“—Não preciso de inúteis perto de mim, Naraku e serviu bem, mas é hora do adeus.”

Naruto Uzumaki:
Com um oponente a menos você pode até pensar que as coisas ficaram mais fáceis para nós, mas infelizmente te digo que você está redonda e completamente enganado. A força de Sakura era sobrenatural e ninguém conseguiu fazê-la nem suar, enquanto todos nós já estamos cansados e feridos de forma quase vergonhosa.
—A cada momento ela fica mais forte?—Perguntei depois que vi a rosada quase quebrar o pescoço do Inuyasha.
—Sim.—Respondeu Kagome, ajudando o seu marido a se levantar e a se recuperar.— A cada minuto que se passa, a Jóia de Quatro Almas se incorpora cada vez mais em seu corpo, sugando mais forças e...
—E o que vai acontecer com a Sakura?—Interrompeu Sasuke e com pesar, a sacerdotisa respondeu:
—A cada vez que a Jóia fica mais forte, a Sakura fica mais fraca, até que ela se fundirá com a jóia e nada mais poderá ser feito pela sua amiga.
Escutar aquilo foi como escutar uma sentença de morte, um baque em que não saberíamos se agüentaríamos de pé. Afinal de contas, até agora tudo o que fizemos não rendeu em nada além de fracassos repetitivos e quase sincronizados até, e agora saber que lutaremos também contra o tempo, outro cruel e impetuoso oponente, não nos dá muita esperança de como continuaremos. Era horrível ver sempre a mesma coisa se repetindo, ficando cada vez pior na verdade. Sasuke estava com um braço praticamente inutilizável, eu já havia gastado meu chackra e digamos que Kagome não nasceu para aquele tipo de combate, então quem restara para lutar foi o youkai. Ele a atacava de todas as maneiras, com todas as variações de lâminas, mas nada nunca a alcançava, não importa o quão rápido fosse seu golpe, ela era mais.
Assim, não tardou até que a rosada o atacasse de modo fatal, perfurando o seu tórax de maneira sanguinolenta. Kagome gritou de horror e o seu grito se misturou ao gemido de dor do albino e á gargalhada sádica da agressora que logo depois o despejou como lixo no chão, indiferente. A sua espada esfumaçou e aquela arma antes majestosa e medonha agora se tornara velha e aparentemente sem corte algum. Nos olhando, ele jogou a espada em nossa direção e foi a morena quem entendeu o que aquilo queria dizer.
—Vocês dois, peguem a Tessaiga.—Disse pegando a arma do chão com um cuidado tão extremo que a mesma parecia divina ou algo assim.
—Mas por que?—Perguntei quando ela entregou para o Uchiha, que parecia tão confuso quanto eu.—A Tessaiga é do Inuyasha, ela só obedece a ela. Sem ele, a espada é apenas... Isso.—Disse apontando para a espada inútil em que a Tessaiga se tornara sem seu mestre e a mulher me olhou com profunda repreensão, tanta que quase pedi desculpas se a ofendi, mas antes que eu o fizesse, ela explicou o por que:
—A Tessaiga é uma espada que nasceu para proteger os humanos de seres ruins, mesmo nesse estado, ela os aceitará.
—Mas mesmo assim, o que faremos, quer que cortemos a Sakura?—Questionou Sasuke, quase gritando de indignação e o olhar penetrante que Kagome nos endereçou foi o suficiente para responder aquela pergunta.—Mas assim ela vai morrer!
—Ela já está fadada à morte.—Retrucou a morena com tanta convicção que calou Sasuke.—Até agora tudo o que fizemos deu errado, tudo o que temos é uma suposição, mas temos de tentar!

Sasuke Uchiha:
—O que você tem em mente?—Perguntei depois de encará-la, ainda desconfiado de que a solução dos nossos problemas seria fatiar a Sakura.
—O que estou falando é que a Jóia de Quatro Almas é quem é o verdadeiro mau aqui, tudo o que precisamos fazer é tirá-lo dela.
—Posso usar o meu sharingan...—Murmurei e Kagome sorriu para mim como se eu tivesse lido a mente dela.
—Só tente fazer isso sem muito estrago a Sakura...—Aconselhou a mulher e eu assenti, olhando para a lâmina enferrujada e que não parecia ser muito útil, quase implorando para que ela nos ajudasse nessa empreitada.
Olhei de soslaio para Naruto, enquanto a mulher corria para acudir Inuyasha. O loiro assentiu, e ali nós avançamos contra a rosada, como a mesma força e esforço para terminar aquilo de vez. A Haruno guinchou para nós como um animal selvagem, e foi e nesse momento que eu ativei o meu sharingan e enxerguei o fluxo de chackra correndo pelo corpo da garota e foi então que vi um foco em seu corpo mudava esse fluxo, o tornando turbulento, tornando Sakura outra pessoa. O Uzumaki partiu em um taijutsu e atacou Sakura, mas quando a mesma revidou, o ninja desapareceu numa nuvem de fumaça, mostrando-se apenas uma ilusão. Quando se deu por si, o verdadeiro já a tinha agarrado pelo pescoço de um modo tão firme que até fiquei com medo de que ele quebrasse o pescoço dela, mas como a garota se debatia, bem vivida na verdade, dissipou o meu medo.
