O Tempo Irá Dizer escrita por analauragnr


Capítulo 39
Pisar pesa




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Cebola cessara os passos, ficara imóvel. Através dos calculados movimentos torácicos, ele inspirava o ar puro do jardim, com extrema cautela, silêncio e calma. Se a perdesse, poderia aumentar o ritmo de sua respiração, sendo possível através dela denunciar sua presença, devido à extrema proximidade entre a árvore e ele. Deixara seus olhos alertas, qualquer movimento brusco que visualizasse seria importante, crucial. Ele fitava o áspero tronco castanho-claro, em alguns locais estava descoberta pela casca, a qual se encontrava espatifada no chão, rachada. Flores amarelo-canário desciam, rodopiando, dançando pelo ar, ora agitadas, ora calmas. O doce aroma advindo das dançarinas era refrescante, permitindo ao ar inspirado por ele ficar agradável. Para suas fendas auditivas, deixara alerta vermelho, não poderia perder sequer um mísero suspiro, grito, sussurro, estalares, sons, palavras, enfim, nada podia escapar dele, nada. A árvore balançava mais uma vez, o farfalhar das folhas anunciavam extrema atenção. Ouviam-se risos e alguém dizia: - Ah, não fica enrolando não, doçura... - Você sabe muito bem porque estou enrolando – dizia uma voz feminina, muito parecida com a da Denise – não insista, já disse! - Mas então porque veio até aqui comigo, se não iria facilitar as coisas? - Queria evitar estardalhaço, muvuca não é comigo, fofo. - Então quer dizer que confusão não é com você? – perguntava o garoto, ironicamente. – Então me explica: por que você pediu para te ajudar a fazer aquilo? - Isso é completamente diferente. Não foi uma muvuca, apenas uma pequena conversa com alguns gritos baixos... - Ah, claro – retrucou o garoto com sarcasmo – e o meu pé também tava gritando...de dor!! (Espera aí!! Pé machucado, discussão... essa voz é a da Denise? É claro que sim, eu reconheceria de longe... mas do que será que eles estão falando?? Bom, vamos continuar escutando...). - Bobo! Mas valeu a pena, não é? - Bom, pra você foi, pra mim deu na mesma. - Ah, que seja... - Humm, vamos voltar para o laboratório? - NÃO!! Não quero me envolver na bagunça, basta por hoje... - Nossa, não está mais aqui quem falou. Mas estou com uma dúvida aqui que não quer me calar... Como considero o que aconteceu aquele dia? Uma “muvuca” causada pela senhorita? Sendo assim, então você gosta de agitação... - AI MEU SENHOR! Ta difícil! Rê, presta atenção, eu fiz sim para gerar confusão, mas não envolvi diretamente, portanto, eu não gosto de bagunça, mas aprecio planejar uma. É muito divertido observar os palermas caírem como patinhos, A-DO-RO! - Haaaaauahuha, eu sei disso, minha flor de ipê fofa... Além do mais, você lidou foi com um cisne gigante, nem um pato foi. Ele é muito palerma... - Não fala assim DELE! Você sabe que eu Odeio isso... è, mas ele foi um completo idiota, mesmo sendo um fofuxo. (Espera aí!!! Estão falando de mim ?? Só ela me chama assim... só ela. Quem é esse Rê? Raciocina seu CISNE CABEÇUDO, RACIOCINA... Ele disse sobre um machucado pé! É ISSO! AHÁ...é o Reinaldo, aquele...tente se contro..). Cebola não conseguira se controlar, pois jogara toda a sua extrema cautela no precipício, a gravidade a puxava fortemente para baixo. Fora destruída, todas as partes. Os músculos de sua perna agiram por instinto avassalador, queria mais do que tudo acabar com Reinaldo, ele era imprestável, imprestável. Chamando-o assim, de um palerma... Ora, que ultraje! Ao movimentar uma das pernas, ao finalizar o pequeno passo, seu pé pousara na casca estraçalhada, fazendo um barulho estridente, assustando a ele, Denise e Reinaldo, que até então estava completamente sozinhos. Denise agora se aproximava de Reinaldo, sussurrava algo rápido, Cebola não havia entendido uma só palavra. Mas ele estava preocupado, pois quando sua companheira perceber qual o indivíduo bisbilhoteiro, que no caso era ele, tomaria muito mais cuidado e já estaria com atenção redobrada. Ele chegara perto, quase grudado a verdade, mas o velcro que estava as unindo fora partido, tudo se fora. Fios alaranjados surgiam por detrás das árvores, as marias-chiquinhas agora visíveis. Como último recurso, o “troca-letras” tentara escapar, virando seu rosto e corria exasperadamente pelos corredores entre os jardins, fora o mais rápido que pode.A adrenalina fazia uma corrida alucinante, percorria todo o corpo dele mais de duzentas vezes, em velocidade máxima. Seu coração disparava. Estava tão perto da verdade, como ela poderia ter escapado de suas mãos, como? - FOFUXOOOO!! Ele ignorara as palavras de Denise, não podia virar o rosto, denunciaria a si mesmo, apesar de seus cabelos espetados já serem denunciantes. Estava perto da porta. Dava Graças a Deus por conseguir chegar “vivo”, sem ser descoberto. Bom, ele havia sido, mas não totalmente, apesar de Denise ter dito o apelido próprio para ele. Fofuxo. Que maldita palavra, Maldita. Porque adjetivos tão bregas eram usados nele? Ce e Fofuxo. Argh! (CÊ,CÊ,CÊ,CÊÊÊ... agora fofuxo. Mais essa.) Ao conseguir entrar no laboratório, a paz havia se estabelecido. Um milagre, pois além da feia discussão, o qual ele persistia em esquecer, Magali havia endoidecido. Ás vezes a falta dos medicamentos fazia isso, pensava