- E é por seu incrível desempenho em todas as atividades e a capacidade extraordinária de aprendizado que damos as boas vindas à nossa turma do terceiro anos, Helena Ravenclaw! – disse Gryffindor, animado, estendendo os braços em sua direção. Todos aplaudiram, porém, eu permaneci estático.

A aula finalmente começou e as lições nos foram dadas. Não que eu prestasse atenção. Meus olhos permaneciam pregados nos cabelos louro-escuros à minha frente.

Eventualmente, Helena me lançava olhares de desgosto e deboche. Eu ainda não podia acreditar em seu fútil motivo. Eu era um sonserino e, para ela, isso era o bastante para que eu fosse lixo. Além de sua inteligência, claro. Eu podia admitir que ela superava a todos nesse quesito. O porém disso era que sua futilidade e orgulho eram maiores a cada dia. Ela parecia pertencer à minha casa. Não à Corvinal.

Ao seu lado, a garota de cabelos negros e olhos azuis que sempre me intrigaram apontavam para o caderno e Helena forjou uma explicação para a matéria que já conhecia. A Grifinória agradeceu. Como eu tinha raiva daquela garota.

Uma Slytherin de sangue, filha do próprio Salazar, mas renegada, uma convertida em Gryffindor. Mal ela sabia que estes eram nossos maiores inimigos. Ou talvez soubesse.

Afastei os pensamentos com um suspiro, mas meu olhar não parava de ser chamado para aquela dupla.

- Perdão? – chamou Gryffindor, parando sua explicação. – O senhor gostaria de compartilhar conosco qual seu imenso interesse pelas senhoritas Gryffindor e Ravenclaw?

“Slytherin”, corrigi mentalmente. Ah, como aquele homem me odiava! O motivo? Eu era mais um aluno da casa verde e prata. Pelo menos eu acreditava que sim.

- É só... – hesitei enquanto pensava em uma resposta coerente. As garotas se sobressaltaram e viraram-se para trás, encarando-me friamente. – Que admiro Srta. Ravenclaw. Ela é muito... Inteligente. É fantástica.

Ele abriu um sorriso.

- Sim, ela é. – respondeu. – Mas o senhor poderá ter um desempenho semelhante se prestar atenção nas lições que estou lhe passando. Por favor, seja mais cuidadoso, Sr. Synge.

- Claro, senhor. – concordei, aliviado. Ele parecia ter caído na mentira.

Helena revirou os olhos e Sophie deixou escapar uma risadinha de gozação. Ambas se viraram para frente.

- Boa desculpa. – ouvi Harrison sussurrar ao meu lado e sorri.

- Eu sei. Obrigada.

- Agora, me conte... Por que estava olhando para elas? – era claro. Meu amigo não conseguia conter a curiosidade.

- Nojo. – improvisei a resposta e ele concordou.

- Nojo. – repetiu e virou-se para frente, voltando a fingir que fazia anotações enquanto desenhava. Logo virou a folha em minha direção.

Eram Helena e Sophie. Helena era representada como um corvo segurando um livro enquanto tentava, em vão, voar sozinha e era carregada pela mãe.

Sophie era representada por uma cobra vestida de leão e se olhando no espelho.

Não pude evitar de rir. Estavam muito bem feitos. Alguns olhares se direcionaram para mim e eu me encolhi na cadeira, ainda sorrindo.

A primeira vez que ri dela.