As horas se arrastavam durante o vôo e todos estavam muitos quietos, imersos em pensamentos, principalmente o Kyouya, que ficou o tempo todo com o rosto enterrado nas mãos, mergulhado no sofrimento e no medo por sua amada.

Me levantei de minha poltrona, ao lado de Marie, que estava profundamente adormecida, andei e me sentei ao lado do professor e perguntei o mais gentil possível.

– Você está bem?

“que pergunta idiota” pensei logo em seguida

Ele não respondeu. Continuei tentando consolá-lo

– Nós vamos encontrá-la, Kyouya – continuei docemente – Você vai ver, nós...

Ele me interrompeu bruscamente levantando o olhar, seu rosto estava de partir o coração.

– Você não entende! Se a Cibele está em perigo oi até já estar morta é culpa minha! – ele falou baixo o suficiente para que somente eu ouvisse – Se eu tivesse ficado com ela naquele maldito baile...

– Teria acontecido a mesma coisa! – falei no mesmo tom que ele e mandando a gentileza para o inferno – A Cibele estava no quarto quando foi levada e você não poderia estar lá à menos que quisesse ser demitido imediatamente caso fosse pego. Além disso, ela foi escolhida ao acaso. Poderia ter sido qualquer uma de nós, não foi culpa sua!

– Imagine se a situação fosse outra Srta. Cole – propôs ele, um pouco mais calmo, mas ainda sofrendo – Se o Sr. Smithson fosse ferido por aquela maldita bruxa, o que você faria e como se sentiria?

Decidi por um fim naquela conversa, pois aquele assunto me perturbava muito. Eu me preocupava com a segurança de Dean, mas ele queria me acompanhar até os túneis para me proteger e eu queria exatamente o oposto. Queria que ele ficasse em Miami para o bem dele próprio, eu o amo e eu não suportaria se ele se machucasse ou pior.

– Não me trate como uma de alunas – falei fingindo irritação – Na House of Night até pode ser, mas aqui, você é apenas o namorado, ficante, noivo, marido ou o que for de uma das minhas melhores amigas, então não me chame de Srta. Cole!

Levantei-me e voltei para a minha poltrona.

Quando chegamos a Tulsa, desembarcamos do jato e fomos em direção a uma reluzente Mercedes preta que estava esperando por nós, mas antes de chegarmos o piloto do jato chamou a nossa atenção e disse:

– Senhoritas, acho que tivemos um intruso durante o nosso vôo – ele puxou um garoto para fora do jato pela gola da camisa – Você o conhecem?

– Ah não! – exclamou Bruna – Jesse!

– Qual é a sua de trazer a porra do seu namorado humano para cá Bruna? – esbravejou Marie – Você ficou louca, caralho?!

Bruna revirou os olhos azuis para Marie e a ignorou, voltando sua atenção para o humano.

– Que diabos você está fazendo aqui Jesse? Quando eu liguei para você dizendo que ia viajar por uns dias, a ideia era apenas informá-lo disse não você se esconder no avião e vir atrás de mim porra! – ela bronqueou

– Quando você me ligou, eu não sei o que aconteceu - explicou o garoto – Eu apenas senti que você precisaria de mim, ou melhor, do meu sangue

– Eu não acredito! – agora era a minha vez de dar a bronca e eu estava realmente indignada com a fraqueza de minha amiga por sangue – você carimbou o garoto!

Bruna encarou todas nós com o olhar de quem pedia desculpas

– O que faremos com ele agora? – perguntou Heaven

– Cortaremos os dedos, arrancaremos os olhos e faremos uma sopa! – debochou Marie

– É serio Marie! – falou Heaven – não podemos levá-lo conosco então, o que faremos?

– Vamos levá-lo para a HoN e o deixaremos lá, obvio – disse Dean – nem que seja preciso acorrentá-lo às paredes.

–----

Chegamos e saímos da House of Night rapidamente. Apenas deixando Jesse sobre os cuidados de Lenobia e fomos para os túneis. Quando chegamos os corredores estavam mergulhados em trevas.

– Alguém tem uma lanterna? – perguntou Heaven

Ninguém respondeu

– Qual é pessoal? Ninguém pensou em trazer uma lanterna?

Senti Bruna se afastar e ir tateando até uma parede.

– Droga! – ela exclamou – Esses lampiões não funcionam!

– Esses lampiões a óleo são do tempo da onça! Como você esperava que funcionassem? – perguntou Heaven

– E agora porra? – perguntou Marie, educada como sempre

– Deixa comigo! – falei – Fogo eu o invoco. Preciso de sua luz!

Senti o calor do elemento em volta de mim

– Acenda os lampiões e ilumine o nosso caminho.

Em seguida todos os lampiões se acenderam magicamente. Virei-me para trás e falei para a Marie.

– Agora é a sua vez não?

– Vez do que caralho?!

– Você é filha de Stevie Rae e tem afinidade com a terra. Você deve conhecer esses túneis melhor que ninguém.

Marie se adiantou e pôs a mão no chão

– Terra venha a mim! – ela ficou ali por alguns segundos e depois apontou para frente e falou – por ali. Tem alguma coisa que ela deixou cair a uns 10 metros a frente. Vamos Cacete!

