PDV - Edward

Enquanto ela permanecia ocupada aproveitei para colocar as informações até então absorvidas em ordem.

A primeira e mais importante era – como ela sobreviveu ao acidente?

Outra questão importantíssima – como ela veio parar aqui?

Por que usa outro nome?

E a que mais doeu em mim – Por que diabos ela não me reconhece?

Eram tantos “como” e “por que” que estava se tornando difícil raciocinar direito.

Talvez seja apenas um sonho/pesadelo.

Automaticamente me belisquei.

Nada.

Fiz novamente só que mais forte na esperança de dar certo.

Nada.

– Mais que droga! – Xinguei um pouco alto demais.

– Algum problema? – Nem percebi que ela já tinha voltado.

– É... – A encarei me sentindo um pouco envergonhado – Não foi nada.

– Desculpa a demora. Era o meu marido e preciso ir.

– Humm – Não consegui disfarçar a raiva que senti ao ouvir isso.

– Sinto muito. Eu estava me divertindo. – Ela foi realmente sincera e me senti feliz outra vez.

– Eu também. Agora vou voltar para o hotel. – Odiava essa realidade, mas espero mudá-la em breve.

– Quem sabe não podemos terminar nossa conversa outro dia.

– Eu adoraria – Ergui o canto dos meus lábios formado o sorriso torto que ela tanto adorava, e pelo visto o efeito continua sendo o mesmo.

Ela respirou fundo ajeitando-se para ir mais uma vez para longe de mim. Mas dessa vez não por muito tempo. Garanto! – Então... Até mais...

– Até – Não resisti puxando sua mão beijando-a demoradamente. A senti arrepiar e se distanciar. Foi um bom sinal. Mostra que eu causo efeito sobre ela. Como sempre.

Segui seu exemplo e fui embora. Assim que entrei no quarto fui direto tomar um banho frio para tentar clarear as idéias (e o corpo). A ficha ainda não caiu. Ver Bella novamente depois de todos esses anos em que pensei que ela havia morrido é totalmente surreal. Essa é a palavra exata para definir.

Não sei se dou pulos de alegria ou se choro.

Se conto para todos ou espero.

Simplesmente não sei de nada.

Thomas!

Preciso ligar para ele.

Encontrei meu celular jogado no mesmo lugar. Agachei ajeitando a capa que havia saído com o impacto. Apertei o numero da lista e coloquei no auto-falante me sentando.

No terceiro toque atenderam.

– Residência dos Cullen – Foi à governanta – como mamãe prefere chamar quem atendeu.

– É o Edward, Wanda.

– Olá Edward. Como está?

– Ótimo. Meus pais estão em casa?

– Estão sim. Quer falar com sua mãe?

– Ou com meu pai, por favor.

– Vou chamá-lo. Só um instante.

– Tudo bem. Eu espero – Encostei minha cabeça na parede olhando para o nada.

– Edward?

– Oi pai.

– Aconteceu alguma coisa na viagem?

“Muitas coisas. Uma delas foi que reencontrei minha esposa morta. Mas ela pareceu estar “vivinha da Silva”. Não é inacreditável?”. Foi o que gostaria de ter dito, mas não consegui.

– Nada demais, pai.

– Quando volta?

– Ainda não sei. Surgiu um imprevisto e terei que passar mais alguns dias por aqui.

– Ah sim. Sem problemas.

– E como está o meu garotão?

– Ótimo e muito falante por sinal – Ri ao lembrar que de uns tempos pra cá cada palavra nova que Thomas aprende ele fica falando por horas a fio.

– Com o tempo o senhor se acostuma.

– Já me acostumei. Estou até o ensinando.

– Muito bem. E ele foi à escolinha hoje?

– Claro! E continuará indo.

– Obrigado pai.

– Não estamos te fazendo um favor. Você sabe que amamos e muito o Thomy.

– Eu sei. Sei muito bem.

– E então... Quer falar com ele?

– Com certeza! Foi para isso que liguei.

– Imaginei mesmo. Já vou passar para ele.

– Pai eu...

– Tudo bem Edward. Eu e sua mãe entendemos – Desde que perdi Bella minha ligação com meus pais foi se enfraquecendo. Eles ficaram chocados com a minha reação e tentaram a todo custo me ajudar, mas foi em vão. Isso acabou me afastando. Mas hoje nossa relação já evoluiu bastante. E agora que Bella apareceu espero que tudo volte a ser como antes.

– Papai?

– Oi garotão! – Dei um sorriso largo mesmo sabendo que ele não podia me ver. – Como está?

– Com saudade papai – Sua voz antes animada caiu para um tom triste.

– O papai também.

– Então volta pra casa – Seu jeito de pedir quase me convenceu. Mas não podia de jeito nenhum. Não agora.

– Não posso voltar ainda Thomy.

– Por que?

