ele escutara direito? Sakura disse que o amava?

- Será que não percebe que me machuca, ao dizer que se sente apenas atraído por mim? – continuou ela, derramando mais algumas lágrimas.

Sentiu-se, então, ser puxada bruscamente. Syaoran estava com os olhos brilhando.

- Repete. – suplicou ele, enquanto  segurava os braços da jovem firmemente.

- O quê? – indagou ela confusa.

- Você me ama? – perguntou ele sorrindo.

Ela ficou um pouco rosada, mas respondeu: - Sim.

Num ímpeto ele colocou as mãos na cintura dela, e a ergueu rodopiando no lugar.

- Eu também te amo! – exclamou feliz.

Ela sorriu surpresa. Será que estava sonhando? Syaoran também a amava?

Ele colocou ela no chão. Aproximou seu rosto do dela.

- Te amo. – disse, e a beijou intensamente.

O beijo pareceu durar uma eternidade para os dois. Um momento mágico que jamais seria esquecido.

Eles se afastaram. Syaoran decidiu não perder mais tempo.

- Sakura, quer ser minha namorada? – indagou apreensivo.

- E precisa mesmo perguntar? – respondeu radiante. – É claro que sim.

Eles se abraçaram fortemente.

- Sabe. – sussurrou ele no ouvido de Sakura. – Nessas férias eu vou para Hong Kong. Poderia levá-la.

- Eu iria com todo o prazer. – sussurrou ela em resposta.

Eles beijaram-se novamente. Um beijo cheio de amor.

Amor?

Sim, amor. Sempre fora isso.

Um pouco distante dali, um casal observava a cena.

Tomoyo e Eriol estavam de mãos dadas, sorrindo.

- Finalmente. – disse Tomoyo. – Você tinha razão Eriol. Com um pouco de sofrimento, vem muita felicidade.

- É parece que sim. – concordou ele, fazendo um pouco de pressão na mão da jovem. – Nunca imaginei que uma frase tirada de um papel de bala, fosse tão sábia assim.

Tomoyo se desequilibrou.

- O quê?

- Eu estava brincando Tomy. – disse Eriol rindo.

- Como você é bobo. – disse ela, e beijou levemente os lábios dele.

Sakura e Syaoran continuaram no jardim. Queriam ficar a sós para recuperar o tempo que perderam, por serem tão tapados a ponto de não perceberem que desde o começo estavam apaixonados.

Fim