PDV - Edward

Sai da casa de Bella com as emoções a flor da pele e os pensamentos a mil. Voltei para o hotel e assim que entrei tomei um susto ao ver a figura enorme de Emmett sentada no sofá, coberta pela escuridão.

– Isso é hora de chegar? – Disparou quando acendi a luz e tranquei a porta.

– Emmett eu já sou adulto, vacinado e dono das minhas próprias decisões – Passei por ele abrindo a mini geladeira – pegando duas garrafas de cerveja.

– Disso eu não tenho duvida. Mas poderia ter ligado. Eu fiquei preocupado pensando que o “marido” dela tivesse te pegado.

– E quase pegou – Falei me sentando ao seu lado.

– Sério? Mas e ai? A Bella te escondeu dentro do armário como fazem com os amantes? – Riu e dei-lhe um cutucão nas costelas.

– Cala a boca! Não sou o amante dela porque sou EU seu verdadeiro marido.

– Mas ela não sabe disso. Na cabecinha dela quem é seu marido é aquele doutorzinho. É ele quem ela beija, abraça e infelizmente faz amor.

– Nunca! – Quase gritei. – Só se faz amor com quem se ama. E ela não ama aquele desgraçado!

– Como pode ter tanta certeza hein Cabeção? Já se passaram anos.

– Eu vi! Seus olhos não brilhavam quando falava dele. Ela ainda me ama. Senti isso.

– Só que se esqueceu desse grande detalhe.

– Emmett preciso que me ajude não que me jogue no poço – O olhei já com raiva de suas afirmações.

– Desculpa Cabeção, mas eu só estou sendo realista. Não quero te ver quebrar a cara caso esteja errado.

– Eu não estou errado e deixa a parte do realista só para o Jasper já que combina perfeitamente com ele.

– Eu também posso ser como ele.

– Não pode não! Você tem que ser você – o Emm que tenta ser engraçado com suas piadas fora de hora.

– Eu não tento ser! Eu sou e muito engraçado! – Tive que rir de sua expressão.

– Ok. Todos nós sabemos que você poderia até ser um grande humorista – Disse sendo um tanto irônico.

– Não quero mais falar sobre mim – Tomou um longo gole de cerveja. – Quero é saber o que aconteceu lá na casa da Bella.

Bufei, mas resolvi contar. – Ela foi muito gentil me ajudando com meu rosto e ficamos conversando até aquele canalha chegar e estragar o meu, o nosso momento que estava indo muito bem por sinal.

– E depois?

– Depois eu tentei sair, mas a empregada chegou e tive que fingir que era o... Encanador.

– Encanador? – Ele começou a gargalhar quase ficando sem ar. – Como eu queria ter visto essa cena!

– Você quer que eu conte a Rose sobre aquela noite? – Desafiei o fuzilando com o olhar. Ele tentou sustentar, mas não conseguiu por muito tempo.

– Você não teria coragem!

– Ah não? Paga pra ver – Ela me encarou e depois ficou sem graça.

– Você jurou que nunca contaria nada.

– Eu sei e sempre cumpro com o que prometo.

– Então você está blefando!

– Não! Mas se você continuar a rir da minha cara eu conto tudo.

– Ok. Parei.

– Bom mesmo.

– Desculpa Cabeção, mas fiquei imaginando a cena e não consegui resistir.

– Posso te garantir que não foi nada engraçado. Até senti medo.

– Mas por quê? Não é você que disse ser o verdadeiro marido? Então porque do medo? Vá até ela e garanta os seus direitos como tal.

– Falar é fácil. Infelizmente na pratica a situação é totalmente diferente.

– Não é não! Você tem muitas provas que comprovam que Bella se casou com você.

– E tem muito mais. Porem, Emm quem garante que ele não tem?

– Se ele a mantém até hoje é porque com certeza tem seus truques.

– É disse que tenho receio. Vá saber o que ele faz?

– E pretende desistir?

– Desistir? – O olhei incrédulo. – Você só pode estar brincando! Agora que posso ter minha vida de volta – NADA pode me impedir!

– Tuuudo bem. Mas me lembrei – a Bella não tem uma filha? E como ela ficará?

– É, tem sim – a Emma. Você tem que conhecê-la – é tão fofa e tem a cara da Bella, tirando os olhos que são idênticos aos meus.

– Aos seus? Como assim? – Me olhou confuso.

