Heart Robber escrita por Yusagi


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Ooooolá, querido(a) leitor(a)! Bem vindo(a) à minha nova história, Heart Robber! Pra quem acompanha minhas outras fics, não se preocupem, estou trabalhando nelas!
Bom, espero que esse capítulo não fique muito confuso... é como se o personagem estivesse contando o que aconteceu com ele. Acho que isso explica bem! xD
Vou parar de atrasar sua sagrada leitura agora~
Divirta-se! ♥



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A vida é realmente uma caixinha de surpresas, por mais enfadonha que essa frase seja... e aliás, essa caixinha já me surpreendeu bastante, principalmente naquela época.

O calor do verão já começava a se fazer presente pela cidade; as pessoas usavam menos roupas, sorvetes e bebidas geladas eram o consolo de muitos. Eu não era exceção. Enquanto caminhava para a escola, passei por uma loja de conveniência e comprei dois ou três picolés de sorvete de melancia.


Eu sabia que era um alívio temporário apenas, porém não resisti. O sabor delicioso da fruta tropical logo preenchia minha boca e eu suspirava em contentamento – de todas as frutas, a melancia era a que mais se aproximava dos deuses.


Enquanto andava pelas ruas estreitas, encontrei um homem que possuía uma panca ridícula de gangster. Colares dourados enormes pendiam de seu pescoço, que se arqueava para a frente devido ao peso; seus sapatos lembravam a pelagem de uma zebra e ele usava um terno extravagante todo roxo.


Eu nunca havia visto algo tão ridículo em toda a minha vida.


Não precisou de muito tempo para que ele percebesse que estava sendo encarado. Me olhou todo bravinho e continuou me enfrentando com os olhos, como se aquilo fosse me assustar, e pior – ergueu uma das mãos, apontou um dos dedos para mim e disse, “POW!”, como se estivesse imitando o barulho de uma arma.


Eu odiava esses tipinhos.


Terminei meu sorvete, que já estava acabando de qualquer maneira, e quebrei o palito em dois usando uma das mãos; minhas sobrancelhas franzidas mais que de costume. – O que tá olhando, velhote?


Aquilo foi simplesmente apertar o botão de ignição de uma máquina “feroz”. O homem pegou uma barra de ferro que estava jogada ali do lado e apontou-a para mim enquanto andava na minha direção.


Ele murmurava algumas coisas sem sentido; muito provavelmente ele estava drogado. Avançou e tentou me acertar com o bastão, mas torci seu braço e lhe joguei ao chão com um chute no estômago.


Até mesmo uma vovozinha daria mais trabalho.


Mas não culpo o homem; mesmo que eu não o tivesse provocado, ele iria tentar fazer algo idiota pra mim – era clássico, ninguém gostava do meu jeito, apesar de eu ser bonitão. E humilde.


Eu era o típico adolescente rebelde. Cabelo castanho chocolate que ia até os ombros em várias camadas; eu sempre puxava um pouco para trás pra que a maldita franja não cobrisse meus olhos, que eram negros como piche.


Sempre tinha as sobrancelhas franzidas e boca cerrada num sorriso de ponta cabeça; eu devia medir um metro e oitenta e pesar uns setenta quilos; fazia meses desde que me pesei e medi.


A combinação desses elementos sozinhos já assustava muitas pessoas, principalmente quando eu andava com as mãos nos bolsos.


Mas não era só na aparência que eu era considerado rebelde.


Eu estava pouco me fodendo para o governo, para a educação, saúde e segurança. Nada disso tinha a ver comigo, nem os mendigos jogados nas ruas, animais sem dono... que diferença fazia ajudar qualquer um deles? Nenhuma.


As duas únicas coisas que de fato significavam algo para mim eram minha irmã, Haru, e meus três melhores amigos. Se eu pudesse, queimaria o mundo inteiro pra acabar com todo o lixo e salvaria apenas esses quatro indivíduos. Se eu mesmo sobrevivesse ou não, não faria diferença... eu odiava todo o resto e ponto final.


E, de fato, eu odiava muitas coisas. Reuniões, peras, desinfetante de lavanda... e principalmente a escola. Toda a idéia de ter que ir estudar, passar meu tempo com a cara enfiada em livros pra aprender coisas que nem tinham uso prático me enojava.