– Porque preciso resolver algumas coisas ainda.

– Mas papai o Leo também sente a sua falta!

– E eu a dele.

– Então volta.

– Thomas eu já disse que não posso – Não gosto de ter que ser grosso com ele, mas quando é preciso...

– Desculpa papai – Sua voz agora era chorosa. Me senti péssimo. Ele não tem culpa de nada.

– Eu que peço desculpas Thomy. O papai está um pouco nervoso – E muitas outras coisas.

– Nevoso?

– Sim, mas não é nada demais. Não se preocupe.

– Papai o vovô está falando que eu peciso desligar.

– Tudo bem garotão. Obedeça a seus avós, sim?

– Pode deixar papai. Vou ser um bom menino.

– Isso. E se fizer tudo direitinho quando eu voltar você terá uma surpresa.

– Supresa? – Perguntou curioso.

– Isso. Você vai adorar! – Já posso imaginar sua carinha feliz ao receber seus novos brinquedos.

– Ah papai não quero esperar.

– Seja paciente só por um tempinho. Ok?

– Ok papai.

– Então até mais garotão. Prometo que ligarei amanhã para falar com você.

– Promete mesmo mesmo? – Desde que ele assistiu “Shrek” sempre que pode usa o “mesmo mesmo”.

– Mesmo mesmo.

– Te amo papai.

– Eu também. Muito garotão – Suspirei. – Agora preciso desligar.

– Tchau papai.

– Tchau garotão.

– Tchau também Edward.

– Tchau pai. E manda um beijo para a mamãe.

– Tudo bem – E desligou. Permaneci ali por não sei quanto tempo. Só vi que já era quase 23:00 quando finalmente fui me deitar.

Meus sonhos foram tumultuados e invadidos por várias lembranças de Bella. Como em outras ocasiões não chorei me sentindo mal. Dessa vez sorri por saber que a luz no fim do túnel realmente existe e veio ao meu encontro.

Acordei bem cedo e sai para correr. Assim que voltei me preparei para a reunião com a empresa que havia contratado a C&C (Cullen&Clifford Construções) o nome foi meu sócio James quem me ajudou a escolher. Não achei tão ruim e está assim desde que abrimos nosso escritório há quase 4 anos.

Vesti um terno azul marinho, uma camisa social branca e uma gravata azul claro. Terminei de me arrumar e sai apressado. Chegaria cedo, mas pontualidade sempre é um bom requisito. E se assinar esse contrato a C&C dará um grande passo para seu crescimento.

XX

Voltei para o hotel com um enorme sorriso no rosto.

Consegui!

O contrato foi assinado e pelos próximos 5 anos essa empresa terá seus imóveis construídos por mim, James e nossa equipe.

Preciso comemorar. Mas com quem e de que jeito?

Sexo sem compromisso... Nem pensar.

Agora que reencontrei meu amor nada disso pra mim serve.

Queria poder ver Bella novamente. É com ela que gostaria de celebrar. Só e somente ela.

Mas como?

Nem sei onde procurá-la!

“Ela é esposa do melhor médico...” - Lembrei-me do que o garçom havia me dito.

Se o tal “marido” de Bella é médico, não será uma tarefa difícil achá-lo.

Foi com esse pensamento que me pus à frente do notebook e pesquisei. Pesquisei muito.

Após horas conclui minha tarefa feliz por ter encontrado tudo e algo mais.

Agora sei onde encontrá-la. E pretendo fazer isso amanhã talvez. Mas primeiro tenho que me preparar. Não posso simplesmente bater em sua porta sem nenhum argumento convincente.

É... Pelo visto não será assim tão fácil assim como supus.

– Pensa Edward. Pensa! – Ditei andando de um lado para outro.

Preciso de ajuda. Sozinho não conseguirei. Mas quem poderá me ajudar sem espalhar para os quatro cantos que Bella está viva?

Quem?

Alice? Não! Definitivamente não!

Rosalie? Nem pensar!

Jasper? Melhor não.

James? Ele não pode. Está viajando em lua de mel. Por isso não pode vir para cá.

– Mais que saco! – Sentei na cama desistindo por enquanto.

Respirei fitando o teto e meu estômago reclamou. Havia até me esquecido de comer.

Resolvi pensar em mim por alguns minutos.

Pedi comida e vinho – que ultimamente não pode faltar.

Quando terminei fui tomar outro banho e desabei sobre a cama.

Minha mente voltou a funcionar e tive uma ótima idéia que clareou meus pensamentos.

Como não pensei nele antes?

Emmett! Ele sim pode me ajudar. E muito!

Voei em meu celular discando o numero dele rapidamente.

Chamou e chamou. Quando pensei que ele não estava ele atendeu.

– Alô? Edward?

– Emmett você poderia vir para Seattle ainda hoje?

E que meu plano comece!