Século 17 escrita por x3 Gessika x3


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Perdoem os erros que tiver e boa leitura.



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A família Nunez estava reunida em volta da mesa almoçando. Quando o filho mais novo pede licença e se retira da sala, seguido pelas duas irmãs gêmeas mais velhas. Agora na mesa estava apenas Carlota Nunez e seu marido, Henrique Nunez. Esta comia em silêncio e com elegância sem se importar com a repentina retirada dos filhos, enquanto o marido olhava para o prato desgostoso com toda aquela situação constrangedora. Não que possuísse medo de sua esposa, imagina só, ele era o homem da família, jamais temeria uma mulher, só achava que o estresse fazia mal para sua saúde, por isso evitava importuná-la com empecilhos. Mas já estavam a um mês naquela situação com os filhos, eram uma família, não podiam continuar com aquela birra.

- Carlota. Fale com as crianças, peça desculpas a eles. – suplicou o marido temeroso.

Carlota apenas continuou comendo como se não tivesse ouvido nada. Tomou um gole de água da taça de cristal e voltou sua atenção para a comida. Estava um dia lindo lá fora. Ensolarado, os pássaros cantando e as ruas movimentadas com a procissão que estava chegando. Carlota Nunez uma mulher de 30 anos e bela. Mas não só uma beleza física. Era inteligente, astuta e segura de si mesma. Com seu adorado vestido vermelho, os cabelos cacheados presos em um coque alto com algumas mechas caindo sobre seu rosto e busto, enfeitando a pele branca e macia, levantou-se da cadeira e saiu em passos lentos em direção a porta da sala de jantar.

- Obrigada pelo almoço, Karen. Estava delicioso. – A empregada fez uma reverência. E sem ao menos olhar para o marido, retirou-se do local abrindo seu leque e se abanando. Odiava discutir coisas desse tipo com o marido, ele era muito sentimental e se abalava por qualquer coisa. Se as crianças queriam fazer greve de fome, que fizessem. Não fizera errado em proibi-los de se misturar com os filhos do vizinho.

- Marcos, traga a carruagem, vamos a cidade. – disse ao entrar na sacada e ver o seu cocheiro sentado em uma cadeira de balanço fumando.

- Sim madame. – e sem ao menos mirá-la nos olhos saiu. Carlota passou a observar a sua rua. Pessoas passando de lá para cá apressadas com afazeres, crianças de mãos dadas com suas mães pedindo por doces. Homens discutindo algum artigo que saiu no jornal. Idosos jogando xadrez e bebendo pinga. Tudo tão normal, uma cena acolhedora de se ver.

- Que sem graça...- disse Carlota com seus botões.

- Madame, a carruagem a aguarda.

Carlota virou-se e seguiu Marcos até a carruagem que a ajudou a subir nesta.

- Obrigada.

- Só vai a Madame? – perguntou ainda de cabeça abaixa sem olhá-la

- Sim. Meu marido só atrapalharia meus afazeres.

Marcos subiu também na carruagem no lugar do cocheiro e com seu chicote fez os cavalos andarem. Nascido em uma família muito pobre, não tinha muitas expectativas na vida. Mas depois de conhecer a Madame Carlota sua vida mudou completamente. Ela o acolheu quando tinha apenas 11 anos de idade. Tirou sua barriga da miséria, deu o que vestir, deu-lhe trabalho e estudo. Hoje aos 25 anos devia muito a esta misteriosa mulher. Sempre a acompanhava quando esta precisava de algo. Estavam sempre juntos, quase verdadeiros amigos. Conhecia a Madame muito bem, mas havia coisas que ela não o permitira saber, por isso ficavam apenas juntos aproveitando o silêncio.

- Pare aqui, Marcos. – ordenou Carlota e a carruagem prontamente parou. Marcos apressou-se a descer e ajudar a Madame, mas ela já  havia descido sozinha. – Espere por mim aqui. – disse brevemente e saiu andando pelas ruas da cidade. Era sempre assim, quando decidia repentinamente sair, ficava perambulando pela cidade fazendo sabe Deus o quê e só voltava para junto da carruagem bem tarde da noite. Muitas vezes Marcos entrava na carruagem e tirava um cochilo. No começo indagou-se se o marido não ficava preocupado, mas depois notou que o próprio fingia não ver o que acontecia. A família Nunez vivia de aparências e dinheiro. Como lhe foi ordenado ficou lá esperando a Madame voltar dos seus afazeres e estranhamente desta vez não demorou. Em pouco menos de 20 minutos ela estava de volta carregando um arranjo de rosas vermelhas. Lhe lançou um sorriso. Sua boca com aquele batom vermelho era tão sedutora e chamativa.

- Vamos para a casa de Dennise.

- Sim, madame.

Subiram na carruagem e foram para a casa da amiga de Carlota, Dennise. Que hoje fazia 34 anos. Ao chegarem lá foram muito bem recebidos e levados para a sala de estar pelo marido da amiga. Um homem alto, forte e com lindos olhos verdes.

- Bela tarde, Aroldo.

- Bela tarde, Carlota. Está linda como sempre.

- Obrigada. Onde está Dennise? Vim lhe entregar essas rosas como marco desse dia de celebração.

- Dennise está lá encima. Nossa filha está com febre e ela está muito preocupada.

- Eu entendo, crianças dão trabalho.

- Por favor, sente-se. Vou trazer uma bebida enquanto esperamos por Dennise.