Mas, se tinha uma coisa, ou alguém que eu odiava mais que tudo isso...teria que ser aquele cara.


Pele quase albina, textura de pêssego, lábios redondos e rosados. Seu rosto era fino e tinha traços suaves, e seus cabelos negros e brilhantes contrastavam contra a clareza de sua pele, dando-lhe um ar quase fantasmagórico. Abaixo dos cabelos curtos, dois orbes de cor azul real davam o toque final para o príncipe de gelo.


Lindo de morrer, mas com uma personalidade dos infernos.


Takao Kishimaru, o presidente do conselho estudantil, queridinho dos professores e do diretor, apesar de não parecer se importar nada com eles. E realmente não se importava.


Não era à toa que seu apelido era “príncipe de gelo”. Ele não se importava com as pessoas ou seus sentimentos, e muitas vezes rejeitou sem um pingo de remorso a multidão de meninas que caía aos seus pés.


Naquela época eu realmente não sabia o quanto ele faria a diferença – o quanto ele me mudaria; o quanto mudaríamos um ao outro. Acredito que, ainda hoje no inverno do ano em que tudo aconteceu, eu ainda não sei o quanto ele realmente importa pra mim.


Mas então, em junho – quando o verão fazia o sol queimar forte e brilhante – essa saga realmente começou.


Ainda no dia do “ataque” do gangster, fui pra escola normalmente, e tive minhas primeiras aulas como sempre o fazia – dormindo. O sinal para o intervalo finalmente tocou e eu fui, todo feliz, para o pátio junto de meus amigos.


Eles eram realmente uns palhaços. Primeiro, o Jamaicano – ninguém sabia seu nome verdadeiro, nem mesmo os professores ou o diretor; na verdade eu duvidava que ele mesmo soubesse como realmente se chamava. Ele era uma mistura de japonês com jamaicano – daí o apelido – e possuía a pele de cor característica do lugar tropical, porém com os cabelos negros e lisos clássicos de japoneses.


Além dele havia os irmãos Akehito e Natsuhito, que não deviam passar de um metro e setenta e sessenta, respectivamente, e tinham os cabelos em caracóis largos e negros até os ombros; seus olhos tinham a mesma cor e uma sensação um tanto juvenil neles, e eram bastante parecidos mas Ake tinha os traços mais agudos e acentuados. Akehito, que era o mais velho dos dois, era totalmente superprotetor com o irmão a ponto de ser quase exagerado.


Não que eu fosse diferente.


Haru, minha pequena Haru. Provavelmente a única que presta na minha família. Tem os mesmos olhos que os meus, cabelos da mesma cor porém em corte reto até os ombros; ela era mirrada apesar da quantidade absurda de comida que ingeria. Eu podia entender Akehito; pra mim, Haru era uma pedra preciosa, assim como eu tenho certeza que Natsuhito era a sua.


Ah... mas eu nunca me cansava de ver Ake protegendo o irmão de obstáculos invisíveis. Chegava a ser quase adorável.


Mesmo naquele dia, quando fomos até o pátio, a superproteção de Ake me fez rir. Era divertido o ciúme e desespero exagerados que ele sentia pelo irmão.


Acabamos de chegar até a parte cheia de árvores e grama, e nos sentamos sob uma delas pra descansar e comer. Eu me sentei de um lado com Jamaicano à minha frente, enquanto Akehito encostava-se à árvore e puxava o irmão pra perto, com tanto cuidado que parecia que Natsu era feito de vidro.


Nem eu nem Jamaicano nos importávamos com a intimidade dos dois; claro que era um tanto esquisito o quanto ficavam perto um do outro e como andavam de mãos dadas, mas eu não era babá deles e nem Deus pra dizer o que era certo ou errado.


Mas nem todo mundo pensava assim.


Um grupo de rapazes – daquele tipinho que eu odeio – se aproximou devagar, olhando os irmãos com cara de quem faria piada logo, logo. Akehito parecia já saber disso e levantou-se bruscamente, amassando sua caixinha de suco que por sorte estava vazia. – Vai ficar parado olhando ou o quê? - , perguntou irritado.


