Era Uma Vez no México Parte I escrita por m_stephane


Capítulo 7
A máscara




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Capitulo 7 – A máscara  


TOULOUSE 

Um ruído seco escorreu pela casa, depois disso o som veio quase imediatamente.

-         E depois de quase cinco anos, a quadrilha apelidada “Jóias Negras” volta a causar problemas, hoje foi em Toledo no “Miragem Hotel”...

-         Parabéns Audrey, finalmente conseguiu consertar o rádio.

-         Não foi nada. Ele só precisava de um pouco de carinho. – elas riram.

-         E você conseguiu entregar a máscara Emmanuelle? – perguntou Jennie.

-         Claro, ou você acha que alguém seria capaz de me passar para trás?

Não foi necessário responder.


TOLEDO - UMA SEMANA ANTES

Emmanuelle teve uma  longa conversa com Audrey, Scarlett e Jennie e elas chegaram a duas conclusões, a primeira era que Nicolle pagava bem e elas aceitariam o trabalho que ela sugerisse, a segunda é que elas não dispunham, no momento, do dinheiro necessário para sair de Lisboa e ir para Londres.

Naquele mesmo dia Emmanuelle teve a idéia de ligar para Nana Souza Lima, uma senhora na casa dos cinqüenta anos, alta e repuxada, mas por pior que fosse ainda havia nela traços de uma beleza antiga. Nana era milionária e tinha um hobby muito especial: colecionar quadros raros. O problema era que normalmente esses quadros não estavam à venda, era necessário, então, contratar alguém para toma-los emprestado.

-         Residência dos Souza Lima. – disse o mordomo, um simpático velhinho chamado César.

-         Boa noite César, eu poderia falar com Nana?

-         Srta. Garcia que prazer em ouvir sua voz. Sra. Lima está no chá, quer que eu interrompa?

-         Por favor.

-         Aguarde um minuto então.

-         Pois não.

Depois de alguns segundos Nana pegou o telefone.

-         Emmanuelle, a que devo a honra de sua procura?

-         Não gosto muito de enrolar Nana, então serei direta. Preciso de dinheiro para chegar em Londres e só você pode me dar algum trabalho decente.

-         Acho que tenho alguma coisa – Nana parou de falar por um momento – Suas amigas também vão trabalhar?

-         Claro, você paga uma, ganha quatro, conhece o esquema.

-         Emmanuelle... está com sorte hoje, preciso de pessoas competentes. Só que não será para mim, conhece Hermione Rainey?

Emmanuelle conhecia. Hermione era uma compradora compulsiva, dona de uma fortuna incalculável, tinha cerca de vinte anos, era uma mulher bonita. Nada de diferente dos outros clientes, só que Hermione havia traído as “Jóias Negras”, ela queria um quadro e havia as contratado só que no meio da operação Hermione pulou fora e as trocou por Bruno Mello.

-         Claro. – Emmanuelle disse calmamente.

-         Se tiver interesse esteja em Nisa em dois dias.

-         Ok. Até.

-         Até, Emmanuelle e tome cuidado.

Ela desligou o telefone, Audrey apareceu na porta imediatamente.

-         E ai, conseguiu?

-         Não sei. Não gosto de Hermione, ela nos traiu.

-         Fala de Sra. Rainey?

-         Ela mesma.

-         Ela é apenas mais uma tola. Alguém ainda irá abate-la mas não seremos nós, por hora precisamos de dinheiro e ela o tem.

-         Sempre sensata Audrey... avise as meninas para fazerem as malas partiremos para Nisa o mais rápido possível.

-         Ok. Noelle, eu e as meninas estamos indo beber alguma coisa na rua, quer nos acompanhar?

-         Não, estou cansada vou dormir um pouco.

-         Sem problemas, boa noite então.

E sem dizer mais nem uma palavra Audrey saiu deixando Emmanuelle mergulhada em seus pensamentos.

Nana parecia mais velha do que nunca, os cabelos loiros estavam ralos e em algumas partes totalmente brancos, a pele tomara um leve tom transparente e os olhos azuis permaneciam ocultos debaixo de uma forte maquiagem que tentava disfarçar, inutilmente, olheiras adquiridas em muitos anos.

-         Emmanuelle! Está espetacular.

-         Oh, não diga! É a vida calma do México que me fez bem.

-         Essas duas eu já conheço. – olhou para Jennie e Scarlett. – Já aquela... prazer em conhece-la mocinha, sou Nana Souza Lima, dona da Maktub Cosméticos.

-         Audrey Page.

