Ele a olhava com um olhar distante, pensativo. No que pensava, ninguém sabia, exceto por ele mesmo. Sua barba mal feita e seus cabelos embaraçados davam ao pobre jovem um ar de psicopata predador, mas seus sentimentos eram puros. Não que haja justificativa para o que ele pretendia fazer, mas ele nunca machucaria ninguém, muito menos, uma pobre garotinha.

A menina era Hannah Drift, e ela tinha apenas 7 anos de idade. O jovem não sabia seu próprio nome, mas muitos o chamavam de Johnny; sua aparência era de 50, porém, tinha apenas 19 anos. Consumo excessivo de álcool e de drogas ilícitas acabou com ele.

Qualquer um que visse a cena se revoltaria. “Ele é um psicopata, vamos querida, não vamos mais voltar aqui”, disse uma senhora para sua filha pequena. “Mas mamãe, eu gosto do pastel de queijo daqui...”, a criança retrucava, esperando conseguir um simples pastelzinho de apenas dois dólares. Essa outra criança era Julez Brown, que por sinal, era inimiga mortal de Hannah, uma vez que ambas cobiçavam o mesmo garoto para ‘namoradinho de merenda’: o galã e sempre bem-vestido Carl Brokewood, um garoto também de 7 anos, filho de um grande empresário.

E falando nele, assim que Julez Brown saiu da pequena lanchonete, Carl Brokewood entrou na mesma, acompanhado do grande empresário Stefano Brokewood , e imediatamente avistou sua amiguinha Hannah. Ele soltou da mão de seu pai e foi correndo abraçá-la. Johnny viu essa cena, que muitos julgariam como bonitinha e fofa, e ficou com raiva. Raiva e ódio de Carl. Junto ao menino, um outro garotinho, magricela e meio nerd, usando óculos de fundo de garrafa e um cabelo ensopada de gel, entrou e avistou Hannah. Seu nome era Pitágoras Platão, e não riam de seu nome diferente. Ele era filho de dois matemáticos extremamente conceituados, ambos professores em Harvard. E tinha uma paixão secreta por Hannah. Quer dizer, como não se apaixonar por aqueles olhos verde-água, por aquele cabelo cor de mel todo encaracolado, por aquele nariz simétrico e por aquelas bochechas enormes e rosadas?

Essa cena é congelou-se no tempo. Pelo menos na memória de Hannah, Julez, Carl e Pitágoras. Verão de 1998, uma tarde quente de Agosto. Johnny se levantou bruscamente, deixando sua cadeira cair, e foi em direção a Hannah. Seus pais viram aquilo e tentaram fugir. Porém, Johnny conseguiu pegar a pobre garotinha e apontou uma arma na cabeça dela. Todos ficaram desesperados e tentaram chamar a polícia, mas já era tarde demais. O silêncio surgiu, a tarde quente de verão mais parecia uma noite fria de inverno. Esse clima só foi quebrado com dois estrondos. O que aconteceu depois não importa, só importa que havia dois corpos estirados no chão. Hannah e Johnny. Morreram juntos, “assim como na história de Romeu e Julieta...”