Catherine acordou sem vontade, mas mesmo assim saiu da cama. Já era quase hora de ir para a faculdade, e embora ela não quisesse ir, começou a esquentar a água do café. Seu costume de manhã era primeiramente tomar duas xícaras até acordar totalmente. Depois disso tomava banho e então comia algo, que geralmente era um sanduíche ou alguma outra coisa calórica. A verdade é que ela não ligava muito para seu peso. Podia ser que tivesse engordado alguns quilinhos, mas ela olhava no espelho e se sentia feliz com aquilo que via, então aquele peso na verdade não era preocupação nenhuma.

Saiu de seu apartamento e viu que ainda tinha quase meia hora até que começasse sua primeira aula. Ótimo, assim poderia andar mais tranquilamente, poderia parar para olhar as vitrines e até comprar alguma coisa que a interessasse. Parou em frente á uma loja cuja vitrine exibia lindas saias. Catherine amava saias, ainda mais quando davam um efeito delicado para a pessoa. Viu uma de renda preta e quase entrou na loja, quando viu o reflexo de um rosto na vitrine fitando-a.

- Oi. – Era um sorridente Nick.

- Ah, não. O que você quer? – Catherine virou-se e olhou torto para ele. Ele não parecia estar com ressaca, apenas estava com cara de quem tinha acordado cedo para fazer algo que não gostava. Era mais ou menos o que se passava com ela.

- Eu vi você saindo de seu apartamento e pensei em acompanhá-la até a universidade. Esta é uma quinta feira fria de manhã, nada melhor do que uma boa companhia para começar bem o dia.

- Então me apresente a boa companhia e me deixe em paz. – Catherine não sentia a mínima necessidade de ser simpática com um cara que não conhecia e que a havia estressado na noite anterior. Só queria ir para a faculdade e abrir alguns corpos mortos.

- Ãhn, eu sou a boa companhia. E não venha me dizer que sabe o caminho. – Nick deu um sorriso charmoso para Catherine, mas ela não estava olhando para ele. Nick continuou segurando o sorriso até que Catherine o olhasse com o mais profundo olhar de puro desgosto.

- O que aconteceu com a sua cara? – Ela perguntou, cuidando para não sorrir ao ver aquele garoto literalmente babando por ela. Na verdade, ela estava até gostando daquela atenção toda, mas a briga recente com seu ex-namorado havia deixado ela alerta caso qualquer coisa do sexo masculino se aproximasse dela.

- Está feliz por ter visto a sua. Ora vamos, hoje nem é segunda feira para esse seu rostinho lindo estar tão aborrecido. – Nick retrucou. Catherine não conseguiu pensar em nada além de mandá-lo calar a boca. Quando chegaram á universidade, Catherine saiu correndo do lado de Nick e foi direto para sua sala. Não queria ser vista com ele; já havia feito amizades muito influentes e era provável que todos a abandonassem se a vissem ao lado daquela criatura.

O resto da manhã foi passando lentamente, exatamente ao meio dia o sinal soou, anunciando a uma hora de intervalo que teriam. Antes de sair de sua sala, Catherine olhou ao redor procurando sinais do garoto que a acompanhara até a escola, como não o viu, caminhou tranquilamente até a cantina. O amontoado de pessoas ao seu redor era impressionante, e á tarde vinham ainda mais pessoas para estudar. Por incrível que parecesse, a NLVU prezava muito a pontualidade de seus alunos, de modo que não permitia a entrada atrasada sem bilhete do reitor. De repente houve uma grande movimentação na entrada do refeitório, e com crescente horror Catherine viu dois homens armados adentrando a porta.

- Todo mundo para o chão, isso aqui é um assalto. – Um homem baixo e gordinho gritou ao mesmo tempo em que seu companheiro de crime, também baixo e gordinho, caminhava decididamente em direção ao caixa do buffet onde estavam. Catherine notou que ambos pareciam com Tweedledee e Tweedledum. Até as roupas de bandidinho combinavam.

- Vamos passar um por um e recolher todo o dinheiro de vocês. – Tweedledee gritou, dando um chute em um rapaz deitado perto dele. Tweedledum deu meia volta, e começou a cutucar uma moça deitada do outro lado do refeitório, que imediatamente lhe entregou a carteira inteira.

- Não queremos suas carteiras, imbecis. Apenas o dinheiro, entenderam? Apenas a porra do dinheiro! – A cada palavra o homem apontava a arma para uma pessoa diferente. Foi nesse momento que Catherine viu que a arma não tinha gatilho. Aquilo era uma arma de brinquedo!