Foram embora da balada, já era de madrugada – literalmente – e as meninas resolveram irem todas para a casa dos Grace, já que no outro dia tinham aula. Dormiram sem pestanejar, assim que encostaram a cabeça nos seus travesseiros.  A noite passou tão rápido como cinco minutos – no computador, e não na aula chata – e o despertador do celular de todas tocou, cada um com uma música, no mesmo momento.

Elas se levantaram, com profundas olheiras roxas – para não dizer pretas, de tão escuras – ao redor dos olhos de todas. Foram para o banho, uma no banheiro de Thalia, e uma no social – tiraram no palitinho quem iria primeiro.

Silena deu um jeito de disfarçar as olheiras com um pouco de corretivo, e elas pegaram uma roupa emprestada de Thalia – até mesmo Silena e Katie.  Encaminharam-se para a escola, com Annabeth se lamentando de que não havia acabado de fazer a lição de química, e de como a professora iria matá-la.

-Annabeth, ela não vai matá-la. Eu mesma nunca faço a minha tarefa. – Thalia disse tentando reconfortá-la, com pequenos tapinhas nas costas da loira.

-Thalia, em todos esses anos de escola, essa é a primeira fez que eu não faço algo.

-Às vezes, você poderia tentar ser um pouco menos nerd.  – e, como resposta, Annabeth lhe mostrou língua.

Foi uma caminhada curta, de no máximo dez minutos, até a escola. Ao chegarem lá, foram direto ao armário delas, quando Silena arregalou os olhos e cochichou para elas.

-É hoje mesmo que iremos pegar as fitas de segurança?

-Caramba, eu havia me esquecido... – Thalia recostou a cabeça em seu armário.           

-É hoje ou nunca, é só esperarmos o último sinal. Aí, QC nunca ais poderá nos amolar.

Ao que Katie acabou de pronunciar suas palavras encorajadoras, o sinal tocou, indicando o início das aulas. Cada uma se dirigiu para a sala de sua respectiva aula, e Silena, tinha uma aula de química novamente. Isso queria dizer que... Sim, sua aula era com Charles Beckendorf.

Ao se sentar na mesma mesa que sentara na última aula, não ficou tão surpresa quando Charles também jogou sua mochila perto da cadeira ao seu lado.

-Oi Silena.

-Oi Charlie.

-Gostou da festa ontem?

-Sim, estava muito bo... – e nisso ela teve de virar para o lado, colocar a mão na frente da boca, e bocejar. – Boa.

Sra. Nepomuceno logo chegou na classe, e começou a passar uma matéria enorme no quadro negro. Ninguém prestava atenção, isso era notável. Alguns dormiam, outros conversavam, poucos ouviam música e Silena olhava para Charlie. Assim que Charlie olhou para Silena, ela tentou disfarçar olhando abruptamente para a janela, onde fingiu achar algo interessante para olhar – fingindo que olhar o sol batendo no vidro da janela é mais interessante que olhar Charles.

O sinal tocou e Silena ainda olhava para a janela, e Charles cutucou-a, para ver se ela ‘acordava’.

-Ãn... Oi?

-Já acabou a aula Silena. E... Bem... Você ‘dormiu’ olhando para a janela.

-Desculpa, me distrai um pouco. – ela disse se levantando e colocando a mochila nas costas. – Tchau.

Quando estava na porta, saindo da sala, Charles encostou em seu braço.

-Silena, espere um pouco. Preciso te... Mostrar uma coisa.

-Ãn... Claro Charles. Mas... Tenho aula de Artes agora.

-Por favor Silena, é só um instante.

-Ok.

Charles caminhou alguns metros à esquerda do corredor, e virou para a direita ali. Depois, virou para a esquerda e novamente para a direita. Silena nunca havia ido naquela parte da escola – na verdade, nem sabia que existia.

-Eu e os meninos descobrimos isso daqui. Tecnicamente, ninguém além de nós conhece. – ele disse assim que abriu a porta de uma sala, e subiu em cima da mesa do professor.

-O que você está fazendo Charles?

-Você verá Silena... Você verá...

Silena já estava curiosa... Charles tateou o teto um pouco e... Empurrou-o para cima, revelando uma espécie de alçapão para um sótão.

-Vem que eu te ajudo a subir. – ele disse estendendo a mão para Silena.

Silena subiu em cima da mesa, e Charles empurrou-a pela cintura até o sótão. Silena rastejou-se para o lado assim que conseguiu se ajeitar lá. E logo atrás dela, Charles também subiu, fechando o alçapão em seguida.

-É simples.

-Simples? – Silena disse reparando em tudo: alguns pufes, rádio, livros, televisão e um frigobar – Como vocês montaram isso?

-Vínhamos escondidos depois do término das aulas.

-Uau. É demais. Mas... Por que me mostrar? Não era o ‘esconderijo’ de você e dos meninos?

-Sabe... Eu tenho de te falar uma coisa e... Bem, aqui ninguém vem.

Silena se sentou num pufe amarelo, e Charles se sentou no verde, perto de Silena.

-Quem lê aqueles livros?

-Ninguém. São do Percy, mas ele nunca leu nem a primeira página de nenhum. 

-Annabeth iria adorar...

-Silena...

-Sim...?

-Você... Não sei como te dizer isso mas...

Hey hey, you you...

-Desculpe-me Charlie, já volto, é o meu celular. – ela se afastou um pouco – Alô?

-Silena?

-Katie?

-Aonde você está criatura?

-Não estou podendo falar no momento...

-Nós estamos planejando as últimas coisa para hoje depois da escola.

-Ãn...?

-Para como roubar as fitas hoje. E estamos te esperando. Já é o intervalo.

-Katie, agora não posso mesmo...

-Silena, o que você está aprontando?

-Não dá para mim ir agora... Espera um pouco, recebi uma mensagem...

“E agora Silena? O que fará? Ficarás com teu Romeu, ou ajudarás tuas amigas?

PS – Acreditam mesmo que o plano dará certo?

-QC”

-Katie, eu tenho de desligar.

-Mas Silena... – uma barulho – Silena, é a Thalia. Presta atenção garota, não te vi no horário de Geografia que temos juntas, e agora você não está no recreio. Onde você está?

-Thalia, tenho de desligar...

-Não se atreva...  – tututu.

-Quem era Silena?

-Katie e Thalia, não era nada. O que conversávamos?

-Ãn... Eu não me lembro... Acho melhor irmos para o recreio agora. – Charles disse, apressadamente.

-Ãn... Ok. – Silena estava triste e com raiva.

Saíram do ‘esconderijo’, e Silena se despediu de Charlie, indo correndo, logo após, para enforcar Katie e Thalia, que interrompeu o seu momento mais lindo e fofo.