Versão Allegra

Depois de conversar com Esme sobre minha viagem, eu finamente tomei coragem e consegui ir. Mas antes de ir totalmente eu ainda precisava fazer uma coisa... Falar com Carlisle.

Antes de vir embora eu consegui pegar o telefone do celular de Carlisle nas coisas da Esme e agora que já estava no Rio eu poderia ligar para ele e falar sem Esme saber de nada. Liguei, não demorou muito e ele atendeu.

– Alô?

–Carlisle?

–Sim, quem é?

–Sou eu, Allegra. Eu preciso muito falar com você... É importante.

–Diga. Aconteceu alguma coisa com a Esme? Ela está bem? – A preocupação em sua voz foi perceptível.

– Sim, ela está bem. É só que eu já estou a caminho da Itália e queria muito encontrar você para conversarmos sobre Esme.

– Você não ia ficar com ela ate eu chegar?

–Sim, mas para o bem dela era melhor eu ir embora antes para ela ir se acostumando. Ela não queria, mas eu preciso... E também eu preciso conversar com você.

–Okay, tudo bem. – Ele suspirou. – Você ainda está no Rio de janeiro?

– Sim, ainda estou. Vim para um hotel próximo a Glória.

–Eu devo chegar no Rio daqui há algumas horas. Estou pegando uma conexão de São Paulo para o Rio de Janeiro agora. – Me sentei na cadeira que tinha no meu quarto. – Me dê o endereço de onde você está, que quando eu chegar lhe procuro.

– Tudo bem. – Lhe passei meu endereço e por fim desligamos.

Essa seria minha ultima conversa com algum membro da família Cullen, minha ultima conexão com eles.

Sei que sentirei falta e só tenho à agradecer a eles por tudo. Mas precisava começar minha nova vida e eles começarem a modificar a deles definitivamente.

Versão Carlisle.

Eu já estava quase chegando no Rio de janeiro para chegar à ilha Esme.

Antes de sair de casa, pedi a Edward que não contasse para os meninos aonde eu iria. Ele sabia, era difícil esconder algo dele e ele para atender o meu pedido agiu discretamente. Pedi também para os meninos que se comportassem e que cuidassem de tudo em minha ausência. E o principal, que não destruíssem a casa.

Fiquei intrigado com a ligação de Allegra e um pouco preocupo, também. Esme estava sozinha na ilha e apesar de ser uma ilha privada pode ser perigoso. E essa conversa que ela queria ter comigo, o que será?

Peguei o papel que havia anotado o endereço de onde ela estava do bolso, olhei e depois voltei a guarda-lo novamente. Olhei pela janela do avião e já estávamos sobrevoando o Rio de Janeiro.

Um tempo depois desembarquei no Rio. Minha primeira vontade era correr para ilha e ver a minha Esme. Abraça-la, beija-la e nunca mais deixar ela ir embora da minha vida, mas eu precisava falar com Allegra. Ela disse que era importante, então... Fui a procura do lugar onde ela estava.

O hotel era algo simples, porém bem aconchegante. Fui ata recepção e usei o meu português enferrujado para falar com a recepcionista.

– Boa tarde. – A recepcionista logo me olhou e sorriu largamente.

– Boa tarde, o que o senhor deseja?

– Gostaria que avisasse a Srta. Pazzi, que Carlisle Cullen está aqui em baixo a aguardando.

–Tudo bem,senhor. – O sorriso tinha sumido de seu rosto mas ela ainda me olhava fascinada.

Ela ligou e informou a Allegra que eu já estava a sua espera. – Ela já esta vindo. Se o senhor quiser pode esperar aqui ou ali no bar. – ela apontou o local.

–Irei esperar no bar, obrigada. – Sai e fui em direção ao bar. Me sentei numa mesa e fiquei esperando...

Eu queria muito ligar para Esme. Pensei em ligar, porém eu não poderia falar com ela que estive com Allegra e talvez ela possa pensar algo a respeito da minha demora no Rio de Janeiro. Preferi mandar mensagem, assim ela saberia que eu estava chegando e que eu não havia esquecido.

Peguei o celular para escrever uma mensagem pra Esme e senti uma mão tocar o meu ombro.

–Não mande mensagem para ela ainda, talvez você queira ficar mais tempo longe para processar tudo que eu tenho a dizer. – Me virei e vi Allegra me olhando profundamente.

Fiquei sem entender o que ela queria dizer com aquelas palavras mas preferi não responder. Eu não quero ficar mais longe da Es , ela é tudo pra mim e eu não aguento mais toda essa distancia entre nós.

–Bom,então... – Comecei. – O que queria falar comigo?

–Bom, eu fiz uma coisa. Não sei como você vai encarar isso, é complicado, sim... Mas pense que eu fiz na melhores das intenções. – Eu já estava começando a ficar preocupado.

