O Sistema escrita por Matt


Capítulo 1
Escolhas.




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Minha vida era normal como a de qualquer pessoa na minha idade, sem grandes preocupações apenas me ajustando as mudanças, o ano letivo já estava no fim não demorou muito para as férias chegarem e começar a plantar a saudade, mas só algumas coisas despertavam esse sentimento, ou melhor, alguns amigos afinal o único lugar que podíamos nos encontrar diariamente era a escola.Dois dias para começar o novo ano e até agora não havia acontecido nada até que escutei a batida na porta e fui atende-lá , para a minha surpresa encontrei Arthur, Luke, Ana e Katarina eles eram os amigos de que eu sentia falta e imediatamente um sorriso surgiu em meu rosto.

–Oi pessoal, o que fazem aqui? – Na verdade na queria saber o que eles queriam, pra mim já bastavam eles estarem ali.

–Oi Andrew – Todos responderam quase que na mesma hora.

–Nós vamos dar uma caminhada pelo bairro, você não quer vir com a gente? –Eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar, era Ana que falava sorrindo.

–Claro, só vou pegar um casaco. –Disse.

Subi as escadas correndo quase que tropeçando em meus próprios pés entrei no meu quarto peguei o casaco mais próximo enquanto descia as escadas disse “Mãe, vou sair com meus amigos, Tchau!” antes que ela pudesse responder qualquer coisa eu fechei a porta e nós começamos a caminhar, as ruas de Roseli Vargas estavam vazias, todos estavam no centro da cidade devia estar acontecendo algum evento ou algo do tipo, as pessoas da cidade eram festeiras, mas eu era a exceção. Em uma das ruas havia o supermercado do bairro e Luke parou de caminhar e em seguida todos pararam, ele olhava fixamente a estrutura do prédio, nenhum detalhe passava despercebido dos olhos de Luke.

–Tive uma idéia! –Ele continuava com os olhos fixos no prédio.

–Que idéia? –Disse tentando reprimir o que meu corpo pressentia.

–Nós poderíamos entrar no mercado e comer algumas coisas. –Luke falava com um sorriso contínuo no rosto.

Todos pareciam gostar da idéia, menos eu.

–Eu... Eu acho que não é uma boa idéia, pode ser perigoso! –Minha voz insistia em falhar.

–Você esta com medo? –Arthur disse entre risadas.

–Não, mas é perigoso, além do mais deve ter câmeras de segurança para todos os lados se formos pegos? –Minha garganta se fechava enquanto eu cuspia as palavras para fora.

–Não seremos pegos, nós só vamos pegar e sair não ira dar tempo para ninguém nos pega muito menos a policia. –Ana dizia tudo àquilo com firmeza, como se fosse fácil.

Depois de tentar fazer com que eles desistirem quem cedeu fui eu, não tinha mais argumentos para rebater contra aquela idéia, apenas acenei com a cabeça em sinal de positividade, eles sorriram fiz um esforço para sorrir, mas não consegui. Nós aproximamos do supermercado e procuramos por alguma entrada, enfim encontramos uma janela que por acaso estava aberta, ninguém era alto o suficiente para conseguir entrar sem complicações por isso teríamos que pular, decidiram que iria primeiro então Arthur juntou as mãos formando uma espécie de degrau, coloquei meu pé direito sobre as mãos dele, enquanto deu um pulo senti um impulso que me fez alcançar a soleira da janela e com muito esforço consegui entrar, a janela dava para uma espécie de armazém esperei pela próxima pessoa para que eu pudesse ajuda-lá a entrar mas não houve, olhei pela janela e vi que todos haviam ido embora provavelmente fugiram e eu estava sozinho e temi que o pior pudesse acontecer, escutei ao longe uma sirene comecei a correr sem destino, estava muito escuro mas mesmo assim continuei a correr, me deparei com uma porta e a abri agora eu estava no corredor principal e antes de eu dar mais um passo uma luz muito forte ofuscou minha visão, senti o ar fugir dos meus pulmões, minha garganta se fechar e agora eu estava imóvel só pude ouvir um grito “Mãos para cima!”, meu corpo estremeceu enquanto erguia minhas mãos e novamente outro grito “Vire-se” não hesitei e em um movimento rápido senti as algemas se adornando aos meus pulsos, alguém me virou e me guiou até a saída do mercado, já do lado de fora havia duas viaturas policiais, meu coração quase saltou pela boca, os policiais falavam diversas coisas mas eu não conseguia escutar o único som que soava em meus ouvidos era um zumbido forte, abaixaram minha cabeça para que eu pudesse entrar em uma das viaturas.Não consegui dizer nenhuma palavra e enquanto o veiculo se locomovia pude ver os culpados de tudo aquilo, Katarina estava em prantos com a cabeça no peito de Luke, senti meus olhos arderem e deixarem cair uma lágrima que não deveria existir.Não sei quanto tempo fiquei esperando em uma cela da delegacia até minha mãe chegar com os olhos inchados e vermelhos ela se aproximou das grades e eu fui de encontro a ela, nossas mãos se entrelaçaram.

