While It Rained. escrita por Catcamila


Capítulo 1
One-shot.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/196866/chapter/1

 Enquanto certa morena corria com algumas sacolas na mão, perto dali, um velho conhecido também corria à procura de um abrigo contra as pequenas gotas de água que começavam a cair do céu, cada vez em uma velocidade e quantidade maior.

Junto com Glaceon, May tentava correr o máximo que podia segurando algumas sacolas do Pokemart, esbravejou para si mesma alguns palavrões, bem que sua mão havia falado que o clima estava mudando e mais tarde poderia chover. Em sua mente se castigou por não só ter escutado em vão o que a mãe havia dito, como também por estar agora inteira suja e com as roupas molhadas. Pelo menos as compras ainda estavam intactas. É... As compras estavam intactas!Sorriu, talvez nem tudo estivesse perdido. 

– Positivdade sempre May, não se esqueça – Disse para si mesma.

Com os pés já cansados, decidiu que ir para casa debaixo daquele temporal não seria lá uma das melhores coisas a se fazer no momento, logo avistou uma grande árvore no meio da praça, sorriu, não era lá a coisa mais segura, mas com todas as lojas fechadas, e o Centro Pokémon à uma enorme distancia, ela não podia ficar ali reclamando no meio da rua.

//

Drew que até então caminhava calmamente – e silenciosamente como de costume– estava atordoado pela chuva que começava a lhe gelar as costas. Tentou achar um abrigo que fosse próximo, correu para debaixo do toldo de uma loja, virou-se para a grande vitrine, olhou seu reflexo. Seu cabelo ainda estava perfeitamente... Perfeito!O menino então sorriu satisfeito.

Depois de mais alguns minutos se admirando naquele enorme vidro, reparou no que havia por detrás da vitrine. Flores e mais flores. Suspirou e fechou os olhos tentando imaginar os mais diversos perfumes que deveriam haver ali. Haviam flores e mais flores e cartões pokémons em alguns arranjos. Um arranjo em especial lhe prendeu a atenção. Por um momento seus grandes olhos verdes pararam e se concentraram ali.

Rosas. – Disse em um tom baixo - quase inaudível.

//

A chuva ainda não dava uma trégua sequer, May suspirou. Não poderia ficar ali durante horas, quer dizer, ela ainda tinha várias coisas para fazer, e justo naquele dia havia combinado com Dawn, de ambas conversarem para colocar a fofoca em dia!

Olhou o cenário ao seu redor, sempre era bom estar em casa de novo, não que não gostasse de viajar, era um espírito livre, não tão livre quanto seu velho amigo Ash, mas ainda sim livre. Porém quase sempre – enquanto estava fora – um sentimento de nostalgia lhe tomava, e lá vinham imagens e mais imagens de sua família, de seus pais, de Max, e de sua cidade.

Agachou-se e sentou-se no chão, instantaneamente Glaceon pulou em seu colo e ela sorriu para seu Pokémon. Se a chuva viesse a demorar, pelo menos ela contaria tudo sobre sua cidade para seu Pokémon – mesmo que como de rotina, Glaceon pegasse no sono -.

//

Depois de admirar a vitrine da loja, Drew pode ver que a chuva ia aos poucos diminuindo, logo o menino com cabelo de grama, resolveu caminhar o máximo que podia para o Centro Pokémon. No caminho sua mente já não estava como antes, uma estranha sensação de falta passou a tomar conta de seu coração. Suspirou.

– Dias de chuva só servem para lembrarmos o que mais queremos esquecer – Disse olhando para o chão.

De repente, a chuva o surpreendeu voltando ainda mais forte – e mais gelada – que antes.

O menino sem alternativa correu desorientado à procura de um novo “abrigo” , logo avistou a praça da cidade, correu então o máximo que podia e escolheu árvore central como refugio.

 Depois de andar alguns metros, surpreendeu-se ao ver que outra figura já tivera a “grande” idéia de se esconder ali, não estava nem um pouco com um humor para conversar, muito menos dividir uma árvore em tais circunstancias de tempo.

 //

– O que está fazendo aqui?!?!  – May gritou enquanto se levantava rapidamente – esquecendo que o pobre Glaceon estava em seu colo, o que fez com que o Pokémon soltasse um grunhido de insatisfação - .

– Eu que pergunto, por acaso está virando uma de minhas fãs e está me seguindo? – Drew disse com certo ego.

– Ora, Drew, o que eu estou fazendo?Não sei se você sabe mas eu moro aqui. Essa é a minha cidade. E você que vá procurar outra árvore! – Esbravejou May, enquanto apontava um dedo na cara de seu inimigo.

– Tsc, criança.

O último comentário de Drew fez com que May corasse rapidamente, e em poucos minutos tivesse a face avermelhada tamanha raiva e indignação.

O menino a ignorou, afinal era do seu feito não só afastar as pessoas como ignorá-las. E assim, ele encostou seus ombros na árvore, e fechou os olhos apenas ouvindo o barulho da chuva caindo.