Nana assentiu com a cabeça.

-         Nana, qual a natureza do trabalho? –perguntou Emmanuelle tentando encurtar o assunto.

-         Espere Hermione chegar, não seja curiosa...

******

Hermione usava um vestido marfim que acentuava seus olhos jade, os cabelos castanhos claros estavam enrolados em uma enorme trança e ela parecia mais arrogante do que da última vez que se encontrara com as Jóias Negras.

-         Hermione, como vai? – perguntou Nana.

-         Pior do que antes de entrar por aquela porta. Nana, não estou com paciência.

-         Tudo bem Hermione, sente-se. – ela suspirou.

Emmanuelle foi a primeira a falar.

-         Estamos dispostas a aceitar o trabalho, sra. Rainey.

-         Vou dizer apenas uma vez srta. Garcia, não se dirija a mim enquanto eu não me dirigir a você. Ponha-se no seu lugar. Nana, pedi pessoas competentes!

-         Mas as Jóias Negras são as melhores.

-         Não quero essas “mulherzinhas” pegando minha máscara, não confio nelas.

-         Hermione seja racional, não importa suas brigas internas, Emmanuelle é muito boa no que faz.

Hermione fitou Emmanuelle por um momento voltando-se depois para Nana.

-         Muito bem. Serão quinhentos mil dólares em dinheiro, fora as despesas que serão pagas a parte, pela máscara de Cleópatra que está exposta em Toledo no ‘Miragem Hotel’. Vocês pegam a máscara e a entregam no Royal Cassino em Toulouse em uma semana começando a contar a partir de amanhã.

-         E como será o pagamento? – perguntou Emmanuelle.

-         Duzentos e cinqüenta antes, duzentos e cinqüenta depois.

Um silêncio constrangedor inundou a sala.

-         Feito. Terá sua máscara em uma semana. – disse Noelle, por fim.

-         Espero vê-la de novo em breve, Nana. – disse Hermione enquanto se levantava. – Bem, se não se importam tenho um trem a tomar, eu irei para Veneza, não é ótimo? Marcus está muito generoso ultimamente. Adeus.

Emmanuelle mal viu Hermione se levantar e ir embora, tinha a cabeça em outra coisa. Precisava ligar para o México.

-         Vamos meninas? – perguntou.

-         Vamos. – disse Scarlett se levantando do sofá, tinha nos olhos um brilho especial de quem estava satisfeita com uma notícia que acabara de receber.

-         Obrigado por tudo Nana, você foi muito boa.

-         Não me agradeça, agradeça a Hermione e ao rico marido dela, Marcus.

-         Se depender de mim para agradecer aquela serpente, ela morrerá sem receber um “obrigado” sequer. – sussurrou Emmanuelle.

******

Toledo não era uma cidade muito grande, embora bonita. Emmanuelle estava em uma cabine telefônica no centro ao lado do “Miragem Hotel”.

-         Telefonista, gostaria de fazer uma ligação a cobrar para John Sands em St. Germain no México. Meu nome? Emmanuelle Garcia.

Pouco tempo depois Sands atendeu, tinha uma voz sonolenta.

-         Sands?  - Emmanuelle perguntou calmamente.

-         Emmanuelle? O que você está fazendo em Toledo?

-         Não posso explicar agora. Preciso que você me faça um favor.

-         Agora precisa de mim?

-         Cale-se Sands, eu quero que procure Bruno Mello, preciso saber onde ele está.

-         Tudo bem, você aguarda um minuto? – parou de falar por um segundo - - Mas por que devo fazer alguma coisa para você? Por sua causa estou manco, com uma costela quebrada, um olho roxo e quase perdi um bom dinheiro.

-         Ah, você já se vingou, não? – ele não respondeu – Desculpe Sands, você sabe que eu te amo.

-         Eu finjo que acredito. Aguarde alguns minutos que eu já retorno sua ligação, vou procurar esse tal de Bruno.

-         Claro que te aguardo.

-         Cinco minutos.

Ele desligou o telefone, Emmanuelle encostou-se na parede e ficou esperando sorrindo para as pessoas que passavam, Sands demorou mais de cinco minutos, quinze para ser mais exato, mas o telefone tocou.

-         Emmanuelle? –perguntou.

-         Sim.

-         Aqui está seu homem. Bruno Garcia Mello, duas prisões por roubo nenhuma condenação, estado civil casado, nome do cônjuge Cristina Ray, possui uma casa em Toulouse e outra em Londres, temos aqui várias passagens de trem  a mais recente é uma datada de uma semana atrás de Genebra para Veneza com escala em Milão.