– É isso o que ouviu meu caro Emmett – a Emma é a minha filha.

– Sua filha? Mas como? Você e a Bella não se vêem a três anos!

– É, minha filha. E não preciso explicar como se faz um bebê.

– Disso eu sei seu Mané! Estou é falando de como ela pode ser a sua filha.

– É simples – a Bella já estava grávida quando o avião caiu.

– Minha nossa! Ela é a mulher maravilha! Só pode!

– Emmett cala essa boca, por favor! – Revirei os olhos diante seu comentário.

– É sério Cabeção! Ela só pode ser feita de aço para ter sobrevivido a esse acidente e ainda por cima estando esperando um bebê. UAU! – Suspirou esvaziando a garrafa.

– Foi um milagre. E tudo isso mostra o quanto nosso amor é resistente. Não posso deixar que um filho da mãe tire as pessoas mais importantes da minha vida. Já basta ele ter criado Emma como se fosse dele – A raiva começou a tomar conta de mim. - Ouve o que eu estou lhe falando Emm - ele vai me pagar e caro por ter se aproveitado da situação em que a Bella estava. Ah se vai! – Disse entre dentes fechando as mãos em punhos.

– Uiiii Cabeção! Eu não gostaria de estar na pele desse doutorzinho.

– Ele vai desejar não ter se metido com um Cullen – Olhei fixamente para a janela como se estivesse de cara a cara com meu inimigo.

– Isso ai! Os Cullen e McCarty são como a Família Soprano tirando a máfia é claro. Mas se mexer com quem está quieto e pisar em nossos calos acordará com os peixes.

– Emmett o assunto aqui é sério!

– Por isso mesmo. Só estou tentando amenizar o clima que pesou.

– Que tal amenizar pegando mais cerveja? – Sugeri querendo pelo menos por agora esquecer meus problemas – que não eram poucos.

(...)

Acordei com meu celular tocando sem parar e o som aos meus ouvidos estava muito alto. Me mexi tentando localizá-lo e senti meu corpo e cabeça reclamarem de dor. Só foi ai que me dei conta de onde estava - todo largado no pequeno sofá. Olhei em volta e deitado na cama se encontrava um Emmett só de cueca – a visão fez meu estomago embrulhar.

– Cara de pau! – Resmunguei continuando a caçada pelo maldito celular, e só fui achar aquela coisa caída embaixo de uma almofada.

– Alô? – Atendi em meio a um bocejo.

– Cadê o meu marido, Edward?

– Rosalie? – Perguntei sentindo uma tontura me abater e deitei novamente.

– Eu só quero saber se o Emmett está ai com você.

Virei à cabeça na direção dele que roncou. – Está sim – Confirmei sem receio.

– Ah eu sabia! – Seu tom de voz se elevou. – E posso saber o que ele foi fazer ai meu, querido amigo?

– O seu Ursão (esse é apelido carinhoso dela para com ele) veio fazer a gentileza de me ajudar a revisar as clausulas de um contrato muito importante – Me surpreendi pela minha capacidade de mentir mesmo estando de ressaca – das bravas ainda por cima.

– E você quer que eu acredite nisso? – Perguntou séria. – Caso eu descubra que você o convenceu a te ajudar com mais uma de suas conquistas sujas, eu te castro!

– Suas ameaças não me afetam e para a sua informação eu não preciso de ajuda para sair com ninguém, então não me venha com sete pedras nas mãos sem ao menos ter certeza – Despejei a ira que ainda persistia sobre ela.

– Eu quero falar com o Emm – Pediu após um longo silencio.

– Ele não está disponível nesse momento.

– Onde ele está? Quero falar com ele AGORA! – Nem seu tom de desespero adiantou para amolecer meu coração.

– Liga mais tarde. Estou com dor e o que mais quero nesse momento é tomar um banho bem quente e relaxar.

– Edward se você desligar na minha cara eu não... – A ignorei desligando de vez o celular. Não estava com paciência para discutir.

(...)

– Você tem certeza absoluta? – Emmett perguntou pela milésima vez enquanto esperávamos Bella sair do consultório da psicóloga. Como eu sei disso? Fácil – a segui. Após tomar sozinho quase uma garrafa inteira de café – puro e bem forte, melhorei do mal estar e voltei com força total ao plano de recuperar minhas garotas. E para isso enfrentaria tempestades e vulcões se fosse preciso, mas por hoje ficar de tocaia em frente à casa dela por horas e não desgrudar os olhos de cada movimento seu já estava valendo.

