O Natal nunca fora uma época agradável para mim. Talvez por me lembrar de que todos os alunos iam para casa, reviam suas famílias e matavam as saudades, menos eu. Minha família não era do tipo agradável, como a da maioria dos alunos. A boa notícia, era que eu nunca estava sozinho. Harrison permanecia em Hogwarts comigo, mas não tinha escolha. O pobre garoto era filho único e perdera os pais ainda quando jovem. Mas, claro, não era como se não nos divertíssemos.

Aquele era o dia em que decidi contar0lhe sobre meu novo amigo poltergeist, Pirraça. E ele estava preparado. Após conseguir alguma comida para o pobrezinho, corremos juntos até o sétimo andar, que, estranhamente, parecia deserto. Não ouvíamos resmungos, choro ou gritos, o que deveria ser estranho. Mas seria típico de Pirraça uma surpresa como aquelas.

Virávamos o terceiro corredor à sua procura quando o rosto enorme com a língua para fora, babando sobre nós e gritando tão alto que toda Hogwarts deveria ter ouvido. Aquela foi uma noite memorável.

Já era mais de 0:00 quando finalmente descemos para as masmorras. Ríamos mais do que nunca do poltergeist. Nos dirigíamos para o dormitório quando vimos a garota familiar em frente à entrada secreta. Olhos verde-esmeraldas, cabelos louros encaracolados, o corpo mais belo... Sophie (Slytherin) Gryffindor.

Paramos para observar. Ela murmurava palavras baixas e então a porta se abriu.

- Como ela sabe a senha? – perguntou Harry.

- Ela é filha de Slytherin, Harry. Ela sabe.

Lentamente, entramos também, fazendo-a pular de susto.

- O que faz aqui? – perguntei, obviamente amedrontado. Ela era Sophie. Mas parecia não me ouvir. – Sophie? – chamei. – Sophie Gryffindor?

A garota se virou e vi. Seus olhos cheios d’água, inchados de quem não dormira.

- Slytherin. – corrigiu.

Meu amigo me lançou um olhar encorajador e subiu para o dormitório.

Ela correu até mim e me abraçou. Em suas mãos, um caderno de couro com as iniciais S.S.brilhando prateadas na capa. Salazar Slytherin.

A lua brilhava tão intensamente no céu que o lago de piche ao meu lado deveria brilhar. Isso se ele não fosse morto. Algumas bolhas subiram. A lula que Gryffindor pusera lá estava agitada. Mas eu encarava Sophie, pensando na história que ela acabara de me contar.

- E o que vai fazer agora? – perguntei. Os olhos dela ainda brilhavam com as lágrimas.

- Eu... – hesitou. – Eu não sei...

Via que ela estava prestes a voltar a chorar. Então passei o braço em sua cintura, abraçando-a. A luz da lua ainda me encantava.

- Vê aquela estrela verde? – perguntou e eu assenti. – É ele.

Ela não disse nada mais. Virou-se para mim e eu para ela. E nossos lábios se tocaram.