– Ei eu estou falando com você! – May gritou batendo os pés.

Drew a espionou com o canto do olho e abriu um meio sorriso, deixando a morena ao seu lado ainda mais zangada.

– Você que é um crianção!Não está me ouvindo?!

Como se ao seu redor algo exalasse nostalgia, Drew começou a recordar quando havia conhecido a “figura” que agira gritava com ele, como uma criança mimada. Todos os seus momentos de rivalidade, suas lutas e dramas. Assim como seus constantes encontros em concursos e cidades durante suas jornadas.

– Eu desisto!Eu vou ficar quieta!Você é um idiota mesmo! – May ficou emburrada, encostando na árvore assim como Drew.

Os olhos azuis da morena, o fitavam com raiva e ao mesmo tempo... Curiosidade. Não que fosse totalmente surpreendente o encontrar ali, mas com certeza, se alguém lhe dissesse quando acordou pela manhã, que ela encontraria e dividiria uma árvore com o menino que lhe infernizou durante todo o começo de sua jornada, provavelmente ela riria e voltaria a dormir.

– RUM...

Drew abriu os olhos cansados de “seu momento nostalgia” e viu que May, o fitava com curiosidade, o menino não pode deixar de olhar em seus olhos. Durante algum tempo não se encontravam e a cada encontro, ele percebia o quanto seus olhos eram azuis e cada vez mais azuis.

– Vai ficar admirando minha beleza até quando? – Ele disse com seu tom de galanteador.

– Eu não estou admirando sua beleza, aff... Até porque sua franja está horrível! Se o Max estivesse aqui ele provavelmente te chamaria de cabelo de gosma, e com razão!

– O que?  Meu cabelo? – Drew disse com surpresa enquanto tentava analisar a situação com suas mãos.

Não contente por lhe atormentar de tal forma, May tirou de sua bolsa um pequeno espelho, o direcionou para Drew e viu o rapaz à sua frente praticamente surtar por causa do cabelo desajeitado.

– Maldita chuva – Drew repetia freneticamente enquanto tentava dar seu melhor arrumando seu cabelo.

Tal ação fez com que ele conseguisse tirar risos de sua companhia. O menino então parou o que fazia e observou o jeito totalmente retardado como ela ria. Com certeza May não era uma das pessoas mais belas ou elegantes, mas era justamente isso que deixava Drew intrigado.

A morena parou de rir e se sentiu desconfortável ao ver como Drew a fitava com um cara boba.

– O que foi? Tem alguma coisa no meu rosto? – Ela disse com certo receio e vergonha.

– Não, não – Ele disse voltando ao normal.

– Oh...

May sentiu suas bochechas corarem pouco a pouco, assim a menina abaixou a cabeça e começou a fitar o chão. Drew vendo que deixara May desconfortável parou de fita-la e o começou a ver a paisagem a sua frente.

– Então... – Ele tentou puxar assunto – Como vai a jornada do Max?

– Ah o Max! Vai muito bem – May disse sorrindo – Cada vez mais ele vai se aventurando por aí, estudando e capturando cada vez mais pokémons!

– Que bom.

– É! Ele até me faz lembrar o Ash! – May disse com certo brilho nos olhos.

Tal brilho não passou despercebido por Drew, e o fez sentir certo incomodo, de repente o top coordenador sentiu vontade de esbravejar como o antigo companheiro de jornadas de May era idiota, mas ele sabia que isso só faria a menina brigar.

– Hum. – Foi a única coisa que ele conseguiu dizer.

– É, o Max faz lembrar muito o Ash! Ele é determinado, e gosta de viajar, e conhecer novas coisas, e novos pokémons, e tem um carinho por ele que nossa...

– E você tem saudades do Ash... Quer dizer, você tem noticias dele? – Drew tentou se auto corrigir rapidamente.

– Er... – May por um momento parou e fitou Drew tentando entender que tipo de pergunta ele tinha feito inicialmente – Ah eu não falo muito com ele... A última vez que o vi foi em Sinnoh, e ele parecia bem, mais determinado do que nunca.

A menina não pode deixar de sorrir ao lembrar-se de seu grande amigo e velho companheiro de jornadas. Apesar de não conversarem com tanta freqüência, pelo menos 2 vezes por ano ela fazia contato com ele. Afinal, ela não gostaria de perdê-lo, ele foi muito especial em sua vida.

Enquanto Drew via May perde-se em pensamentos enquanto sorria, algo dentro de si, o fazia ter vontade de gritar e falar que era bem melhor que Ash, algo o incomodava, e ele lutava para não colcoar pra fora.

– E você pensa em voltar a viajar com ele? – Ele disse em um tom totalmente enciumado.

– Ah... Não. Ele tem o seu caminho agora. E eu tenho o meu. Eu só atraplharia ele, quer dizer, ele tem um sonho totalmente diferente do meu. E isso tiraria o foco do meu sonho. Eu quero crescer sozinha, e cair sozinha, e ser perseguida por qualquer Pokémon perigoso que eu achar na floresta, e eu quero ir à festas depois dos concursos e conhecer gente da nossa área, sabe?

