PDV - Edward

Surpresa, choque e duvida, principalmente duvida. Era o que eu estava sentindo ao olhar para aquele pequeno ser encostado no batente da porta.

– Como você veio parar aqui? – Minha voz saiu quase um sussurro diante da raiva que estava sentindo.

– Simples, comprei a passagem fui até o aeroporto e embarquei em um avião, depois peguei um táxi que me levou até o hotel, subi pelo elevador e cheguei aqui. – Disse com um sorriso idiota no rosto o que fez meu sangue ferver ainda mais.

– Jura? – Perguntei com sarcasmo. – Agora é serio Alice. – O que você está fazendo aqui?

– Não posso fazer uma visita ao meu querido irmão sumido?

– Não quero brincadeiras, Alice! O que você veio fazer aqui em Seattle? – Usei o tom mais serio que consegui.

– Ok, mas será que eu poderia pelo menos entrar? Ficar sentada por mais de duas horas não é assim tão confortável, nem na primeira classe. - Desabafou me empurrando pro lado com sua mala gigantesca.

– Porque trouxe essa mala enorme? Pretende ficar mais do que dois dias? – A ideia pareceu péssima em minha mente.

– Será que uma mulher não pode fazer suas malas sem que o homem a perturbe?

– Alice chega de enrolação! Quero que seja direta, por favor.

– Ah Edward me poupe, né?

– Me poupe você das suas chatices. E para de descontar em mim essa raiva reprimida.

– Você não sabe de nada!

– Bingo! – Bateu palmas. – É por isso que estou aqui.

– Será que poderia ser mais objetiva?

– Vim até aqui justamente porque não sabemos mais nada de você.

– Isso não é verdade! Todo santo dia eu ligo para o Thomas.

– Disso nos sabemos, mas o que realmente queremos saber é do porque da sua demora.

– Houve um imprevisto com o contrato... É isso. – Inventei rapidamente. Ela não falou nada, se aproximou lentamente e começou a me encarar analisando cada cantinho do meu rosto. Aquilo estava sendo estranho até para mim que já estou acostumado com as maluquices dessa baixinha.

– Isso está com cara de que tem mulher no meio. – Ergueu uma sobrancelha. – Estou errada?

– É... É claro que está! – Logo me manifestei.

– Não minta pra mim Edward. Eu te conheço desde o meu primeiro dia de nascida e sei de todas as suas reações.

– Menos, por favor Alice, e para com esse lance de “sei tudo sobre você”.

– Mas é verdade irmãozinho, eu sou modéstia a parte uma ótima leitora de expressões.

– E também é bem intrometida. – Acrescentei.

– Vamos, por favor, parar com essa troca de elogios e conversar como adultos que somos? – Pediu usando seu melhor tom de voz sério para tentar me convencer.

– Caso não tenha percebido eu venho tentando fazer isso desde que a senhorita bateu nessa bendita porta.

– Ok, ok. Estou cansada e o que quero nesse exato momento é tomar um bom banho e descansar.

– Pode até fazer isso, mas não antes de conversarmos.

– E o que estamos fazendo não pode ser chamado de conversa?

– Cadê a Alice “adulta”?

– Eu só quero relaxar, Edward.

– Alice eu estou ótimo como pode ver. – Apontei para mim mesmo. – Não estou fazendo nada de ilegal caso tenham pensado nisso. Só não consegui voltar ainda por que houve um imprevisto.

– E não venha dizendo que é com o bendito contrato porque não é verdade.

– É claro que é!

– Então porque a própria mulher do James me disse o contrário?

– E do que ela sabe sobre os nossos negócios? – Tentei revidar.

– Sabe o suficiente para comemorar com o marido o contrato assinado.

Não sabia o que falar. Alice dessa vez conseguiu me deixar sem saída.

Maldita baixinha!!

– Não adianta mais querer me enganar irmãozinho, pode começar a falar. – Deu um sorriso maléfico do estilo que os vencedores dão.

– Só não te ponho pra fora daqui por amor a nossa mãe. – Disse entre dentes.

– Sei que não, mas Edward você pode confiar em mim. Só quero e sempre vou querer o seu bem.

– Eu sei Alice, é que é tudo muito complicado.

– Talvez para mim não seja.

– É em todos os sentidos.

– Porque não me conta para tirar a prova.

– Agora não Alice.

– Ok. Vou te dar um pequeno tempo para colocar as ideias no lugar. Enquanto isso vou usar o seu banheiro. – Se levantou arrastando consigo sua mala.

