PDV Katie

  Já tinha passado a hora do almoço, e eu estava indo ensinar hipismo enquanto refleti sobre a novata que vi na aula de arco e flecha. Ela me era familiar de algum lugar, talvez fosse irmã de alguém que conheço aquele nariz levemente pontudo, sobrancelhas arqueadas, e um leve sorriso malicioso, tudo me lembrava alguém, mas no momento não me lembro de quem era. Decidi esquecer esse assunto se não iria ficar meio psicopata.

  Quando cheguei lá, todos estavam me esperando próximos dos cavalos alados que me olhavam tristes. Eles sempre eram assim, só gostavam dos alunos profissionais, e odiavam ser pegasus teste. Dei meu olhar ‘se aclamem’ e comecei a aula.

  A aula foi até mais calma do que de costume, normalmente um ou dois alunos voavam dos pegasus e caiam na água além de outros cinco ou seis ficarem presos em cima de árvores, e um ou dois irem para a enfermaria. Neste dia, nenhum aluno parou na água e foi para a enfermaria, e só dois ficaram presos em árvores, achei ótimo o resultado e fui avaliar meus alunos, e notei o motivo de resultados tão bons.

  Naquele dia, só havia alunos experientes, só uma novata. E quando eu olhei diretamente para ela, percebi que era a mesma novata filha de Afrodite, ela parecia ser gente boa mesmo sendo familiar. Liberei o pessoal e quando eles estavam indo um filho de Hebe, James se não me engano ou dou uma de Senhor D., chegou até ela e se declarou:

  - Você para mim é o ar que eu respiro – começou, mas foi interrompido.

  - E você para mim a roupa que não preciso – disse friamente, até para uma filha de Nêmesis. Eu comecei a rir bem baixinho, pois esse sim era um fora digno de uma filha de Afrodite, normalmente elas davam respostas educadas dizendo que o amor é um tiro no escuro, mas parece que essa não sabe disso. O James saiu com cara de tacho, senti um pouquinho de pena dele, mas os filhos de Hebe tinham que aceitar levar fora. Fui até a novata, queria conhecer ela para descobrir porque ela era familiar.

  - Olá – disse para ela, que já estava indo embora, e se virou quando falei.

  - Ah, oi, você é a Katie não?

  - Sim sou Katie Gardner, e você é?

  - Ãhn – ela parou como se estivesse pensando, e de repente olhou diretamente para trás de mim, também me virei para ver o que era, e não encontrei nada além de uma filha de Athena andando com um livro escrito pela Aghata e alguma coisa em grego – Connie, Connie Christie.

  - Filha de Afrodite, não? – disse me virando para ver ela torcendo um cacho com a mão.

  - Sim sou eu, e só para confirmar você é filha de Deméter?

  - Sou como você sabe?

  - Ah, é que vi você na mesa de Deméter – disse vagarosamente de novo como se pensasse o que dizer.

  - Hum, eu não vi você no almoço, estava conhecendo o acampamento?

  Ela parou, como se pensasse o que dizer ou se me dizer ou não, e pela careta dela ela não sabia o que fazer. Até que finalmente parou de fazer caretas e disse:

  - Eu estava fazendo uma ligação para – ela enrolou um pouco – minha mãe, que queria saber se eu havia chegado ao acampamento sem ser atacada, por uns tal de monstros, sabe?

  - Ah – eu ia fazer outras perguntas só que ela me interrompeu dizendo:

  - Ei será que você poderia me fazer um favor? – ela perguntou com as sobrancelhas arqueadas de novo.

  - Depende – disse ainda não confiando nela.

  - Você pode me dizer onde posso arrumar uma maçã? – Que? Eu achei que ela ia falar algo diferente, mas uma maçã? É nesse acampamento acontecem muitas coisas que eu não imagineo.

  - Tá claro, vem – disse indo para o meu chalé, nos fundos havia várias árvores além de uma fabulosa macieira. Ainda estou estranhando o pedido da maçã, era a segunda vez no mesmo dia que alguém pedia uma maçã, e as duas filhas de Afrodite, além de serem novatas. Sim, muitas coincidências estranhas.

PDV Drew

  Aproveitei meu tempo livre, pois minhas meias-irmãs são muito vingativas. Mandaram-me eu fazer tudo o que eu as mandei fazerem no passado, mas por sorte de tarde foram ‘boazinhas’ e me deram um tempinho para espionar a missão da Connie, e sim, eu ouvi quando Connor disse e quase me matei de rir, por sorte estava longe o suficiente para ninguém ouvir.

  Quando segui Katie e Connie até o Chalé de Démeter sorrateiramente, para ver o que elas iam fazer. Quase sai de trás um arbusto e bate no Connor, pelo o que eu havia escutado ele havia pedido uma maçã para ela, quando eu encontrasse de novo ele iria bater nele, até que entendi o que ele iria fazer.

  - Então, Katie né? – ele perguntou e ela assentiu – qual sua fruta favorita?

  - Ah, eu não, mangas são muito bonitas tem árvores mais bonitas ainda, mas pêssegos têm uma beleza que não se compara, e os morangos são tão doces e tem flores lindas – disse enquanto Connor terminava sua maçã e eu anotava o que ela dizia – mas, e você Connie qual sua fruta preferida?

  - Bem eu sou uma pessoa que relaciona tudo a cores, e vermelho é a cor do amor, que me lembra minha mãe, então gosto de maçãs e morangos – disse me surpreendendo, nunca pensei que aquele cabeça oca, tivesse algo além de vento, mas parece que ele tinha um pouquinho de inteligência, bem no fundo – mas qual sua flor favorita?

  - Bem, eu acho lindo o lírio, o crisântemo, a rosa, mas sempre me apaixonei por tulipas, e você Connie?

  - Bem, eu adoro rosas, são tão delicadas e bonitas que me fascinam – disse, e eu ainda não acredito que ele conheça a palavra ‘fascinam’ pois o burro que ele é talvez seja falso – você prefere chocolate branco ou marrom?

  Depois disso, continuaram a fazer perguntas sobre preferências e tudo mais. Ele respondeu apenas metade das preferências, porque além de fazer perguntas também conversavam sem elas. Perguntei-me porque, mas a perguntas seguintes responderão essa questão. Connor estava ganhando a confiança da Katie para que respondesse as questões mais pessoais, como se eles estivessem virando amigos. Conversaram durante uma meia-hora, riram se divertiram, e bagunçaram um com a cara do outro. No final das contas Connor, foi chamado de Miss Acampamento, porque se irritava quando o chamavam assim, e Katie de erva - daninha, o que a irritava.

  Achei ótima a estratégia de Connor e quando ele se foi, fiquei ainda observando a Katie se ela ia comentar algo, mas ela disse algo que me preocupou:

  - Aquelas sobrancelhas arqueadas, pertencem a alguém que conheço.

  Com isso sai correndo para avisar Travis.

PDV Travis

  Estava no meu chalé, sem fazer nada. Deitado em cima da cama fiquei jogando uma bolinha que furtei que mudava de cor quando se jogava no ar. Estava um puro tédio, depois do meu passeio, decidi que era melhor esperar para ver o que dá o Connor nessa missão. Estava tediosamente jogando a bola, até que vejo Drew com uma cara de desesperada na porta, e cansada, eu acho que de correr, ela estava até arfando, e além do mais, é mais do que raro achar uma filha de Afrodite correndo.

  - Preciso te falar uma coisa – disse enquanto arfava.

  - Está bem – falei desanimadamente, pois pela cara dela coisa boa que não era.