A Estória da Guerreira e do Curandeiro escrita por slytherina


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Sonja consegue uma nova missão.



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          Sonja e Yovanes finalmente chegaram à cidade de Shealossel, nas terras altas do sudoeste, de clima temperado. Estava protegida por uma fortaleza fortificada, contra animais selvagens, salteadores e exércitos inimigos. No seu interior havia belos jardins, ruas pavimentadas com pedras, muitas habitações e várias edificações comunais, circundando uma imponente construção central de estilo grego. O solar do prefeito da cidade, que era protegido por uma guarda especial de lanceiros.

          Sonja procurou uma estalagem para se hospedarem. Após deixarem Alexander e Keke aos cuidados do responsável pelo estábulo, procuraram por uma refeição quente, e um dormitório confortável. Após tantos dias viajando juntos ainda eram perfeitos estranhos. Sonja não abrira seu coração para Yovanes, e este ainda não perdera o temor que sentia dela. Apesar de ficarem no mesmo quarto, era como se uma barreira se erguesse entre eles, não permitindo que confraternizassem.

          No dia seguinte, Sonja e Yovanes foram até o solar do prefeito. Sonja apresentou-se à guarda e eles foram conduzidos ao salão de audiências. Um local luxuoso, com piso de mármore, mosaicos nas paredes, e móvel bem talhado. Havia um grande painel com desenhos dourados e uma figura meio humana, meio demoníaca, no centro. Sonja e Yovanes ficaram muito interessados no desenho, como se mesmerizados. Logo mais foram recebidos por um homem velho de longas barbas brancas. Ele era educado e gentil. Identificou-se como conselheiro.

          _Bem vindos a Shealossel. Aos honrados e pacíficos, nossa cidade abre os braços. Aos arruaceiros, bárbaros e malandros, oferecemos a masmorra. Conheço sua fama, gentil amazona. Todos os povos desta banda do continente já ouviram falar em Sonja, a ruiva. Sabemos que em combate você vale tanto quanto 10 homens juntos. Estimo o fato de vivermos dias felizes atualmente, e não precisarmos de mais guerreiros do que já temos. E você gentil rapaz, de você nunca ouvi falar. Qual é mesmo a sua cidade natal?

          _Dacha senhor. Mas não é uma cidade, apenas uma pobre aldeia de pastores e lavradores. Eu sou apenas o servo da guerreira Sonja.

          _Oh!

          _Vim oferecer-lhe meus serviços como guerreira e caçadora de recompensas. Se não necessita de minha ajuda, eu me retirarei.

          _Bem, temos um pequeno problema, que talvez requeira suas habilidades formidáveis.

          _E qual é?

          _Alguns criminosos fugiram de nossas masmorras, por uma falha da nossa guarda, que já foi corrigida cuidadosamente.

          _Quantos fugiram?

          _21.

          _Tantos assim?

          _Foi uma vergonhosa falha de segurança. Lamentamos muito.

          _Tudo bem. Quanto vale cada criminoso que eu trouxer de volta?

          _50 dracmas, se os trouxer vivos. 10 dracmas se os trouxer mortos.

          _Os nomes?

          _Aqui neste pergaminho.

          _Alguma idéia de onde podem estar?

          _Apesar de terem amigos nesta cidade, achamos que se esconderam na floresta.

          _Pensei que fossem todos criminosos.

          _Até mesmo os criminosos encontram admiradores.

         

 

          Sonja seguia velozmente até as florestas que circundavam Shealossel. Tinha 21 nomes de fugitivos para prender. Este era um dos serviços mais sujos que existiam. Mil vezes enfrentar monstros sanguinários do que ir à cata de seres humanos, para entregar a autoridades déspotas que apenas almejavam vingança. Mas trabalho era trabalho, e Sonja já havia dado sua palavra. Yovanes a seguia um pouco mais atrás. Não se falavam muito. Nem era preciso. Bastava atender quando Sonja o chamava. Yovanes estava um pouco triste. Começava a sentir saudades dos longos dias de viagem. Pelo menos naqueles dias Sonja conversava com ele.

          Logo chegaram à floresta. Sonja seguiu seus instintos de caçadora. Acharam uma cabana no meio da floresta. Estava vazia. Sonja a inspecionou por dentro e por fora. Não encontrando nenhum traço da presença de fugitivos. Sonja ficou irritada e quebrou um dos objetos de uso da cabana. Yovanes aproximou-se um pouco e falou em voz baixa.

          _Sonja na minha aldeia, as pessoas costumam construir alçapões, para protegerem-se de invasores.

          _As pessoas são covardes na sua aldeia, Yovanes. Talvez estes daqui também sejam.

          Sonja entrou novamente na cabana. Chutou móveis e objetos do chão, até deixá-lo inteiramente descoberto. Então ela viu um pequeno entalhe na madeira do assoalho. Usou uma alavanca para forçar sua abertura. Ao tirar a tampa do alçapão, Sonja viu olhinhos brilhantes e temerosos, como animaizinhos com medo da morte.

          _Saiam todos! E não tentem nada, ou usarei minha espada.

          Umas três pessoas saíram do alçapão. Seguidas de quatro crianças.

          _Digam seus nomes.