–Mãe, eu não fiz nada tudo isso é uma armadilha para mim. –As palavras saiam lentamente, mas com desespero.

–Filho eu sei que o que fez foi um erro, mas não vou te abandonar. –Sua voz era tremula.

–Obrigado Mãe. –As lagrimas agora eram constantes.

–Você vai ser transferido para uma instituição que cuida de menores infratores. –Os soluços quase a impediram de falar.

Balancei a cabeça, ela se levantou enquanto os policiais me levavam novamente para a viatura, não me lembro como foi a viajem eu havia dormido ou pelo menos tive cochilos quando acordei estava em um quarto com apenas uma cama e duas portas, uma delas provavelmente era o banheiro e em um dos cantos da cama se encontrava uma calça de cor laranja, uma camiseta e um par de sapatos brancos e eu já estava sem as algemas, senti me estomago revirar e se contrair, corri em direção ao banheiro me debrucei sobre a privada e tudo o que eu havia comido tinha sido jogado pra fora, depois de me recompor percebi que minhas roupas estavam sujas e fui obrigado à troca-lás. Nas primeiras semanas recebi muitas visitas da minha mãe, Arthur, Luke, Ana e Katarina, todas as vezes que Luke ou Arthur vinham me visitar e os acertava com um soco no rosto ou no lugar mais próximo, já com as garotas eu não dirigia nenhuma palavra muito menos olhava para elas, um mês depois enquanto estava na fila do refeitório um garoto que tinha o nome de Michael esbarrou em mim e passou a minha frente, toda a comida que eu havia posto eu tirei da bandeja deixando a livre, puxei ele pelo ombro e em movimento acertei o rosto dele com a bandeja de metal ele caiu ao chão e ficou atordoado cuspiu sangue junto com um dente, todo me afastavam para que eu não desce outro golpe mas não era minha intenção aquilo já me bastava fui mandado para a solitária e aquela era a primeira vez de muitas, cinco meses se passaram até eu receber uma visita desconhecida.

Enquanto estava novamente na solitária, a porta foi aberta e uma silhueta muito maior que eu surgi, na escuridão daquela cela a luz do lado de fora vazou para dentro e pude ver que a figura que se formava era um homem com roupas de gala, ele me chamou pelo nome, mas eu não o respondi.

–Andrew se não quiser falar tudo bem apenas escute, tenho uma proposta a lhe fazer. –A voz era firme e confiante.

–Posso te tirar daqui, mas você terá que esquecer sua antiga vida e trabalhar para o governo como uma nova pessoa. –Ele não tropeçava nas palavras e falava cada uma com paciência, me levantei e me pus diante a ele.

–Não ligo pra quem seja, mas eu não vou trabalhar para o governo corrupto que apenas se preocupa com seus benefícios. –Eu ainda cambaleava em minhas pernas.

–Nem todo são corruptos alguns ainda querem justiça. –Ele alterou seu tom de voz e as palavras começavam a ser jogadas para fora um pouco mais rápido.

–Não estou interessado. –Voltei a sentar no chão.

–Ok, se essa é sua escolha... Apodreça ai. –Ele se virou e foi embora.

Depois daquela visita, houve outras ao longo do segundo mês e todas elas tinham o intuito de me levar para um lugar no qual alguns cidadãos comuns eram selecionados para servir ao seu país o defendendo de ameaças externas e internas. A principio tudo aquilo parecia muito sensato, mas ao mesmo tempo fazia com que a duvida permanece-se em minha cabeça, será que esse lugar traria a corrupção do governo para dentro de si, ou melhor, apenas deteriam as ameaças que não daria benefícios ao governo, minhas perguntas ficavam sem respostas enquanto recusava todo aquilo foi ai que percebi minhas perguntas apenas seriam respondidas se eu aceita-se ingressar para o que eles chamavam de “Sistema”.No fim do terceiro mês recebi novamente a visita daquele homem que para mim tinha o nome de “O Grande”.

–Andrew... Novamente estou aqui, vou ser direto... Você quer ou não fazer parte do sistema, essa é a sua última... –Eu o interrompi.

–Eu quero! – Minha decisão já estava tomada antes mesmo dele colocar os pés naquela cela, eu precisava sair dali.

–Ok, para você fazer parte do sistema você precisa deixar esta vida para trás e para isso você tem que morrer. –Um leve sorriso estava em seu rosto.

–Eu não entendi. –Disse entre gaguejos.

–Você terá que morrer nessa vida para que possa viver outra, ou seja, você será uma nova pessoa, com uma nova vida e uma nova chance de faze tudo certo. –Não houve sorrisos agora.

–Mas e minha Mãe? –Disse.

–Daremos segurança a ela, mas você não poderá ter contato. –Ele dizia aquilo com uma culpa em no tom de voz.