– Emm, eu não mudarei de jeito nenhum a minha resposta! – Falei firme para ele entender.

– Mas e se ela tiver um spray de pimenta na bolsa? Aquilo arde muito se você que saber! - Ele fez uma cara de dor.

– Fique calmo Emm, caso ela tenha, não a deixarei usar.

– É sério Edward, eu quero voltar inteirinho e sem um arranhão sequer para casa e para os braços da minha adorada Rainha – Suspirou feito uma garotinha apaixonada. De que adianta ter quase 2 metros de altura e se parecer com um armário, se por dentro era mais molenga do que gelatina sabor morango.

– Emmett, meu plano não falhará e você não sentirá dor alguma – Assegurei.

– Não sei qual é o plano mais maluco – esse ou o de anteontem – Ficou pensativo. – Você não tem planos melhores não hein, Cabeção?

– Não fale assim! – O adverti. – Tive certa dificuldade em arquitetá-los.

– Não sei não. Até eu teria pensando em algo melhor.

– Ah é? – O olhei enfurecido. – Então por que não deu palpites para que tudo saia perfeito? – Questionei com sarcasmo.

– Por que além de não me meter em assuntos entre marido e mulher, você estava com "cara de poucos amigos" e pareceu não querer ajuda – Se justificou.

– Admito que estava nervoso, mas você não se meter é mentira! Você e Alice adoram opinar a vida dos outros, principalmente a dos casados.

– Ah não vem não, Cabeção!

– Xiiii! – O fiz ficar em silencio quando vi Bella sair da clinica. – É ela, Emm.

– Cadê? – Me empurrou para olhar melhor. – Então chegou à hora?

– Sim. Você está pronto?

– Pronto ou não lá vou eu! – Exclamou saindo do carro. Respirei bem profundamente e fui atrás dele.

Observei Bella conversando com uma mulher que aparentava ter não mais de 40 anos, cabelo castanho escuro, pele branca e não muito alta. Fiquei apreensivo quando as duas se despediram e Bella foi em direção a seu carro.

É agora ou nunca! Nunca não. Se desse errado, tentaria novamente e se precisasse quantas vezes mais. Sou americano e não desisto jamais!

– Quando eu contar até três, você vai – Alertei Emmett para ficar atento.

– Tudo bem. Já encarnei o personagem.

– Ok – Me foquei. – 1, 2, 3. Vai! – Dei um tapa em suas costas e ele foi. Fiquei parado esperando a minha vez de agir. Enquanto isso Emmett simulava um assalto. É isso mesmo! O fiz participar desse teatro no qual eu seria o mocinho.

– SOCORRO! – Ouvi Bella gritar e sai em disparada.

– Desapareça daqui antes que eu chame a policia! – Imobilizei Emmett pelo pescoço e o empurrei vendo-o correr para bem longe. Ótimo! Deu tudo certo.

– Edward? – Bella me encarou e seu rosto estava ainda mais pálido. Será que peguei pesado demais?

– Ele te machucou? – Por instinto a puxei para mim a abraçando.

– N-não – Ela se aproximou mais e me senti um completo idiota por tê-la assustado.

– Fique calma. Já passou – Acariciei seu cabelo e depositei um leve beijo ali.

– Você é um tipo de anjo? – Seus olhos se fixaram em mim e quase ri de sua pergunta.

– Anjo eu? – Apontei para mim mesmo. – Quem me dera, mas não. Por quê?

– Por que você sempre aparece em momentos inesperados e em situações tanto perigosas como essa ao me livrar desse assalto. Nunca passei por algo assim e senti medo ao pensar que aquele bandido poderia estar armado – Sua voz estava chorosa e a apartei ainda mais. – Como você pode se arriscar para me salvar? – Ela se afastou me encarando seriamente.

– Eu não deixaria que NADA de mau te acontecesse – Fechei os olhos rapidamente para me livrar do sentimento ruim que me apossou. – Nunca!

– Por que está dizendo isso?

– Por que é a mais pura verdade.

– Edward você não tem motivos para isso.

– Tenho todos os motivos – Segurei suas mãos determinado. – Ellie nós precisamos conversar. Tenho algo muito sério que você tem que saber.