          Um a um os aterrorizados moradores disseram seus nomes a Sonja. O mais alto e forte deles era um dos fugitivos procurados por ela. Sonja o amarrou com cordas e saiu puxando-o, montada em seu cavalo. A família do foragido ficou em prantos. Yovanes olhava-os com pena, mas pensava que aquele homem deveria ter cometido um crime terrível, para ser encarcerado e colocada a cabeça a prêmio.

          Mais ao norte, muito fora dos limites daquela região, encontraram mais dois homens procurados. Escondiam-se como animais em cavernas. Nenhum deles reagia. A fama de Sonja a precedia. Levaram a todos e os entregaram ao chefe da guarda do prefeito. Sonja recebeu o prêmio correspondente e retirou-se. Ficou vagando pela cidade aquela noite e voltou bem tarde, cheirando a vinho.

          Yovanes não a acompanhou. Achou que ela não necessitava de um pajem para ajudá-la a embebedar-se. Achava que a natureza do trabalho que ela estava fazendo, a deixava transtornada. Mas ele não poderia afirmar muitas coisas a respeito de Sonja, pois ela não o considerava um amigo e mal falava com ele. Quando ela entrou no quarto da estalagem, ele tentou ajudá-la a retirar espada e capa, mas ela o afastou com um empurrão. Resmungou que nunca precisara de ajuda para tirar a própria roupa.

          Yovanes achou melhor ficar longe dela. Agora nem mesmo reza ele podia fazer para ajudá-la. Ele ficou por um tempo encarando o vazio, então resolveu sair para clarear as idéias. Estava triste e sentindo-se menosprezado. Talvez tivesse sido um grande erro ter seguido Sonja enfim. Sem perceber, seus passos o levaram até o solar do prefeito. Nas suas cercanias ouviam-se gemidos atrozes. Yovanes ficou estarrecido. Aproximou-se para ver melhor o que era aquilo.

          Escalou uma das árvores do jardim próximo ao solar, e procurou divisar o que seus muros escondiam. Em um grande pátio de uma área descoberta do solar, haviam alguns guardas castigando os prisioneiros recém entregues naquele dia. Estavam dependurados pelos pulsos, seminus, sangrando e gritando. Os guardas revesavam-se para açoitá-los.

          Yovanes não conseguiu assistir muito daquilo. Não sabia o que o perturbava mais. Se a pena que sentia pelo sofrimento alheio, ou o medo que sentia de sofrer o mesmo castigo. Reconhecia que era um covarde. Sentia raiva de si mesmo por não ser forte, corajoso e intrépido como Sonja. Então entrar lá, enfrentar os guardas e libertar aqueles pobres homens. Lembrou-se tristemente que fora a própria Sonja quem os caçara e os entregara para serem castigados.

          Voltou para seu quarto mais arrasado do que quando saíra.

 

 

          _Sonja, ontem à noite eu vi os homens que capturamos. Estavam sendo torturados no pátio do solar do prefeito.

          _O que?

          _Os fugitivos que estavam com a cabeça a prêmio. Eles estavam apanhando.

          _Por que você acha que eu quero saber isso?

          _Não se importa com o destino das pessoas que cruzam seu caminho?

          Sonja ficou encarando-o incrédula. Não respondeu nada. Estava séria e um pouco irritada.

          _Eu não acho certo o que estamos fazendo.

          _Alto lá. O que EU estou fazendo. Você não faz nada. Apenas obedece a ordens como um cachorro ou um cavalo. Você não decide nada sobre o que EU faço ou deixo de fazer.

          Yovanes abriu a boca para dizer alguma coisa, mas foi calado por Sonja com um beijo intenso.

          _Agora não fale mais sobre o destino dos homens capturados, está bem?

          _Está bem Sonja.

          Saíram novamente para mais uma busca. Dessa vez trouxeram cinco homens e uma mulher. Todos foram conduzidos de volta à cidade e entregues ao Chefe da guarda do prefeito. Yovanes não conseguia encarar as pessoas que eles estavam caçando. Sentia vergonha de si mesmo, e pena daquelas pessoas. Se Sonja podia continuar fazendo aquele serviço sujo, então ele também poderia agüentar.

          À noite não conseguiu dormir. Estava muito longe do solar do prefeito, mas de algum modo ouvia os gritos das pessoas que eram torturadas. Podia ver seus rostos contorcidos de dor, olhos inchados de chorar e gritar. Ele não queria ver, nem ouvir, mas não conseguia evitar. Sonja mais uma vez saíra. Já era tarde da noite e ela ainda não voltara. Yovanes achava que ela estava embebedando-se novamente. Ela era uma mulher enérgica e forte, mas mesmo Sonja necessitava de um alívio para a dureza daquela existência.

          Na manhã seguinte, os dois estavam com olheiras. Sonja, além disso, exibia arranhões nos braços, e seus cabelos tinham um pouco de palha. Culpa dos boçais bêbados e imbecis que ousaram encostar a mão nela. Sonja não tivera escolha, teve que ensiná-los uma lição. Mas tarde já cansada, dormiu no estábulo mesmo. Agora ela estava mal humorada. Nem mesmo a adrenalina da noite passada conseguiu diminuir o amargor daqueles dias. Yovanes achou melhor não perguntar nada.

          Ainda haviam 12 nomes no pergaminho para serem capturados.  

          

 

         

          Fim do Capítulo 4

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Diminui bastante o terror da estória original. Shanna espero que o cânon permita que a Sonja beije Yovanes, pois foi o que sobrou do hentai original. Espero que no próximo capítulo eu consiga concluir esta fic.



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