Depois de May falar tal coisa, Drew sentiu certa felicidade dentro de si, que não pode guardá-la só para si. Fazendo com que um sorriso sem querer aparecesse diante dela.

– Bem... Agora é minha vez, o que tem feito? – May perguntou gentilmente.

O menino ao observar que a chuva não passaria tão cedo, resolveu sentar-se e convidou May a sentar-se ao seu lado no chão.

Então ali conversaram durante pelo menos duas horas, sobre lutas, e pokémons novos, e coisas extraordinárias que viram e, tudo mais o que aconteceu na vida de cada um, durante esses meses em que não se encontraram.

 //

A chuva já Havaí diminuído e as gotas começavam a se chocar com o solo cada vez em menor quantidade. O céu ainda estava escuro, afinal já era por volta de oito horas da noite, e possivelmente bem mais tarde, um temporal ainda mais forte viria.

Então os inimigos mortais, se levantaram e por um menino desfrutaram apenas do silencio que a noite lhes dava.

– Bem... – Drew foi o primeiro a falar.

– É...

Os dois por algum motivo não conseguiam se despedir, quer dizer, era penas um dar “tchau” e pronto! Mas não, algo entre os dois tornava aquele momento mais complicado que o normal.

– É... Temos que aproveitar agora! Antes que a chuva volte. – Drew disse desviando o olhar para o céu.

– É mesmo – May concordou fitando o céu também.

– É... – Drew procurou palavras – Foi bom te ver, quer dizer, se  tivéssemos em outra circustancia de tempo, e tudo mais, eu batalharia com voc~e, só para ter o gosto de ganhar e lembrar dos velhos tempos...

– Com certeza. – May disse meio corado.

– Então você concorda que eu iria vencer a batalha? – Drew disse com uma sobrancelha erguida.

– Não, cabeça de grama, com certeza eu venceria. Você nem viu os ataques que eu aprendi. Eu ia te vencer facinho!Facinho! – Gritava apontando o dedo indicador em sua direção, com a cara já começando a avermelhar.

– Seria uma honra. – Drew disse dando um sincero meio sorriso.

A morena então parou e o observou. Não poderia mentir, ele foi uma das pessoas mais esquisitas que já havia conhecido. Porém, ele foi seu grande companheiro e seu grande adversário, e os sentimentos que cultivava por ele, eram enormes também.

– Mas ainda sim, você sabe que no fundo, eu iria ganhar. – Ele disse jogando sua franja molhando, com dificuldade para o lado.

– Argh!– May já ia começar a gritar.

– Foi realmente bom te ver! – Drew disse já se virando. – Até mais!

May então percebeu que isso era mais uma de suas despedidas. E ela ao contrário das outras vezes, não queria ficar ali, parada e quieta o observando ir. Dessa vez algo dentro de si lhe implorava para correr e agarrá-lo e fazer sei lá o que.

– Ei espera! – Sua voz saiu de sua boca involuntariamente.

O menino de cabelos verdes virou e esperou o que ela tinha a dizer. Ela por sua vez não sabia o que dizer, nem sabia como sua voz havia saído de sua boca sem permissão. Agora já estava feito. Ou ela faria algo, ou passaria por completa retardada.

Sem opção ela caminhou até ele, sentindo que algumas gotas ainda insistiam em cair do céu, frente a frente com ele, ela apenas se inclinou e ficou nas pontas do pés. Seus braços envolveram o menino que até então estava ensopado e tinha o corpo completamente gelado.

– Foi muito bom te ver Drew. – Ela deixou escapar, enquanto o abraçava.

Ele por sua vez ficou sem reação, e só depois de alguns minutos, envolveu  May com seus braços, a apertando ainda mais para si. Ele estava adorando aquela situação, sentir o corpo dela junto ao seu, e ouvir aquelas palavras dela, isso lhe dava um conforto que até então durante anos e anos ele não tinha.

Depois de longos minutos ali, May se desvencilhou do abraço e o fitou, um sorriso estava estampado em sua face, enquanto suas bochechas começaram a corar pensando no que tinha acabado de fazer.

Sem nenhum pudor, Drew a puxou para si e rapidamente selou seus lábios com os delas. Algo que durou poucos e rápidos segundos.

Mas que sem ele saber, esteve nos pensamentos da morena, desde que ele se foi, e ela voltou a seguir seu rumo de volta para casa. Tocando seus lábios, feito uma boba, e imaginando o quão realmente foi bom vê-lo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente bonita, há quanto tempo não escrevo algo né? Podem me xingar, tenho várias fics inacabadas e tudo mais. Eu sei eu sei. Mas aos poucos estou voltando a escrever. Tipo, foi um milagre voltar à escrever, e escrever essa one, por isso espero que tenham gostado. E aos poucos a Titia Catcamila volta do Nyah!