A lâmina brilhava, me guiando para onde eu deveria acertar, mas o fato de machucá-la me feria igualmente. O olhar do Dobe parecia me entender, carregava a mesma dor, ele não falava nada, mesmo que nós dois soubéssemos que seus braços não agüentariam muito mais tempo ao redor de Sakura.
—Me desculpe Sakura...—Sussurrei antes de afundar a lâmina na barriga da rosada.
O sangue minou da ferida e a Haruno se debatia como se eu tivesse jogado água benta em um demônio, o que a deixou ainda mais agitada do que antes, bufando e espumando.
—Por que ela não parou?!—Grunhiu o loiro, fazendo mais força ainda para segurar a garota.
Eu não soube o que responder para ele já que justamente eu não sabia o por que não dera certo, mas foi então que eu me lembrei do que Kagome havia nos dito sobre literalmente tirar a Jóia de Quatro Almas do corpo dela. Engolindo a seco a náusea que se tornou crescente em meu ser, eu afundei a minha mão na carne aberta da Haruno até encontrar a Jóia dentro de si. Mesmo com o braço ainda sofrendo com a dormência, arranquei a Jóia de dentro da garota e no mesmo instante, ela parou de se mover daquela maneira alucinada. Na verdade, seus olhos voltaram a ser o de antes e foi então que eu a escutei falar fraca, porém sinceramente:
—Obrigada...
Kagome pegou a Jóia de Quatro Almas de minhas mãos e a guardou consigo, fazendo de tudo para cuidar de Sakura depois de fazê-lo. Os dias que se seguiram foram os piores, a mercê do destino apesar de todos os esforços da mulher para mantê-la viva, até que após uma semana desse sofrimento, Kagome nos chamou para conversarmos a sós. Ela estava abatida de cansada, cuidando de Sakura o melhor que podia todos os dias, todas as horas do dia a verdade.
—Precisa de algo?—Indagou Kakashi, mas ela negou com a cabeça, dizendo:
—Me sinto péssima de dizer isso mas, eu não sei mais o que fazer por Sakura...—Disse a mulher, quase que se desculpando com aquela fala.
Aquilo nos atingiu como um balde de água fria já que por mais que por mais que a situação fosse considerada perdida, nós continuávamos a ter esperança, mas agora ficávamos sem chão.
—Nada?—Balbuciou Naruto, já com os olhos marejados de desespero.
—Eu não posso fazer mais nada por ela... Mas existe algo que pode.
—O que?—Perguntei com pressa da resposta, como um drogado viciado na mais nova droga.
—Isso...—Mostrou o fragmento de uma pedra brilhante e transparente.
—O que é isso?—Indagou Sai, curioso, quase puxando uma caderneta para desenhar aquela pedra pequenina.
—Isso é a Jóia de Quatro Almas.
—O que isso tem aver com a Sakura?—Indagou Naruto.
—Isso pode salvá-la.—Respondeu a sacerdotisa, seriamente.
—Isso quase a matou!—Retruquei, rosnando, mas a mulher pouco se importou, virando e dizendo:
—É a nossa única chance... Uma quantidade tão pequena não a fará mau como antes...—Disse tentando ganhar a nossa confiança.—Eu já vi gente voltar dos mortos com fragmentos assim, mas só o farei se o quiserem.
—Ela morrerá se não o fizer?—Perguntou Kakashi, sério.
—Sim...
Horas depois estávamos lá, esperando do lado de fora da casa de Kagome, onde ela colocava o fragmento da Jóia dentro do corpo da garota, era uma cirurgia delicada pelo estado em que a mesma se encontrava. Eu não sei ao certo quanto tempo durou, eu apenas ficava zanzando de um lado para o outro, apreensivo demais para ficar tão calmo como Kakashi parecia estar. Quando já era de noite, a mulher saiu de dentro da casa, com um aspecto tão exausto que nos assustamos em como encontraríamos Sakura. Sem pedir nenhuma permissão ou algo do tipo, eu saltei para dentro da casa, invadindo o local de repouso da rosada. Ao me ver, a Haruno se sentou na cama com esforço, mas o seu rosto estava tão vivido e corado que nem parecia que era essa a garota que passara por uma cirurgia delicada e que há poucos dias, brincava de mãos dadas com a morte.
Ela sorriu para mim, me chamando com a aquela voz doce e com o sufixo que acho irritantemente bom aos meus ouvidos e meu coração quase parou, não contendo o sorriso em meus lábios. Avancei para abraçá-la, e ao senti-la quente e saudável em meus braços, eu não pude deixar de suspirar aliviado. Afinal de contas, não havia mais nada a temer, muito menos, uma flor de cerejeira...