- Certo. Marcos, espere por mim lá fora.

- Sim, madame.

Carlota sentou-se no sofá e colocou o buque de rosas sobre o colo e passou a observar a sala muito bem decorada da amiga. Dennise era uma esposa tão dedicada e gentil. Gostaria muito de ser como ela. Aroldo volta com dois copos de whisky e entrega um para Carlota que aceita com um sorriso e dá um pequeno gole saboreando a bebida.

- Então, diga-me Carlota. Como vai a vida? Henrique e as crianças vão bem?

- Estão todos ótimos. Obrigada por perguntar.

- Você esta ótima. Mesmo com esta idade continua tão bonita. Diferente de Dennise que depois do quarto filho está com tudo caindo. – disse isso enquanto dava uma golada na bebida e soltava uma gargalhada.

- Não devia falar assim de sua esposa. – olhou-o com um sorriso malicioso. Conhecia aquele tipo de gente e sabia como lidar.

- Há. É verdade. E ela sabe disso...- colocou seu copo sobre a mesa e sentou ao lado de Carlota no sofá. – Você continua tão sedutora e parece que não sente a passagem do tempo. É impressionante. – colocou uma mão sobre o buque de rosas e bem devagar a tirou do colo de Carlota e colocou também sobre a mesa se aproximando mais desta até ficarem muito próximos. Carlota estava estática e apenas observava as ações daquele homem. Terminou sua bebida, colocou-a também sobre a mesa e virou-se para encarar Aroldo. Este derreteu-se todo com aquele olhar malicioso, aquela boca sedutora, aquele belo corpo esbelto e sua pele branca que destacava-se com o vestido vermelho. E sem conseguir mais se segurar agarrou-a com força e começou a lamber seu pescoço. Passou para sua orelha onde deu uma leve mordiscada e foi até a boca. Ah, a boca. Aquela boca pintada de vermelho que mais parecia ter saído de uma pintura. Uma verdadeira obra prima. Beijou-a com verdadeira selvageria. Arrancou-lhe suspiros deliciosos. E só conseguia ficar cada vez mais excitado com a situação. Carlota deixava-se levar sem fazer um único esforço para agradá-lo ou afastá-lo. Depois de um tempo cansou-se e o empurrou de leve encarando com um meio sorriso. Este que foi muito bem interpretado pelo homem.

- Que tal hoje a noite?– perguntou o homem com um olhar luxurioso.

- Combinado. – Carlota tirou da bolsa um pedaço de papel e colocou no bolso do homem. Levantou-se, ajeitou-se e  virou-se. – Limpe este batom todo na sua cara e diga a Dennise que mandei lembranças. - E com seu sutil andar saiu da casa e foi para sua carruagem. Antes de subir olhou para Marcos e disse:

- Hoje a noite, como sempre.

- Sim madame. – ajudou-a a subir  voltaram para casa.

Chegando em casa por volta das 18h encontrou seus filhos na sala lendo. Passou por eles sem ao menos dirigir a palavra e foi para o escritório de seu marido. Lá encontrou-o mergulhado em documentos muito concentrado, preferiu não atrapalhar. Foi para seu quarto ajeitar-se para esta noite que prometia.  Banhou-se, perfumou-se, enfeitou-se, pegou sua bolsa e saiu. E na hora marcada, todos da casa já estavam dormindo, encontrou-se com Marcos do lado de fora com a carruagem já pronta a aguardando. Ajudou-a a subir e foram para o local marcado.

Era uma rua com muitas casas grandes e muito velhas. Todas quase fechadas pelo horário e outras abandonadas. Desceu da carruagem e virou-se para Marcos.

- Espere aqui. Desta vez não vai demorar muito.

- Sim, madame.

Rumou para a casa antiga e adentrou. Subiu as escadas passando por inúmeras portas fechadas, foi até o final do corredor e abriu a porta, e quando entrou no quarto as luzes estavam acesas e Aroldo já a aguardava deitado na cama.

- Demorou, doçura.

- Estava me preparando para você, querido. – foi se aproximando dele em passos lentos e quanto chegou bem próxima a cama colocou sua bolsa no canto desta e com apenas um puxão tirou os laços do vestido vermelho e ficou apenas de corpete preto na frente do homem.

- Uau. Você é bem mais maravilhosa do que eu pensava. – disse com um olhar de lobo faminto se aproximando perigosamente de Carlota.

- Você quer isso?

- Sim, eu quero. Dê-me seu corpo querida.

- Você é igual aos outros. Totalmente sem graça. Se não é de nada devia ficar no seu canto e dar mais valor a sua esposa.

- Por que está falando sobre isso agora, querida? – olhou-a intrigado.

- Porque não vou permitir que um homem sem princípios me toque.

- Homem sem princípios? E você não seria uma mulher sem caráter por enganar o marido? – retrucou com desdém.

- Eu não o engano. Ele sabe o que faço e os motivos. Diferente de você que apunhala sua esposa pelas costas.

- O que está dizendo, mulher?

- Estou dizendo que infelizmente você não é o que procuro. – abriu sua bolsa e dela tirou uma arma que com um tiro certeiro na testa apagou Aroldo que caiu rapidamente na cama sem nem ao menos ter chance de pensar. Guardou a arma e vestiu-se. Colocou um lençol sobre o corpo e saiu da velha casa, dirigiu-se a carruagem onde Marcos a aguardava e voltaram para casa.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Obrigada por ler.



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