Dean pegou a minha mão e todos nós começamos a correr na direção apontada pela Marie e só paramos quando encontramos algo no chão. Heaven deu um passo a frente e pegou o objeto do chão.

– É o sapato dela – Bruna reconheceu

– Você estava certa no fim das contas – disse Kyouya olhando para a Marie

– Você estava duvidando de mim porra? Porque todo mundo pensa que eu não sei fazer nada direito caralho?

Ninguém respondeu e todos voltaram a correr, com a Marie de guia. O caminho era irregular e isso ocasionou vários tombos. Quando mais andávamos, mais machucados ficávamos.

– Mais que droga! – reclamei enquanto Dean me ajudava a levantar de novo – esse túnel não acaba nunca?

– Estamos quase lá! – disse Heaven

Continuamos seguindo pelos túneis até o fim dele onde encontramos, acorrentada, amordaçada e inconsciente, Cibele.

– Ah, minha Deusa! – exclamou Kyouya e foi em direção a garota, mais foi parado pela Heaven.

– Espera! – disse ela com um tom preocupado – Tem alguma coisa errada aqui.

– Você acha? – perguntou uma voz atrás de nós – pois eu tenho certeza!

Nos viramos e demos de cara com a Allyson, ainda em seu imponente, elegante e assustadoramente decotado, vestido de festa. Ela olhava para nós com um ódio que eu nunca vi em ninguém antes.

– O que você esta fazendo aqui? – perguntou Bruna

– Não é obvio, sua idiota? Estou seguindo ordens da Kassandra – disse ela – e as ordens são bens simples : Ela quer você todos mortos e eu terei o maior prezes em seguir essa ordem – Allyson sorriu com crueldade

– Porque? – perguntei a ela – porque está fazendo isso?

– Porque?!Por causa de você e de suas e de suas malditas amigas – disse ela extremamente furiosa – Vocês simplesmente chegaram, com essas tatuagens completas e roubaram tudo de mim! Tudo o que eu tinha e gostava!

– Essa nunca foi a intenção Allyson – disse Heaven – Nós nunca...

– Não interessa se essa foi ou não foi a intenção de vocês! – ela interrompeu bruscamente gritando – Vocês tiraram de mim tudo o que eu tinha, eu era a líder dos filhos das trevas, eu era praticamente a rainha da HoN de Miami e agora eu sou umz ninguém! Vocês tiraram tudo isso de mim e acima de tudo... – ela olhou para mim e o Dean, que ainda tinha os dedos entrelaçados nos meus, e falou – Você tirou de mim o garoto que eu amava!

– Isso não é amor, Allyson! Isso é obsessão! - falei para ela – obsessão de uma garota mimada e boba que não consegue aceitar as coisas como elas são e levar a vida adiante.

Ao que pareceu, Allyson não gostou nem um pouco de ouvir a verdade, pois ela fez algo que eu não sabia que ela poderia fazer :

Me atacou com raios elétricos e me arremessou contra a parede. Bati a cabeça com força e a pancada me deixou muito atordoada. Levei minha mão a cabeça e senti o sangue quente escorrer entre meus dedos. Dean correu até mim para me ajudar e Allyson riu.

– Vocês realmente foram tão ingênuos de pensa que eu estava aqui totalmente indefesa? – perguntou ela em tom de deboche – Graças a Kassandra, agora eu sou tão poderosa quanto vocês e seus estúpidos elementos!

– Você é louca! – Dean esbravejou enquanto me ajudava a levantar, e depois perguntou só pra mim – você está bem?

Não tive tempo de responder, pois Dean caiu ao meu lado depois de um gemido de dor.

Não pude agüentar isso, explodi, invoquei o fogo e ataquei Allyson com toda a minha força, logo em seguida, as garotas, menos Cibele que ainda estava desacordada, se juntaram a mim usando seus elementos até esgotarem todas as suas energias, quando acabamos todas nós mal conseguíamos nos manter em pé e Allyson estava caída no chão.

– Ela morreu? – perguntou Heaven com receio

Kyouya que tinha se mantido ao lado de Cibele o tempo todo, afastou-se dela com relutância e aproximou-se de Allyson

– Não tenho certeza... – disse ele – o ataque foi muito poderoso, mas ela pode estar viva ainda, ou não.

– Ela mereceu isso – afirmou Dean caído no chão. Andei até ele com urgência, mais quando me abaixei para tocá-lo minha cabeça doeu sem dó.

– Ai!

– Vocês estão bem? – Heaven parecia preocupada

– O que vocês acha? – disparou Marie – olha para eles!

– Precisamos voltar para a HoN – disse Bruna – Cibele, Dean e Evelyn precisam de um médico

– Eu estou bem – menti, claro que não funcionou

– Não minta Evelyn! – disse Heaven – Eu te conheço desde você nasceu! Você é uma péssima mentirosa!

– Nós vamos voltar para a House of Night de qualquer jeito – concluiu Kyouya – alem de não sabermos mais nada sobre Kassandra, de que adiantaria encontrarmos o inimigo se estamos cansados e machucados demais para enfrentá-lo?

E depois desse discurso do prefessor, rumamos para a House of Night.