As horas se passariam e elas não se cansariam de agradecer, mesmo com as bochechas ardentes.

...

As luzes piscavam enquanto os testes finais aconteciam, e o público – muito maior do que elas esperavam – já se aglomerava na porta do local. Não eram as The Puzzle, não ainda. Ainda eram apenas Katie, Silena, Annabeth e Thalia, andando horas antes do show ali em frente – talvez pudesse ser chamado de um “reconhecimento”, como os animais faziam.

A animação de todas, era palpável. Ainda mais que estavam indo se encontrar com os quatro garotos – era num parque ali perto. Não poderiam ficar muito tempo, isso era certo, mas na correria da última semana quaisquer dez minutos eram uma dádiva.

O mais notório era que, naquele ano que se passara desde a ideia da banda, muita coisa mudou – até mesmo sua amizade: ela crescera – mas não seus estilos. Thalia trajava seus habituais trajes estilo rockeira, com shorts jeans desfiados, uma regata preta e blusa xadrez amarrada na cintura (e, claro, não faltava o all star nos pés).

Annabeth vestia calças jeans, e uma regata com uma grande coruja estampada. Não podia ser diferente, sem uma coruja, nunca se sentia pronta para sair – pediu até mesmo para que no figurino do show houvesse um brinco, uma pulseira ou um colar de corujas. Já Silena, usava uma saia creme, juntamente com uma blusa modelo cropped acinzentada. Logicamente, o rosa não poderia faltar: estava em seus pés, na sandália que usava, e no cabelo, na presilha.

Katie estava com um vestido alaranjado e curto, e também com sandálias Anabella – “Alguém já disse como amo essas sandálias?”. Estavam todas muito felizes, pois, afinal, não havia mais ameaças de QC, e, enfim, seria possível conciliar as vidas de popstars e de adolescentes normais.

Mais alguns quarteirões e logo chegaram no parque, onde – por algum milagre – os meninos já haviam chegado. Os quatro estavam amontoados sobre um daqueles bancos de praça. Percy e Nico se encontravam sentados sobre o encosto do banco, de onde Travis empurrada o primeiro (revanche por alguma piada, quem sabe?) e Charles ria de tudo, sentado no lugar correto.

Silena foi a primeira a chegar lá, sentando-se no colo de Charles e beijando-lhe com tanto amor – “Amor? Isso foi nojento”, era o que Thalia pensava. Em seguida, Travis e Katie se abraçaram e (talvez por sua timidez) deram um selinho. Nico deu um toque de mãos com Thalia, seguido de um pequeno abraço; enquanto Percy e Annabeth se cumprimentavam com um aceno de cabeça.

Ficaram alguns poucos momentos todos ali, juntos, brincando e conversando; mas depois se separaram: afinal, precisavam de um pouco de privacidade. Os dois casais de namorados foram caminhar, seguidos por um Nico e Thalia animados em uma conversa sobre “qual a melhor banda de rock”, restando somente o garoto de olhos verdes e a garota de olhos cinzas no banco original.

–E então... – o garoto começou, depois de um silêncio absurdamente constrangedor e longo.

–Então o quê?

–O que o quê?

–Ok, vamos parar com isso. – ela soprou a franja que caia no seu rosto antes de escorregar um pouco pelo banco.

–Com isso o quê?

–De fingir que somos amigos, ou coisa do tipo.

–Bem, não somos porque você não quer ser.

–Claro, eu quem mandei você ir se esfregar na Calipso. – ela revirou os olhos, não querendo nem um pouco reviver aquela cena.

–Ela que veio se e, Annabeth, eu sou homem. Além do que, a gente não estava namorando nem nada do tipo.

–Acontece, Jackson, que você é um idiota. Primeiro aquela aposta tosca com o Travis, e depois ficar se esfregando com ela na minha frente.

–Na sua frente? Mas você nem estava lá... – ele comentou, distraído.

Engolindo em seco – Annabeth esquecera que estava lá como uma integrante da The Puzzle, e não como ela mesma – tentou desconversar.

–Independente disso. – ela deu de ombros – Eu não esperava isso, sabe.

–Só vamos parar com isso.

–Isso o quê, exatamente?

–Isso de você me matar com o olhar todas as vezes que nos encontramos. E, querendo ou não, nos encontramos bastante. Travis está com a Katie, Charles e Silena estão quase casando, tirando o Nico e a Thalia, que estão sei lá o que. Sempre vamos sobrar. Então, podemos pelo menos tentar uma convivência pacífica? – ele arqueou uma sobrancelha, assim como a própria garota fazia a quase todo momento.

–Pacífica, mas não pense que é algo mais do isso, Jackson.

–Tudo bem, Chase.

Um segundo de silêncio confortável se estendia, e a menina começava a gostar da sensação do sol na pele.