-         Vadia! – Emmanuelle praguejou ao lembrar-se que Hermione estava indo para Veneza.

-         Espere, há também uma reserva, um trem para Toledo partindo de Veneza datada de hoje.

-         Mas que pilantra! Obrigada Sands, eu serei eternamente grata a você.

E antes que Sands dissesse alguma coisa ela cortou a ligação.

****** 

-         Aquela vadia acha que pode alguma coisa! – gritou Jennie quando Emmanuelle contou a elas sobre Hermione.

-         Só há uma forma de resolvemos esse problema. – disse Audrey.

-         E qual seria?

-         Temos de pegar a máscara hoje, agora para ser mais exata, afinal temos uma festa no salão do hotel, é o melhor momento.

-         Isso é tolice. – disse Scarlett. – Não temos sequer um plano, seremos presas. Acho melhor abandonar o trabalho.

-         Deixe que Emmanuelle decida. – falou Jennie calmamente.

Emmanuelle estava atirada em um sofá olhando distraidamente para a janela.

-         E então Emmanuelle? O que decide? – perguntou Audrey.      

-         Vistam suas melhores roupas garotas, temos uma máscara para roubar.

******

Jennie andava pelo salão do hotel em passos seguros e elegantes, usava um vestido vinho com desenhos em marrom e um grosso casaco de lã da mesma cor, ela prendeu os cabelos em um coque, estava bonita. Olhou para Emmanuelle que estava usando uma saia preta e um corpete branco, ela conversava com Roger Cline o chefe da segurança.

-         Mas Cline, a máscara está segura? 

-         E se está srta. Garcia, há guardas por todos os lados e um sistema de alarme ativado por pressão, se mexerem na máscara um milímetro que seja a policia inteira de Toledo estará aqui.

-         Oh!

Jennie parou perto do vão da porta esperando que Emmanuelle desse o sinal.

-         Sr Cline você é um homem muito bonito, sabia?

-         Você que é irresistível.

Ela o abraçou e fez um sinal afirmativo com a cabeça para Jennie, que rapidamente passou por eles pegando a chave da bancada de vidro que estava no bolso de Cline. Deu alguns passos e cuidadosamente esbarrou em um senhor de meia idade e derramou champanhe em seu terno.

-         Desculpe-me senhor, não tive a intenção. – ela pegou um lenço dentro de sua bolsa e começou a limpar o estrago.

-         Não se preocupe senhorita, não foi nada.

-         Mas eu insisto... – ela deixou o lenço cair no chão, o homem abaixou-se para pegá-lo, Jennie piscou para Scarlett, toda vestida de branco, posta do lado da mesa da recepção.

-         Obrigada. E me perdoe.

Nesse momento um homem se aproximou de Scarlett.

-         Boa noite senhorita, eu sou Michael Jones, prazer em conhece-la.

-         Scarlett Roffe.

-         Belo nome, de onde você veio?

-         Portugal. – ela cambaleou um pouco.

-         Está bem?

-         Só um pouco, deve ser esse vinho que eu tomei... – e dizendo isso desmaiou.       

Enquanto isso Audrey estava na sala onde a máscara era guardada.

-         Olá belezinha... – ela disse enquanto olhava para máscara – ficaria ótima na minha sala de estar, mas a “sra. Rainey” chegou primeiro.   

Quando ouviu um tumulto na sala acima do lugar onde estava, deu um pequeno sorriso. O guarda que ficava ao lado da peça deixou seu posto e foi ver o que estava acontecendo, um segundo depois Jennie estava lá com a chave.

-         Tome cuidado, há detectores de pressão.

-         Já viu algo que Audrey Page não consiga desarmar ou consertar?

Jennie assentiu com a cabeça, entregou-lhe a chave e saiu.

Dez minutos depois o guarda voltou ao seu posto, tudo estava como de costume, a máscara no mesmo lugar e a mulher que havia desmaiado recuperara a consciência, havia apenas um homem parado na frente da máscara aturdido.

-         Desculpe-me senhor, mas a exposição já foi encerrada.

O homem pareceu não ouvir tinha os olhos cravados na imitação.

-         Senhor... – disse o guarda.

-         Comunique a seus superiores, essa máscara é falsa... – disse o homem cabisbaixo enquanto saia da sala.

No outro dia quando Cline percebeu que sua chave havia desaparecido e que a máscara era falsa, as “Jóias Negras” já estavam em um trem a caminho de Toulouse. Fim do jogo.


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