ele sarcasticamente, fazendo rir por dentro. Sua turma nunca fora normal, não mesmo. As duplas agora trabalhavam atentas, sem piscar os olhos... Havia fascínio em todos os rostos. Notara sua companheira de pesquisa isolada, trabalhando dobrado, observava ao mesmo tempo que fazia anotações, cogitadas pelo professor. Ela trabalhava com eficiência, talvez até mais rápida que uma dupla que conversava ou não estava achando Complexos de Golgi, mitocôndrias, entre outras. Como ninguém havia percebido sua presença, ele rodeava os olhos pelo local, fitando cada dupla por rápidos vinte segundos, algumas desorientadas, outras rápidas e eficientes. Passava os olhos pela última dupla, que se encontrava atracada no fundo da sala, compenetrados. Magali observava através do microscópio, procurando o DNA, parte da célula que mais adorava. Cascão estava com lápis e prancheta a mão, preenchia com rascunhos com uma grafia estranha, grotesca. O que mais intrigava Cebola, ao fitar com mais interesse nos dois, vira uma das mãos de Cascão tentando delicadamente encaixar na fina cintura da comilona, a qual nem notara tal movimento. O sujinho persistia, dançava eficientemente em direção ao destino e... Conseguira. Ele a manterá parada, sem mover um músculo, para ver se a comilona notara. Nem assim, parecia vidrada no microscópio. Sendo assim, ele a movia perto de seu corpo. Como num salto, Magali olhava-o assustada e ao mesmo tempo nervosa, ruborizando as maçãs de sua face. Cebola permanecia atento aos dois. - Pára de fazer isso cabeção, eu estou tentando fazer o trabalho! – dizia a comilona em som tom baixo que Cebola ouvira com dificuldade tudo o que fora dito. - Beleza, o que é seu ta guardado, cabeçuda... - Ei, Cebola – dizia o professor, que se aproximava dele – onde estava? - Ã, na verdade fui ao banheiro, foi mal... Não estava passando bem... - Entendo... Pode por favor dirigir-se ao seu lugar e trabalhar? - Claro professor! – respondia Cebola prontamente, dirigindo-se à Mônica. Caminhou rápido, estando segundos depois ao lado da dentuça, a qual não havia notado sua presença. - Precisa de ajuda Mônica? – ele a questionava de maneira formal e gentil, para que não houvesse outra discussão. - Se você for fazer graça... - Não, não farei isso. Temos trabalho sério a realizar. O que posso fazer para te ajudar? - Pega essa prancheta aqui – dizia, apontando para seu lado esquerdo – e vai anotando tudo e... Sem querer, quando Cebola movia sua mão para colocar a prancheta nas mãos, os dedos da dentuça arderam em seu corpo, causaram um choque elétrico. Como imã, ele acabou roçando seus dedos ao dela. Não havia resistido, gostava daquelas voltas do estômagos e os frios na espinha. Mas o clima fora interrompido: - Ã, desculpa Mônica... - Tudo bem Ce... - Ok então! Ã, onde estávamos? - você estava com sua mão na minha e pediu desculpas.. - Ah sim! Bem, é... vamos continuar o trabalho? - Claro... anote um OK em mitocôndria, eu achei... - Sério, pensei que elas não existiam... - KKK, bobão. - Posso? – Cebola aproximava-se do microscópio. - Claro... Ele inclinava seu corpo, mas a dentuça havia esquecido de movimentar seu pescoço para permitir que ele pudesse observar. Ao acaso, seus narizes tocaram-se, um frio na espinha invadia os dois corpos, o imã agora estava fatal, iria uni-los, nem que fosse a força. A respiração quente da dentuça ardia no corpo dele, o coração palpitava. Tentando controlar a si mesmo, movimentava-se para perto do microscópio. Mas como Mônica não havia mexido, tal ato de Cebola fez seus lábios unirem brevemente. Aqueles lábios de mel que o encantavam estava de volta, como era bom ter aquele sabor pousados em sua boca, calmamente e tão forte ao mesmo tempo. O movimento fora breve, Mônica havia separado seus lábios e irara o rosto, completamente corada. Cebola, constrangido, tentara examinar o microscópio. Em vão, por não conseguia pensar em outra coisa a não ser aquele inevitável prazer com o beijo da dentuça. Lembrava-se do seu primeiro “beijo”, aquele que o pegara de surpresa, aquele que nunca esqueceria. Os devaneios rondavam sua mente, alegres a passear. Porém eram interrompidos com uma sineta que tocava naquele instante, anunciando que todos iriam se despedir do laboratório. - Cada dupla entregue para mim o papel da prancheta e vá ao ônibus, assim evitaremos bagunça. - Bernardo e o instrutor diziam juntos, em coro. Magali fora a primeira a entregar, Cascão em seu encalço. Ele decidira não desgrudar dela enquanto podia, já que deveriam sentar juntos no ônibus, ordens de Bernardo. Ele colocava seu braço na cintura da comilona, a qual a repelia toda vez que sentia o ardor daqueles braços másculos. Porém, por causa da insistência, Cascão fora permitido a por sua mão nos ombros dela. Caminhando em direção ao ônibus, perceberam que Denise e Reinaldo se encontravam lá, beijando-se intensamente. Fim do 39º capítulo

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Notas finais do capítulo

OOOOOOOOOOE :B

Demorou, mas saiu !! (coro de aleluia) *___*


Agradeço a imensa paciência de todos que acompanham essa fic enrolada e envolvente :P

Se gostaram, mandem review...se não gostarem, mandem também

Beijos e queijos cheddar a todos :DD



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