Diário, Susana, Missão escrita por Srta Claudia


Capítulo 3
Edmundo diz adeus.


Notas iniciais do capítulo

Espero que curtam a história kkk



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“Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!” (Fernando Pessoa)Eu acordei com a luz entrando em meu quarto, abri os olhos e me encontrei no chão. Fechei-os rapidamente e respirei fundo “Qual é a última coisa de que me lembro?” e fiquei lá deitada forçando a memória e cheguei à conclusão que havia desmaiada, parece que eu ia pegar uma carta no chão. E então me virei rapidamente e peguei a carta de Edmundo no chão, isso foi um erro eu me senti tonta de novo. Respirei fundo, apoiei a mão no chão “eu não vou desmaiar”, levantei-me com cuidado “eu não vou desmaiar”, sentei-me na cama “eu não vou desmaiar”, respirei fundo mais uma vez deixando todo o ar possível entrar em meus pulmões e me levantei. Tontura de novo “eu não vou desmaiar”, caminhei até o armário e o abri, minhas mão tremiam “eu não vou desmaiar” peguei um sanduíche que eu havia feito para comer a noite caso sentisse fome, o que era bem comum de acontecer, e o comi vorazmente. Eu continuava tremendo, portanto, me sentei novamente na cama e peguei a carta. Respirei fundo mais uma vez e comecei a lê-la.Londres, 13 de fevereiro de 1956“Elisabeth, amor da minha vida,Espero sinceramente que está carta seja inútil, que tudo isso que venho sentido é apenas imaginação e que possamos rir de tudo isso mais tarde, entretanto, dada minuto que passa eu fico mais convencido que não é isso que vai acontecer. Lizie, eu vou morrer, quer dizer, se você está lendo isso é por que eu já morri. Desculpe se vou soar meio confuso, mas ando meio atordoado, não é fácil perceber que você vai morrer. Tudo começou quando aquele rei apareceu na nossa sala e começamos a tentar ajudá-lo, eu comecei a ter sonhos com Aslam, com Nárnia sendo destruída e eu e meu irmão esperando os mortos em algum lugar mais lindo do que é possível descrever, malditos adjetivos, eles nunca cabem quando preciso deles. Elisa, meu primo e Jill estavam entre os mortos, eu consegui ver. É o fim de Nárnia e nosso fim também ninguém que esteve em Nárnia jamais poderá viver se ela não viver, nem consigo ver como a minha vida seria, mesmo sabendo que eu não voltaria para lá mesmo. Elisabeth, eu te amo do fundo do meu coração, mas terei que te deixar e não farei nada para evitar a morte e por isso te peço desculpas, não tentarei, eu quero ir. Eu quero ir, só que, Lizie, tenho tanto medo, tanto medo. Acho que isso é normal, afinal todos temos medo do desconhecido.Desculpe-me, Lizie, eu me demorei demais nisso. O fato é que Susana não estava nos sonhos, Lizie, ela perdeu mais de Nárnia do que pensávamos, ajude-a. Eu coloquei nesta caixa tudo o que eu descobri, o diário de Jill (com algumas anotações minhas), objetos pertencentes a Nárnia, parece que Alsam deixou que viéssemos para nosso mundo com alguns desse objetos sem que percebêssemos e com o tempo eu fui notando a diferença, na realidade, a verdadeira surpresa veio quando eu encontrei uma peça de xadrez de ouro minha dentro de um pote de café em casa. Foi um golpe inteligente afinal sou eu que faço o café de manhã. Mas eu espero que tudo isso te ajude a convencê-la e a você mesma conseguir entender porque eu tive que te deixar. Eu te amo, Edmundo Pervensie”Minhas mãos já haviam parado de tremer, mas mesmo assim fui parando de enxergar. Desesperei-me e então eu percebi que eram só minhas lágrimas, guardei a carta e deitei na cama, quando li aquilo me senti tão próxima dele. Fechei os olhos e me lembrei de seu rosto, sorri.-Oi? Com licença, senhora, mas você é Elisabeth... – ela hesitou- Agostine MacHartley?Levantei-me num pulo e olhei para a porta. Uma garota, mais ou menos da minha idade, ruiva e cheia de sardas, com olhos grandes e castanhos, nariz pequeno e discreto, boca grande com os lábios finos e bem desenhados. Ela me encarava com um olhar tímido.-Sim, sou eu.-Sou Jane Grant – disse mais confiante – eu vou dividir o quarto com você aqui no navio e lá na sede também. Desculpe não estar aqui antes, mas parece que houve um problema com os nomes e eu acabei do outro lado do navio com as freiras.-Ah... oi! – eu ri- estava mesmo me perguntando para que a outra cama.Ela sorriu e colocou suas coisas.-De onde você é?-Bem,Florença na Italia é onde nasci, porém eu cresci nas redondezas de Londres. Lá é minha casa.-Interessante, sou de Cambridge.Lembrar-se do seu antigo sonho de fazer direito em Cambridge a fez se sentir triste, Jane notou.-O que foi?-Nada, só um sonho abandonado.-Fique tranquila, sempre surgirão novos sonhos.-Sim.Eu tinha que seguir em frente e esquecer minha vida antiga, talvez depois eu voltasse e tentasse Cambridge, mas, não acreditava que ia acontecer. Ela olhou o relógio, já está na hora vamos jantar. Eu me levantei e guardei minhas coisas na caixa, Jane olhou curiosa.-Posso saber?-Melhor não – não queria ter que convencer duas pessoas da existência de Nárnia.Deixamos o quarto para nos juntarmos as outras à mesa.

"Valeu a Pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador tem que passas além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele que espelhou o céu" (Fernando Pessoa)


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Notas finais do capítulo

Vocês sabiam que só os falantes da língua portuguesa sente SAUDADES. Os falantes da inglesa sentem, por exemplo, a falta de alguém (miss you). Essa palavra e a ideia por trás parece ter surgido com as grandes navegações quando muitos portugueses deixavam a pátria para trás e sentiam saudades dela, assim como as pessoas que ficavam para trás tinhas saudades deles. Interessante, né, meu professor de literatura que disse isso na aula hoje hehehe Esse poema de Fernando Pessoa "Mar Português", que eu coloquei alguns trecho nesse cap, fala desse tempo. Meu, eu adoro literatura.



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