– O que está havendo,diga logo. É algo com Esme?

– É...

–O que você fez com ela?? – Logo me exaltei.

–Calma, Carlisle. Esme está bem... – Ela falou calma. – Bom, falarei logo.

–Então diga ! – Disse sem paciência alguma.

– Eu tenho um dom. Um dom completamente imprevisível, e que não posso coordenar totalmente. Esme quando me encontrou foi um anjo na minha vida, e só tenho a agradecer ela por isso. Ela me deu a oportunidade de um recomeço, me acolheu, me ajudou financeiramente e eu o que fiz por ela foi o que estava a minha altura. – Ela falou sinceramente. – Você, Carlisle, é um homem de muita sorte por ter Esme na sua vida, e tenho certeza que vocês são e serão muito felizes juntos. – Ela respirou fundo.

Não sei o que ela queria dizer verdadeiramente mas eu estava tentando compreender. Esme fez muito por está menina, muito mesmo e pelo que estou entendendo Allegra usou seu dom para lhe agradecer de alguma forma. Porém, o que isso tinha de “ tão sério” que ela teria que estar tendo essa conversa comigo?

–Bom, Carlisle. Quando Esme me encontrou ela me contou um pouco sobre ela e me falou seu grande desejo. Depois que ela me abraçou eu pude sentir e ver tudo que ela viveu, entende? Toda a dor, frustração, tristeza... Ela sofreu muito em sua vida humana, e graças a você ela superou tudo isso e tem uma razão para viver. E essa razão é você Carlisle... Você deu a ela uma vida, uma nova razão de viver. Você deu a ela o seu amor... – Não pude deixar de sentir raiva das coisas que ela falou sobre o passado de Esme, só de me lembrar de tudo que ela passou com aquele canalha já me dá raiva.

– Allegra, por favor, vá direto ao ponto.

–Okay, então.. eu usei meu dom em Esme. A principio você não vai entender, mas irei te explicar primeiro como meu dom funciona. Eu meio que posso “ realizar desejos” - Eu não sabia se ria ou se esperava ela continuar.- Eu sei que parece engraçado, mas é a pura verdade. Para o meu dom funcionar vai depender muito da pessoa que eu quero usar ele. Antes de qualquer coisa, eu sinto e vejo tudo que aconteceu na vida daquela pessoa e depois caso eu tente usa-lo, ele pode funcionar ou não. Meu dom é falho e imprevisível... – Ela abaixou a cabeça. – Só tenho a agradecer a vocês por tudo que fizeram por mim e principalmente desejar que vocês dois sejam muito felizes nessa nova fase.

– Allegra, essas coisas acontecem. Ate mesmo os dons tem suas falhas... – Tentei ser compreensivo.

–Carlisle, usei meu dom na Esme e ele funcionou. – Eu fiquei estático. Não havia reparado que ela tinha dito que tinha usado seu dom em Esme. – Eu realizei o maior desejo de Esme.

– Co-como? – Gaguejei. – O que você fez com a minha mulher....- Deixei a frase morrer. Eu não sabia o que falar, na verdade, eu estava pensando no que ela havia feito com a minha Esme.

– Carlisle, você sabe qual era o maior desejo da Esme, não sabe?

–Sim... e.. é impossível. – Não, não podia ser... eu estou chocado. – Nada pode fazer com que vampiras desenvolvam filhos biologicamente seus.

–É possível, Carlisle. Esme é a prova viva de que milagres podem acontecer... Não estou querendo dizer que meu dom é um milagre, mas sua esposa e você merecem tudo de melhor e nada mais justo do que ter um sonho de ambos realizados.

–Eu... eu não consigo entender. É completamente confuso e impossível...

–Carlisle, você será pai novamente, e isso é um fato. O corpo de Esme esta se adaptando para manter o novo corpo dentro de si... pequenos detalhes já são notados. Os Cullen terão mais um membro para a família. Sua esposa, Esme, está grávida. Carrega em seu ventre o fruto de um amor verdadeiro e puro, como ela sempre quis e sempre desejou juntamente com você. – Eu estava chocado, estático, pra ser mais exato.

Pai. Eu serei pai... Quando eu poderia imaginar que eu iria ter um filho, um filho com a Esme. Um filho nosso...

Eu, eu não sei nem o que fazer. Estou completamente sem chão... Eu nunca imaginei a Esme grávida. Tudo bem, que nós queríamos isso. Queríamos muito, porém nunca imaginei que isso um dia poderia acontecer... geneticamente nós não podemos, ela não pode. E agora, olhe aonde estamos. Esme grávida, esperando um filho meu.