–A gente já pode parar de chamar pelo sobrenome?

–Não tão rápido, Jackson, não tão rápido. – fechou os olhos e foi seguida pelo garoto.

Pela primeira vez em um bom tempo, eles estavam sentados lado a lado sem que faíscas saltassem dos olhares (e não era porque estavam com os olhos fechados).

...

Estavam indo para o local do show, já como as The Puzzle, mas, antes, Silena lembrou de contar a novidade:

–Drew já está no internato. Mamãe até pediu desculpas por não vir hoje, mas precisava de assinar alguns papéis lá. Mandaram uma mensagem hoje mais cedo, chegaram bem.

–Eu sei que ela é sua irmã, e me desculpe por isso, mas é ótimo ouvir que ela está a um oceano de distância. – Thalia soltou.

Todas riram do comentário sincero da amiga, antes de voltarem a correr para dentro daqueles quartinhos que se estendiam sob o palco.

...

–Vamos, vamos, rápido. – a maquiadora empurrava as quatro para dentro do camarim, com pressa e não muito delicada.

–Ai – Silena reclamou antes de cair sentada em uma das cadeiras.

As quatro já estavam devidamente com os cabelos “certos”, e usavam largos roupões felpudos. Havia uma maquiadora para cada uma, e Annabeth podia jurar que tinha mais maquiagem em seu rosto do que era fisicamente possível.

Após a sessão maquiagem chegar ao fim, foram deixadas sozinhas no cômodo, para que pudessem “acalmar” antes do grande show. As quatro estavam com os corações disparados, e não sabiam como eles ainda estavam dentro do peito.

Foi rápido, o período de espera – mais rápido que esperavam que fosse. Faltando dez minutos para entrarem, vestiram seus vestidos e calçaram seus sapatos. Estavam prontas.

Mesmo dali, podiam ouvir as pessoas que se aglomeravam em frente ao palco. A música que colocaram para tocar antes do show eram boas – elas próprias haviam escolhido algumas.

–1 minuto, garotas! – um dos homens (Henry, se não lhe falhavam a memória) as avisou, anotando algo em uma prancheta que carregava nos braços.

–É agora, meninas. – Annabeth soltou.

–Quem diria que aquele vídeo nos traria aqui. – Katie comentou.

–Eu amo vocês, garotas, muito. – Silena sussurrou.

–Anda, venham cá. – Thalia completou abrindo os braços e inaugurando um abraço em grupo.

Ficaram assim até que Henry voltou lhes dizendo que era hora. Foram duas para cada lado do palco. Katie, como vocalista, disse, enquanto entravam:

–Boa noite pessoal! – se alongando no ‘a’.

Recebeu como resposta um grito de todos que ali estavam. As quatro estavam lado a lado na frente do palco, tendo seus rostos projetados em um telão.

–Agradecemos muito cada um que veio aqui hoje! – Annabeth completou.

–Esperamos que vocês gostem! – foi a vez de Thalia.

–Quem quer uma música aí? – Silena completou com sua típica animação.

Gritos novamente foram ouvidos tendo origem em todos os lados. Foram cada uma para seu instrumento, e começaram a cantar.

A sensação de estar ali em cima, ao mesmo tempo tão perto e tão longe de todas aquelas pessoas que cantavam junto com elas, era indescritível. Cada palavra que cantavam pareciam ser um milhão, pois era repetida por todos que estavam ali. Não eram muitos – não encheria um estádio de futebol, nada disso. Elas sabiam que não seriam. Mas, de todo modo, foi o melhor que todas esperariam.

O show durou horas, certamente, e elas não se cansaram. Na verdade, poderiam continuar ali por mais uma eternidade.

...

–Foi melhor do que eu imaginava! – Thalia pulava, assim que saíram do palco.

–Ai meu Deus! – era só o que Katie sabia dizer.

O sorriso de Silena dizia tudo para ela, e Annabeth estava muda. Depois de tirarem as roupas, e estarem fora dali, entraram no carro e se transformarem de The Puzzle para adolescentes normais.

Sentaram-se e ligaram o som, queriam somente cantar mais um pouco, e gritar. Não tinham ideia do que era aquilo que elas tinham sentido. Achavam que ninguém poderia tirar aquela felicidade delas.

Mesmo que tivessem visto a mensagem em seus celulares, talvez nem isso estragasse:

Eu ainda estou aqui, bitches.

Aproveitem a felicidade, pois ela será curta.

–QC

...

Vocês acharam mesmo que eu iria sucumbir tão fácil? Amores, vocês realmente não me conhecem. O meu rascunho foi fraco e tolo. Eu não serei. Farei o que for preciso, do jeito que for necessário.

Eu não tenho medo.

Vocês tem?

Xoxo,

–QC

Segunda Temporada!