O grupo soltou algumas risadinhas e um deles balançou os braços no ar, como se não fosse nada. – Ah, que moleque idiota! Quem disse que eu tô olhando pra você? Tava olhando a belezinha do seu irmão.


Naquele momento, eu sabia que merda viria. Akehito avançou no cara como se fosse um lobo; só faltava uivar e morder. Aquele cara teve sorte de só ter levado um soco no estômago antes de sair correndo que nem um idiota; bravo do jeito que estava, Ake era capaz de qualquer coisa.


Natsuhito logo se levantou para acalmar a fera que era o irmão e os dois finalmente se sentaram novamente; seus braços entrelaçados.


Acho que eu já nem estranhava os dois. Passando tanto tempo com eles e essa esquisitice toda, acabei me acostumando.


– Ah, é mesmo! Ô Karu, você vai precisar de um tutor né? Que merda! – Disse o Jamaicano enquanto se matava de tanto rir, como se fosse a melhor piada que ele tivesse ouvido. Eu não estava surpreso; o retardado ria de tudo. Se uma mosca pousasse no nosso lanche, ele daria risada das patas dela.


Mas eu estava insatisfeito com a “piada”. – Hm, além de ter que estudar a manhã toda e a tarde toda, vou ter que ficar de noite aqui e você fica dando risada? Você tem sorte de só acertar quando chuta nas provas, que aliás é sempre.


– Hm, tá brabo porque vai ter um tutor e não uma tutora! - , continuou. – Mas pelo menos vai prestar atenção no tutoramento, e não no tutor! – Resisti a vontade de estapear meu próprio rosto. – Cara... tutoramento nem é uma palavra.


Depois de algumas risadas, caímos em silêncio enquanto terminávamos de comer... mas não foi por muito tempo. – Ai meu Deus, ele não é perfeito? - , disse o Jamaicano. Eu nem precisava olhar pra saber de quem ele estava falando. – Não acredito... ele ainda é o seu ídolo? - , perguntou Ake com o nariz um tanto torcido.


– E não é o seu? Esse cara é foda! Já viu ele lutando kendo? Parece um samurai do capeta! - , disse todo animado enquanto seus olhinhos brilhavam. Finalmente decidi olhar o indivíduo, que se aproximava a passos lentos.

– Mizuki.


– Kishimaru. -, foram nossos cumprimentos. Nenhum dos meus amigos se importou em cumprimentá-lo; Jamaicano apenas o olhava com um brilho idiota nos olhos, mas de qualquer forma Takao também não lhes dirigiu a palavra.


O Kishimaru me olhava com um ar de superioridade simplesmente irritante, enervante. Ele parecia ser o filho de algum conde; tinha esse ar nobre em volta dele, que aliás combinava muito com seu nome, “homem nobre”. Porém essa nobreza era fria e calculista, e me fazia odiá-lo ainda mais.


– Não se esqueceu das suas aulas extras, esqueceu, Mizuki? - , perguntou Takao com sua voz autoritária. – Infelizmente não.


– Ótimo... porque eu é que vou ser o seu tutor. - Fiquei parado por um segundo, tentando absorver a informação. Não consegui. – O quê?


– Você me ouviu. E é bom você não fugir. – Disse ele com indiferença, voltando por aonde veio, como se nada tivesse acontecido – enquanto eu, assombrado, afundava meu rosto na palma de minhas mãos, que estavam geladas pelo choque da informação.


Eu podia apenas tentar consolar a mim mesmo com mais sorvete de melancia enquanto meus amigos – maravilhosos como sempre – se aproveitavam da situação pra acabar com o que sobrava da minha dignidade.


Aquele foi apenas o primeiro passo que demos em direção um ao outro; primeiro de inúmeros. Para o meu eu de então, aquilo parecia um filme de terror, mas agora eu sei que tudo o que aconteceu foi pra melhor.


E então, minha história de ladrão de coração havia começado.


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Notas finais do capítulo

E lá se vai o prólogo~ Ficou bom? Ficou ruim? Acha que algo está fora de lugar e merece ser revisado? Por favor não se acanhe, adoro críticas bem criticadas (??)~ ♥
A pequena Yu merece um review? ♥