-Ooolá! – ela abriu um sorriso que antes Katie achou que era impossível se dar – Surpresa!

-O-oi –depois de se recuperar da ‘surpresa’ de Calipso, Katie conseguiu balbuciar – E-entre. Pessoal, essa aqui é a Calipso, nossa amiga.

-Oh, Katie, não sabia que vocês tinham visita. Se quiserem, posso voltar outra hora e...

-Não, imagina. Vem cá.

Elas se sentaram perto de todos, que cumprimentaram a visitante.

-Estávamos jogando verdade ou consequência, quer jogar? – Silena, extasiada.

-Hun... Claro! – ela sentou sobre as pernas dobradas – Adoro esse jogo.

Thalia, que a muito vinha desconfiando imensamente da ligação de QC e Calipso, girou a garrafa, ainda olhando ameaçadoramente para a colega.

-Calipso pergunta para Travis. Verdade ou consequência?

-Verdade. 

-Hun... Uma música que te lembra alguma das meninas, e por que.

-Música? – ele coçou a cabeça, como se fosse ajudá-lo a pensar melhor. – Vou falar só o nome da música e quem canta, depois eu vou conversar com ela.

-Ui. – Percy zoou o amigo – Tá apaixonado, tá apaixonado.

-Olha quem fala. – Nico comentou.

-Ok, é Lucky, do Jason Mraz.

-Quero saber quem é a escolhida. Isso é tão fofo. – Silena falou, com as mãos no queixo.

-Ó menina, o Charles está bem ali. Olha que ele fica com ciúmes, ein? – Thalia não conseguiu se segurar.

-Vou pegar alguma coisa pra gente na cozinha, pessoal. – Katie anunciou, levantando-se do chão.

-Eu te ajudo, Katie. – Travis, apoiando no sofá foi atrás dela.

-Ok, vamos continuar então. – Annabeth girou a garrafa. – Calipso pra Percy. Uh, garota, só você está saindo.

-Consequência.

-Sinceramente, eu iria te pedir pra você me dar um beijo, mas agora não. – ela olhou para ele de um jeito diferente. – Quero que você conte um segredo seu, um segredão.

Calipso não pode ver, mas Annabeth ficou com o rosto imediatamente vermelho, de raiva e ciúmes. Desde que fora embora, a amiga não era mais a mesma pessoa. Não podia nem mais lhe chamar de ‘amiga’, estava mais para uma colega.

-Um segredo meu? Que tipo de segredo? – ele, lerdando mais uma vez, perguntou.

-Ah, sei lá. Um segredo que ninguém saiba, ou talvez só seus amigos.

-Hun... Eu nado quando quero relaxar.

-Isso não é um segredo, bobão. – Thalia riu. – Todo mundo sabe disso, e você só não vai de sunga pra escola porque eles não deixam.

-Ok... Eu tenho músicas vergonhosas em meu iPod, tipo a música de abertura do Phineas e Ferb, e do Backyardigans.

-Ai meu Deus, isso é hilário. – Nico simplesmente riu. – Passe já o iPod pra cá, quero ver. Devia ter filmado essa resposta.

-Eu escuto músicas e você vê o desenho, ó que hilário. E, pera, cadê o Charles e a Silena?

-Sinceramente, - Annabeth respondeu – não queira saber. É melhor para a sua sanidade mental.

-E cadê o Travis e a Katie com a comida? – Thalia, passando a mão na barriga, disse – Minha barriga tá até roncando.

-Seja paciente, Thalia...

Enquanto isso, na cozinha, Katie procurava algo nos armários.

-Katie?

-Hun. – ela nem olhou pra ele, continuou a remexer nos armários, nas pontas dos pés, para conseguir pegar um saco de pipoca que estava bem lá no fundo.

-Tá me ouvindo?

-Hun. – e, então, ela virou pra ele. – Será que dá pra você pegar aquela pipoca para mim? Não alcanço...

E, para ilustrar, tentou pegá-la novamente, quase subindo no balcão.

-Calma. – e então Travis a levantou pela cintura, até ela alcançar a pipoca. – Pronto?

E a desceu, no que ela caiu de mal jeito, ficando a centímetros de Travis.

-Por que fez isso? – ela sussurrou-lhe. – Era só para você pegar a pipoca.

-Eu te ajudei, não ajudei?

Continuavam do mesmo jeito, a centímetros de distância, com a mão de Travis em sua cintura, e o coração de ambos a mil quilômetros por hora.

-Travis, acho que é melhor a gente voltar, eles já estão se perguntando onde estamos e... – nesse instante, ele aboliu aquele espaço que os separava, fazendo Katie parar de falar.

Katie assustou-se a princípio, mas logo em seguida se recuperou e correspondeu aquele beijo que tanto queria. Abria caminho com seus dedos por entre os cabelos castanhos do garoto, enquanto as mãos deles ainda pousavam na sua cintura.

Travis só pensava em quanto suas mãos cabiam perfeitamente ali, e dali nunca deveriam sair. Quando se separaram, eles sorriram e, aproximando sua boca do ouvido de Katie, sussurrou:

- They don't know how long it takes

Waiting for a love like this

Every time we say goodbye

I wish we had one more Kiss

Eles se abraçaram ternamente, no mesmo instante em que Calipso apareceu na porta.

-Ops, desculpem-me. Vou voltar para ali, não queria interromper.

-Não estava, hum, interrompendo. – Katie se recompôs passando a mão no cabelo e tentando disfarçar a vermelhidão.

-Sei, vou fingir que acredito e ir pra lá. – ela deu meia-volta, rindo para si mesma.

-Então... – Travis, tímido, sorriu para a menina – Acho melhor fazermos essa pipoca, não é mesmo?

...

Na sala, Silena e Charles ainda não havia aparecido. Apesar do medo de interromperem algo, eles concordaram que já estava ficando tarde. Saíram chamando-os pela sala, e os encontraram no tapete rosa do quarto da Silena. Eles acabaram pegando no sono, enquanto viam um seriado dela.

Charles se recostava na parede, e Silena deitava no seu peito. Ele a abraçava.

-Posso até dar uma de Silena agora, – Katie sussurrou para não acordá-los – mas isso é extremamente fofo.

-Infelizmente, vamos ter de acordar o casalzinho. – Percy disse, antes de gritar. – FOGO! CORRAM, FOGO, SOCORRO!

E riu em seguida – na verdade, todos menos o casal riu – com o susto em que eles se levantaram.

-Isso não foi nada engraçado, seu idiota. – Charles proclamou enquanto passava a mão na cabeça, bem no lugar em que batera na parede.

-Desculpa acordar os pombinhos, mas está na hora de irmos.

-Eu vou virar para vocês poderem dar um beijo em suas namoradas. – Nico disse, ao sair andando.

-Com licença que nós também vamos. – Thalia disse pegando Katie pelo braço, e indo andando.

-Acho melhor deixar ela, Lia. – Calipso deu uma piscadela a Gardner e saiu andando com Thalia.

[...]

-Tchau garotos, sintam-se a vontade para voltar na hora que quiserem. – Silena despediu-se de cada um com uma abraço (exceto Charles, óbvio) – E me liga, Charlie.

Após fecharem a porta, viram que Calipso ainda estava ali.

-Ah, Calipso, o que tem na caixa? – Annabeth, curiosa, perguntou.

-Que caixa? – ela se confundiu antes de finalmente lembrar. – Ah, a caixa. Bem, é uma surpresa pra vocês.