Fiquei sentado quase que petrificado. Ninguém entenderia o caso de Bella, mas teria que falar cedo ou tarde, já que pretendemos voltar juntos.

Que situação! O máximo que posso fazer agora é ligar para ela e avisar que hoje não poderemos nos ver. Aposto que isso a deixará bem chateada, mas é melhor assim.

Peguei meu celular discando seu numero.

Chamou, chamou, chamou para por fim cair na caixa postal.

– Mais que droga!! – Praguejei socando uma almofada macia.

Já estava nervoso em ter que contar tudo a Alice, agora piorou ao ter a chance dela ver Bella cara a cara.

Tentei sem sucesso apelar a forças divinas, mas já era tarde e quase entrei em estado de choque quando senti o pequeno corpo de Bella sobre o meu.

– Edward, amor que saudade! – Me apertou não me dando chance de responder.

– Bella? – Alice saiu só de toalha deixando a situação ainda mais constrangedora. – Bella é mesmo você?

Ela me encarou esperando por algum sinal, que infelizmente nem eu mesmo tinha.

– Oh meu Deus! – Alice agarrou Bella como se dependesse disso para viver. – Você não morreu! Como isso? E você está bem diferente. – A analisou descaradamente. – Continua linda. Eu nem posso acreditar! Só pode ser um sonho. Alguém pode me beliscar?

Fiz o que ela me pediu e quase levei um soco em troca.

– Aí Edward! Ficou maluco?

– Ué? Foi você quem pediu. – Me justifiquei.

– Você não sabe o que é sentido figurado? – Me olhou torto enquanto alisava o braço.

– Pode ficar tranquila que nem marca ficará. – Garanti reparando na pequena mancha vermelha.

– Assim espero se não é você quem ganhará uma bela cicatriz nessa sua cara de pau como recordação.

– Alice não fale assim na frente da Bella.

– Eu falo do jeito que eu quiser, e além do mais a Bella me conhece e sabe como sou, não é Bella?

– Eu é... – Suas mãos puxaram para trás seu cabelo demonstrando claramente não saber o que responder.

– Alice, precisamos conversar.

– Você já não acha que conversamos muito por hoje?

– Também acho, mas esse assunto é bem delicado.

– Humm. – Me encarou. – Delicado quanto? – Ela já estava me tirando do sério.

– Vem aqui logo e fica quieta! – A puxei para perto da janela, mantendo uma distancia segura de Bella que nos observava.

– Ei não fale assim comigo! – Fez uma careta cruzando os braços. – O que tem pra me dizer? É melhor ser muito importante porque tenho que contar bastante coisa para minha amiga.

– Então vou direto ao ponto. – Passei a mão por meu cabelo e respirei fundo. – A Bella está com amnésia.

– O QUE? – Alice gritou e aposto que todo o hotel deve ter escutado.

– Será que pedir descrição é demais pra você? – Sussurrei a fuzilando.

– Você queria que eu reagisse como uma estatua? Edward você me conhece e sabe muito bem que não sou assim.

– Que seja!

– E que história é essa de amnésia? E como ela sobreviveu ao acidente? Quero saber de tudo.

– Vou contar, mas também não tenho todas as respostas.

– Pode começar não sairei daqui tão cedo. – Deu um sorriso rápido e me encarou ouvindo cada palavra que eu disse, mas antes fez o favor de se vestir. Ninguém merece ter que ficar vendo sua irmã usando apenas uma toalha. Não é uma situação agradável.

(...)

– Nossa, estou chocada! – Comentou com uma expressão de espanto.

– Eu sei, é surreal, mas não vou desistir dela agora. Não vou perdê-la novamente. Eu não suportaria.

– Fique calmo Eddie, pelo que vejo não irá perdê-la, vocês se amam.

Olhei para Bella que acabou adormecendo no sofá.

– Ela vai voltar comigo para a Califórnia .

– É o certo a se fazer, mas e o tal de Jacob?

– Estou pouco me lixando pra ele, só quero minha mulher e filha comigo.

– Ainda não acredito que essa criança sobreviveu. Não vou mais duvidar de nada.

– Foi um verdadeiro milagre e preciso agradecer a Deus todo santo dia.

– Com certeza e quando verei minha mais nova sobrinha?

– Em breve, muito em breve. – Abri um sorriso ao lembrar da minha pequena Emma.

– Você já a ama não é mesmo? – Perguntou me fazendo voltar ao normal.