Eu não podia acreditar, estava tão feliz. Um filho, um filho nosso, um elo para vida toda. Eu mal posso esperar para vê-la, saber como ela está, o nosso filho... Apesar de estar muito confuso com isso tudo e querer uma explicação da Esme, eu estava imensamente feliz por estar acontecendo.

–Carlisle? Carlisle...

–Oi, oi. – Falei voltando a mim.

– Está tudo bem? – Ela me olhou preocupada.

– Não, quer dizer, sim... é , mais ou menos.

–Eu sei que é complicado de entender, mas ela precisa de você. Eles precisam de você... – Eles, eles... – Esme te ama, te ama muito. E no momento ela está com medo de que você possa não querer e que tente tirar isso dela.

–Mas, não.. eu nunca faria isso, claro que não. Eu estou confuso, eu.. eu preciso ir embora. – Me levantei rapidamente e a deixei lá.

Eu estou confuso demais. E se esse bebê fizer mal à Esme? E se não for um bebê como realmente pensamos? É tão complicado... Eu preciso vê-la, conversar com ela, saber mais para que depois eu possa cuidar dela e da criança durante a gravidez. Meu filho... cuidar do meu filho.

Sai do hotel sem rumo e fiquei andando pela cidade. Eu estava com muito medo mas também muito feliz. Medo por Esme estar correndo algum risco e feliz por que era um filho.. Uma criança para nossa vida, nossa família.

E os meninos, os meninos ficariam muito felizes com essa noticia. Uma criança na casa, mais uma. Os meninos ficariam eufóricos com essa noticia... Talvez a nessie não encare de uma forma boa no inicio, afinal, ela é a caçula. E a Rosalie também não, talvez. Mas ainda assim iriam gostar.

Fiquei andando pela cidade. Eu precisava de um tempo para processar a informação e para pensar nas decisões futuras.

Versão Esme.

Eu já estava sozinha na ilha. A ansiedade e o nervosismo já estavam tomando conta de mim por completa. A espera por Carlisle já estava me enlouquecendo e me deixando preocupada, pelo tempo que falei com ele já era para ele estar aqui, se é que ele iria vir imediatamente. Será que aconteceu alguma coisa? Eu não estava com um pressentimento muito bom, sei lá, estava sentindo uma coisa estranha...

No momento eu estava no meu quarto deitada lendo um livro. Na verdade não estava prestando muita atenção não, então quando o telefone tocou eu dei um salto e logo atendi.

–Alô.

–Mãe? – Era o Edward.

– Sim, meu filho. Tudo bem?

–Sim, mãe. Como está as coisas por ai? Já estão voltando?

–Hum?

– Carlisle não está ai?

–Não. – Eu estava confusão, muito confusa. E minha angustia só aumentava. – O que está acontecendo, Edward?

–Eu não sei, quer dizer. Ah, não foi nada. Ele disse que ia se atrasar mesmo.

– Como assim? Me expliquem isso, A.G.O.R.A .

– Mãe, olha. Você sabe que nós não sabemos mentir, ainda mais sendo pra você. Então, bom... o Carlisle saiu daqui ontem e ia para o hospital resolver as coisas e fazer o plantão dele, e logo em seguida iria para ai quando saísse. – Processei a informação e isso me levou a conclusão de que: Carlisle já deveria ter chego.

–Já era pra ele ter chego.

– É, sim, mas quem sabe ele não se atrasou? Imprevistos acontecem, mãe. Não se preocupe...

– É... hum, okay. Preocupada já estou, mas... – Parei antes que dissesse algo que me comprometesse mais. Ouvi um risinho. – Enfim, irei esperar.

–Okay, mãe. Quando ele chegar dê um beijo nele por nós... – Ouve muitos risos e eu pensei em bater no Edward.

–Cala boca, menino. Tchau.. Amo vocês, mesmo não merecendo. – Eles riram.

–Também te amamos mãe. – Nos despedimos e desligamos.

Queria ligar pra ele, apesar de já ter ligado minutos atrás. Mas irei parecer chata, irá parecer que espero que ele chegue logo – o que realmente é, mas ele não precisa saber.

Desci as escadas e fui para a cozinha. Não fazia ideia do que iria fazer ali, mas eu precisava me distrair... Abri a geladeira e não tinha exatamente nada. Pra que teria também? Ninguém nesta casa se alimenta.

Fui para a varanda e fiquei sentada em uma das cadeiras. Olhei para o mar, para o seu estrelado e fiquei pensando na vida. No passado, no presente, no futuro... As coisas ruins do passado são para ser esquecidas e as boas guardadas. Devemos carregar consigo as coisas boas e momentos que valem ser guardados.... Carlisle seria um momento bom para eu levar comigo ou deveria esquece- ló como um momento ruim?