“Realmente, esse cara deve ser odiado, muito odiado por aqui...”

Naruto Uzumaki:

Mesmo com a seriedade do Sesshoumaru e com o súbito temor de Rin eu não pude deixar de achar toda aquela história fantasiosa demais e sinceramente, não me surpreenderia se o Inuyasha surgisse do nada, pulando e gritando que tudo aquilo não passasse de uma pegadinha para tirar com a nossa cara.

Na verdade, até que seria bom se isso acontecesse, seria a dose de realidade no meio do caos surreal em que eu e Sasuke nos encontramos atualmente. Mas não aconteceu, o albino continuava nos encarando, esperando alguma reação, e Rin estava sentada ao seu lado, encarando o bule de onde nos servira o chá, imóvel e calada, como se não estivesse presente ali de fato.

Sasuke tomava o chá quase que religiosamente, lentamente, de olhos fechados, como se também tivesse a cabeça tão enevoada quanto a bebida, tão confuso quanto eu. O olhar do youkai se estreitou sobre nós dois, como se ele estivesse impaciente da nossa surpresa e eu senti que deveria falar algo antes que ele nos expulsasse dali.

—Certo...—Comecei ainda um pouco hesitante, tentando esconder a desconfiança em minha voz, sem muito sucesso, confesso.— Então, como é que tiramos essa tal Jóia de Quatro Almas da Sakura?

Ele me encarou e disse, com a maior frieza possível, uma frieza desnecessária, na minha opinião:

—Se você tirar a Jóia, a menina vai morrer. É mais fácil matá-la de uma vez.

Ao ouvir aquilo, o moreno ao meu lado abriu os olhos bruscamente, engasgando ruidosamente com o chá quente, mas sem desviar um furioso olhar de Sesshoumaru.

Eu até poderia dar umas batidinhas em suas costas e ajudá-lo a desengasgar, mas aquela frase também tivera um efeito estrondoso sobre mim e tudo o que eu conseguia fazer era tentar me manter calmo para não socar a cara daquele metido idiota. Até Rin se sentiu desconfortável ao ouvir aquilo, e pela primeira vez naquela conversa, a morena desviou o olhar apático e perdido em lembranças para o albino, e exclamou um repreensivo e envergonhado “Sesshoumaru-sama!”.

A garota estava muito envergonhada por aquilo e eu não me surpreenderia se ela não se curvasse e não pedisse desculpas em nome do albino. Mas Sesshoumaru pareceu perceber o ar tenso que se formara após o seu pronunciamento e disse em um tom tedioso, quase robótico, sem nenhum traço de arrependimento e compaixão:

—Sinto muito, mas não há nada a ser feito. Eu só disse a verdade.

De súbito, o Uchiha se levantou subitamente, não se importando em acabar derramando a caneca de chá no chão.

—Vamos embora, Naruto.— Ralhou o ninja, saindo subitamente da casa, só faltava cuspir fogo.

A garota pareceu um pouco triste com a saída repentina de meu companheiro e eu não pude sair sem fazer um aceno de cabeça para ela, tentando murmurar algo como um pedido de desculpas, mas não deu muito certo e quando me dei por mim, eu já havia saído de dentro da casa, vendo Sasuke se afastar dali a passos largos.

Tive que correr um pouco para alcançá-lo, mas me mantive em silêncio quando consegui chegar perto dele. Nenhum de nós dois estávamos a fim de conversar, tudo aquilo que o youkai dissera era perturbador demais e por mais ridículo que ele seja, não acredito que seja melodramático ou exagerado ao ponto de falar uma coisa daquelas da boca para fora, como se não fosse nada.

Enquanto seguia o moreno, vi que estávamos nos aproximando da casa em que Sakura estava. Quando chegamos ali, vimos uma cena que nos deixou, no mínimo, surpresos. Lá dentro estava a Kagome, sentada em posição de lótus, de frente para a Sakura que a imitava com a mesma concentração e silencio.

De súbito, um pentagrama se desenhou no chão numa luz azulada e antes que pudéssemos fazer algo, a sacerdotisa deu um golpe feroz contra o peito da rosada, fazendo com que o corpo da garota arqueasse para trás.

—Sua desgraçada...—Murmurou Sakura, com aquela voz maquiavélica que me causava arrepios.

—Agora, Sakura!—Gritou Kagome exausta, de súbito toda a aura ameaçadora que antes emanava da rosada, desaparecer, deixando somente uma exausta e suada Haruno para trás, respirando pesadamente, sem animo nenhum de levantar tão cedo daquele chão.