Erva Doce Amarga escrita por judy harrison
Notas iniciais do capítulo
Debie e Emily falam sobre seus problemas e Debie descobre que sua amiga é filha de Vinni.
Tony não sabia para onde olhar e acabou por voltar para dentro de seu escritório, como se lá ficasse mais protegido. Mas onde quer que ele fosse aquela voz ríspida e rancorosa continuava a perturbá-lo. Era como uma maldição.
Quando estava em casa, ele contou para a esposa o que houve.
_ Mas por que você não os processa? – disse Raquel – Elas o constrangeram na frente de seus funcionários e você vai deixar por isso mesmo? E ainda o acusaram...
Debie também escutava, e concordou com a mãe.
_ O pai dela rouba o senhor e ela acha que pode fazer isso? Não deixe assim, papai!
Mas Obviamente Tony não queria prestar queixa.
_ Não, eu tenho tanta coisa para fazer, para salvar a empresa de uma falência. Não vou perder meu tempo com isso, e não quero ter que gastar com advogados.
_ Mas eu percebi que o senhor ficou muito tocado com o que aquela menina falou. Se eu pudesse encontra-la, lhe daria um...
_ Não, minha filha! – ele disse – Não é bem assim. Os filhos não são responsáveis pelo que seus pais fazem. Além disso, ela já está sofrendo o bastante. Seu pai não vai arranjar serviço em lugar nenhum depois disso.
Raquel e Debie pensavam que ele estava penalizado com a situação da família de Vinni, mas não imaginavam que seu pesar era de remorso e culpa.
No colégio, Emily estava triste, e Debie queria saber o motivo.
_ Não é nada comigo, tudo bem. E que meu pai teve uns problemas no trabalho dele há uns dias.
Ele está sempre triste, e isso me deixa triste também. O chefe dele destruiu nossa vida.
_ Ah, eu sei! Estamos passando pelo mesmo. Meu pai também está com problemas no trabalho dele.
Emily deu um risinho.
_ Que coisa! Até nisso a gente se parece!
_ Será que o problema é igual?
_ Não sei. O que houve com seu pai?
_ Um funcionário dele foi demitido, e pra se vingar, antes de sair da firma, ele roubou meu pai. Foi pego em flagrante. E pra piorar, ele mandou a mulher e a filha dele pra insultar o meu pai na porta da empresa...
Enquanto Debie falava, Emily sentia seu coração bater forte. Naquele momento ela tinha a sensação de estar vivendo um filme de terror onde sua melhor amiga se transformava em monstro.
Mas Debie nem imaginava que era de sua família que ela estava falando.
_ E com seu pai, o que houve?
_ Deixa pra lá!
Emily a deixou sozinha no banco do pátio e foi correndo para a diretoria. Debie nada entendeu, e não viu que ela chorava.
Na diretoria ela pediu para ser dispensada por que estava se sentindo muito mal.
A partir daquele dia, Emily e Debie já não andavam mais juntas e nem mesmo se falavam. Foi um acontecimento notável até para a diretoria da escola. Mesmo com as perguntas sobre o que houve não havia uma resposta ou sequer uma opinião válida que justificasse o fim daquela amizade tão bonita entre as duas. Emily e Debie eram muito queridas por todos por serem simpáticas e imparciais, e por tirarem as melhores notas na maioria das matérias.
Quando perguntavam a Emily agora sobre Debie, ela chorava e nada dizia. E Debie respondia que não sabia.
Como não podia ser diferente, Emily perdeu o entusiasmo, assim como Debie, e suas notas descaíram. Para a mãe de Emily, tira-la do colégio foi a única forma de resolver o problema.
Mas no caso de Debie, por ser uma mensalista, a tentativa da direção do colégio de mantê-la era quase uma obrigação. E seus pais foram chamados. Como Raquel não gostava de ir à escola era sempre Tony que resolvia os problemas.
_ Senhor Tony, é um prazer recebe-lo aqui em nosso colégio.
A diretora expôs a ele todas as mudanças que Debie apresentou naqueles últimos dias, e falou sobre a amizade que tinha com a aluna que fechou sua matrícula.
_ Uma amizade? E é esse o problema dela?
_ Senhor Tony, a garota de quem ela era muito amiga saiu da escola. Ela era uma bolsista, e como precisava manter as notas altas, sua mãe achou melhor tira-la daqui...
_ E o que exatamente temos que ver com o problema dela?
_ Elas eram muito amigas. O rompimento as afetou emocionalmente. Então eu sugiro que o senhor converse com Debie e a ajude a superar isso.
_ É muito estranho! Tem certeza que foi só isso que aconteceu?
_ Ela é uma adolescente. Meninas nessa idade dão muita importância para esse tipo de coisa. Foi uma separação traumática. Pense nisso e fale com ela.
_ Tenho que fazer uma viagem de negócios essa semana. Pedirei que a mãe dela fale com ela.
Indignada com o descaso dele a diretora disse:
_ Senhor Tony, meninas como Debie tendem a se apegar afetivamente a outras pessoas por que não tem a atenção da mãe ou do pai em casa. Com todo o respeito que lhe devo, quero dizer que se não cuidar de Debie hoje, talvez o seu próximo apego seja o de algum namorado ou alguém de má influencia que não esteja no colégio, onde nós supervisionamos.
Suspirando ele se levantou.
_ Eu entendi o recado. Obrigado.
Tony saiu chateado, ouvir aquilo de alguém que ele mal conhecia era difícil, pois a mulher sabia o que estava dizendo.
Quando chegou a casa, logo procurou pela menina, e então notou que ela estava chorando com um diário na mão. Ele se aproximou.
_ Querida, o que foi.
Depois de colocar o diário em baixo de seu colchão, ela contou a ele sobre Emily.
_ Eu não sei o que houve, ela de repente parou de falar comigo.
_ Se vocês eram amigas desde a terceira série, significa que você a conhecia bem. Por que não pensa um pouco onde erraram? Assim talvez consiga resolver o problema com ela.
_ Eu não sei. Nem mesmo sei onde ela mora.
_ Pegaremos o endereço na escola. O que vocês mais gostavam de conversar?
_ Sobre tudo! No ultimo dia, mesmo, falávamos sobre você e o pai dela.
_ Sobre mim? O que falavam?
_ Ela me disse que o pai dela estava com problemas no trabalho, e que por isso ela estava muito triste. Como foi um dia depois daquilo que você me contou sobre a menina que te insultou, eu vi que tínhamos problemas parecidos, e combinamos de contar o que houve uma para a outra.
_ Ela contou a você o que houve?
_ Não, por que quando eu terminei de contar ela correu. E essa foi a última vez que conversamos.
Enquanto abraçava a filha que desatava em prantos, ele ficou desconfiado pelo fato de o nome da garota ser Emily.
_ Debie, você sabe qual é o sobrenome de Emily?
_ É Golvea, Emily Golvea. – ele a soltou lentamente e estava assustado – O que foi papai?
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