Was It A Dream? escrita por Nancy Boy
Justin entrava com sua mãe ao lado.
Estava lindo, como Brian sabia que estaria. Seus olhos brilhavam enquanto ele caminhava para o altar, o rosto jovem iluminado de felicidade, o corpo deslizando suavemente. Todos os olhares caíam sobre ele. Debbie estava bem no primeiro banco, controlando-se para que seu choro não fosse barulhento.
Estavam em um salão muito parecido com uma igreja, com lindos lustres e vitrais vibrantes nas paredes, além de arranjos de flores douradas em todos os bancos. Alguns músicos, no andar acima, em uma pequena varanda, encerravam a marcha nupcial.
Jennifer entregou o filho à Brian, com lágrimas escorrendo sem parar, e se afastou.
Brian sorria enquanto segurava as mão de seu amor, a pequena maravilha que aparecera em sua vida por acaso há alguns anos, e Justin sorria de volta. O padre começou a falar, mas nenhum dos dois parecia ouvi-lo, absortos um no outro.
Debbie apertava com força a mão de Michael ao seu lado, como se seu próprio filho estivesse no altar, o que, considerando sua história com Brian, não deixava de ser verdade. Emmett também chorava e Ted parecia estar em uma mistura de encanto e choque; mas, em geral, sorrisos dominavam os rostos de todos, um dos maiores vindos de Daphne, madrinha.
— Se alguém se opõe a essa união, que fale agora ou cale-se para sempre — disse o padre. Brian lançou o seu meu olhar assassino para todos, o que provocou uma rápida onda de risos.
— Você, Justin Taylor, aceita Brian Kinney como seu legítimo esposo?
Nesse momento, Brian notou uma mudança nos vitrais atrás de Justin, e sentiu o ímpeto de olhar para lá. Não entendeu o que vira a princípio; não eram mais os vitrais que estavam ali, e sim pinturas, modernas, bonitas e impactantes. Eram os quadros de Justin.
— Eu aceito — respondeu Justin, atraindo a atenção de Brian.
— E você, Brian Kinney, aceita Justin Taylor como seu legítimo esposo?
Brian olhou para as pinturas novamente, curioso. Viu que a tinta começava a escorrer, descendo pelas telas, destruindo a parede e acabando com o trabalho de Justin.
Ele olhou para os convidados, mas ninguém parecia ver os quadros. Todos esperavam ansiosos por sua resposta.
— Eu... — Brian começou, mas parou ao ver a expressão de Justin. O garoto olhava para algum ponto atrás dele, e Brian soube que ele também via os quadros, seus quadros, se desmanchando. Seu olhar tinha tanta tristeza que Brian não conseguia fitá-lo.
— Eu... — Brian tentou de novo. Ele pôde ver que todos prendiam a respiração. Justin o observava com um olhar suplicante. O mais velho fechou os olhos e suspirou profundamente.
— Eu acei...
— Não — Justin o cortou, fazendo-o abrir os olhos de repente. — Você não aceita.
Um silêncio mortal caiu sobre o lugar, mas Justin sorria.
— Você me ama — o garoto afirmou.
— Amo — Brian respondeu. — Você não sabe o quanto.
— Sei sim. Por isso sei que isso está errado.
Brian não sabia se estava aliviado ou apavorado. Puxou Justin para mais perto, lutando contra as lágrimas que teimavam em aparecer, e o ouviu dizer, as palavras ressoando fortes demais no salão:
— Não precisamos de anéis ou votos para provar que nos amamos.
Justin se aproximou mais e o beijou. Brian aceitou o beijo ferozmente, sentindo-o como se fosse o último; e algo o dizia que isso podia ser verdade.
Justin foi quem se afastou, pois Brian poderia permanecer grudado àquela boca para sempre. Sorrindo, o mais novo saiu correndo.
Brian viu com o canto dos olhos os quadros começarem a brilhar, uma luz branca aumentando de intensidade, enquanto assistia ao amor da sua vida escapar. As flores douradas murchavam, e os músicos começaram a tocar de novo. Uma pequena parte do cérebro de Brian reconheceu a melodia de “I Know”, do Placebo, cuja letra realmente se aplicava à contradição que sentia; mas ao invés da voz de Brian Molko, um violino fazia as vezes de vocal. Brian levantou o olhar para a varanda e viu, horrorizado, o último violinista que gostaria de ver. Ethan o observava com um olhar firme d uro enquanto tocava.
Brian voltou o olhar para baixo para ver Justin novamente, saindo pela porta. E talvez pela última vez.
Os quadros aos lados brilharam mais e mais, cegantes, até que explodiram em luz e Brian acordou.
Olhou para o lado e viu a cama vazia. Observou seu loft e pensou em quantos homens já passaram por lá. Valeram a pena; cada transa, cada corpo fizeram valer seus anos de Peter Pan.
— Sem desculpas, sem arrependimentos — murmurou consigo mesmo.
Mas não conseguiu afugentar o pensamento de que trocaria todos aqueles homens por mais um vislumbre do seu raio de sol.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Ahn, lembrar que acabou me deprime :(
Deixem reviews para eu ficar feliz? -q