– Acho que sempre a amei e como não me sentir assim sabendo que ela nasceu do amor entre mim e Bella?

– Quem te viu quem te vê hein irmãozinho? Está voltando a ser o Edward super romântico de antigamente.

– Eu sempre fui Alice, mas não tinha mais motivo para demonstrar.

– Fico feliz que esteja feliz.

– Me sinto completo novamente, agora só falta voltarmos pra casa e seguir com nossas vidas como sempre foi e deveria ter sido.

– Te apoio e sempre que precisar estarei aqui.

– Obrigado baixinha e pode contar comigo também. – A puxei abraçando-a.

– Agora me deixe dormir um pouco, sei que você tem que conversar com a Bella.

– É, preciso mesmo.

– Boa sorte e caso se empolguem sejam discretos, por favor.

– Valeu e somos muito discretos. – E saiu me deixando sozinho. Me aproximei do pequeno sofá sentando no chão ficando de joelhos só admirando minha Bella. Não resisti e acariciei seu cabelo macio até senti-la despertar.

– Que horas são? – Perguntou abrindo aos poucos seus lindos olhos tom chocolate.

– É hora de matar minha saudade de você! – A puxei para mim fazendo-a cair no tapete.

– E como foi a conversa com a Alice, desculpa se acabei pegando no sono.

– Foi bem longa, mas o resultado positivo. – Sorri dando um selinho prolongado que tanto queria. - Você se sentiu cansada e fez certo em dormir, nosso bebê precisa crescer forte e saudável e faz parte da gravidez se sentir assim.

– Mas não quero dormir muito e perder o tempo que posso passar com você.

– Não se preocupe com isso meu amor, nunca mais vamos nos separar. Te prometo. – A beijei transmitindo todo o amor que estava sentindo naquele momento.

– Eu não quero isso, amor. – Me apertou não deixando espaço entre nós.

– Fique calma e me dê um beijo. Preciso matar a minha saudade de você. – A beijei só parando muito tempo depois.

(...)

– Alice o que significa isso? – Indiquei ela toda esparramada na cama.

– Eu vou dormir aqui hoje. – Riu abraçando o travesseiro.

– Você está querendo insinuar que eu vou ter que dormir...

– Exatamente! – Me interrompeu jogando uma coberta e travesseiro em minha direção.

– E quem te deu esse direito?

– Eu mereço depois de ter que ouvir você e a Bella gemerem como um casal de adolescentes que estão há dias sem se ver.

– Alice...

– Mais forte Edward, Você é ótimo, Vai. – Imitou voz de Bella me deixando constrangido.

– Chega Alice, você ganhou, mas se eu acordar com dor nas costas vai ter que me aguentar reclamar. – Peguei as coisas e rumei até a sala. Eu não caberia naquele sofá por nada então minha única opção seria o tapete que era um pouquinho convidativo. Me ajeitei pensando que logo logo Bella e Emma estarão finalmente em casa. O lugar do qual nunca deveriam ter saído.

Acabei pegando no sono rapidamente.

– Acorda Edward! – Ouvi uma voz distante chamando-me, mas não dei a mínima.

– Edward eu estou falando com você! – Senti uma pancada em minhas costas.

– Me deixa em paz! – Resmunguei mudando de posição.

– É assim? Então tá. – Depois não ouvi mais nada. Menos mal.

– Desculpa irmãozinho, mas foi você quem pediu. – Dizendo isso senti algo gelado e muito molhado percorrer meu corpo e quando ergui o rosto quase me afoguei no banho que tomei sem permissão.

– ALICE O QUE É ISSO? FICOU MALUCA!! – Pulei tentando conter a enorme raiva que estava sentindo. – SUA, SUA FILHA DA...

– Nem ouse terminar essa frase. Se a mamãe souber do que você ia chama-la ela nunca mais olha nessa sua cara.

– Some da minha frente antes que eu te arraste até o banheiro e te afogue naquela banheira. – Ameacei com o objetivo de cumprir com o que estava falando.

– Eu vou, mas porque preciso me arrumar.

– E posso saber aonde vai?

– Encontrar pistas.

– Alice não se meta nessa história. Ela só cabe a mim e a mais ninguém!

– Edward você é meu irmão e esse tal de Black não mexeu só com você e sim com todos nós. Iremos descobrir tudo senão não nos chamamos Cullen! – Estendeu a mão esperando que fizesse o mesmo e não me restou outra opção. Agora iremos colocar um ponto final nessa história!