Karmel corria contra a tempestade enquanto pingos chuvosos
escorriam por seu rosto rosado causado pelo esforço físico. Ela avistou o mais simples prédio e aparentemente abandonado e com facilidade deslizava sua mão nas escadas molhadas e enferrujadas movimentando seu corpo sinuoso escondido dentro de uma capa negra com um pequeno brasão dourado em forma de Jaguar.Seus pés, vestidos com uma bota de couros silenciosamente bateram na plataforma de ferro.Analisou cautelosamente observando estratégicamente cada ponto escuro ao
seu redor.Virou-se para uma porta atrás de si e a abriu com delicadeza e
tremor, suas mãos molhadas dificultavam um pouco que a maçaneta girasse, o suor de misturava com os pingos d’água em seu angelical rosto e curvo corpo.

A porta se abriu e um aroma tentador a convidava para se
aconchegar naquele humilde, pequeno e desorganizado quarto. A jovem caminhou até o meio do cômodo, quando interrompida em seu êxtase pelo estrondo do barulho de uma porta se fechando, do interruptor da luz e uma voz rouca ao mesmo tempo tremula gritou:

-Quem é você? Eu não tenho... Ah! Uma garota... Olhe,
Brandon Jones mora a quatro ruas atrás eu posso...

O corpo de Karmel se virou para o do jovem quando o jogou
contra a parede com uma adaga de diamantes e rubis encravados no punho banhado de ouro. Ela virou seus lábios rosados em seu ouvido com uma voz rouca provocante sussurrou:

-Eu não quero Brandon Jones.Espere um pouco e direi o que
quero.

A última frase fez o corpo do jovem tremer e por instinto
sentir puro prazer.

-Bom, já que você pediu, meu nome é Bartholomeo Ledvingde e
eu nunca...

A adaga caiu da mão de Karmel e suas pernas bambearam o que
pareceram ser segundos, e rapidamente suas mãos gélidas e suaves tocaram nas bochechas do jovem, que coraram rapidamente. Seus lábios se encostaram por alguns minutos fazendo suaves movimentos.

-Tanto tempo, ah querido, eu sabia que o encontraria! –Karmel dizia em tamanha felicidade que transbordava de seus olhos castanhos
claros, lágrimas cristalinas enquanto tirava a capa negra que cobria seu rosto brutamente angelical.

-Nossa! – O jovem pareceu um pouco surpreso e ao mesmo tempo
assustado- Você é bem mais gata do que eu pensava ser, hmmm... Então você quer conversar ou pular essa etapa? Porque eu não faço questão de dizer nem mais uma palavra sequer...

-O que passa contigo Bartholomeo? Esquecera-se de mim? – A
expressão de Karmel era confusa.

-Gata olha se você quer conversar, deixa pra depois e para
de falar com esse sotaque é meio medieval e...

Karmel sentindo-se enganada e confusa arremessou o corpo de
Bartholomeo na cama e com a velocidade de um raio, como daquela noite, pulou em cima de seu corpo, agora com a adaga em suas mãos apontando novamente para sua gartanta com um olhar ameaçador.

-Você é Bartholomeo Ledvringde II, o único sucessor do trono
do reino de Hillyria e guerreiro líder das tropas.

-Tem certeza? Porque eu estudo na faculdade Weedstrick e
nunca ouvi falar de Hillsria...

-Não é possível tem que ser você, não seria por acaso que
vocês teriam o mesmo nome. Droga! – os olhos de Karmel olharam para frente, como se estivesse prevendo uma visão – Eles estão aqui! Se esconda e só saia quando eu ordenar!

O jovem obedeceu e se escondeu dentro dum closet pequeno,
parecia que ele não entraria ali de jeito algum, mas seus cabelos loiros
sumiram dentro do pequeno armário. O relâmpago iluminava o nebuloso céu acompanhando o berrante som do trovão. Karmel saltou se trás da porta arremessando seu corpo com a adaga no corpo do ser que combatia violentamente Karmel. A sombra caiu no chão e outras três surgiram cercando a moça. Ela rolou com facilidade acertando a pélvis de uma sombra e ela se desfez. Bartholomeu tapou a boca para não berrar algo que o fizesse descobrir sua existência. Uma das sombras segurou Karmel, seu corpo se debatia quando uma lâmina reluzente
chiou saindo da cintura de uma das sobras, atravessou a barriga de Karmel, um grito surgiu fazendo o jovem tapar os ouvidos. A perna da jovem acertou o joelho da sombra que a segurava, deslizou pelo chão,  acertando a sombra bem no peito, novamente se desfazendo. A moça colocou uma das mãos sobre o ferimento, a roupa e mão ensangüentada a fizeram ficar um pouco tonta, não o bastante para que desmaiasse. Bartholomeo viu que Karmel estava ferida, saltou do closet com dificuldade com o plano de atrapalhar a sombra a terminar com a vida de Karmel. Relampejou, o barulho da lâmina foi tudo que o jovem conseguiu ouvir ele parou diante da figura negra e monstruosa,  os olhos azuis do rapaz foram fechados.

-Não! – A voz doce de Karmel agora estava fraca.

Ela com o pouco de força que ainda tinha encravou a adaga no
tórax a sombra. O rosto moreno , agora estava pálido. Com leveza largou a adaga
e seus olhos castanhos se fecharam, o corpo sinuoso caiu no chão de madeira
empoeirado.