Balancei a cabeça e ele entendeu o sinal, se aproximou levantou um das mãos e depois senti uma leve picada em meu pescoço, após alguns segundos tentei me manter acordado, mas sem sucesso perdi a consciência o ultimo som que ouvi foi um pedido de desculpas. Não sei quanto tempo fiquei desacordado, mas quando comecei a acordar já não estava mais na cela muito menos na enfermaria do instituto, de fato era uma enfermaria, mas não me era familiar. Enquanto meus olhos se adaptavam percebi que estava deitado sobre uma cama elevei meu corpo fazendo com que ele se sentasse, depois de minha visão voltar vi um homem de jaleco branco e com óculos se aproximar, ele me perguntou se eu estava bem e respondi balançando a cabeça.

–Onde estou? –Perguntei ainda um pouco desnorteado.

–Nas instalações do sistema, mas agora descanse você vai precisar. –Ele dizia calmamente aquelas palavras, não hesitei e dormi.

Mais algumas horas até eu acordar novamente, desta vez aquela sala estava vazia e pude ver tudo o que havia nela, camas, aparelhos médicos, apenas o silêncio, uma porta na qual parecia me chamar para fora resolvi atender o chamado e me levantei, meus primeiros passos foram dados com dificuldade enquanto eu me apoiava nas camas quando alcancei a porta vi que a fechadura era diferente das usadas em portas convencionais, mas era adequado, pois nada ali era comum de ser ver ou ter contato virei a maçaneta e tentei abrir a porta mas em vez dela se abrir fez com que uma espécie de alarme soa-se, olhei ao meu redor e vi câmeras de segurança em cantos da sala e enquanto alguém do outro lado da porta começou a entrar recuei, era novamente o homem de jaleco e óculos.

–Você é teimoso, eu te disse para você descansar não foi. –Seu semblante era de fúria.

–Já que você esta acordado vou te levar até o dormitório. –Continuou.

Ele abriu novamente a porta e pediu para que eu o seguisse, era um longo corredor quase sem luz e não havia janelas, caminhamos mais um pouco até um novo corredor lá havia diversas portas com números estampados, chegamos até a porta de numero 7 e ele pediu para que eu entrasse, lá haviam duas camas, dois guarda roupas e nada mais.

–Esse é seu quarto, e você vai dividi-lo com... Mark. –Ele parecia gostar do que estava dizendo.

–Mas o que aconteceu comigo? –Nada mais me interessava, além disso.

–Você foi recrutado para o sistema, suas roupas estão no guarda roupas e espere até que surjam novas ordens para você. –Ele disse e saiu do quarto.

Nos primeiros instantes não me movi apenas olhava atentamente para aquela pequena sala logo depois caminhei até o guarda-roupa e para minha surpresa não era de fato roupas e sim um uniforme como o da instituição a única diferença era a cor das calças, era de um azul marinho quase chegando a preto e as peças intimas logo a baixo e seguia o mesmo padrão, eram dois uniformes e ao lado um moletom cinza, decidi troca de roupa apenas pelo fato de não gostar do avental médico.Alguns minutos depois houve burburinho do lado de fora e em seguida a porta se abriu e entraram um garoto que parecia ser mais jovem que eu e “O Grande”.

–Vejo que já se adaptou ao quarto, bom este é Mark seu colega de quarto e a propósito não nos apresentamos... Eu sou Michael, seu chefe. –Um leve sorriso estava em seu rosto.

–Prazer em conhecê-lo, Chefe. –O sarcasmo era visível.

–O Prazer é meu, Mark te explicara como seguir daqui para frente e seja bem vindo ao sistema. –Ele dizia enquanto fechava a porta.

Mark deixou a postura ereta de lado e se acomodou na cama ao lado.

–Como você chegou aqui? –Ele falava aquilo como se já tivesse falado milhares de vezes.

–Pego em flagrante, mas eu não tinha feito nada muito menos pensaria em fazer. –Ele prestava atenção tentando entender.

–Comigo foi quase a mesma coisa, mas mudando de assunto você já passou pela inserção?. –Ele disse.

–Não, o que é a inserção? –Havia muitas coisas que eu não sabia sobre o sistema. Mark levantou a manga direita da camiseta e me mostrou um corte que ainda estava em processo de cicatrização.

–É a implantação de um nano chip no seu corpo, não sei ao certo para que serve mas todos tem que passar por isso a minha foi a um mês. –Ele dizia enquanto cobria a ferida.

Antes que eu pudesse responder alguma coisa a porta se abriu e um homem com roupas que lembravam policiais disse que eu teria que acompanhá-lo, não questionei e o segui novamente voltei a enfermaria e a idéia de que a inserção aconteceria agora era forte em minha cabeça, o homem de jaleco perguntou ao segurança se a sala de cirurgia esta pronta e ele respondeu positivamente e novamente fomos caminhando por entre diversos corredores até chegar em uma nova sala pediram para que eu me deitasse e eu o fiz foi aplicado algo em minhas veias que me fez dormir, quando acordei estava novamente na enfermaria o que já estava ficando comum para mim e assim como nas outras vezes eu ainda não tinha controle sobre meus sentidos mas uma leve dor permanecia no meu braço direito.


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