Pov Nikke

Eu não podia acreditar que aquilo tinha realmente acontecido. Eu jamais acreditaria se alguém me dissesse que o Tom iria tomar a iniciativa de me beijar. Ele nunca demonstrou nenhum interesse por mim. Nunca agiu estranho perto de mim e muito menos fez alguma insinuação de queria isso tanto quanto eu.

Até noite passada eu nunca tinha beijado ninguém então como é que eu posso me sentir segura com a alguém que tem a fama de SexyGott.

Apesar de está muito feliz eu também estava insegura. Será que ele vai se arrepender¿ Que isso é uma loucura total¿ Eu tenho 14 anos e ele 22 o que as pessoas vão pensar¿

Deixa de ser burra Nikke. Falei pra mim mesma.

Eu estava pensando em coisas que nós só passariamos se estivéssemos juntos, coisa que não é verdade. Quando ele acordar ele pode agir como se nada tivesse acontecido e você vai quebrar a cara por ser tão ingênua de pensar que um beijo é muita coisa pra alguém como o Tom.

Bufei irritada por ficar enfiando caraminholas na minha cabeça.

Tom ainda dormia ao meu lado, coisa pelo qual eu agradeci. Não sei por que mais eu estava com medo de encarar ele agora.

Peguei minhas muletas que estavam ao pé da cama e fui para o banheiro escovar os dentes.

Parei no alto da escada vendo as melhores opções de como descer as escadas. Eu estava com medo de descer sem segurar no corrimão e pra segurar no corrimão eu iria precisar de uma mão sendo assim eu teria que largar uma muleta.

- Nikke – disse Bill saindo da cozinha – Precisa de ajuda¿

- Na verdade sim – falei sem graça.

Ele subia as escadas e me pegou no colo me levando até lá embaixo.

- Valeu – disse ficando em pé na perna boa.

- De nada – falou ele sorrindo e me entregou as muletas – O café da manhã tá na mesa, eu não sou você mais fiz o melhor que pude.

Ao longo dos meses eu ensinava coisa básica de cozinha ao Bill, ele era um bom cozinheiro, só colocou fogo na cozinha uma vez e deixa as coisas queimarem, mais só um pouquinho.

Tomei meu café e fui até a sala de música. Sentei no piano e comecei a tocar.

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- Isso foi demais – Disse Bill da porta quando terminei.

Olhei pra trás e estavam todos lá. Até mesmo David.

- Já pensou em seguir carreira de cantora¿ - perguntou David.

- Não – falei sorrindo e quando meu olhar encontrou o do Tom eu desviei corando – É só passa tempo, eu não agüentaria a vida corrida de vocês.

- Você canta melhor que o Bill – disse Georg fazendo todos rirem menos o Bill que fechou a cara e nós rimos mais ainda.

- Tenho que reconhecer que é verdade – reconheceu ele logo depois.

- Obrigada Bill – falei corada.

Cada um foi fazer alguma coisa me deixando sozinha com Tom que não se mexeu da porta até todos sumirem a fechando e vindo até mim.

Virei de volta pro piano e senti meu rosto quente. Ele sentou ao meu lado e não falou nada assim como eu.

- Eu queria me desculpa pelo o que aconteceu ontem – falou ele.

- Tudo bem – falei olhando as teclas do piano.

- Não eu ... você ... nós não ... não foi certo – disse ele todo enrolado.

- O que você quer dizer com isso¿ - perguntei finalmente olhando pra ele que não olhava pra mim.

Ele levantou suspirando e foi até a janela olhando lá pra rua.

- Aquilo não pode e nem vai  se repetir – disse ele. Senti minha garganta ficar seca, meus olhos arderam e senti meu coração despedaçando ao poucos – Você é só uma criança e eu me aproveitei de você ...

- Para tá bom – interrompi um pouco alterada. Ele se virou espantado - Não precisa ficar dando desculpas idiotas, você se arrependeu eu já entendi ... Então é melhor eu ir embora.

- Não Nikke você  ... – começou ele vindo até mim, mais parou quando eu levantei a mão pedindo para ele parar.

- Sim eu entendi – falei pegando minhas muletas – Eu posso ser uma criança como você mesmo disse – falei sorrindo triste – mais eu sei o que é ser rejeitada, afinal a minha vida inteira foi assim.

- Mais nós ainda podemos ser amigos – disse suplicante.

Pisquei para afastar as lágrimas que embasavam minha vista, senti elas escorrendo pela minha bochecha e as limpei com a mão.

- Não – falei virando de costa – Não mais.

Ainda bem que não tinha ninguém na sala não queria que eles me vissem como uma garotinha apaixonada patética. Eu sei que Tom vai contar pra eles o motivo de eu ter ido embora e eu não quero está aqui pra ver seus olhares de pena.

Peguei o telefone e mandei Sérgio vir me buscar.

- Nikke não vai – disse Tom segurando meus ombros e me virando para olhar pra ele.

- É melhor assim – falei olhando pro lado.

- Melhor pra quem¿ - perguntou ele segurando meu rosto entre as mãos e me obrigando a olhar seus olhos tristes.

- Melhor pra mim – falei tirando as suas mãos do meu rosto.

Caminhei em direção a porta da frente, mais fui impedida por ele que agarrou meu braço.

- Por que isso é tão importante pra você¿ Quer dizer as pessoas se beijam todo dia, não precisa significar nada. - perguntou ele e eu ri – Por que você está rindo¿

- Por que eu sou uma idiota – falei pra ele que ficou confuso – Sabe por que até ontem eu nunca tinha beijado ninguém¿ - ele negou com a cabeça – Por que pra mim isso significa muita coisa. Eu sempre imaginei quem seria a pessoa que eu iria daria meu primeiro beijo. Eu sonhava com um garoto que gostasse de mim, que me faria sorrir, que não ligasse pro meu dinheiro. Por ... por um momento eu imaginei que fosse você – Ele arregalou os olhos surpreso – Só que eu estava errada e agora vou ter que arcar com as conseqüência por gostar de você não só como amigo.

Tom me soltou quando ouvimos a buzina do carro. Eu não falei nada, só fiz virar de costa e fui embora.